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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONCLUSÕES

Durante a revisão bibliográfica foram identificados diversos estudos a respeito de PGVs. Verificou-se que o foco dos trabalhos desenvolvidos, em sua grande maioria, está nos impactos causados pelos empreendimentos no sistema de transporte motorizado, sendo pouco o que se investiga a respeito da circulação a pé.

O entendimento alcançado através do referencial teórico sobre os estudos já desenvolvidos para PGVs e qualidade de circulação de pedestres, contribuiu para que o trabalho fosse elaborado da forma que se apresenta. A partir do conhecimento adquirido, foi possível propor uma idéia inicial para a metodologia de estudo dos impactos que alteram a circulação de pedestres nas proximidades dos empreendimentos. Também possibilitou a descrição dos tipos de problemas mais enfrentados pelos pedestres e, a partir de pesquisa de campo, classificá-los segundo as percepções de quem anda a pé.

O objetivo geral do trabalho consistiu no desenvolvimento de uma metodologia de identificação e avaliação dos impactos causados pela implantação de PGVs na circulação de pedestres. Para tanto, foram traçados seis objetivos específicos, apresentados no Capítulo 1, de forma a orientar a execução do trabalho. Assim, as conclusões do presente estudo serão estruturadas segundo esses objetivos, como segue.

 Identificação de grupos de PGVs que apresentam características semelhantes relacionadas à atração de pedestres ao empreendimento

A formação de grupos de PGVs foi realizada a partir da coleta de algumas informações disponíveis na literatura, de observações em campo, bem como através do conhecimento pessoal adquirido ao longo do tempo pela pesquisadora. Considerando a limitação de tempo para o desenvolvimento do estudo, o que não tornaria possível a avaliação de cada tipo de PGV, individualmente, assim como a escassez de dados disponíveis na literatura que possibilitassem a realização de comparações entre esses empreendimentos, pode-se afirmar que o produto obtido nesta etapa atendeu satisfatoriamente ao objetivo proposto. A classificação proposta servirá como referência para os próximos trabalhos voltados para esse assunto, validando ou refutando os grupos apresentados, baseados em métodos mais quantitativos.

 Determinação conceitual da área de influência dos PGVs em relação à circulação de pedestres

A área de influência conceitual proposta nesse trabalho tem suas bases nas características dos impactos causados, bem como com as distâncias de caminhadas a serem percorridas pelos pedestres. Assim como para a etapa anterior, essa definição merece um estudo mais aprofundado para os diversos tipos de PGVs, considerando suas características, público atraído e o ambiente de entorno. Porém, essa definição conceitual torna-se um importante ponto de partida para a determinação das áreas a serem avaliadas nos estudos dos impactos causados por PGVs na circulação de pedestres. Assim pode-se afirmar que o produto dessa etapa atendeu, também de forma satisfatória, ao objetivo traçado no início do estudo.

 Identificação a avaliação dos impactos na circulação de pedestres devidos à implantação de PGV

Após a identificação dos problemas enfrentados pelos pedestres, foram formados três grupos distintos de impactos que interferiam nos seguintes aspectos de circulação: segurança, conforto e fluidez. Essa diferenciação se fez necessária, uma vez que, dependendo do objetivo e da preferência dos pedestres, medidas diferenciadas deverão ser adotadas para adequar os espaços públicos às suas necessidades. Após a identificação

desses problemas, foi elaborada uma matriz de avaliação, baseada na proposta do DENATRAN (2001). Ressalta-se que a matriz apresentada no Capítulo 5 refere-se à avaliação generalizada dos problemas identificados. Durante o estudo de impacto, para implantação de um PGV, a elaboração da matriz deverá ser precedida de uma avaliação criteriosa e focada no objeto de estudo, considerando as dimensões, natureza, ambiente de entorno, etc. do empreendimento a ser implantado. Diante dos problemas listados e apresentados no capítulo 5, pode-se afirmar que o terceiro objetivo específico do estudo foi atendido.

 Identificação dos impactos causados pelos pedestres atraídos pelos PGVs

Todos os problemas identificados e classificados como causados pelos pedestres atraídos pelos PGVs, estão relacionados com a fluidez de deslocamento na área de influência. Entre os mais citados durante a pesquisa de campo, dois se destacaram: alta densidade de pedestres em movimento e conflitos com pedestres parados ou observando vitrines. Problemas dessa natureza podem ser resolvidos ao se adequar a largura disponibilizada para circulação com o volume de pessoas que passam pela área. Durante os estudos de avaliação de impactos no sistema viário, torna-se importante prever o volume de pedestres que serão atraídos, bem como os impactos a serem gerados, baseados nas características do PGV a ser implantado. A identificação desses impactos cumpriu com o quarto objetivo do estudo.

 Identificação dos problemas não causados pelos PGVs, mas que impactam na circulação dos pedestres

A identificação dos problemas não causados por PGVs na circulação de pedestres foi realizada para conhecimento dos potenciais impactos a serem mitigados como medida compensatória, suprindo aqueles que, por alguma razão, não poderão ser resolvidos. Dessa forma, os problemas levantados na literatura e através de observações em campo foram distribuídos entre aqueles que impactam nos aspectos referentes à segurança, conforto e fluidez durante a circulação dos pedestres nos espaços públicos.

Entre os mais citados pelos pedestres, encontram-se a poluição sonora, a ausência de sinalização para pedestres e tempos semafóricos insuficientes para travessia. Esses

problemas podem ser amenizados através de acordos entre empreendimento e o órgão de trânsito responsável pelo gerenciamento das vias. Medidas como campanhas voltadas para redução da utilização de buzinas no trânsito, plantio de árvores para abafar os ruídos do trânsito, implantação de sinalização voltada para pedestres na área de influência, bem com aumento do tempo semafórico para os trechos de travessias próximos ao empreendimento, podem ser adotados para mitigação desses problemas. Porém, cabe ressaltar que, para se adotar as medidas mais adequadas, deve ser avaliada a possibilidade de essas impactarem em outros aspectos, como redução da largura efetiva das calçadas e/ou congestionamentos nas vias adjacentes. Nessa etapa também foi atingido o objetivo proposto.

 Classificação das alterações identificadas, segundo a prioridade de mitigação, considerando as percepções dos pedestres

A escolha da realização da classificação dos impactos através de pesquisa de campo e com o uso de formulário, foi essencial para se alcançar o resultado esperado, uma vez que foi considerada a percepção dos pedestres sobre seus espaços de circulação, possibilitando o conhecimento de seus desejos e necessidades, independente das viabilidades técnicas de execução.

Durante o tratamento dos dados coletados, para a realização da classificação dos impactos, foi possível identificar algumas falhas no instrumento. Desse modo, é recomendado que alterações sejam realizadas no formulário elaborado, de forma a facilitar futuras análises referentes à classificação dos problemas identificados. Entre as falhas, foi observada a ausência de questões que relacionavam, detalhadamente, as características comportamentais dos pedestres com suas escolhas. Também não foi possível identificar se o pedestre abordado possuía algum conhecimento da área de influência antes da implantação do shopping. Porém, o objetivo principal almejado com a pesquisa de campo foi atendido, sendo possível identificar os impactos que mereçam tratamento prioritário segundo a percepção dos pedestres.

Pode ser verificado que os impactos causados pelos PGVs no sistema viário vão além daqueles que interferem somente na circulação dos veículos, apresentando diversos problemas para quem circula a pé em suas proximidades. Entretanto, a maioria dos trabalhos voltados para

estudos de impactos causados pelos PGVs foca no transporte motorizado particular, principalmente no automóvel.

A utilização de medidas de engenharia para mitigação dos impactos causados pelos PGVs deve levar em consideração, além dos desejos e necessidades dos principais beneficiados, as características locais da área onde se deseja implantar o PGV, devendo ser avaliados seus efeitos futuros, evitando que os resultados alcançados impactem negativamente nos demais aspectos da via.