5.1. Conclusões
Neste estudo, procurou-se com base no aprofundamento dos pressupostos teóricos mostrar a relevância do empreendedorismo e do empreendedor na inovação e dinamização do sector turístico. Consideramos que a pesquisa tenha fornecido evidências da importância do empreendedorismo na actividade turística como se pode constatar a partir dos posicionamentos e abordagens dos vários autores que deram suporte ao enquadramento teórico. De facto, essa ligação turismo – inovação – empreendedorismo, ficou bem patente nas abordagens de Ball e Dias. No que toca à inovação no turismo, Ball (2005:5) realça que “o turismo é uma das áreas onde as
discussões relacionadas com a mudança, inovação, desenvolvimento e gestão são cada vez mais elaborado em termos de empreendedorismo”.
As possibilidades do turismo dinamizar o tecido empresarial apoiando-se em características e habilidades do empreendedor são assim enfatizadas por Dias (2008:148): “o turismo pela sua característica de permear todos os segmentos
económicos, é multiplicador de empresas, em particular das micro, pequenas e médias empresas, tornando-se assim, um campo fértil para o empreendedorismo, já que possibilita a abertura de negócios com investimento relativamente baixo e a sua maior parte baseados […] nas características e habilidades do empreendedor […]”
Assim, considerando o objectivo principal do estudo, isto é mostrar a importância do empreendedorismo na agregação de valor e geração de resultados económicos, pode-se dizer que este foi alcançado. Ficou demonstrado que o empreendedorismo aparece como uma forma de potenciar e provocar o desenvolvimento do turismo através da inovação e da agregação de valor aos produtos/serviços turísticos. Também foi comprovado que o empreendedorismo é uma força importante por detrás do sucesso de qualquer sector, e o sector do turismo não é excepção.
Quanto à nossa hipótese de partida “o empreendedorismo além de proporcionar criação de novas empresas, também proporciona inovação, criação de valor e desenvolvimento de novas experiências” pode-se considerar que a resposta é sim. O empreendedorismo contribui para agregar valor e gerar resultados económicos na actividade turística visto
que o empreendedorismo e a inovação no sector do turismo são necessários porque eles prometem mantê-lo competitivo, flexível e auto-renovável.
Através do estudo realizado, percebemos que o turismo é um multiplicador de empresas, o que possibilita a criação de novos negócios. Isto significa que o turismo é um sector onde o empreendedorismo pode ser utilizado como estímulo para promover a competitividade, e consequentemente, melhorar a imagem dos destinos turísticos. Com a pesquisa de campo pretendeu-se identificar o perfil e o potencial empreendedor dos proprietários de empresas turísticas. Como ficou evidenciado nos pressupostos teóricos o facto da inovação estar associada ao risco, muitos empresários por aversão à incerteza, não inovam. Neste sentido os empreendedores são necessários já que não têm medo de arriscar e investir em novas experiências e portanto possuem características e desenvolvem habilidades que contribuem para a qualidade do produto/serviço.
Os resultados da pesquisa de campo permitem concluir que os proprietários das empresas de turismo evidenciam algumas das características geralmente apontadas aos empreendedores de sucesso, o que nos leva a crer que estes são capazes de inovar e agregar valor aos produtos turísticos, contribuindo assim para o melhoramento não só da qualidade dos produtos/serviços bem como da imagem turística dessas ilhas.
Tal como constatamos no enquadramento teórico, num sector como o do turismo tais características são necessárias, visto a moda pode mudar facilmente, e um destino que hoje é atractivo pode amanhã deixar de o ser.
Quanto ao potencial empreendedor dos proprietários, os resultados não são conclusivos muito embora os inquiridos terem revelado um potencial que pode ser considerado razoavelmente bom. De facto, as razões que levaram os inquiridos a abrir um negócio estão associadas a agarrar uma oportunidade, realização pessoal e independência pessoal. Podemos considerar que o conhecimento de técnicas para identificar necessidades do mercado revelado pela maioria dos proprietários, conjugado às razoes apontadas para abrir o negócio indiciam algum potencial empreendedor.
Apercebemos que, muito embora o turismo consiga gerar riquezas, trabalho, maiores perspectivas de melhoria das condições de vida das pessoas, no entanto, com ajuda do empreendedorismo, isso passa a ser uma proposta concreta e duradoura. Nesse sentido, importa ter uma clara percepção de como o empreendimento pode desenvolver o turismo e como o empreendedorismo influencia o turismo de uma região.
Para terminar, queremos dizer que Cabo Verde tem no turismo o seu dispositivo de ignição para o seu desenvolvimento do arquipélago. Parafraseando Falcão et al (2010 apud Lastres e Cassiolato, 2005) “parece que a inovação e o empreendedorismo
buscam um lugar onde possam prosperar, crescer e tornar diferenciada uma localidade”.
5.2. Limitações da pesquisa
Ao longo da pesquisa deparamos com as seguintes limitações:
Dificuldades em aplicar os questionários, porque as empresas em Cabo Verde mostram-se pouco sensíveis para ajudar nesses tipos de trabalho, o que nos levou a não obter o número ideal de respondentes.
Não obtenção de respostas ao questionário enviado às pessoas/entidades com formação e experiência na área de turismo. Com este questionário pretendia-se, auscultar as suas opiniões sobre o turismo em Cabo Verde e o que fazer para agregar valor à actual oferta turística.
Tempo limitado para pesquisar e realizar o trabalho.
Gostaríamos de referir que, apesar das limitações e dificuldades surgidas durante o período em que esta investigação foi feita, a sua realização deu-nos muito prazer, porque o tema é de facto bastante actual e revelou-se desafiador.