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2. PÓLOS GERADORES DE VIAGENS

4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PGVs

4.2.1 Variáveis Analisadas

Os grupos de PGVs foram formados segundo a predominância de quatro variáveis relacionadas ao comportamento dos pedestres durante suas viagens aos empreendimentos: velocidade de caminhada, distância média de percurso, grupo etário e possível formação de aglomerações ou filas nas calçadas. Essas variáveis podem ser consideradas relevantes para a caracterização do comportamento dos pedestres, além de serem facilmente observadas em campo. Os valores adotados nesse estudo, para cada variável, são apresentados e descritos a seguir.

a) Velocidade de Caminhada: É a velocidade desenvolvida pelo pedestre ao longo de sua trajetória entre a origem e o PGV. Pode variar devido a vários fatores, entre eles, o propósito da viagem. É possível verificar em campo que uma caminhada até um restaurante é geralmente executada com mais tranqüilidade que uma caminhada até o local de trabalho, por exemplo, pois as motivações que levam uma pessoa a realizar essas

atividades são distintas, gerando reações diferenciadas. Dessa forma, essa variável foi tomada como relevante na divisão dos empreendimentos, uma vez que a velocidade predominante dos pedestres interfere nas medidas a serem adotadas na área de influência do empreendimento. Pedestres que caminham mais rapidamente necessitam, preferencialmente, de medidas que proporcionam maior fluidez em seus deslocamentos. Já os pedestres que caminham mais lentamente, precisam de medidas que melhorem o ambiente de caminhada, tornando o trajeto mais agradável.

A velocidade também é uma variável importante no momento da avaliação dos impactos causados pelo PGV, pois a diferença entre a praticada pelos pedestres que vão ao empreendimento e pelos que somente circulam nas suas proximidades pode gerar conflitos.

Neste trabalho, as velocidades de caminhada são divididas em três grupos: lenta, normal e rápida. Esses grupos não assumem valores quantitativos, sendo a definição qualitativa apresentada a seguir:

 Lenta: quando o pedestre caminha de forma tranqüila, conversando com outras pessoas, ou observando o ambiente em volta, sem pressa de chegar a seu destino.

 Normal: quando o pedestre caminha com tranqüilidade, mas focado em chegar ao seu destino.

 Rápida: quando o pedestre caminha mais apressado, sem interesse pelo ambiente em volta, focado, principalmente, em chegar a seu destino no menor tempo possível.

b) Distância de Percurso: A distância de percurso é aqui definida como a distância aceitável pelos pedestres para realizarem suas viagens até o PGV. Assim como a velocidade de caminhada, a distância máxima que o pedestre se propõe a caminhar para realizar sua viagem pode variar por diversos motivos, como idade, condições de saúde, etc, mas, como mostram estudos já realizados (PRINZ, 1980 e NJDOT, 1999, apud FRENKEL, 2008), também pode variar com o tipo de atividade a ser desenvolvida. As distâncias podem ser classificadas como curtas, médias ou longas, como segue:

 Curtas: nesse estudo, as distâncias curtas são definidas como aquelas em que o caminho a ser percorrido não ultrapasse 500 metros. Considerando que a velocidade desenvolvida por um pedestre seja em média de 1,2m/s, conforme o TRB (2000), essas viagens podem durar aproximadamente 7 minutos. Essa distância engloba grande parte dos usuários de transporte coletivo por ônibus, pois a faixa de distância usualmente utilizada entre as paradas está compreendida entre 200 e 600 metros (FERRAZ e TORRES, 2004), sendo que a EBTU (1988) avalia como “bom” a faixa compreendida entre 200 e 400 metros. Assim, essa faixa de distância pode ser considerada para a maioria dos usuários desse modo de transporte para chegar ao empreendimento.

 Médias: aqui são considerados como distância média de caminhada, os percursos de 500 m a 1 km, com uma duração temporal média de 15 minutos.

 Longas: são todas aquelas superiores a 1 km.

c) Grupo Etário: A idade é outro fator que influencia no comportamento dos pedestres, pois cada grupo apresenta um comportamento típico, como maior ou menor atenção ao sistema viário, velocidade ou coordenação motora. Dependendo da atividade realizada pelo PGV, há predominância de um determinado grupo etário na sua área de influência. Nas proximidades de uma escola, por exemplo, observa-se maior quantidade de crianças e adolescentes, já nas proximidades de uma Universidade, predominam os adultos. Essa diferença de idade demanda diferentes medidas para adequar os espaços reservados aos pedestres nas imediações desses empreendimentos, tanto para os pedestres que já utilizavam a calçada antes da implantação do empreendimento, como para os novos, atraídos por esse. Aqui, os grupos etários são definidos como:

 Jovens (crianças/adolescentes): Idade inferior a 18 anos  Adultos: Idade entre 18 e 64 anos

d) Possível Formação de Aglomeração/Filas nas Calçadas: Alguns empreendimentos como agências bancárias, casas lotéricas e restaurantes, podem ocasionar a formação de filas ou aglomerações de pessoas nas calçadas, quando não são reservados espaços para acomodação em seu interior. Em alguns períodos do dia, como no horário de almoço em áreas com restaurante, ou dias, como no início de mês em áreas com agências bancárias (quando as pessoas pagam suas contas e recebem seus salários), é mais fácil perceber essas aglomerações nas entradas desses empreendimentos. Assim, essa variável também é utilizada para identificar e definir os potenciais empreendimentos para a formação dos grupos de PGVs.

A Tabela 4.1 apresenta um resumo dos valores adotados para cada variável a ser avaliada no estudo.

Tabela 4.1: Valores Assumidos por Variáveis

Variáveis Valores

Velocidade de Caminhada Média (VCM)

Lenta Normal Rápida Distância de Percurso (DP) Curta Média Longa

Grupo Etário (GE)

Jovens Adultos

Idosos Todos Possível Formação de Aglomerações ou

Filas (FA/F)

Sim Não

A velocidade de caminhada, por variar com o tipo de atividade a ser desenvolvida, pode, indiretamente, influenciar na distância que a pessoa se dispõe a percorrer, uma vez que pessoas apressadas tendem a seguir pelo menor caminho. Porém, ambos os parâmetros são considerados nesse estudo, uma vez que algumas atividades consideradas essenciais (como trabalho e estudo) e que devem ser realizadas rotineiramente podem exigir caminhadas mais longas, seja pela indisponibilidade de um transporte motorizado, por questões financeiras ou por falta de opções mais próximas ao local de origem.