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A seguir apresenta-se a conclusão desta tese para as questões apresentadas e a verificação dos objetivos.

Embora a revisão da bibliografia (AHLSTRON; KARLSSON, 1996; MITROPOULOS; HOWELL, 2001; SÁNCHEZ; PÉREZ, 2001) apontasse para uma inadequação entre o sistema de medição de desempenho e a aplicação dos princípios lean nas empresas manufatureiras, a expectativa dessa pesquisa era de se encontrar elementos que indicassem essa inadequação em empresas adotantes da Construção Enxuta. No entanto, após análise da documentação e a realização das entrevistas, essa pesquisa não identificou nenhum fator que sugerisse essa incongruência ou mesmo algum entrave que o sistema de medição de desempenho pudesse proporcionar para a implementação da Construção Enxuta.

De maneira geral, as empresas manufatureiras de outros setores produtivos fazem uso do sistema de medição de desempenho de maneira mais estruturada, quando comparados com a construção civil. Essa situação de enraizamento desses sistemas nessas empresas pode gerar alguns conflitos quando da necessidade de se adotar novas formas de medição, principalmente quando há modificações na forma de gerir a produção, surgindo a necessidade de se criar alguns indicadores e abandonando outros tantos.

Porém, na construção civil as práticas de medição de desempenho não são devidamente estruturadas, conforme relatam vários autores, como: Lantelme, (1994); Costa et al., (2002); Costa; Cordeiro e Formoso (2003), apresentando uma série de deficiência como, falta de integração e alinhamento das medidas de desempenho, dificuldade das empresas em determinar o que medir e como medir, por exemplo. Esse panorama de falta de comprometimento que as empresas de construção aparentam mostrar com os indicadores de desempenho pode facilitar, de certa medida, a migração para outras formas de medição de desempenho.

Portanto, para o caso das empresas que adotaram os princípios da Construção Enxuta, essas não tiveram dificuldade em encontrar novos indicadores quer mostrasse essa nova conjuntura. No entanto, a averiguação desta interpretação carece ser mais bem investigada.

exemplo, as empresas Construtora de obras industrial e institucional e a Fabricante de pré- fabricados de concreto, especialmente a Fábrica 2. No entanto, foi possível verificar o nível de implantação dessas empresas da Construção Enxuta, utilizando como base de comparação os princípios propostos por Koskela (1992), são extremos.

Das empresas pesquisadas a Construtora de obras industrial e institucional foi a primeira a ter implantada a Construção Enxuta. No entanto, no longo do tempo, essa empresa além de não adotar nenhum tipo de ferramenta como, por exemplo, 5S ou quadro de visualização, manteve os ganhos obtidos restritos ao nível gerencial, não ocorrendo a manutenção dos ganhos no processo produtivo. A constatação pode ser verificada por meio dos indicadores que a empresa manteve em uso e os que foram adotados (Quadro 4.10). A conseqüência disso foi que a empresa apresentou baixo nível de implantação com os princípios da Construção Enxuta, dentre as empresas pesquisadas. Isto pode ser observada no Quadro 5.1.

A empresa Fabricante de pré-fabricados - Fábrica 2 foi a que apresentou os melhores resultados de implantação, quando comparada com as demais empresas desta pesquisa (Quadro 5.1). Os fatores que favoreceram esses resultados foram, principalmente: a padronização dos produtos proporcionando processos produtivos bem definidos, mesmo que de natureza diferentes, possibilidade de utilização de mão-de-obra polivalente, elevado nível de mecanização, que favorece o ritmo de produção e pelo fato do leiaute ter sido desenhado tendo com base os problemas e as soluções implementadas na Fábrica 1. Além disso, essa unidade fabril manteve os principais indicadores financeiros e adotou indicadores não financeiros que favorecessem a manutenção do fluxo contínuo dos processos produtivos.

Concluí-se que empresas que mostraram melhores resultados quanto ao nível de adoção dos princípios da Construção Enxuta, desenvolveram procedimentos que propiciaram a manutenção do fluxo contínuo com a eliminação de atividades que não agregam valor, além diminuir a segmentação dos serviços (diminuindo o tempo entre o término e o início entre eles), entrega do material antecipando-se à equipe de produção, entre outros aspectos.

Embora a implantação da Construção Enxuta possa proporcionar mudanças nos processos de produção, com a utilização de uma série de ferramentas, nota-se que muitos dos indicadores adotados encontram-se referenciados na revisão bibliográfica realizada (Quadro 3.4; Quadro 3.5 e Quadro 3.6). Desses indicadores, destacam-se alguns que foram citados com ênfase

pelas empresas pesquisas: avaliação de fornecedores de material, avaliação de fornecedores de serviço, percentual de funcionários treinados e percentual de pacotes concluídos.

Observou-se também que alguns indicadores que foram adotados pelas empresas com adoção da Construção Enxuta não se encontram referenciados na bibliografia pesquidada. Esses estão relacionados diretamente com o processo de produção das empresas e tem a incumbência verificar a manutenção do ritmo de produção, identificando possíveis causas que pudessem interromper esse ritmo. Como por exemplo, Índice de desempenho de produtividade, número de solicitações atendidas dentro do prazo no sistema de comunicação “autonômico”, número de paradas (quebra) do equipamento ocasionando a paralisação da produção, Número de parada da produção (NPP) – número de acionamento do andon e tempo de espera aguardando material (concreto, aço).

Portanto, observou-se que nas empresas estudadas foi necessário adotar novos indicadores de desempenho para medir o desempenho dos processos de produção de forma coerente com os princípios da Construção Enxuta implementados. Dessa forma, ficou provado nos casos estudados que a Construção Enxuta requereu mudanças na medição de desempenho dos processos de produção. Todavia, indicadores utilizados anterioremente ainda continuam a serem utilizados.

A implementação da Construção Enxuta trata-se principalmente de mudança de comportamento, envolvendo uma filosofia que deve abranger toda a empresa. No entanto, pode ser parcialmente explicitada por meio da implementação de ferramentas como, por exemplo, MFV, kanban, 5S, quadro de visualização, andon. O uso mais adequado dessas ferramentas depende das especificidades das empresas.

Concomitantemente à utilização dessas ferramentas há a necessidade de se adotar indicadores que verifiquem a eficácia esperada com essa implantação. Por exemplo, com a implantação da ferramenta andon, foi necessária a criação de um indicador, no caso Número de parada da produção, que verificasse três situações: quantidade de serviços em execução (acionamento verde), quantidade de serviços em vias de paralisação (acionamento amarelo) e finalmente quantidade de serviços paralisados (acionamento vermelho). No entanto, essas informações isoladas não apresentam nenhum resultado concreto. Porém, quando analisadas, considerando também os motivos que ocasionaram estas paradas, consegue-se propor soluções e