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A Importância do Empreendedorismo na Actividade Turística

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Academic year: 2021

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ISCEE

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO

RAMO: ADMINISTRAÇÃO E CONTROLO FINANCEIRO

IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO NA

ACTIVIDADE TURÍSTICA

Lonardy Santos Vieira Oliveira

(2)

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS ISCEE

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO

RAMO: ADMINISTRAÇÃO E CONTROLO FINANCEIRO

IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO NA

ACTIVIDADE TURÍSTICA

Lonardy Santos Vieira Oliveira

ORIENTADORA: Dra. Ricardina Cardoso

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida mãe Marcelina dos Santos e ao meu tio José Augusto Santos, que sempre me apoiaram.

(4)

AGRADECIMENTOS

À Deus por me dar saúde e coragem para realizar este trabalho.

À Professora Ricardina Cardoso pela confiança e dedicação que demonstrou ao assumir o compromisso de ser minha orientadora.

Aos meus amigos, Davidson, Emerson e Romilson pela força que me deram para a realização de mais uma importante etapa da minha vida.

Ao meu grande amigo Adnilton pela sua disponibilidade que demonstrou durante todo esse tempo e pela cedência do computador para a realização do trabalho.

Ao meu tio Augusto, que nunca mediu esforços para me ajudar quaisquer que fossem as circunstâncias.

À minha família que sempre esteve ao meu lado me apoiando.

À Câmara Municipal da Boavista pela bolsa de estudo, pois sem ela dificilmente conseguiria terminar o meu curso.

Aos meus colegas, especialmente à Erika, Anneline e Rany pela amizade e companheirismo.

Ao ISCEE e a todo o corpo docente pela paciência, dedicação, conhecimentos e incentivos transmitidos durante todo o curso.

À Irineida, pela valiosa ajuda aquando da aplicação dos questionários.

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RESUMO

Na actualidade, o empreendedorismo vem impulsionando o desenvolvimento de negócios em diferentes sectores com ênfase na qualidade dos serviços, tendo em vista não só a satisfação mas também a difícil tarefa de conquistar a lealdade dos clientes a médio e longo prazo. No mercado turístico, a satisfação do cliente é importante para que a actividade possa manter-se competitiva, uma vez que os clientes tornam-se mais exigentes à medida que vão-se tornando experientes. Neste contexto, o empreendedorismo aparece como forma de desenvolvimento do turismo, sendo que os resultados que se esperam das acções empreendedoras são a entrada em novos negócios, inovação, agregação de valor aos produtos/serviços e maior qualidade dos produtos/serviços.

O objectivo central do trabalho é demonstrar a importância do empreendedorismo na actividade turística e como o mesmo contribui para agregação de valor e geração de resultados económicos. Para melhor compreensão do assunto da pesquisa, dividimos o enquadramento teórico em três momentos. No primeiro, abordamos o empreendedorismo, no segundo o turismo e, por fim, o empreendedorismo no turismo. O enquadramento teórico permitiu responder à questão: será que o empreendedorismo contribui para agregar valor e gerar resultados económicos na actividade turística? Os resultados do questionário aplicado aos proprietários das empresas turísticas evidenciaram que estes possuem características geralmente patentes nos empreendedores. No entanto, os resultados não são conclusivos quanto ao seu potencial empreendedor.

(6)

ABSTRACT

In the present, time the entrepreneurship is driving the businesses development in different sector with emphasis on services quality in order not only satisfaction but also the difficult task of winning the costumers loyalty in the medium and long term. In the tourist market, the costumer‟s satisfaction is important in order to remain the activity competitive, because the costumers become more demanding while they become experienced. In this context, the entrepreneurship shows up like a way to develop the tourism, because the expected results of entrepreneurial activities are entry in new businesses, innovation, the aggregation of value and more quality of the products/services.

The central objective of this work is to demonstrate the importance of the entrepreneurship in to the tourism and how it contributes for adding value and generating economics results. To better understand the research‟s subject, we divided the theoretical framework in three moments. At first one we approached entrepreneurship, then the tourism, and finally, we approached entrepreneurship in the tourism.

The theoretical framework to allowed answer to the question: will the entrepreneurship contributes to add value and generate economics results in the tourism?

The results of the questionnaire applied to the owners of tourists‟ enterprises evidence that they possess the characteristics usually presented by the entrepreneurs. However, the results are not conclusive relatively to their potential entrepreneur.

(7)

ÍNDICE

DEDICATÓRIA ...I AGRADECIMENTOS ... II RESUMO ...III ABSTRACT ... IV LISTA DE QUADROS ... VIII LISTA DE FIGURAS ... IX LISTA DE GRÁFICOS ... X LISTA DE TABELAS ... XI LISTA DE ANEXOS ... XII

1. INTRODUÇÃO ... 1

1.1. Justificação do tema ... 2

1.2. Objectivos do trabalho ... 3

1.3. Objecto... 4

1.4. Utilidade académica e profissional ... 4

1.5. Estrutura do Trabalho ... 5

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 6

2.1. Empreendedorismo ... 6

2.1.1. Surgimento do Empreendedorismo ... 6

2.1.2. Conceituando Empreendedorismo e Empreendedor ... 6

2.1.3. Características do Empreendedor ... 8

2.1.4. Factores que Influenciam o Empreendedorismo ... 10

(8)

2.2.1. Conceitos de Turismo ... 13

2.2.2. Estrutura da Actividade Turística ... 14

2.2.3. Conceito de Produto Turístico... 15

2.2.4. Turismo em Cabo Verde ... 16

2.2.4.1. Produtos turísticos oferecidos por Cabo Verde ... 19

2.2.4.2. Turismo nas Opções Estratégias de Cabo Verde... 20

2.3. Empreendedorismo no Turismo ... 22

2.3.1. Inovação no Turismo ... 23

2.3.2. Empreendedorismo e Inovação ... 25

2.3.3. Importância do empreendedorismo no turismo ... 27

3. METODOLOGIA ... 32

3.1. Método de investigação ... 32

3.2. Recolha de dados da investigação ... 32

3.3. Método de selecção da amostra ... 33

3.4. Análise de dados ... 33

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ... 34

4.1. Caracterização da amostra ... 34

4.2. Perfil Empreendedor dos Proprietários ... 34

4.3. Potencial Empreendedor dos Proprietários ... 43

5. CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES ... 48

5.1. Conclusões ... 48

5.2. Limitações da pesquisa ... 50

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 51

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIP – Aeroporto Internacional da Praia BCV – Banco de Cabo Verde

CI – Cabo Verde Investimentos

INE – Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde OMT - Organização Mundial do Turismo

OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico PND – Plano Nacional de Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

(10)

LISTA DE QUADROS

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Factores de estímulo da iniciativa empresarial... 11 Figura 2 – Factores que influenciam o processo empreendedor ... 12

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico nº 1 - Evolução da entrada de turistas em Cabo Verde ... 17

Gráfico nº 2 - Entrada de Turistas por ilhas ... 18

Gráfico nº 3 - Média de Permanência no Arquipélago ... 18

Gráfico nº 8 - Responsabilidade ... 35

Gráfico nº 9 – Riscos que podem ser controlados ... 36

Gráfico nº 10 – Capacidade de inovação ... 37

Gráfico nº 11 – Orientação para o futuro ... 38

Gráfico nº 12 - Percepção das probabilidades de êxito ... 39

Gráfico nº 13 - Organização ... 40

Gráfico nº 14 - Facilidade de adaptação... 41

Gráfico nº 15 - Persistência ... 42

Gráfico nº 16 - Tolerância à insegurança ... 43

Gráfico nº 18 – Técnicas para identificar as necessidades do mercado. ... 45

Gráfico nº 19 – Conferências/palestras /workshops ... 46

Gráfico nº 4 - Sexo ... 64

Gráfico nº 5 - Idade ... 64

Gráfico nº 6 - Nível de escolaridade ... 65

Gráfico nº 7 - Residência... 65

Gráfico nº 20 – Conhecimento de organismos ... 66

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela nº 1 - Área de actuação da empresa ... 66 Tabela nº 2 - Tempo de existência da empresa ... 67 Tabela nº 3 - Número de funcionário ... 68

(14)

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Questionário aos proprietários ... 56 Anexo 2 - Questionário às pessoas com formação e experiência na área de turismo... 60 Anexo 3 – Dados da pesquisa de campo ... 64

(15)

1.

INTRODUÇÃO

Actualmente, o turismo é uma actividade marcante na economia de qualquer país, estado ou município. Isto resulta do facto do turismo ser um grande gerador de divisas, quer para as incitativas privadas quer para as iniciativas públicas.

O turismo, apesar de pertencer ao chamado sector terciário - sector dos serviços - é seleccionado pelos líderes de países em desenvolvimento como ferramenta propulsora da economia. Dentro do sector terciário da economia, o turismo é visto como factor que facilita a interacção entre produção, consumo e distribuição de bens e serviços, com o objectivo de satisfazer o turista, incentivando maior competitividade entre as empresas prestadoras de serviços turísticos. Segundo Drucker (1996), as organizações, e em especial os empresários, terão de ter capacidade de inovar, ou seja, de estimular as eventuais mudanças de réplicas comportamentais, e de efectuar análises das oportunidades que tais mudanças podem proporcionar.

Nessa perspectiva, torna-se imperioso ter inovadores e empreendedores no turismo já que segundo Trigo (2003), “os empreendedores são cada vez mais reconhecidos como um dos pilares da economia enquanto agentes auto-renovadores, criadores de emprego e portanto de inovação”.

Sendo que a inovação é considerada crucial não só pela necessidade de atrair clientes como também para manter a competitividade a longo prazo, os empreendedores são necessários pois, ao identificarem potenciais oportunidades de negócios e assumirem os riscos de investimentos, expandem as fronteiras da actividade económica. Mesmo que muitos deles não tenham sucesso, é a sua persistência e exigência que faz com que a sociedade tenha constante geração de novos produtos e serviços.

Assim, pode-se considerar que o empreendedorismo permite identificar novas oportunidades de negócio, independentemente dos recursos que se apresentam disponíveis ao empreendedor, estimula a dinamização da oferta turística, promovendo a inovação nos serviços turísticos e o desenvolvimento de novas experiências e produtos turísticos. Com o empreendedorismo o sector do turismo passa a crescer mais rápido, sendo os empreendedores os principais agentes da mudança económica, pois são eles que geram, disseminam e materializam as inovações. Neste presente trabalho pretendemos mostrar a importância do empreendedorismo na actividade turística.

(16)

1.1. Justificação do tema

A escolha do tema, apoia-se no facto de estarmos num país onde a actividade turística tem vindo a crescer de forma acelerada e onde há cada vez mais pessoas a investir. Segundo Marquetto (2007, apud Trigo et al, 2005) a partir dos anos 90, o poder de compra dos países asiáticos contribuiu para aumentar a procura por novos destinos turísticos a fim de expandir sua capacidade global. Este processo desafia os países a diversificar e aumentar a qualidade dos produtos e serviços turísticos, bem como captar novos turistas para alinhar a oferta às necessidades e expectativas dos consumidores. Essa dinâmica nos leva a questionar como sobreviver num mercado cada vez mais competitivo se os agentes não forem capazes de promover a inovação nos serviços turísticos e apostar no desenvolvimento de novas experiências e produtos turísticos. Para Porter (1989), “a questão da gestão dos produtos deixou de ser uma estratégia de diferenciação e passou a ser uma questão de necessidade e sobrevivência” (MARQUETTO, 2007). Reforçando esse ponto de vista, Chiavenato (2004) considera que “tudo o que o cliente distingue e percebe à sua maneira deve constituir os componentes do produto/serviço. O cliente é o rei do mercado e, para conquistá-lo, a empresa deve atendê-lo de forma a encantá-lo em todas as ocasiões” […]. Ainda, segundo o autor, […] depende de como a empresa abordará seu mercado consumidor, sempre procurando se diferenciar da concorrência, agregando maior valor aos seus produtos/serviços, com o intuito de conquistar clientes continuamente (CHIAVENATO, 2004).

No mercado turístico não é diferente, a satisfação do cliente é importante para que a actividade possa manter-se competitiva pois, na opinião de Marquetto (2007) mudanças devido à dinâmica dos negócios globalizados, da tecnologia, dos fenómenos sociais e geográficos […] resultam em pressões significativas que transformam o turismo. Essas mudanças provocam necessidades emergenciais requeridas pela demanda turística, as quais reflectem directamente no desempenho dos anfitriões na busca por soluções criativas para permanecerem actuantes no mundo dos negócios turísticos. Face ao exposto, a questão é, como responder aos reptos das novas tendências do mercado turístico. Marquetto (2007,apud Costa et al 2005) aponta pela integração entre empreendedorismo e qualquer empresa na área do turismo, “pois os gestores turísticos

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deverão criar um ambiente facilitador e flexível às novas demandas organizacionais. As organizações devem estimular e incentivar as iniciativas empreendedoras, contagiando, valorizando e possibilitando às pessoas um ambiente de realizações na busca de oportunidades e considerando o risco como um propulsor de mudanças”.

O referencial teórico evidencia como o empreendedorismo vem impulsionando o desenvolvimento de negócios em diferentes sectores com ênfase na qualidade dos serviços e tendo em vista não só a satisfação mas também a difícil tarefa de conquistar a lealdade dos clientes a longo prazo, reforçando o papel do empreendedor como agente de mudança. Para Chiavenato (2004) os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento económico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma economia em mudança, transformação e crescimento.

Neste sentido, o que se pretende com esse tema é, antes de mais, analisar como utilizar o empreendedorismo na agregação de valor na actividade turística em Cabo Verde. Outra motivação, é torná-lo perceptível a todas as pessoas interessadas em ampliar os seus conhecimentos tanto a nível teórico como a nível prático. Espera-se ainda, que o presente trabalho possa contribuir para novas pesquisas e discussões.

1.2. Objectivos do trabalho

O presente trabalho tem como principal objectivo mostrar a importância do empreendedorismo na actividade turística em Cabo Verde e como este contribui na agregação de valor e geração de resultados económicos. Tem ainda como objectivos específicos:

 Mostrar como a inovação nos produtos/serviços turísticos pode ajudar no processo de crescimento da actividade turística;

 Mostrar como o empreendedorismo pode ajudar no desenvolvimento da actividade turística agregando valor ao produto turístico.

(18)

 Analisar se características do empreendedor turístico contribuem para a qualidade do produto/serviço.

1.3. Objecto

Problema

Pretende-se com esta pesquisa encontrar uma resposta para a seguinte pergunta:

 Será que o empreendedorismo contribui para agregar valor e gerar resultados económicos na actividade turística?

Hipótese básica

O empreendedorismo além de proporcionar criação de novas empresas, também proporciona inovação, criação de valor e desenvolvimento de novas experiências que são factores fundamentais para que a actividade turística possa se desenvolver.

1.4. Utilidade académica e profissional

A nível académico, espera-se que este trabalho possa gerar um conjunto de dados ou informações para os interessados em aprofundar seus conhecimentos teóricos e práticos e servir de apoio à realização de trabalhos futuros.

Para a comunidade profissional espera-se um aprofundamento do tema relativamente à competitividade das empresas de turismo face à globalização.

Relativamente aos que pretendem investir na actividade turística, espera-se que este estudo lhes possa auxiliar nas estratégias a adoptar e sobretudo na escolha de produtos e serviços a oferecer.

(19)

1.5. Estrutura do Trabalho

A monografia está estruturada em cinco capítulos:

O primeiro capítulo apresenta a introdução, a justificação do tema, os objectivos do trabalho, o objecto de estudo e a relevância do estudo.

O segundo capítulo, dividido em três subcapítulos, diz respeito ao enquadramento teórico.

No primeiro subcapítulo, abordamos o surgimento do empreendedorismo, definição do empreendedorismo e do empreendedor, características do empreendedor e factores que influenciam o empreendedorismo,

No segundo subcapítulo, fala -se do turismo, seus conceitos, da estrutura da actividade turística, do conceito de produto turístico, do turismo em Cabo Verde considerando, suas características, produtos turísticos oferecidos e finalmente o seu papel nas opções estratégicas de Cabo Verde. No terceiro subcapítulo, expôs-se o empreendedorismo no turismo.

No terceiro capítulo, é apresentada a metodologia utilizada para o desenvolvimento e análise da pesquisa.

No quarto capítulo são apresentados e analisados os dados conseguidos através da aplicação do questionário.

Por fim, o quinto e último capítulo, aborda as principais conclusões e limitações decorrentes do desenvolvimento do estudo.

(20)

2.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Empreendedorismo

2.1.1. Surgimento do Empreendedorismo

O primeiro uso do termo empreendedorismo foi creditado a Marco Polo, que tentou estabelecer uma rota comercial para o oriente. Sendo um empreendedor, assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro (mais conhecido como capitalista) para vender as mercadorias deste. Enquanto o capitalista era alguém que assumia riscos de forma positiva, o empreendedor assumia papel activo, correndo todos os riscos físicos e emocionais (DORNELAS, 2008:14). Ainda Segundo o autor, foi no século XVII que ocorreram os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e o empreendedor. Nessa época, Richard Cantillon, importante escritor e economista do século, foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor do capitalista. Cantillon distinguiu o empreendedor como sendo aquele que assumia riscos e o capitalista como aquele que fornecia o capital.

No século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, devido ao inicio da industrialização. Em finais do século XIX e inicio do século XX, foram confundidos com frequência com os gerentes ou administradores (facto que ocorre até os dias de hoje). Eram analisados de um ponto de vista económico como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planeiam, dirigem e controlam as acções desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. (DORNELAS, 2008:14-15)

2.1.2. Conceituando Empreendedorismo e Empreendedor

O empreendedorismo é uma das mais recentes áreas de estudo no campo da gestão e tem sido, nos últimos anos, tema primordial de debate nas várias instâncias públicas e privadas. O empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades (DORNELAS, 2008:22).

(21)

O autor ainda considera que se as oportunidades forem bem implementadas, levará à criação de negócios de sucessos.

Trigo (2003:26) considera que o empreendedorismo tem duas componentes: uma de atitude na medida em que se refere à disponibilidade para detecção de novas oportunidades, e outra de comportamento, no que respeita ao conjunto de acções que deverão ser empreendidas para a transformação dessa oportunidade numa actividade empresarial.

De acordo com Trigo (2003:41) apud Morris (1998:59), o empreendedorismo não é um acontecimento inato: é antes determinado pelas condições da envolvente que se manifestam a diversos níveis. Neste contexto, segundo Dornelas (2008:23), hoje em dia, cada vez mais acredita-se que o processo empreendedor1 pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de factores internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra no dia-a-dia de seu empreendimento. Drucker (1986:24) acrescenta que, todos os indivíduos que conseguem encarar a tomada de decisões, podem aprender a ser um empreendedor e comportar-se como tal, defendendo que o empreendedorismo é mais propriamente modo de acção do que característico.

Para Dornelas (2008:23) o empreendedorismo requer em primeiro lugar, o processo de criação de algo novo, e de valor. Em segundo, requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço necessário para fazer a empresa crescer. Em terceiro, que os riscos calculados sejam assumidos e decisões críticas assumidas; é preciso ousadia e ânimo, apesar das falhas e erros.

Atendendo à definição do termo empreendedor, existem muitas definições do mesmo, mas a mais antiga e que talvez mais reflicta o espírito empreendedor, talvez seja a de Joseph Schumpeter (1949):

O empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de

1

O processo empreendedor envolve todas as funções, actividades e acções associadas com a criação de novas empresas.

(22)

organização ou de exploração de novos recursos e materiais (DORNELAS,

2008:22).

De acordo com Dornelas (2008:22), Kirzner (1973) tem uma abordagem diferente do termo empreendedor. O autor considera que o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica as oportunidades na ordem presente. Já para Dornelas (2008:6), os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidos e admirados, referenciados e imitados, querem deixar um legado. Dornelas (2008:23) ainda acrescenta que, o empreendedor é aquele que detecta a oportunidade e cria negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos controlados. Para Drucker (1986:26) os empreendedores vêm as mudanças como uma norma e como saúde. Eles sempre procuram por mudanças, respondem por elas, e exploram-nas como oportunidades.

Por haver uma certa dificuldade em saber que termo utilizar, empreendedor ou empresário, Trigo (2003:26) salienta que é importante fazer esta distinção, e segundo a autora, a distinção sugere que um empresário se limita a criar um negócio e a fazer a sua gestão, alimentando-o nos moldes em que o conheceu, deixando a ideia que o empresário não inova nem corre riscos. Pelo contrário, o empreendedor distinguir-se-á pela sua capacidade de inovação, isto é, de continuamente, tornar obsoletos os métodos e produtos existentes. Neste contexto, Drucker (1986) afirma que os empreendedores são uma minoria associados a novos negócios. Eles criam algo novo, diferente e transmutam valores.

2.1.3. Características do Empreendedor

O empreendedor é alguém que organiza e dirige uma iniciativa de negócio, assumindo os riscos associados ao processo de iniciação (Rye, 1998:9). Para o autor, embora existem pessoas que parecem ter nascido com esta capacidade, a maioria dos empreendedores aprende a sê-lo através do estudo e acompanhamento de sucessos de

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outros empreendedores com experiência. Segundo COSTA e RIBEIRO, (1998:97) o primeiro aspecto a considerar na fase de arranque de uma nova empresa diz respeito às características pessoais do indivíduo que pensa levar por diante o projecto.

Os empreendedores não funcionam em organizações estruturadas e não gostam que outros possuam autoridade sobre si próprios. A maioria acredita ser melhor que os seus pares, gostando de criar estratégias que lhes possibilitem atingir os seus objectivos. Assim que um objectivo é alcançado, passam imediatamente para outro. Os empreendedores têm uma necessidade extrema de fazerem as coisas à sua maneira, necessitando da possibilidade de escolha e agindo de acordo com a sua própria percepção (RYE, 1998:10). Para o autor, os empreendedores demonstram geralmente as seguintes características:

1. Autocontrolo. Significa que os empreendedores têm controlo sobre todas as actividades que executam.

2. Procura de resultados. Estão sempre à procura de actividades que demonstram progressos orientados por objectivos.

3. Autodirecção. São automotivados e possuem um desejo extraordinário de sucesso. Preferem os desportos individuais aos colectivos.

4. Gestão por objectivos. Compreendem com rapidez as tarefas necessárias para atingir os seus objectivos.

5. Análise de oportunidades. Analisarão todas as opções para assegurar o seu sucesso e minimizar os riscos. Fazem-se actuar só depois de estarem convencidos de que o risco é controlado, o que lhes permite vencer enquanto os outros falham.

6. Controlo de horários. Os empreendedores de sucesso conseguem trabalhar durante longos períodos, o que acaba por interferir na sua vida pessoal.

7. Pensamento criativo. Procura sempre formas mais eficazes para fazer qualquer coisa.

8. Resolução de problemas. Na necessidade de resolver problemas sabem como avaliar alternativas.

(24)

9. Pensamento objectivo. Quando os empreendedores encontram a solução para algum problema, irão executá-la com a maior quantidade de pessoas qualificadas que encontrarem para evitarem pôr em causa os seus próprios prejuízos

Dada as muitas características e qualidades apresentadas pelos empreendedores Rye (1998:9-10) considera algumas das qualidades típicas do perfil do empreendedor: ser um grande lutador, saber correr riscos, saber resolver problemas, procurar status2, possuir um grande nível de energia, possuir auto confiança e necessidade de satisfação pessoal. Já Costa e Ribeiro (1998:6) consideram que as capacidades mais importantes a reconhecer num empreendedor são: focalização na obtenção de resultados, sentido de responsabilidade, preferências por riscos controlados, percepção das probabilidades de êxito, grande capacidade de trabalho, orientação para o futuro, facilidade de organização, capacidade de inovação, facilidade de adaptação e perseverante3.

2.1.4. Factores que Influenciam o Empreendedorismo

Iniciar o seu próprio negócio inclui não só um conjunto de oportunidades como também alguns riscos, inerentes a qualquer tipo de negócio. Para Rye (1998:15), existem inúmeras razões para as pessoas criarem o seu próprio negócio, com particular destaque para duas. Em primeiro lugar, é possível enriquecer a partir de um negócio bem gerido, mesmo que este seja uma operação efectuada apenas por um indivíduo. Em segundo lugar, existe o sentimento empresarial de ser o seu próprio patrão e fazer as coisas à sua maneira.

Trigo (2003:41) apud Morris (1998), identifica os factores de estímulo da iniciativa empresarial mais comuns, uns pela negativa e outros pela positiva, que se sumarizam na figura 1. O autor ainda afirma que de entre estes estímulos, apenas um, “procura deliberada”, não resulta de circunstâncias proporcionadas pela envolvente, e que os

2

Os empreendedores encontram a satisfação em símbolos de sucessos exteriores a si próprios. Gostam que os negócios que constituíram sejam admirados, mas sentem-se embaraçados quando o elogio é - lhes dirigido directamente.

3

Os empreendedores são pessoas que conseguem com êxito definir objectivos realistas, e são capazes de construir uma estratégia para os conseguir.

(25)

factores positivos e negativos podem contribuir de igual forma para estimular ou moldar os desejos de potenciais empresários.

Figura 1- Factores de estímulo da iniciativa empresarial e exemplos de reflexões associadas

Fonte: Trigo (2003:42)

Fonte: Trigo (2003:41)

Segundo Dornelas (2008:24), a decisão de se tornar empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Para além disso, o autor ainda afirma que, a decisão ocorre devido a factores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a somatório de todos esses, que são críticos para o surgimento e crescimento de uma nova empresa. A figura 2 exemplifica alguns factores que mais influenciam o processo empreendedor.

Sobrevivência --- Não tenho dinheiro para pagar a renda da casa

Insatisfação --- Não gosto do meu trabalho: do meu patrão; do ambiente Despedimento --- O emprego já não necessita de mim

Problemas da empresa – Perdemos clientes; o principal fornecedor deixou-nos; a nossa tecnologia é obsoleta

Divórcios --- Estou só, sem apoio

Morte --- O meu pai morreu e fiquei com uma empresa falida nas mãos

Acabei o curso; Mudei de sítio --- Novo começo O meu patrão ofereceu-me financiamento

se seu lhe prometer outsourcing; um cliente

garantiu-me encomendas se eu lhe devolver um produto ---- Oportunidades inesperadas Há um processo que lhe interessa, e se eu lhe pegasse? --- Curiosidade

Quero controlar a minha vida, estar numa situação

em que o meu esforço seja compensado --- Desejo de melhorar a vida Tenho 40 anos, a juventude não volta --- Agora ou nunca

Sempre acreditei que queria começar uma empresa minha --- Procura deliberada

N e g a t i v o s P o s i t i v o s

(26)

Figura 2 – Factores que influenciam o processo empreendedor Factores

Pessoais Factores Pessoais Factores Sociológicos

Factores Pessoais

Factores Organizacionais Realização

pessoal Assumir riscos networking Empreendedor Equipe Assumir riscos

Insatisfação com o

trabalho equipes Líder Estratégia

Valores pessoais Ser demitido Influência dos pais Gerente Estrutura

Educação Educação Família Visão Cultura

Experiência Idade Modelos pessoais de sucesso Produtos

Ambiente Ambiente Ambiente

Oportunidade Competição Competidores

Criatividade Recursos Clientes

Modelos

(pessoas) Incubadoras Fornecedores

De sucesso políticas públicas Investidores

Bancos Advogados Recursos políticas públicas Fonte: Dornelas (2008:25)

2.2. Turismo

Por mais estranho que se possa parecer, há apenas pouco mais de uma década, o turismo não era questão de interesse. Pela dimensão económica e social que rapidamente tem vindo a alcançar, o turismo passou a ser reconhecido como um factor estratégico de desenvolvimento económico, a partir dos anos 60 do século XX, mas surpreendentemente, para os meios académicos era, pura e simplesmente, inexistente: não era objecto de ensino, os manuais de economia nem sequer o referiam e estava ausente das teorias e da investigação económica (Ferreira, 2008:5). Para o mesmo autor as razões que levaram a esta atitude, consistiam no facto de se tratar de uma actividade recente e mal conhecida, e também por muitos a entenderem como sendo uma actividade não produtiva.

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2.2.1. Conceitos de Turismo

O termo turismo vem dos primeiros anos do século XIX. Mas, o seu conceito é uma matéria bastante controversa, segundo vários autores que tratam desse assunto. Contudo, apesar de ter inúmeras definições que podem ser discutidas, seleccionamos as que, quanto a nós, são mais significativas.

O dicionário de Língua Portuguesa, Porto Editora, define o turismo como: 1) Actividade de viajar, de conhecer lugares que não aquele que onde se vive habitualmente; 2) Tudo o que se relaciona com os serviços organizados de viagens de pessoas que praticam esta actividade; 3) Movimento dos turistas.

De acordo com Ferreira (2008:96) apud Holloway (1995) os professores Hunziker e Krapf apresentaram o que é ainda hoje, uma das definições clássicas do turismo, tendo-o definidtendo-o ctendo-omtendo-o a stendo-oma dtendo-os fenómentendo-os e relações prtendo-ovenientes da viagem e estadia de não-residentes, desde que essa estadia não constituísse uma residência permanente, nem tivesse como objectivo exercer uma actividade profissional. Reforçando este ponto de vista, Ignarra (2001:25), considera que essas viagens são responsáveis por grande parte dos meios de transportes, dos hotéis, da estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos, dos espaços de eventos. Todos esses são considerados empreendimentos turísticos. O autor também defende que, não é por outra razão que se desenvolveram os termos turismo de negócios4 ou turismo de eventos. Assim, define o turismo como o deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante.

Face à existência de várias definições que se assemelham, embora exista algumas diferenças entre elas, a OMT- Organização Mundial do Turismo- (1993) afim de se obter uma definição e conseguir estatísticas concretas do turismo, define o turismo como sendo “um fenómeno sócio-económico e cultural que se baseia na deslocação de pessoas (turistas) para locais diferentes da sua residência habitual, onde permanecem por períodos superiores a 24 horas e inferiores a 12 meses, com o objectivo de lazer, utilizando as facilidades de alojamento, alimentação e outras oferecidas no destino”. Aqueles que viajam por períodos inferiores a 24 horas são chamados excursionistas.

4

O turismo de negócio trata-se da viagem e estadia de pessoas no local de destino tendo em vista trabalhar por curtos períodos de tempo.

(28)

Esta definição aplica-se tanto ao turismo interno (residentes que viajam dentro do mesmo país) como externo/internacional (que diz respeito ao movimento internacional de turistas e considera os países emissores ou receptores de turistas).

2.2.2. Estrutura da Actividade Turística

Segundo a Confederação do Turismo Português (2005:222), os sectores relacionados com a actividade turística, responsáveis por operar, vender, promover e desenvolver o sector podem ser classificados de acordo com o Quadro 1.

Quadro 1 – Estrutura da actividade turística

Companhias Aéreas

Transportes de passageiros Companhias de navegação

Transporte ferroviário

Autocarros, carros e rent-a-car

Hotéis

Motéis

Hospedarias

Pousadas

Casas rurais e de turismo de habitação

Acomodação e restauração Apartamentos turísticos

Parques de campismo

Colónias de férias

Timesharing

Restaurações cafés e takeaways

Monumentos históricos

Paisagísticas e culturais

Parques temáticos

Atrações a animações Centros de entretenimento

Facilidades para a prática e assistência de desporto

Instituições e sedes políticas

Lojas

Organizações centrais e regionais do turismo

Serviços responsáveis pelo património

Administração Pública Serviços aeroportuários e portuários

Serviços responsáveis pela emissão de passaportes e vistos

Serviços de segurança

Escolas de formação e treino

(29)

2.2.3. Conceito de Produto Turístico

Convém antes de mais referir o conceito de produto. Para os autores Kotler (1988:224), Dubois (1989:21) e Thomas (1991:156) produto é tudo aquilo que pode ser oferecido a um mercado de modo a satisfazer uma necessidade ou um desejo. Pode ser um objecto, um serviço, um local, uma organização ou uma ideia.

Segundo Leduc (1991:31), do ponto de vista comercial, produto é tudo aquilo que um consumidor recebe quando faz uma compra. O autor, ainda considera que preço pago pelo consumidor, ou o que ele se dispõe a pagar, não refere apenas à maturidade de um objecto ou de um serviço, pois nesse preço estão incluídos todos os elementos imateriais que acompanham o objecto: segurança, informação e, por vezes, o serviço (Marques, 2005:188).

Falando especificamente do produto turístico, Domingues (1990), citado por Marques (2005:188), afirma tratar-se de uma designação vaga e algo controversa usada para definir qualquer tipo de serviço ou conjunto de atractivos de um empreendimento, região ou país, dado que o turismo, como actividade sócio-económico, envolve a participação de numerosos agentes, promotores e operadores, e como fenómeno socio-cultural, vive de motivações relacionadas com o património e as actividades de lazer. Já para Ignarra (2001:54), o produto turístico é composto, além dos atractivos, pelos serviços turísticos como por exemplo alojamento, transportes, restaurantes, espaços para compras, atracções, entretenimento, infra-estruturas públicas de transporte, informação turística, comércio turístico etc.

O produto turístico não é homogéneo, difícil de estandardizar dada a sua intangibilidade, é fruto de um conjunto de factores e o seu valor global depende do valor individual dos serviços que o compõem (Marques 2005:193).

(30)

2.2.4. Turismo em Cabo Verde

A República de Cabo Verde é um arquipélago localizado junto à Costa Ocidental da África (a cerca de 450 km a Oeste do Senegal). O arquipélago, com uma superfície de 4.033 Km2, é composto por dez ilhas de origem vulcânica (9 habitadas) e por oito ilhéus divididos em dois grupos - Barlavento e Sotavento - conforme a posição face ao vento alísio do Nordeste.

De acordo com Santos (2009:27) o turismo coloca desafios específicos consoante as zonas geográficas onde se instala. O mesmo autor, realça que é importante notar que as ilhas dos arquipélagos são locais especialmente vulneráveis, quer economicamente, quer ambientalmente. Neste sentido, um dos grandes desafios que se lhes coloca é a sua transição de um turismo de massas para um turismo sustentável (Santos, 2009:27 apud Bardolet & Sheldon, 2008).

Contudo, apesar destes constrangimentos, segundo a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde (2009), Cabo Verde atribui grande atenção ao desenvolvimento turístico tendo em conta o enorme potencial do sector. Para o efeito, promove-se, desde há vários anos através da Direcção Geral de Desenvolvimento Turístico da Cabo Verde Investimentos (CI), diversas acções de marketing, nomeadamente, participação em Feiras Internacionais de Turismo, debates e reflexão, viagens promocionais a jornalistas e operadores turísticos com o objectivo de atrair turistas nos principais mercados emissores.

Para Marquetto (2007, apud Petrocchi, 2001), o número de visitantes é o indicador mais utilizado para medir o desempenho de um sistema turístico, ou seja, o número de visitantes que se espera receber ao longo de um determinado período de tempo. Os resultados são comparados aos padrões estabelecidos no objectivo, podendo adoptar medidas correctivas nas entradas e processamentos do sistema de turismo.

Face ao exposto, considera-se oportuno um breve olhar sobre a evolução da entrada e a média de permanência de turistas em Cabo Verde.

Assim, no que diz respeito à entrada de turistas em Cabo Verde, constata-se que a aposta efectiva no turismo como pilar do desenvolvimento do arquipélago tem levado à obtenção de resultados positivos, conforme atesta o número de entradas de turistas desde 2000 até 2009 (ver gráfico nº 1)

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Gráfico nº 1 - Evolução da entrada de turistas em Cabo Verde

Fonte: www.portugalcaboverde.com

De acordo com Barros (2008:61) o arquipélago de Cabo Verde tem no sector do turismo um dos principais pilares do crescimento e sofisticação da economia e para onde se vêm canalizando mais de 90% dos investimentos externos.

Esses investimentos na hotelaria e noutras vertentes de apoio ao desenvolvimento turístico deve-se segundo a Câmara de Comercio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde (2009) à estabilidade política, boa governação, o empenho da democracia e a sua proximidade e equidistância à Europa e América do Sul.

No entanto, de acordo com Barros (2008:61) a ampliação e construção de novas unidades hoteleiras são ainda insuficientes para albergar a quantidade de Turistas que visitam o país.

No que diz respeito à entrada de turistas por ilhas (ver gráfico nº 2), constata-se que em 2009 a ilha do Sal foi responsável por cerca de 44,8% das entradas, Boavista: 25%; Santiago: 16,3%; São Vicente: 7,1%; as outras ilhas em conjunto recebem 6.8% dos turistas que visitam Cabo Verde. No entanto, o expectável aparecimento de novas unidades hoteleiras e circuitos turísticos na Boavista, Maio, Santiago, São Vicente, São Nicolau e Fogo poderá trazer a massa crítica necessária para, também nestas áreas, surgirem os investimentos necessários a um mais rápido desenvolvimento do turismo em todo o arquipélago (Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde, 2009).

(32)

Gráfico nº 2 - Entrada de Turistas por ilhas

Fonte: www.portugalcaboverde.com

Quanto à permanência no arquipélago (ver gráfico nº3), em média, os turistas permanecem 5,9 dias no país, média suplantada pelos britânicos (8,9 dias), alemães: 7,8 dias; belgas e holandeses: 7,2 dias; italianos: 6,4 dias; austríacos: 6 dias; portugueses e suíços: 4,5 dias; franceses: 4,3 dias; espanhóis 3,9 dias. A taxa média de ocupação total é de 45% (Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde, 2009). Gráfico nº 3 - Média de Permanência no Arquipélago

(33)

2.2.4.1.

Produtos turísticos oferecidos por Cabo Verde

Segundo Barros (2008:64) uma das características apontadas a Cabo Verde, enquanto destino turístico, é a possibilidade de poder oferecer umas férias tranquilas, onde os visitantes podem relaxar e apreciar o sol e as águas cristalinas das suas praias. Neste sentido, de acordo com Barros (2008:63) o sol e o mar são os principais produtos turísticos oferecidos por Cabo Verde, originando a massificação da procura e elevada pressão ambiental.

De acordo com Barros (2008:64) apud PDET (2004) Cabo Verde deve apostar nos produtos que melhor se adaptam às características de cada ilha. Esta aposta deverá passar pelo aproveitamento da morfologia geográfica variada e o património histórico e arquitectónico, na exploração do potencial do turismo de natureza, do turismo de circuitos (históricos e religiosos), turismo cultural e do turismo de negócios (câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde, 2007).

No entender de Cabral (2005:164) a diversificação e o aumento da qualidade do produto turístico cabo-verdiano é pertinente, na medida em que existem várias potencialidades para o seu desenvolvimento, tanto na vertente do turismo em espaço rural como das actividades direccionadas para os filhos dos emigrantes cabo-verdianos da imensa diáspora.

Para Barros (2008:64) a aposta na diversificação de novos produtos turísticos, é de extrema importância numa indústria em que a moda pode facilmente mudar, e um destino que hoje é atractivo pode não sê-lo amanhã. Neste contexto, Barros (2008:64) apud Costa (2007) afirma que “…os produtos „sol e praia‟, por si próprios, são uma „marca branca‟ com interesse para quem tiver maior capacidade produtiva em quilómetros de praia e mão-de-obra barata. O mesmo autor salienta que é preciso oferecer produtos turísticos sustentáveis, de forma a garantir que um ou mais componentes não avance à frente dos outros.

(34)

2.2.4.2.

Turismo nas Opções Estratégias de Cabo Verde

Actualmente em Cabo Verde, o turismo é uma actividade com sólida implementação, mas nem sempre foi assim. Neste contexto, convém ver qual o caminho percorrido desde a origem da actividade turística até aos dias de hoje analisando as medidas de desenvolvimento que foram adoptadas pelas autoridades cabo-verdianas, focando a nossa atenção no peso crescente que o turismo foi ganhando ao longo dos anos.

Desde a independência foram apresentados vários Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND).

Segundo Ferreira (2008: 254-255), o primeiro PND apresentado entre 1982 e 1985 era apenas uma breve referência ao turismo. Nessa época Cabo Verde, mostrou-se ser um país carenciado a vários níveis (infra-estruturas, mercado incipiente, problemas de desertificação, estruturas produtivas incipientes, fomes e condições de sobrevivência desumanas). Essas carências constituíam limitações que justificavam uma certa prudência na implementação do turismo que, naquela época, tinha um valor residual de cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

No segundo PND (1986-1990), o turismo já evidenciava um ritmo de desenvolvimento bastante razoável tendo a sua contribuição para formação do PIB passado de 0.8% em 1978 para cerca de 2% em 1984. Contudo, o desenvolvimento desta actividade encontrava-se estrangulado por alguns factores, como por exemplo: dependência das importações para suprir as necessidades do sector, deficiência ao nível dos transportes, escassa formação dos profissionais de hotelaria, escassez de água e energia etc. (FERREIRA, 2008:256).

Segundo Ferreira (2008:262) a partir do segundo PND o turismo foi ganhando importância enquanto instrumento estratégico de desenvolvimento de Cabo Verde. No terceiro PND (1992-1995), reforça-se a vontade de atribuir ao turismo um papel de destaque na estratégia de desenvolvimento, uma vez que o turismo ocupava o 5º lugar com 4.816.000.000$00 cabo-verdianos o que representa 10% das verbas propostas (FERREIRA, 2008:258).

De acordo com Ferreira (2008:262) o terceiro PND foi o primeiro a encarar o desenvolvimento do turismo como devendo ser uma actividade estratégica de máxima importância para a economia do país.

(35)

Convêm, referir que foi a partir do ano de 1991, que foi criada a legislação de base essencial para o encorajamento desta actividade.

No quarto PND (1997-2000), consagra-se o turismo como uma das áreas de maior potencial, prevendo como objectivos: a valorização dos recursos turísticos naturais, o desenvolvimento de um turismo de qualidade e o aumento da contribuição do sector para o equilíbrio das contas externas (FERREIRA, 2008:259).

Neste plano foram considerados como objectivos para o turismo: a valorização dos recursos turísticos nacionais, tentando evitar o turismo de massas5 e captando um turismo de elite; o aumento da contribuição do sector para o PIB através da competitividade no mercado turístico internacional e a dinamização do turismo interno. Estes objectivos pretendiam ser atingidos através da implementação de vários sub-programas tais como: construção de infra-estruturas, reabilitação do património histórico e cultural e promoção de Cabo Verde como destino turístico (FERREIRA, 2008:260).

No quinto PND (2002-2005), o turismo foi definido como um dos sectores chave para a concretização dos eixos estratégicos definidos.

Desde 2003 com o objectivo de dar suporte à estratégia de transformação de Cabo Verde, iniciou-se um programa de infra-estruturação, a partir de alguns sectores chave, como o caso do turismo. Neste sentido, implementou-se um programa de modernização e expansão do Sistema Aeroportuário Nacional, que inclui a conclusão de obras do novo Aeroporto Internacional da Praia (AIP) e dos novos aeroportos internacionais de Boavista e São Vicente, na perspectiva de tornar directamente acessíveis para os turistas, as diversas regiões do país com potencial de desenvolvimento nessa área. Em 2005, conclui-se as obras do Aeroporto da Praia. Também foram realizadas as primeiras fases de investimento nos novos aeroportos, nomeadamente da Boavista (inaugurado em 2007) e São Vicente (inaugurado em 2009). Para além disso, investiu-se na renovação e modernização de todo o sistema de controlo de Tráfego Aéreo em

5

O turismo de massas é uma divisão do turismo que caracteriza-se pela utilização de agências de viagens para aquisição de pacotes, procura destinações mais próximas, viagens com duração mais curta, transportes mais baratos, hotéis económicos, preferência por destinações mais conhecidas, escolha dos períodos de férias escolares.

(36)

Cabo Verde, com a entrada em funcionamento do novo centro na ilha do Sal, colocando Cabo Verde no mesmo patamar dos países mais desenvolvidos do mundo nesta matéria. De acordo com Ferreira (2008:191) os transportes aéreos e aeroportos apresentam-se como uma das principais infra-estruturas existentes, na medida em que constituem a principal porta de entrada e saída do país, para além de que “as características geográficas de Cabo Verde, decorrentes da sua localização e descontinuidade territorial, conferem aos transportes aéreos uma importância no processo de desenvolvimento económico e social […] ” com reflexos inequívocos no turismo.

Com a criação das infra-estruturas, nomeadamente dos aeroportos internacionais da Praia, da Boavista e do Sal, os fluxos turísticos têm crescido rapidamente, e de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE), entraram nos estabelecimentos de Cabo Verde cerca de 330.319 hóspedes durante o ano de 2009, sendo que o aeroporto da Boavista foi responsável por 40% desse fluxo, reforçando a ideia que o turismo é essencial para a estratégia de transformação de Cabo Verde, uma vez que é considerado pelo governo, como motor da economia.

2.3. Empreendedorismo no Turismo

Actualmente o turismo é um sector que está em evidência, proporcionando grande desenvolvimento económico e social a alguns países, tornando-os mais ricos. Em Cabo Verde, o crescimento económico, deve muito ao sector de turismo que, até aos dias de hoje, não tem dado sinais de abrandamento. O turismo é apontado como uma das prioridades do PND tendo em conta que a sua contribuição nas receitas brutas ultrapassaram 20% do PIB em 2007, conforme indica o banco de Cabo Verde (BCV). Uma questão que se coloca actualmente, tem a ver com a percepção ou consciência que o empresariado da área tem com relação ao turismo e seus impactos a curto, médio e longo prazo. Neste contexto, Firmino (2007:155) afirma que o novo turismo sugere uma atitude empreendedora e o recurso a diversas formas de inovação.

De acordo com o Livro Verde sobre a inovação (1996), publicado pela Comissão Europeia:

A inovação é a renovação ou alargamento da gama de produtos e serviços, o estabelecimento de novos métodos

(37)

de produção, de fornecimento, de distribuição, a introdução de mudanças na gestão, no trabalho empresarial, nas condições de trabalho e nos conhecimentos dos membros da empresa (SARMENTO, 2003:99).

2.3.1. Inovação no Turismo

Segundo Luecke e Katz (2003:2) “Inovação […] é geralmente entendida como a introdução de algo novo ou método […]. Inovação é a materialização, combinação, ou síntese do conhecimento de forma original, relevante, e que valorize produtos, processos, ou serviços”. “ É o processo pelo qual novos conhecimentos são incorporados na produção de bens e serviços, onde o foco principal encontra-se em mudanças técnicas fundamentais para o entendimento dos factores essenciais que levam organizações, regiões e até mesmo países a se desenvolverem melhor e mais rapidamente que outros (Falcão et al, 2010 apud Lastres e Cassiolato, 2005). Entendem que existem diferentes tipos de inovação, como a radical (desenvolvimento de novo produto, processo ou organização da produção completamente nova), incremental (introdução de melhoria no desenvolvimento de um produto, processo ou organização da produção), tecnológica de produto ou processo (uso do conhecimento sobre novas formas de produzir e comercializar bens e serviços) e organizacional (introdução de novas maneiras de organizar a produção, a distribuição e a comercialização de bens e serviços) Falcão et al, (2010, apud Lastres e Cassiolato, 2005). A organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), categoriza as inovações em quatro grandes grupos: inovação de produto, inovação de processo, inovação organizacional e inovação de marketing (Carvalho, 2009).

Hjalager (1994: 200), citado por (FIRMINO, 2007:156) apresenta 6 categorias de inovações em turismo que são:

 Inovações de processos clássicas, que normalmente conduzem à melhoria da produtividade;

 Inovações para transacções, que se prendem com o conceito de flexibilidade;

(38)

 Inovações de processos em tratamento de informação, os quais permitem o acesso às centrais de reservas internacionais;

 Inovação de gestão, de acordo com novos paradigmas; e

 Inovações de produtos, que dependem muito das estratégias dos operadores turísticos.

Abordar a questão da inovação nos remete a outro campo de conhecimento, isto é, competitividade na gestão turística. A vantagem competitiva no sector turístico (Costa, 2005 apud Dwyer e Kim, 2003) é alcançada a partir do momento que um destino turístico oferece uma experiência turística superior em relação a outro destino, considerando os turistas potenciais desses destinos. Beni (2004) considera que “ para um produto turístico sobreviver em um mercado cada vez mais concorrido, deverá ser competitivo e isso dependerá de investimentos contínuos em inovação e melhoria da qualidade da oferta turística “. De acordo com estudos realizados por Alvares e Lourenço (2010, apud Mtur e CGEE, 2007) instrumentos específicos têm sido criados para o fomento do processo de inovação turística. São exemplos de algumas práticas, a Suiça, a Austrália e a França.

O programa de inovação Chamado Innotur desenvolvido pela Suiça, oferece assistência inicial para a implementação de inovações, especialmente para as pequenas empresas, suporte para compartilhar inovações entre empresas e investimento em capacitação, pesquisa e desenvolvimento específicos.

Na Austrália, o governo elaborou o documento –A Medium to Long-Term Strategy for Tourism, com o intuito de apoiar a actividade turística no destino e torná-lo mais competitivo, assim como possibilitar melhorias na cooperação entre os governos federal, estaduais, regionais e o turismo.

Na França, o Estado participa de forma importante, directa e indirectamente, suportando a inovação na cadeia do turismo, sendo que a Agence Française de L‟ingénierie touristique adopta algumas acções de suporte à inovação de processos e produtos. Face ao exposto, fica explícito a importância que se atribui à inovação na actividade turística e considerando a categorização da OCDE (inovação de produto, inovação de processo, inovação organizacional e inovação de marketing), as inovações que têm

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incidência directa na actividade turística podem se inserir nesses quatro grupos, dependendo do tipo de inovação detectada em um destino.

2.3.2. Empreendedorismo e Inovação

Nos últimos anos tem-se observado que a inovação vem ocupando cada vez mais um papel de destaque estratégico, levando o mundo dos negócios a perceber que ela poderá ser a chave para o crescimento contínuo e sobrevivência das empresas no mercado. Segundo (Blanchard e Waghorn, 1998) “as empresas aptas a vencer precisam se organizar em torno da lógica do cliente, atendendo rapidamente as suas necessidades se adaptando aos novos conceitos, pois a cada momento o mesmo está a exigir algo novo e melhor; pequenas mudanças que fazem toda a diferença”.

De facto, as empresas enfrentam dificuldades de sobrevivência num mercado cada dia mais competitivo e acirrado, com consumidores aumentando suas necessidades e exigência por melhores produtos e serviços e com uma velocidade de atendimento cada vez maior o que reforça a necessidade de inovar e arriscar. No entanto, “ apesar de a inovação ser importante, ela produz riscos: o que se observa é que muitas empresas, pelo facto de não pretenderem correr riscos, não inovam. Muitas apenas adaptam e outras apenas reagem quando pressionadas à acção do meio ambiente […]. Investir em desenvolvimento de novos produtos significa investir em incertezas” (COBRA, 1997:185).

Drucker (1986:19) descreve que a inovação é uma ferramenta específica dos empreendedores, o meio pelo qual exploram as mudanças como uma oportunidade para um diferente negócio ou um diferente serviço. Ainda segundo o autor, a inovação pode ser apresentada como uma disciplina6, pode ser aprendido e pode ser praticado.

Segundo Drucker (1987), está acontecendo um profundo redireccionamento da economia até então gerencial para uma economia empreendedora, movimentando um número muito expressivo de empresas e consequentemente pessoas que aplicam recursos sócio-económicos, recursos naturais e suas capacidades de trabalho no desenvolvimento de seus empreendimentos.

6

(40)

A economia empreendedora se caracteriza pela influência determinante do empreendedor, que segundo DOLABELA (1999), é o elemento capaz de desenvolver uma visão, utilizando-se dentre inúmeras peculiaridades a persuasão, a energia, a perseverança e uma infinita dose de paixão para construir o "algo" a partir do nada ultrapassando barreiras e obstáculos na direcção do sucesso.

Este momento de transformação económica está associado a um novo ciclo, um ciclo reconhecido pelos negócios que utilizam as bases do conhecimento, ou economia do conhecimento, onde o bem mais precioso são as pessoas, que produzem o conhecimento e são as geradoras de inovações – os empreendedores (Dornelas, 2003; Lastres e Ferraz, 1999). Segundo Chiavenato (2004), “os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento económico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma economia em mudança, transformação e crescimento”. O papel do empreendedorismo no desenvolvimento é a iniciativa de mudar a estrutura não só do seu próprio negócio, como também da sociedade, estimular o desenvolvimento de novos produtos e serviços e fomentar o investimento em novos empreendimentos (HISRICH & PETERS, 2004). A visão defendida, aponta o empreendedorismo como condição necessária, uma vez que são empreendedores os principais agentes de mudança económica, na medida em que geram, disseminam e aplicam as inovações.

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2.3.3. Importância do empreendedorismo no turismo

Drucker (1986: 254) descreve que a Inovação e empreendedorismo são necessários na sociedade, na economia, nas instituições de serviços públicos como também nos negócios porque a inovação e empreendedorismo não são planeados mas sim focalizados nesta oportunidade e naquela necessidade; porque são tentativas e vão desaparecer se eles não produzirem o resultado que se espera obter; porque, em outras palavras, eles são mais propriamente pragmáticos do que dogmáticos e mais propriamente modestos do que grandiosos. Eles prometem manter qualquer sociedade, economia, industria, serviço público ou negócio, flexível e auto-renovável.

Um bom empreendedor de turismo deve buscar conhecimento do negócio, montar e desenvolver o empreendimento com os objectivos e as estratégias bem definidos para atingir o nível de sucesso esperado. Para Drucker (1986:34) empreendedores de sucesso, seja qual for a sua motivação individual, seja dinheiro, poder, curiosidade, ou o desejo pela fama ou reconhecimento, tentam criar valor e fazer uma contribuição. Eles não estão contentes por simplesmente melhorar ou modificar o que já existe. Eles tentam criar algo novo de valores e satisfações diferentes, converter um material em um recurso, ou combinar recursos existentes em uma novidade e mais configuração produtiva. Neste contexto, é preciso uma maior aposta nos empreendedores, que são indivíduos com visão, dispostos a arriscar recursos físicos e humanos, em novos mercados, que estimulam a criação de um cenário de progresso e desenvolvimento económico. Pois, além de não ter medo para se arriscar, muitas vezes, em um sector ainda pouco explorado, como o turismo, o empreendedor, leva muito a sério a gestão do seu negócio, criando estratégia com o objectivo de sobreviver no mercado e ser recompensado por meio de lucros. Na perspectiva de Dias (2008:148):

“O turismo pela sua característica de permear todos os segmentos económicos, é multiplicador de empresas, em particular das micro, pequenas e médias empresas, tornando-se assim, um campo fértil para o empreendedorismo, já que possibilita a abertura de negócios com investimento relativamente baixo e a sua maior parte baseados […] nas características e habilidades do empreendedor […]” DIAS (2008:148)

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O turismo é um grande gerador de negócios. Segundo Dias (2008:148) são negócios de cachorro-quente, água de coco, brindes, suvenires, artesenato diversos, vestuário, guias especializadas, seguranças, passeios de barco, aluguel de buggies, de bicicletas, produção de doces e comidas típicas, entre muitos outros que se multiplicam em função das características das regiões. Na opinião de Trindade (2009) e Citando Dias (2004) essas empresas turísticas, se desejarem sobreviver no mercado cada vez mais competitivo, precisam ser dirigidas por pessoas inovadoras, flexíveis, criativas, tenazes, com iniciativa, senso de oportunidade, alto grau de motivação e entusiasmo para realizar e disposição para assumir riscos, ou seja, empreendedores”, se desejarem sobreviver no mercado que está cada vez mais competitivo.

Uma outra forma de empreendedorismo turístico está concentrada nos meios de hospedagem. De acordo com Ferreira (2008:267), o tipo de turismo que tem ocorrido em Cabo Verde é um turismo fortemente dependente da estrutura dos hotéis em detrimento das outras formas.

Morrison e Thomas (1999:5-7) apresentam 10 elementos-chave do empreendedorismo, como sendo as melhores práticas do empreendedorismo, com origem na criação de pequenas empresas da hotelaria: iniciação da mudança, comprometer os empregados, recursos para a actividade, aprendizagem do empreendedor, inovação e criatividade, liderança do conhecimento, alerta para oportunidades, gestão das relações, tempo de acção, e visão e orientação estratégica. (FIRMINO, 2007:155)

Uma forma de identificar maneiras de desempenhar o empreendedorismo no turismo é através da identificação das oportunidades. Em Cabo Verde, de acordo com Ferreira (2008:288) com o desenvolvimento do turismo, surgem novas oportunidades de negócios directas ou parcialmente relacionadas com a actividade turística, possibilitando a constituição de micro empresas e reorganização do tecido empresarial em diversas áreas como a restauração, bebidas, promoção do artesanato, espectáculos, entre outros. Segundo Saayman e Slabbert […] apud Kon (1996:30) o empreendedorismo no turismo é uma actividade direccionada para criar e operar uma legítima empresa de turismo. Estas empresas incluem, entre outros, hotéis, pensões e agências de viagem, cujos negócios operam numa base lucrativa e procuram satisfazer as necessidades dos turistas e dos visitantes (Saayman e Slabbert […]). Isto significa que as pessoas que vendem

(43)

produtos e serviços, assim como artes, para o turista são também um empreendedor turístico, mas que muitas vezes são considerados vendedores de rua.

Para (Ivancevich et al 1994:556) o empreendedor é aquele que assume o risco de criar riqueza, acrescentando valor ao produto ou serviço:

“O produto ou serviço por si só pode ou não ser novo ou distinto, mas o seu valor é acrescentado por um empreendedor” (Ivancevich et al, 1994:556).

Martins (2006:18) ao referir-se às características dos empreendedores faz referência à exigência de qualidade e eficiência. Neste contexto, segundo o autor, os empreendedores agem de maneira a fazer as coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência, desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente estabelecidos. Ainda, segundo o autor a exigência de qualidade e eficiência é um importante diferencial em qualquer tipo de negócio. Na perspectiva de Sancho et al. (1998:354) a qualidade envolve custos. Contudo, em turismo, pode-se considerar outras implicações, nomeadamente: a qualidade orienta a empresa para o cliente, aumentando-lhe o seu nível de satisfação, fideliza a clientela, promove a melhoria contínua, facilita a redução de custos, possibilita a poupança de tempo e dinheiro, eleva a rentabilidade e promove a competitividade (FIRMINO 2007:324).

Falar da competitividade, obriga-nos a ter em consideração o conceito de vantagem competitiva.

De acordo com Firmino (2007:170) apud Pereira et al. (2005:69):

“Vantagem competitiva é a forma como a empresa cria valor para os clientes de forma distinta das empresas concorrentes, o que lhe permite evidenciar na competição as várias dimensões, estabelecer e sustentar uma posição defensável no mercado”.

Neste contexto, os mesmos autores apontam uma série de fontes de vantagem competitiva, entre elas estão o empreendedorismo, a inovação, a qualidade e a introdução de novos produtos no mercado.

Na perspectiva de Marques (2005:196) a introdução de novos produtos no mercado está associada com a inovação. De acordo com a mesma, para que o lançamento de novos

Referências

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