6 CONCLUSÃO
Em uma visão simplificada, o Orçamento Público engloba os recursos financeiros colocados à disposição do Gestor Público, a fim de, seguindo os preceitos dos dispositivos legais que regem os fundamentos da administração pública, elaborar e operacionalizar as Políticas Públicas, que irão atingir os Objetivos Nacionais, sejam eles Fundamentais, de Estado ou de Governo, que, em síntese, resumem-se no atingimento do Bem Comum da sociedade.
Considerando o foco da Escola Superior de Guerra de “desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários para o exercício de funções de direção e de assessoramento de alto nível”(ESCOLA SUPERIORO DE GUERRA, 2020, p. 164), o autor deteve-se aos Objetivos Nacionais Fundamentais, atualmente identificados como: Democracia, Soberania, Progresso, Integridade do Patrimônio Nacional, Integração Nacional e Paz Social (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2020, p. 23-26). Dentre esses, a pesquisa fixou-se nos aspectos relativos à Soberania, entendida como a “manutenção da intangibilidade da Nação, assegurada a capacidade de autodeterminação e de convivência com as demais nações, em termos de igualdade de direitos” (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2020, p. 24), que será garantida pela capacidade dissuasória do Poder Nacional e, em última análise, ultrapassadas todas as etapas da Diplomacia, Política e demais negociações, pela sua Expressão Militar.
Assim, a pesquisa procurou fomentar a discussão sobre uma alternativa viável para o Governo Federal, a fim de permitir que as Forças Armadas brasileiras possuam recursos orçamentários suficientes para investir na sua atualização tecnológica e nas pesquisas de CT&I, para alcançar as capacidades operacionais necessárias à conquista e manutenção dos Objetivos Nacionais.
Tanto a pesquisa bibliográfica, quanto a documental forneceram os dados cujas análises concentradas no capítulo 5 resultaram nas respostas aos objetivos intermediários do trabalho.
O primeiro objetivo intermediário (Analisar a evolução do Orçamento
Fiscal e da Seguridade Social do Ministério da Defesa e sua distribuição percentual entre: Pagamentos de Pessoal e Encargos Sociais, Juros e Encargos da Dívida, Outras Despesas Correntes, Investimentos, Inversões Financeiras e Amortização da Dívida no últimos dez anos (2011 a 2020) foi
orçamento público executados pelo Ministério da Defesa no período delimitado. Na oportunidade, foi possível efetuar uma comparação entre os quinze países que mais investem na área de Defesa no mundo sob vários aspectos. Assim, observaram-se as tendências de queda e crescimento e a posição relativa do Brasil nesse seleto grupo, quanto à aplicação dos valores absolutos em Bilhões de dólares, em relação à porcentagem do PIB, a fração destinada ao pagamento de pessoal e o percentual do orçamento de Defesa aplicado em CT&I.
O segundo objetivo intermediário (Identificar os montantes obtidos pelo
Brasil com as exportações de commodities no mesmo período anterior) foi
cumprido no item 5.3, quando definiu-se o termo commodity, expôs-se a capacidade real e potencial do Brasil com relação à área agricultável, principal fonte de commodities no país, em relação aos grandes players do mercado internacional e, partindo-se dos dados obtidos no site do Ministério da Economia, visualizou-se a contribuição das exportações de commodities junto ao total das exportações do Brasil. Ressalta-se ainda, que no item 5.4 foi elaborado um gráfico, contando também com dados do MDIC, onde foi possível conhecer os valores, em Bilhões de dólares, das exportações de tais produtos, pelo país.
O próximo objetivo intermediário (Analisar os aspectos da Ley Reservada
Del Cobre, Lei 13.196/1958, da República do Chile) foi abordado no item 5.2 da
pesquisa, através de uma breve contextualização sobre as características culturais, sociais e políticas do Chile na época da elaboração e promulgação da Lei do Cobre, alguns aspectos negativos, tais como o caráter sigiloso da mesma e a suspeita de corrupção envolvendo os recursos por ela arrecadados e os benefícios proporcionados ao setor de Defesa daquele país. Sobre esse último tópico, através dos dados colhidos nos sites do Ministério da Fazenda da República do Chile, da
Corporación Nacional del Cobre (CODELCO) e do artigo: Forças Armadas chilenas:
problemas à vista, de autoria do Sr. Juan Carlos Cicalesi foi possível quantificar os recursos auferidos pela Lei do Cobre no período da sua vigência e descrever o salto de capacidades operacionais adquiridas pelas Forças Armadas do Chile através da aquisição de aeronaves, navios e carros de combate, além de armamento e demais equipamentos, dotando-o de FFAA modernas e eficazes.
Finalmente, o último objetivo intermediário (Analisar a possibilidade de
44
complementasse o Orçamento Público destinado aos investimentos para o desenvolvimento da CT&I nas Forças Armadas Brasileiras) foi concluído no item
5.4, onde foram demonstrados os valores alcançados pelas exportações de commodities no Brasil e a possibilidade de agregar parte desses recursos à CT&I da área de Defesa, proporcionando uma mudança no nível de aplicação do orçamento pelo em país na sua segurança, com reflexos na percepção das outras nações sobre a importância dada aos temas soberania e Defesa pelo Brasil. Ao mesmo tempo, ressaltou-se que o valor empregado na pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação retorna para o país na produção e comercialização de produtos de altíssimo valor agregado.
Aqui, cabe destacar a possibilidade da adoção temporária do referido dispositivo legal, a fim de pressionar os gestores públicos no sentido de otimizar os recursos orçamentários do Ministério da Defesa, adequando os valores direcionados para o pagamento de pessoal à realidade de outros países desenvolvidos, permitindo o incremento dos investimentos na atualização tecnológica das Forças Armadas.
Da mesma forma, o objetivo final da pesquisa foi atingido a partir da análise de todos os dados obtidos nos livros, artigos e documentos consultados e concentrada no capítulo cinco desse trabalho.
Assim, conclui-se que apesar do Brasil apresentar inúmeras carências em várias áreas da gestão pública e que a percepção da Segurança Nacional por parte da maioria da população tender a diminuir a prioridade dos investimentos em Defesa, o Estado necessita buscar alternativas viáveis, sem sacrificar a capacidade de endividamento externo do país, a fim de proporcionar os investimentos suficientes para a obtenção das capacidades operacionais da Forças Armadas para o cumprimento da sua missão constitucional, além das missões subsidiárias.
Analisando as ideias principais e os resultados obtidos, é possível fornecer informações atualizadas, para que os responsáveis pela gestão dos recursos públicos do Brasil encontrem alternativas razoáveis para o incremento dos investimentos na CT&I da área de Defesa, em prol do desenvolvimento social do país.
Ressalta-se aqui, que o presente estudo não abrange todo o assunto, pois a elaboração de um diploma legal que destine maiores recursos ao Ministério da Defesa necessita de maiores estudos e discussões com o pessoal especializado.
Finalmente, o autor pretende que, após este relatório final, os conhecimentos levantados possam ser utilizados por novos pesquisadores na produção de novos trabalhos ligados ao tema.
46
REFERÊNCIAS
AREND, Marcelo. 50 anos de industrialização do Brasil (1955-2005): uma análise evolucionária. 2009. 251 f. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
BRAHM GARCÍA, E. Preparados para la guerra: pensamento militar chileno bajo influencia alemana 1885-1930.Santiago: Ediciones UC, 2003.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 mar. 2018.
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Orçamento Geral da União. Brasília, DF: CGU, 2020. Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico.
Acesso em: 25 maio 2020.
BRASIL. Lei nº 4.320/64. Lei do Direito Financeiro. Institui Normas Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, DF: Presidência da
República, 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 30 maio 2020.
BRASIL. Lei nº 10.180/2001. Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm . Acesso em: 5 jun. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.971/2019 PPA 2020/2023. Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2020 a 2023. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13971.htm . Acesso em: 10 jun 2020.
BRASIL. Lei Complementar nº 101/200. Lei de Responsabilidade Fiscal.
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2000.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm . Acesso em: 30 maio 2020.
BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Versão sob apreciação do Congresso Nacional (Lei Complementar 97/1999, art. 9º, § 3º). Brasília, DF: MD, 2016b. Disponível em:
http://www.defesa.gov.br/arquivos/2017/mes03/pnd_end.pdf. Acesso em: 29 mar. 2018.
BRASIL. Ministério da Defesa. Execução Orçamentária dos Orçamentos Fiscal e
da Seguridade Social do Ministério da Defesa. Brasília, DF: MD, 2020. Disponível
em:
https://www.gov.br/defesa/ptbr/arquivos/orcamento_financas/2020/cosolidadaa_211a _aa_202a_va_ascoma_dot-atualizadaa_ea_empenhasa_abril.pdf . Acesso em: 19 jun. 2020.
BRASIL. Ministério da Defesa. Panorama atualizado dos recursos, despesas e
investimentos do Ministério da Defesa. Brasília, DF: MD, 2020. Disponível em: http://transparencia.gov.br/orcamento/despesas?paginacaoSimples=true&tamanhoP agina=&offset=&direcaoOrdenacao=asc&de=2019&ate=2020&orgaos=OS52000&pr ograma=6012%2C2058&colunasSelecionadas=ano%2CorgaoSuperior%2CorgaoVin culado%2Cfuncao%2CsubFuncao%2Cprograma%2Cacao%2CcategoriaEconomica %2CgrupoDespesa%2CelementoDespesa%2CorcamentoInicial%2CorcamentoAtuali zado%2CorcamentoRealizado%2CpercentualRealizado&minifiedPath=%2Fminified& projectVersion=1.20.0&ordenarPor=ano&direcao=desc. Acesso em: 2 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Defesa. Política Nacional de Defesa. Versão sob apreciação do Congresso Nacional (Lei Complementar 97/1999, art. 9º, § 3º). Brasília, DF: MD, 2016a. Disponível em:
http://www.defesa.gov.br/arquivos/2017/mes03/pnd_end.pdf. Acesso em: 29 mar. 2018.
BRASIL. Ministério da Economia. Estatísticas de Comércio Exterior. Brasília, DF: MDIC, 2020. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas. Acesso em: 25 Ago. 2020.
BURR, R. N. By Reason of Force: Chile and the balancing of power in South America 1830-1905. Berkeley: University of California Press, 1974.
CHILE. Ministerio de Defensa Nacional. Lei 13.196/58 “Ley Reservada del Cobre”. Santiago: MD, 1958. Disponível em: https://www.defensa.cl/temas-de-contenido/ley-reservada-del-cobre/. Acesso em: 20 abr. 2020.
CICALESI, Juan Carlos. Forças Armadas chilenas: problemas à vista. Segurança &
Defesa, Rio de Janeiro, n.123, 2016.
ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Brasil). Curso de Gestão
48
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Fundamentos do Poder Nacional. Rio de Janeiro: ESG, 2020.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Ipeadata macroeconômico. Disponível em: http://ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadata?Tick=133587765. Acesso em: 22 Mar. 2008.
INTERNATIONAL INSTITUTE OF STRATEGIC STUDIES. Defense Budget. Washington, D.C: IISS, 2020. Disponível em:
https://www.iiss.org/topics/defence/defence-economics . Acesso em: 10 jun.2020. INTERNATIONAL INSTITUTE OF STRATEGIC STUDIES. Department of Defense
and its effect on the economy. Washington, D.C.: IISS, 2020. Disponível em:
https://www.thebalance.com/department-of-defense-what-it-does-and-its-impact-3305982. Acesso em: 30 abr. 2020.
JOHNSTON, A. I. Thinking About Strategic Culture. International Secirity. Cambridge, v.19, n. 4, 1995.
LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A.. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
MAZZUCATO, Mariana. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
MENESES, Emilio. La Política de Adquisición de armamentos en Chile: historia de una crisis anunciada. Santiago: Instituto de Ciencia Política de la Pontifícia Universidad Católica de Chile, 2018.
PATILLO, G. Asignación de recursos a las fuerzas armadas en Chile situación actual y propuesta. Estudios Públicos, Santiago, v.89, 2013. Disponível em:
https://bit.ly/2pKvotv. Acesso em 13 Abr. 2020.
PEDROSA, Fernando Velôzo Gomes. "O Chile e as Demandas de Modernização do Exército Durante a Transição Democrática." Revista das Ciências Militares. Rio de Janeiro, v.14, n. 49, p. 99-122, 2020.
RUBILAR LUENGO, M. La “Prussia americana”: prensa argentina e imagem
internacional de Chile durante la Guerra del Pacifico (1879-1881). In: JORNADA DE HISTORIA MILITAR, 9., 10., Santiago: Anales[...]. Santiago: Ejército de Chile, 2016. SUZIGAN, Wilson. "Estado e industrialização no Brasil." Revista de Economia
Política, Vol.8. nº4. Campinas, 1988.
UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. Population Dynamics. New York. 2020. Disponível em:
https://population.un.org/wpp/Graphs/DemographicProfiles/Line/900. Acesso em: 25 Ago. 2020.
VÁSQUEZ, Pablo Contreras. "El futuro de las leyes secretas." Anuario de Derecho