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Visando a alcançar a compreensão do autorregramento da vontade, a pesquisa passou por breves considerações acerca da autonomia da vontade, objetivando esclarecer os diferentes delineamentos que a vontade assumiu em distintos momentos da produção jurídica. O ordenamento jurídico cedeu espaço ao autorregramento da vontade concedendo aos jurisdicionados possibilidade para que regulem seus próprios interesses, dentro de limites previamente por aquele fixados.

Torna-se imprescindível compreender a interdependência estabelecida entre o interesse público e o interesse privado, dado que o primeiro apenas se legitima se coincidir, em alguma medida, com as pluralidades do segundo. No âmbito do processo, esse equilíbrio entre público e privado se efetiva pela adoção de um modelo cooperativo, onde todos os sujeitos processuais colaboram para a solução da lide, atuando com paridades de armas e oportunidades, de forma equitativa influenciando a decisão.

Em que pese admitido o potencial oferecido pela cláusula geral de negociação processual, sua textura aberta, conduz ao reconhecimento do importante papel a ser desempenhado pelo magistrado quando da aplicação in concreto dos negócios processuais.

A atuação do magistrado no que concerne aos negócios jurídicos processuais se restringe, contudo, ao plano da validade, na medida em que ele efetua o controle dos requisitos previstos pelo sistema jurídico para que o negócio adentre esse plano. Essa incumbência, contudo, não é simples de forma alguma, mormente quando considerada a complexidade imprimida pela natureza mista do instituto, a comportar disciplina civil, processual e, principalmente, constitucional. Sem levar em consideração, ainda assim, da sobrecarga de trabalho do sistema judiciária atual.

Com o negócio jurídico processual, as partes poderiam convencionar diversas matérias, fazendo com que o processo judicial ficasse mais adequado para determinada demanda. Contudo, superado mais de um ano da implementação da novidade, o meu ânimo inicial com o novo instituo acabou não se verificando na prática. Parece que depois que o litígio se instala a razoabilidade das partes é perdida e não se consegue avançar em discussões de assuntos que seriam benéficos a ambas, sobretudo em audiências onde presentes os interessados. Apesar da amplitude de possibilidades de convenções, poucos casos surgiram e se limitaram a alterações de prazos e momentos de manifestação no decorrer do processo.

Acredita-se que seja interessante, como sugestão futura, serem realizadas pesquisas com um tema que aprofunde acerca do real incentivo e participação dos advogados militantes nas negociações jurídicas, trazendo à tona a realidade dos bastidores e as dificuldades encontradas para a consecução de maior quantidade de negociações, seja pelo lado profissional ou pelas barreiras e dúvidas elencadas pelas partes.

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