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6. Conclusões e trabalhos futuros

6.1 Conclusões

O planeamento de emergência poderá trazer inúmeras mais-valias numa situação de crise sísmica. A maior será, em primeira instância, o alívio do impacto da onda tsunami relativamente às populações presentes nas áreas afectadas, sendo a determinação de locais seguros determinante para o sucesso da operação de evacuação.

Nesta vertente conclui-se que o método macrosísmico segundo Lagomarsino e Giovinazzi (2006) se adapta com sucesso ao estudo pretendido. A forma expedita mas abrangente com que se determinam os índices de vulnerabilidade de um edifício ou conjunto de edifícios facilita a implementação do método, tendo em conta a escala do trabalho. Conclui-se que, com relativa facilidade, poderiam ser elaborados mapas de vulnerabilidade sísmica de acordo com este método, para a cidade de Faro, com base nos dados estatísticos do CENSOS 2011. Contudo, importa salientar que para as tipologias estruturais de alvenaria, a correcta identificação do material estrutural é de dificuldade acrescida em edifícios reabilitados e bem conservados. No levantamento deste caso de estudo, não foram encontradas estruturas de taipa ou adobe.

Verifica-se que existe uma discrepância ainda significativa no grau de dano médio das zonas analisadas que pode estar relacionada com o facto de a estatística não reflectir o parque edificado em precisão. De modo geral, obtiveram-se graus de danos superiores com os dados do levantamento. Deveria ser feita uma nova análise com os recentes dados do CENSOS 2011 de forma a observar estes resultados e verificar as discrepâncias. Os danos causados por um evento desta intensidade podem estar a um nível de dano superior do que o obtido através dos dados estatísticos, uma vez que o número de edifícios existentes é superior ao estimado segundo o CENSOS 2001.

Ainda relativamente à análise simplificada de vulnerabilidade sísmica, conclui-se que a parcela de factores modificadores de comportamento sísmico pouco condicionou o grau de dano dos edifícios. Nas comparações efectuadas, o grau de dano sofre variações na ordem da décima de grau.

Relativamente à aplicação do algoritmo de emergência e no caso do núcleo urbano de Faro em particular, verifica-se que a população afectada é diminuta por duas razões. A primeira tem a ver com a morfologia e topografia da zona costeira de Faro. Devido à existência da Ria Formosa será expectável uma atenuação da força das ondas favorável a um abrandamento da

velocidade a que se propagam as ondas de tsunami e também diminuição da altura da onda, por dissipação de uma grande quantidade de energia. Diminuindo a altura da onda, a área afectada também será menor. A segunda razão está relacionada com a primeira e tem a ver com o facto de a cidade não ser directamente banhada pelo Oceano Atlântico implicando a não existência de praias oceânicas junto ao núcleo urbano, evitando a concentração populacional em meses de Verão, contrariamente à Ilha de Faro. Estes factores explicam o risco inferior do núcleo urbano de Faro, face a outras cidades costeiras algarvias, na medida em que a perigosidade e os elementos em risco são também inferiores.

Ainda assim, a simulação realizada com o algoritmo de emergência com alturas de ondas de 12 metros permite não só testar o algoritmo para uma situação real, mas também prever para o pior dos cenários para esta área. A delimitação da área inundada de acordo com esta altura de onda, para além de servir de base de definição de cenários e determinação de tarefas de emergência, pode servir ainda de guia em operações de urbanismo e de gestão do território. Os resultados obtidos através do algoritmo de emergência revelam-se preocupantes. Para tempos de evacuação inferiores a 9 minutos, nem toda população afectada conseguirá atingir os pontos de refúgio designados. No pior dos cenários, para 6 minutos, nenhum dos habitantes conseguirá chegar a um ponto de refúgio. Perante estas constatações julga-se que o poder local deve desenvolver políticas para permitir melhorar estes resultados, através da criação de pontos de refúgio apropriados distribuídos pelos núcleos urbanos e do envolvimento das populações civis na execução de simulacros.

A presente metodologia poderá constituir uma ferramenta para elaboração de rotas de evacuação para cada conjunto de famílias residentes nas áreas afectadas. A estes residentes poderá ser facultado um documento contendo as explicações sucintas do fenómeno e seu funcionamento, tal como por exemplo a identificação de chegada de tsunami, mas também procedimentos de emergência e principalmente uma rota de evacuação pré-definida a ser utilizada em caso de tsunami. A juntar a este documento, deveriam ser realizadas operações de simulação de evacuação de emergência nas escolas permitindo a divulgação da informação e instruções desde as camadas mais jovens no sentido de adoptar o comportamento correcto, à semelhança do que acontece noutros países e do que é feito para situações de sismos.

A metodologia geral aplicada neste trabalho revelou-se de baixo custo e adequada à escala do trabalho pretendido, resultando numa caracterização sumária do parque edificado com vista à criação de rotas de evacuação. Se numa próxima confrontação de dados de levantamento com os dados CENSOS 2011 se constatar que os graus de dano possuem semelhanças, a metodologia poderá ser aplicada a outros núcleos urbanos com relativa facilidade, utilizando directamente os dados estatísticos do CENSOS 2011, sem necessidade de levantamento “in- situ”.

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