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A produção de suínos em Mato Grosso vem se consolidando nas últimas décadas, com um crescimento de 153% do rebanho nos últimos dez anos. Além disso, a carne suína mato- grossense vem elevando sua inserção no mercado internacional, que em 2010 atingiu volume exportado de 28,4 mil toneladas, representando 4,9% do total nacional exportado. Atualmente, estão instalados no estado 13 frigoríficos, com capacidade total de abater 11,2 mil cabeças por dia.

O estado apresenta condições competitivas, tais como: a grande produção de grãos, ganhos de escala de produção, pertencer à área livre de febre aftosa e peste suína clássica, além do programa do governo estadual intitulado Granja de Qualidade. Esses fatores têm atraído investimentos de grupos lideres dos complexos grãos-carnes para o estado.

Neste contexto, pretendeu-se analisar a competitividade da suinocultura mato- grossense, assim como seus fatores determinantes. Para isso, foram estimados índices de desempenho competitivo das empresas do segmento de produção suinícola, além de se verificar o grau de influência de tradicionais determinantes da competitividade sobre este desempenho competitivo.

O referencial teórico utilizado para embasar o trabalho foi o desenvolvimento da teoria da concorrência e da competitividade, com base no conceito de competitividade na vertente da eficiência. Como metodologia de análise, foram utilizadas a análise fatorial e a análise de regressão.

Com relação à análise fatorial, verifica-se por meio dos testes estatísticos que a análise fatorial é adequada para analisar os dados da pesquisa. Após a rotação dos fatores, foram extraídos sete fatores que explicam juntos 72,34% da variância total das variáveis. Por meio desta análise, constata-se que o fator 1 (Sistema de produção e determinantes do custo) é o principal determinante da competitividade da suinocultura mato-grossense, por explicar 15,32% da variância total dos dados. Portanto, as variáveis mais relevantes para criação de vantagem competitiva na produção de suínos estão relacionadas à intensidade de utilização do trabalho, ao sistema de produção e ao preço médio pago pelo milho.

Avaliando-se as variáveis constituintes de cada fator, estes fatores foram assim rotulados: 1 - Sistema de produção e determinantes do custo, 2 - Transferência de conhecimento para produção e característica da granja, 3 - Acesso a crédito financeiro, 4 - Infraestrutura e exploração do solo, 5 - Uso da terra e taxa de conversão animal, 6 - Políticas de incentivo fiscal e gestão da propriedade e 7 - Receita do empreendimento.

Analisando-se os sinais dos escores fatoriais foi possível constatar que apenas 33,8% das propriedades visitadas têm como indicador favorável o fator F1 (Sistema de produção e determinantes do custo), sendo, portanto, o principal fator limitante da competitividade das empresas do setor. Para reverter este quadro, torna-se necessário que as empresas melhorem o desempenho dos indicadores intensidade de utilização da mão de obra, grau de integração do sistema de produção e maior controle sobre o preço pago pelo milho, com objetivo de serem mais competitivas.

A partir dos escores fatoriais, foram construídos os IDCs para cada empresa constituinte do escopo de análise. No conjunto amostrado, 95,4% das empresas apresentaram nível de desempenho competitivo intermediário e 4,6%, desempenho competitivo considerado baixo. Esses dados indicam que as empresas ainda estão em estágio intermediário de desempenho competitivo.

A média dos IDCs foi 0,51 e a mediana, 0,52, e das 65 empresas, 38 apresentaram IDC igual ou superior à média e 33 possuem IDC igual ou superior à mediana. Avaliando o IDC médio por município, identificou-se que as propriedades com IDC acima da média estão localizadas em Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Rondonópolis, Sorriso, Santa Rita de Trivelato e Tapurah. Sendo estes os municípios que apresentam os maiores rebanhos suínos do estado, além de serem os municípios que possuem a maior concentração de granjas integradas a cooperativas e agroindústrias.

Pelas análises de regressão, foi possível mensurar o grau de influência de outras variáveis não consideradas na análise fatorial sobre o IDC. Os resultados indicam que o nível de escolaridade do proprietário ou gerente da granja exerce influência positiva sobre o IDC. Este fato é devido ao nível de escolaridade favorecer a incorporação de inovações ao processo produtivo e à gestão da propriedade.

Por outro lado, o indicador a suinocultura constitui a atividade principal do proprietário apresenta uma relação inversa entre a atividade principal desenvolvida pelo suinocultor e o IDC. Isso porque a suinocultura tem se estabelecido como uma atividade complementar à agricultura, para agregar valor à produção agrícola. Ademais, as variáveis idade e tempo na atividade do proprietário ou gerente, uso de tecnologias modernas e expectativa para o futuro não exercem influência sobre o IDC.

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ANEXO

Tabela 18A - Regressão estimada para todos os parâmetros ( , , , , , ).

Variável Coeficientes Desvio padrão Estatística t

Constante 0,4170 0,0739 5,6446 I 0,0009 0,0009 0,9935 E 0,0128 0,0063 2,0353 ATA -0,0004 0,0009 0,4473 TM -0,0296 0,0294 1,0052 AP -0,0608 0,0262 2,3229 EF 0,0417 0,0512 0,8149

R-quadrado 0,2024 Desvio padrão da regressão 0,0813

R-quadrado ajustado 0,1199 Média da variável dependente 0,5070

Estatística F 2,4531 Desvio padrão da var. dep. 0,0866

Probabilidade 0,0350 Estatística Durbin-Watson 1,3507

* Estatisticamente significativo a 1%. ** Estatisticamente significativo a 5%. NS Estatisticamente não significativo.

Fonte: dados da pesquisa.

Tabela 19A - Regressão estimada para os parâmetros ( , ).

Variável Coeficientes Desvio padrão Estatística t

Constante 0,4944 0,0283 17,4387

E 0,0094 0,0043 2,1493

AP -0,0777 0,0176 4,3917

AR(2) 0,5615 0,1097 5,1172

R-quadrado 0,4206 Desvio padrão da regressão 0,0686

R-quadrado ajustado 0,3911 Média da variável dependente 0,5073

Estatística F 14,2781 Desvio padrão da var. dep. 0,0879

Probabilidade 0,0000 Estatística Durbin-Watson 1,6546

* Estatisticamente significativo a 1%. ** Estatisticamente significativo a 5%. Fonte: dados da pesquisa.

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