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3. Análise simplificada de vulnerabilidade sismica do nucleo urbano de Faro

3.1 O método macrosísmico europeu de acordo com EMS-98

3.2.5 Resultados obtidos e análise de resultados

Com os resultados de distribuição de dano obtidos para as zonas em estudo, verificou-se uma relação acentuada entre as tipologias estruturais adoptadas e os graus de dano estimados. Em regra, as estruturas de alvenaria resistente corresponderem aos graus de dano mais elevados, as estruturas recentes em betão armado aos danos mínimos, ficando as restantes tipologias, nomeadamente betão armado até 1985, com os graus de dano intermédios (Figura 3.9 e Figura 3.10). Nas figuras seguintes é possível constatar esta relação.

Figura 3.9 - Número de edifícios identificados no levantamento das zonas de estudo segundo

tipologia estrutural.

Figura 3.10 - Estimativa de dano para os edifícios identificados no levantamento das zonas de

estudo.

Comparando os dados de levantamento com os dados do INE, verifica-se que a estatística não reflecte o parque edificado na sua totalidade e precisão. Existe alguma discrepância entre os valores observados pelo CENSOS 2001 e os valores recolhidos em campo, nomeadamente no que refere ao número de edifícios existentes, tendo sido observados mais prédios do que os referidos nos dados do INE. Os motivos para estes desvios podem ser vários, a começar pelo facto de os dados do CENSOS corresponderem a 2001 e a recolha de dados ser feita em 2011. Outro motivo poderá ser justificado com a dificuldade na identificação exacta de fracções ou partes de edificios mais antigos existentes no seio urbano, que por vezes poderão contabilizar apenas um só para efeitos estatísticos, ou ainda, por alguns dos edificios se encontrarem devolutos à data da recolha dos dados estatísticos e/ou outros edificios que possam ter sido reconstruidos de raiz.

14 60 26 135 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160

BA1 BA2 BA3 A1 A2

Número de edifícios por tipologia estrutural 26 60 14 17 118 0 20 40 60 80 100 120 140 Grau 1 - Sem danos

Grau 2 Grau 3 Grau 4 Grau 5 - Colapso

Estimativa de dano para os edificios caracterizados

Tabela 3.11 – Comparação da estimativa de grau de distribuição de dano segundo os dados fornecidos pelo INE e os dados obtidos no levantamento.

µD médio Segundo dados CENSOS 2001 Segundo dados obtidos no levantamento

Zona 1 2,5 3,0

Zona 2 2,4 2,1

Zona 3 2,9 4,3

Zona 4 3,5 5,0

Zona 5 3,5 4,0

Verifica-se através da Tabela 3.11, que para quatro das cinco zonas em estudo foi estimado um grau de dano superior ao obtido através dos dados do CENSOS 2001, pelo que se julga que os danos causados por um evento desta intensidade, possam estar a um nível de dano superior do que o obtido através dos dados estatísticos, uma vez que o número de edifícios existentes é superior ao estimado, particularmente em zonas mais antigas do núcleo urbano com edifícios de estrutura em alvenaria.

Para as zonas sujeitas a levantamento, foram avaliadas as diferenças do grau de dano obtido considerando a contribuição de factores modificadores de comportamento sísmico e comparadas com o grau de dano obtido considerando apenas a vulnerabilidade padrão das tipologias. A diferença entre estes graus de dano raramente excede as duas décimas de grau, sendo a variação média por zona cerca de uma décima de grau de dano.

Da mesma forma foram também determinadas as mesmas diferenças para as novas zonas criadas e observou-se que a contribuição da parcela de factores modificadores de comportamento sísmico, para as zonas em estudo, praticamente não condiciona o valor de dano, variando, em alguns casos, cerca de uma décima de grau.

Deste modo, obtiveram-se valores de distribuição de dano que representam as tipologias existentes, os quais foram extrapolados para todo o núcleo urbano em estudo. Com os valores de distribuição de dano prováveis, serão identificados pelo algoritmo de emergência, os locais com menor grau de dano, como sendo os pontos de refúgios capazes de suportar a aglomeração populacional e o impacto de um tsunami, num cenário pós sismo.

Observa-se também que a escolha de tipologias estruturais adoptadas na avaliação enquadra- se com os pressupostos das tipologias existentes na região, ainda que não tenham sido identificados edifícios de alvenaria de terra. Grande maioria dos edifícios de estrutura de alvenaria resistente, possuem uma dificuldade acrescida na identificação exacta da composição da parede de alvenaria, uma vez que as intervenções de reparação, manutenção e ocultação de anomalias a que os edifícios foram sendo sujeitos ao longo dos anos, impossibilitam a exacta avaliação de tipologia estrutural, tendo em conta a avaliação sumária realizada. Foi praticamente impossível distinguir os edifícios de alvenaria de pedra ou terra, a não ser quando em edifícios mais deteriorados existiam partes de fachadas com rebocos desagregados e se conseguia observar o tipo de alvenaria. Ainda assim, não foram encontrados nas zonas em estudo, edifícios com estrutura de alvenaria de terra ainda que estes possam existir, dissimulados e alterados através de operações de reabilitação, ou por outro lado, ter dado origem a novos edifícios.

Ainda assim, e sendo esta a base de dados existente e possível de empregar, será utilizada na obtenção de um possível cenário de danos que se acredita ser suficientemente fiável para a criação de um cenário pós sismo para a implementação do algoritmo de evacuação que se pretende elaborar.

Com o presente capítulo foi possível constituir uma avaliação sumária de vulnerabilidade sísmica do parque edificado do núcleo urbano de Faro, analisando numa primeira fase a distribuição de dano das zonas seleccionadas, com a qual se obteve, para além da distribuição provável de dano, a variação dos factores modificadores de comportamento sísmico dos edifícios caracterizadores do parque edificado. Estas variações foram, numa segunda fase, adicionadas aos índices de vulnerabilidade padrão e aplicados às restantes secções, no sentido de se obterem valores de distribuição de dano que considerem as variações de vulnerabilidade sísmica características das tipologias estruturais existentes neste município.

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