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5.1. Limitações do estudo, continuidade do trabalho e sugestões para investigação futura

Expostas as concepções teóricas deste estudo e discutidas as conclusões da investigação desenvolvida, apresentamos, agora, uma reflexão crítica acerca das limitações do estudo realizado.

Considerando o trabalho realizado e a realidade que este compreendeu, podemos afirmar que o estudo poderia incorporar realidades distintas das enquadradas neste estudo. No entanto, verificando a natureza do estudo, o seu contexto e os seus objectivos primordiais, seria contraproducente distender a amplitude desta investigação. Estes factos levam-nos a considerar que o estudo não se construiu de forma a encerrar-se em si próprio e nas suas conclusões, numa construção limitativa. Estes factos proporcionam- nos dizer que partindo deste estudo se podem construir novas investigações, pois que os dados construídos podem por a descoberto e, consequentemente, problematizar novas questões de investigação.

Os alunos que participaram neste estudo eram portadores de doença oncológica, no entanto, entendendo a heterogeneidade tipológica da deficiência, devemos ser prudentes na generalização analítica dos dados e na leitura da validade externa. Neste contexto devemos ainda descrever outros aspectos, como as componentes de natureza temporal e distal, impostas pela dispersão geográfica, que restringiram o tempo de decurso e a totalidade das sessões de observação, no terreno; a discrepância do tempo de utilização real da tecnologia, verificado em cada um dos alunos participantes na investigação, colmatado pelo facto de a tecnologia em causa ser muito intuitiva e, portanto, de fácil utilização; ainda, no campo da tecnologia, devemos registar, simultaneamente, a influência que as falhas tecnológicas obtiveram no âmbito do registo e, posterior, tratamento de dados. Neste cenário, enquadra-se, ainda, a problemática imposta pelo recurso a uma única observadora (a investigadora), que no decurso da investigação foi criando empatia com os alunos e as suas famílias, contribuindo para a não dissolução dos impactos da sua presença, embora na tentativa de minimizar ao mínimo impacto humanamente gerado, se empregar o registo digital, através de captação digital de imagens.

Em termos teóricos algumas das limitações encontradas devem-se à dificuldade no acesso a bibliografia específica no que concerne à definição dos termos em estudo, nomeadamente o termo participação. A aplicação dos termos em contextos distintos e ou em realidades dispersas ou similares dificulta o balizamento do sentido procurado nesta investigação. Carece-nos mencionar, em realidade similar, a falta de acesso a bibliografia relevante por motivos de natureza diversa.

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Não obstante, os resultados obtidos neste estudo representam apenas dados, que descobrem caminhos que importa trilhar e explorar na realização de trabalhos futuros, construídos em novos contextos de aplicação, outras questões geradoras e distintos princípios orientadores. A análise do impacto de diferentes tecnologias em diferentes actores e, mesmo, a contribuição para o aperfeiçoamento de tecnologias e a sua adaptabilidade a contextos e públicos distintos e com necessidades específicas, podem ser áreas de relevância nesta área de investigação de multimédia em educação, podendo no entanto extrapolar-se para outros domínios do conhecimento. A continuidade deste trabalho perspectiva-se, portanto, no sentido de permitir a continuidade e o alargamento da investigação alargada a novos contextos, partindo de uma realidade tecnologia e do ambiente educacional, apoiada por um cunho empresarial.

Neste âmbito, e finalizando, parece-nos importante deixar duas questões em aberto, que o possam levar a reflectir (sabendo de antemão que ambas se poderiam readaptar aos conceitos de participação e interacção): os alunos portadores de deficiência, apoiados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, sentir-se-

ão verdadeiramente incluídos? Sentir-se-iam verdadeiramente incluídos se

frequentassem o ensino regular e a sua escola de residência?

5.2. Conclusões do estudo

Este sub-capítulo pretende apresentar uma síntese das principais conclusões do estudo efectuado, considerando como basilares as duas questões geradoras que sustentaram todo o percurso de investigação (Cf. secção 1.3.1). Desta forma, propomo- nos agora a compilar, sumária e anarquicamente, as conclusões, que foram exploradas, ao longo do trabalho, de forma sequencial.

Considerando o alargamento do acesso às tecnologias da informação e comunicação e a forma dispare como a tecnologia afecta diferentes alvos populacionais, mostrou-se imprescindível o estudo destas duas realidades que embora distintas se revelam complementares, para a construção deste trabalho.

As soluções tecnológicas de apoio à comunicação, entendendo este termo de forma lata, e à aprendizagem, em ambientes distribuídos, promovem lógicas flexibilidade, adaptabilidade e de uso autónomo, participação e construção activa do conhecimento.

Este trabalho, apoiando-se na solução tecnológica PT Teleaula, enraizada no meio empresarial, permitiu conhecer os processos de participação, interacção e inclusão, considerando as especificidades dos utilizadores finais da solução tecnológica e, concomitantemente, a realidade do ensino a distância.

O estudo realizado revela, sob o ponto de vista científico, uma visão positiva acerca dos benefícios das tecnologias da informação e da comunicação, concretizada nos

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processos de participação, interacção e inclusão (escolar, digital e, em termos genéricos, social). Destaca-se, neste contexto, o papel das tecnologias que ultrapassam as barreiras físicas, temporais e sociais e que, simultaneamente, permitem o acesso à educação por parte dos alunos que se encontravam, até então, isolados em suas casas e, legislativamente, se distinguiam pelo défice de assiduidade. O percurso de ensino/aprendizagem, suportado pelas novas tecnologias, na modalidade de ensino a distância, contribui, também, para a literacia (tecnológica ou não), criação de estruturas específicas sustentadas na realidade do e-learning, possibilitar o acesso a realidades distintas e o uso autónomo e efectivo da tecnologia, participação real em cenários diversos e construção activa do conhecimento, impulsionada pela inversão dos papéis característicos do tradicional ensino presencial. Nomeadamente, no que respeita aos sujeitos portadores de deficiência, importa revelar que, partindo de baixos níveis de alfabetização, reflectidos pela baixa participação e integração escolar, bem como as dificuldades em conseguir emprego, as tecnologias assumem, na actualidade, um importante na melhoria da qualidade de vida destas pessoas, embora em termos futuros seja fulcral desenvolver estratégias e construir práticas que reduzam os riscos de info- exclusão.

No que respeita ao cenário da verificação dos processos de participação, interacção e inclusão, através da tecnologia PT Teleaula e considerando as limitações e potencialidades dos alunos observados, importa referir o apoio dos pais e outros familiares, enquanto agentes relevantes que possibilitaram, favoreceram e optimizaram não só o percurso investigativo, mas fundamentalmente o processo de ensino/aprendizagem das crianças com necessidades educativas especiais. Relembremos que as doenças de foro oncológico são incapacitantes e limitam verdadeiramente os seus portadores.

O processo de investigação deixa, ainda, a descoberto, que o sucesso deste tipo de iniciativas, fruto da responsabilidade social da empresa Portugal Telecom - conceituada em território nacional e além fronteiras, também em território lusófono –, sob a responsabilidade da Fundação Portugal Telecom e que se torna real face à participação de outras entidades, neste caso, o Ministério da Educação. Toda esta estrutura tem impacto nos agentes que figuram destes processos: professores, pais/família e alunos. O estudo efectuado permitiu, assim, observar que o emprego de tecnologia em ambientes distribuídos, flexíveis e adaptados, sob o modelo de ensino a distância, apoiando a comunicação e colaboração e reabilitação de crianças portadoras de deficiência, nomeadamente a solução PT Teleaula, contribui para a maximização dos processos de participação, interacção e inclusão. Todavia, este trabalho permitiu ainda constatar que o apoio de outros agentes, particularmente os pais, são imprescindíveis para o sucesso de todo o processo, assegurando todas as condições em termos tecnológicos, educativos e de saúde, até aos gestos mais básicos.

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