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O quadro atual de deficiência da cobertura dos serviços de saneamento básico no país impõe- nos como grande desafio elevar os atuais índices de cobertura dos serviços de saneamento básico a toda a população. Para tanto, torna-se necessário aumentar significativamente os investimentos no setor de saneamento para fazer face a demanda pelos serviços de saneamento.

Pela análise das privatizações ocorridas até o momento, ainda são relativamente poucas as iniciativas de concessões privadas no país. Essas privatizações ocorreram principalmente por meio de algumas concessões de municípios autônomos e duas participações acionárias em empresas estaduais (SANEPAR-PR e SANEATINS-TO), as quais estão fortemente concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país. As concessões que foram feitas ocorreram num verdadeiro clima de laissez-faire, laissez-passer os quais as empresa privadas adentraram no setor ansiosa pelas possibilidades de obtenção de recursos financeiros junto a organismos nacionais (especialmente recursos do FGTS e BNDES) e organismos internacionais e precavendo-se na forma de contratos pelos riscos elevados inerentes aos serviços de saneamento básico.

Os investimentos deveriam se concentrar no atendimento prioritário às populações de baixa renda, localizadas, principalmente nas regiões menos desenvolvidas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, nas periferias dos grandes centros urbanos, nas pequenas localidades e em área rural. É nesses locais que se concentram os maiores déficits em saneamento básico e, sobretudo, onde vivem as populações de baixa renda. Até o momento os contratos firmados prevêem apenas o aumento da cobertura sem que necessariamente estabeleçam o atendimento prioritário das populações mais pobres.

Para tanto, tornar-se-ia necessário induzir a desconcentração de recursos nas regiões Sul e Sudeste, onde estão concentradas a quase totalidades das privatizações. É preciso ainda estabelecer a adoção de políticas públicas no sentido de direcionar e estabelecer as metas de universalização nas áreas de concessões e em caso de comprovar-se a incapacidade dos concessionários privados de atingimento de metas preestabelecidas, far-se-ia necessário a

utilização de recursos públicos, possivelmente de origem fiscal, no sentido de garantir equidade no acesso aos serviços de saneamento básico.

Entretanto, na tentativa de remover alguns obstáculos, que via de regra, são causadores de incertezas à cerca das políticas de parcerias privadas no setor de saneamento básico, o Governo Federal apresentou Projeto de Lei PLS 266/96 para definir a titularidade dos serviços de interesses comum aos Estados. Além do projeto de Lei n.o 4.147 com vistas a definir a titularidade dos serviços de interesse local aos municípios. Ambos os projetos até o momento da publicação deste trabalho ainda encontram-se para votação pelo Congresso Nacional. Há também a necessidade de se estabelecer o marco regulatório específico do setor de saneamento para que possa haver estabilidade das regras (de reajuste das tarifas) e instrumentos de controle para a participação privada no setor, bem como, da realização de investimentos.

A parceria com o setor privado demonstra-se inevitável e em alguns casos recomendáveis, na medida em que os municípios demonstram incapacidade para investir nos serviços de saneamento. Desta foram a opção tem sido por parcerias privadas, principalmente pela externalidades negativas que a falta de saneamento básico causa a saúda das populações afetadas, com o aparecimento de doenças relacionadas à poluição hídrica.

Os investimentos que o setor de saneamento básico irá demandar, para os próximos anos, são bastante elevados e essa possibilidade de atrair investimentos é que demonstra a atratividade do setor .O volume de investimentos demandado constitui-se num forte elemento de atração de capitais e por isso também é necessário ter cuidado para que empresas nacionais (principalmente) construtora de obras de infra-estrutura (formada pr grandes empreiteiros do país) recebam recursos para construção de obras em detrimento dos serviços de saneamento que possam prestados. Os recursos de saneamento devem ser canalizados para empresas prestadoras dos serviços de saneamento de forma que possa haver uma maior democratização dos serviços.

Conclui-se que ainda que problemas quanto à indefinição com relação à política de privatização no setor, bem como a imprecisão de quem pode agir como poder concedente dos serviços de saneamento e a falta de legislação regulatória específica para o setor, não são problemas impeditivos à entrada de capitais privados no setor de saneamento básico. Porque

os editais e contratos de concessão podem estabelecer mecanismos claros e precisos de forma a garantir os direitos e deveres dos agentes envolvidos. Como se pode notar, é o grande volume de recursos para investimento que tem atraído o capital privado a investir no setor saneamento básico do país e dessa maneira o risco das populações menos capazes de pagar pelos serviços de saneamento básico ficarem sem atendimento são também bastante elevados na medida em que a iniciativa privada não tem interesse pelos mais pobre ou pelos pequenos municípios.

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