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Os estudos empíricos anteriores (e.g., Akguc e Choi (2013) e Pinkowitz et. al. (2013)) demonstram evidência de um aumento das reservas das disponibilidades de caixa após a mais recente crise financeira que afetou, principalmente, os EUA e a Europa, usando amostras de empresas cotadas sediadas nessas localizações.

Neste contexto, o objetivo fulcral deste trabalho é demonstrar evidência sobre a variação das reservas de caixa nas empresas cotadas pertencentes aos países da Zona Euro antes e após a crise. Para tal, é utilizado um painel longitudinal de dados composto por 9746 observações para 1133 empresas cotadas e sediadas em 11 países da Zona Euro.

Os nossos resultados sugerem que as reservas de caixa da amostra utilizada atingem o seu máximo no período pré-crise, tendo registado um decréscimo no período pós- crise. No entanto, a análise ao indicador total de reservas de caixa ponderada por total ativos de todas as empresas por ano, há um aumento após a crise.

Na análise aos determinantes das reservas de caixa, as variáveis, há exceção de três, estão relacionadas com as reservas de caixa das empresas como previsto na literatura anterior. No entanto nem todas as variáveis nos modelos analisados são estatisticamente significativas.

Ao contrário do esperado e da evidência anterior (e.g., Akguc e Choi (2013), Pinkowitz et. al. (2013)), os nossos resultados não demonstram evidência de suporte à Hipótese 1, que prevê um aumento das reservas de caixa, em média, para as empresas pertencentes aos países da Zona Euro no período pós-crise, em comparação com o período pré-crise. De acordo com o esperado, seria previsto um aumento das reservas de caixa no período pós- relativamente ao período pré-crise. Com base na teoria explicativa da estrutura de capitais, o aumento da volatilidade dos fluxos de caixa e das dificuldades no acesso ao crédito conduziria a uma atitude de precaução (Keynes, 1936). Os resultados obtidos não são consensuais com os anteriores, o que deixa uma porta aberta para futura investigação, dada a necessidade de demonstrar mais evidência sobre este assunto.

No entanto, é demonstrada evidência que a sensibilidade das reservas de caixa aos fluxos de caixa das empresas pertencentes aos países mais afetados pela crise (Espanha, Irlanda e Portugal) aumenta no período pós-crise; esta evidência suporta a Hipótese 2,

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que não é rejeitada. Este resultado corresponde ao esperado; as empresas que enfrentam maiores restrições financeiras como as dos países mais afetados pela crise acumulam mais liquidez para salvaguardar as suas atividades em caso de aumento da volatilidade dos seus fluxos de caixa. Estas evidências são consistentes com a investigação de Almeida et. al. (2004) e Han e Qiu (2007). No entanto, e tanto quanto é de nosso conhecimento, este é o primeiro trabalho a demonstrar evidência empírica da sensibilidade das reservas de caixa aos fluxos de caixa entre as empresas pertencentes aos países da Zona Euro mais afetados pela mais recente crise financeira.

Este estudo representa uma porta aberta para futuras investigações dado que pode ser estendido de várias formas. Um caminho interessante seria estabelecer uma comparação entre empresas privadas e cotadas da Zona Euro.

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