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Capítulo III – Conclusões, limitações e recomendações do estudo

1. Conclusões

Neste instante em que expomos as conclusões relativas a este estudo, esclarecemos que foi nosso desejo contribuir para o aprofundamento do conhecimento sobre as temáticas tratadas.

O presente estudo pretendia investigar em que medida a realização de tarefas relacionadas com o tema – Pensamento Algébrico – suportadas pelas TIC contribuem para a aprendizagem do Sistema Monetário Europeu (zona euro) por parte de um sujeito com Síndrome de Williams.

As crianças com NEE “nos hacen cuestionar nuestros propios valores, ponen aprueba nuestra compasión y, sobre todo, nos recuerdan que la capacidade no lo es todo” (Cunningham, 2011, p.538). Não devemos partir do princípio que uma criança/adolescente com DID não possa aprender a ocupar-se de si mesmo e, antes de ser olhado como um caso especial, deve ser visto como qualquer criança/jovem que é preparado, ao longo da sua vida escolar, para ser capaz de fazer as escolhas mais adequadas aos seus interesses, à sua situação e às suas habilidades.

Estas crianças/jovens necessitam de, diariamente ser submetidos a experiências enriquecedoras, bem como interagir com toda a comunidade escolar e com todo o meio envolvente. A ausência desse tipo de vivências pode atrasar o seu desenvolvimento global. Tal como todas as outras crianças/jovens têm necessidades normais, mas, além destas, têm também necessidades especiais, decorrentes das suas dificuldades.

O grande desafio da educação é combater o preconceito e a discriminação. E quanto à educação especial é assegurar a presença de apoio qualificado aos alunos nesse processo de inclusão escolar. Ao frequentarem a escola os alunos DID devem adquirir e desenvolver habilidades que possibilitem uma melhor inclusão social. Dentre essas destacamos para esse estudo as habilidades monetárias, pois esse é um tema importante para o dia a dia e desenvolvimento do sujeito DID (Schalock, Gardner e Bradley, 2010).

Tratou-se de um estudo com a duração de nove meses, nos quais se optou por uma metodologia interpretativa, predominantemente qualitativa, em que o aluno selecionado constituiu o caso neste estudo, sendo importante analisar o seu desempenho e evolução ao longo do estudo. Ao longo desta investigação procurámos cuidar conceitos matemáticos que têm sido lavrados de forma profunda e por vezes até mesmo descontextualizada, apresentando muitas vezes um significado reduzido e pouco vantajoso para os alunos com NEE (Barbosa et al. 2011).

No que diz respeito à questão de investigação, que nos orientou ao longo de todo este estudo e que está alistada com a exploração do sistema monetário através de tarefas relacionadas com o pensamento algébrico, suportadas pelas TIC em alunos com Síndrome de Williams Síndrome de Williams, foi possível averiguar, de acordo com os resultados obtidos

pelo “Francisco” que as TIC assumem-se como um recurso decisivo para o aperfeiçoamento das competências matemáticas dos sujeitos com Síndrome de Williams.

Espera-se que pessoas com Síndrome de Williams dominem competências numéricas e monetárias, a fim de que possam apresentar melhor desempenho na escola e na comunidade. Entretanto, os professores têm apresentado dificuldades em ensinar tais competências para essa população e, por essa razão, o ensino de competências numéricas e monetárias é, frequentemente, excluído do programa de matemática ou referenciado sendo um conteúdo secundário (Fiorentini, Miorim e Miguel, 1993, citados por Fiorentini, Fernandes e Cristovão, 2005).

Saber manusear o dinheiro é uma atividade necessária na vida diária, portanto, é necessário trabalhar questões monetárias com sujeitos DID para que seja possível uma melhor inclusão social. Esses alunos devem frequentar o comércio local, fazer as suas compras e ainda mais saber o que comprar e quando comprar através de uma educação financeira proporcionada pela família e pela escola.

O estudo foi enquadrado nas perspetivas da construção do sentido de número, nomeadamente no que respeita à utilização do cálculo mental envolvendo a compreensão das relações numéricas, a utilização de números de referência e a utilização das propriedades das operações. Também foram trabalhados os padrões AB, AAB, AABB, ABC e AAABBB, mas recorrendo, à aplicação informática concebida para o efeito. A promoção do pensamento algébrico, mediante a identificação de padrões, foi simplificada pela existência de contextos figurativos, conforme é sugerido por Barbosa et al. (2011), promovendo-se assim a vertente da representação (Ponte et al., 2009), através da visualização de notas e de moedas pertencentes ao sistema monetário europeu.

Relativamente aos objetivos gerais que foram definidos para a investigação, pretendemos apresentar algumas considerações de forma isolada.

O primeiro objetivo, incidiu sobre a averiguação dos procedimentos utilizados pelo aluno com Síndrome de Williams para descrever o percurso do desenvolvimento do pensamento algébrico num aluno com Síndrome de Williams, para a aprendizagem do Sistema Monetário Europeu, sem recurso às TIC. Podemos concluir que foi executado de forma parcial, dadas as dificuldades em percecionar o pensamento do aluno, devido às suas limitações ao nível do cálculo. Foram trabalhados os padrões AB, AAB, AABB, ABC e AAABBB, e as principais dificuldades detetadas incidiram na orientação espacial, com algumas hesitações.

No segundo objetivo, com um conteúdo parecido ao primeiro mas envolvendo o recurso às TIC, o “Francisco” revelou uma facilidade nos processos de aprendizagem, pelo interesse e motivação que favoreceu na implementação da aplicação. Este aluno foi capaz, com a ajuda do computador, de ultrapassar sozinho alguns obstáculos, sem estar dependente de ajuda.

O facto de lhe serem apresentados números decimais (moedas de cêntimos), ele manifestou grandes dificuldades em diferenciar a parte inteira da parte decimal. Devido às dificuldades cognitivas, as dificuldades gerais de aprendizagem são muito frequentes nesta

síndrome, deve-se destacar a dificuldade acentuada na matemática, que pode estar relacionada a deficits no cálculo numérico e na orientação espacial (Haase, 2013).

A metodologia escolhida revelou ser a mais adequada ao tipo de investigação realizada e o estudo empírico concedeu-nos dados muito relativos para a obtenção dos propósitos estabelecidos.

A conveniência da recolha de documentos, prévios ao estudo ou elaborados no decorrer do mesmo, é também aludida por diversos autores. O recurso a documentos é considerado um procedimento não intrusivo e a sua utilização é frequentemente referida como principal na confirmação de evidências recolhidas por outros métodos (Yin, 1989, referenciado por Barbosa, 2009).

Neste trabalho foram recolhidos e analisados documentos de natureza diversa, os produzidos pelo aluno no âmbito do estudo, outros mais formais transmitidos pela Escola e ainda documentos elaborados pela investigadora.

A utilização deste software educativo assumiu-se, portanto, como um fundamental simplificador dos processos de aprendizagem, pelo interesse e motivação que originou no “Francisco” e, consequentemente, pelos resultados conseguidos pelo mesmo. Este aluno foi capaz, com a ajuda do computador, de superar sozinho alguns obstáculos, sem estar submisso da ajuda atribuída. Edwards (2006) esclarece a este propósito que o computador pode ser um bom ponto de partida para motivar os alunos com deficiências cognitivas para aprender. O computador pode apoiar o processo de aprendizagem, aquisição de habilidades básicas, o aumento da motivação e auto-estima.

Na implementação do software de intervenção a promoção do pensamento algébrico, mediante a exploração do sistema monetário foi promovida pela representação da visualização de moedas /notas e de exercícios alusivos ao nosso dia a dia (Ponte, 2005).

O objetivo final deverá ser idêntico para todas as crianças e jovens, de modo a ajudá-las a funcionarem o mais autonomamente possível na sua relação com o mundo, de forma a melhorar a qualidade de vida, enquanto pessoa.

O que no fundo se pretende é promover práticas que desenvolvam cada vez mais a responsabilidade e autonomia do “Francisco” e de todas as crianças e jovens, com o objetivo de lhe proporcionar tarefas que vão ao encontro dos seus interesses, ensinando-lhe funcionalmente a saber ser, saber estar e a saber fazer.