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ECONOMIAS FINANCEIRAS

7.2 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Respondendo a pergunta da pesquisa pode-se concluir que tanto o Laboratório Aché quanto o Far-Manguinhos vêm utilizando estratégias corporativas de diversificação com geração de valor, mais não obstante a isto, algumas particularidades e competências individuais foram identificadas em cada companhia, pois, de acordo com a lógica de mercado de cada uma delas, o Laboratório Aché demonstra mais efetividade e criação de valor ao seu negócio em alguns aspectos pertinentes às categorias analíticas.

Esta conclusão pode ser verificada ao levar em conta as categorias analíticas que buscaram revelar características da criação de valor nessas empresas. No referencial teórico, de acordo com Barney e Hesterly (2007), a diversificação corporativa relacionada restrita pode explorar economias de escopo com efetividade e ganhos acima do mercado, promovendo a redução de custos, que pode ser verificado no Laboratório Aché em diversos dados que foram coletados.

Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) endossam que a criação de valor através da diversificação relacionada restrita está diretamente associada ao compartilhamento de atividades e à transferência de suas competências essenciais. Esta constatação pode ser confirmada no Laboratório Aché ao verificar o forte elo entre suas atividades, mesmo após o processo de aquisição e alianças que o laboratório realizou. O aperfeiçoamento e a melhoria desta categoria analítica é um dos focos desta organização.

No Laboratório Far-Manguinhos o compartilhamento de atividades na área do conhecimento e aperfeiçoamento tecnológico é fortemente percebido, no entanto, ainda existem elos a serem aperfeiçoados e desenvolvidos, como vendas, marketing, pois não apresentam fortes laços.

Na categoria analítica que verifica as competências essenciais, o Laboratório Far-Manguinhos retrata forte relação e aplicabilidade no campo da pesquisa e conhecimento, em que sua lógica de atuação vai ao encontro do aperfeiçoamento e desenvolvimento de farmoquímicos no Brasil. Confirma-se aqui uma criação de valor muito valiosa dentro da proposição social que Far-Manguinhos está inserido.

Pertinente ao Laboratório Aché e tomando como referencial as afirmações de Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), que as competências essenciais são conjuntos complexos que promovem relação através de conhecimentos gerenciais, tecnológicos e experiências, pode ser constatado pelo processo de profissionalização que a empresa vem desenvolvendo e aperfeiçoando dentro da sua lógica mercadológica a criação de valor focada nos aspectos gerenciais, aprimoramento tecnológico e trocas de tecnologias com outras organizações, conseguindo assim ampliar e confirmar sua competência essencial ao longo do tempo.

A categoria analítica que dimensiona o poder de mercado Far-Manguinhos tem seu papel no desenvolvimento e na busca pela autonomia da farmoquímica brasileira, caracterizados por uma dominância de empresas multinacionais que atuam aqui no Brasil, o laboratório também

exerce um papel regulador através do MS, revelando um “poder de mercado” legal dentro da lógica de ação.

No que confirma o poder de mercado verificado no Aché é sua dominância em algumas classes terapêuticas quando comparado a outras companhias do mercado, podendo também utilizar sua força financeira para competir em preços, distribuição e forças de vendas. Esta categoria analítica gera valor na dinâmica do Aché em decorrência de outros resultados que são alcançados conforme pode ser verificado na descrição do Relatório Anual de 2008.

Na dimensão das economias financeiras, Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) enfatizam que a gestão de recursos internos pode gerar ganhos e diminuir os riscos, desta maneira constatou-se que o Laboratório Aché através da aquisição de outras empresas conseguiu gerar valor ao seu negócio, assim como investir em uma nova unidade industrial e alocar recursos em novos fármacos proporcionando resultados e competitividade satisfatória para esta companhia, além de revelar uma diversificação bem-sucedida, conforme afirma Hitt e outros (2008), pois ficou evidenciada a variação da lucratividade através de diferentes negócios.

Por outro lado, no Far-Manguinhos constata-se uma forte criação de valor com a aquisição de uma planta industrial melhorando sua capacidade produtiva e autonomia de produção em novos fármacos, no entanto, esta alocação de recursos fica totalmente dependente do governo.

Características interessantes identificadas no processo estabelecido das estratégias corporativas foram observadas nas duas companhias, que é o papel das unidades de negócios, pois essas apresentaram efeitos bastante positivos, permitindo uma análise pontual e ampla e um compartilhamento de atividades e questões centrais para um melhor desempenho.

Como é possível notar, o papel que essas duas empresas analisadas representam no cenário brasileiro, em contrapartida de até poucos anos atrás junto às transnacionais, tanto o Aché que está inserido entre os três principais laboratórios do ranking nacional quanto pelo mercado emergente e em ascensão econômica que o país vivencia, confirma-se que as estratégias implementadas têm gerado o efeito desejado. Na outra perspectiva, o Far-Manguinhos consegue reconhecimento internacional pela política pública de saúde no que tange às endemias e o tratamento da AIDS e pelo seu desenvolvimento de moléculas e a objetivação de

fazer do Brasil um país mais autônomo na pesquisa de desenvolvimento farmoquímico mundial.

Nesta proposição da adoção das estratégias, de acordo com Whittington (2002), “os estrategistas não podem ser astutos todo o tempo...”, no entanto, neste estudo, quando analisada a essência das competências, ambas as empresas têm muito o que desenvolver, no entanto, construir suas próprias estratégias e ganhos de valor e diminuir a replicação das estratégias internacionais pode favorecer a indústria nacional como um todo.

Tomando como conclusão que este estudo responde às perguntas de pesquisa e traz uma contribuição à literatura e ao conhecimento das organizações, ele também apresenta como limitação a sua não generalização, não esgotando todas as perspectivas de análises para os tipos e formas de estratégias de diversificação corporativas nas organizações.

À proposta para análises de futuros estudos no contexto da indústria farmacêutica cabem avaliações mais consistentes e aprofundadas, inclusive no campo do desenvolvimento e autonomia em nosso país que pode ter como sugestão a seguinte questão: Como as empresas nacionais estão fazendo para diminuir a dependência de insumos das multinacionais?

Outros estudos que podem ser levados em conta no desenvolvimento do tema seriam sobre qual é o papel que o governo deseja atingir na política de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no país para prover mais autonomia, e até que ponto os laboratórios nacionais conseguiriam resistir à pressão de aquisição dos laboratórios estrangeiros, já que o Brasil nos próximos anos tem uma previsão de crescimento bastante relevante.

Também é proposto neste trabalho para futuros estudos no que tange à pressão das multinacionais em desejar adquirir as empresas farmacêuticas brasileiras, e como o governo pretende atuar na política pública de maior desenvolvimento e autonomia no Brasil.

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ANEXO I

Política Vigente para a Regulamentação de Medicamentos no Brasil Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Realização

Gabinete do Diretor-Presidente

Núcleo de Assessoramento em Comunicação Social e Institucional - Comin/Anvisa E-mail: editora.comin@anvisa.gov.br

Projeto e Design Gráfico

Gerência de Comunicação Multimídia Impresso no Brasil

Permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Copyright © 2004. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

INTRODUÇÃO

Em acordo com a Política Nacional de Medicamentos do Ministério da Saúde e com a Lei de criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no ano de 2003, a Agência redefiniu as regras para o registro de medicamentos no Brasil e sua renovação. As mudanças se basearam nos seguintes pontos:

1. Reconhecimento de três categorias principais para o registro de medicamentos: homeopáticos, fitoterápicos e substâncias quimicamente definidas;

2. Verificação da qualidade quanto à reprodutibilidade (igualdade entre lotes), segurança e eficácia terapêutica dos medicamentos dentro das três categorias, por meio de comprovação laboratorial ou de estudos clínicos;

3. Controle da matéria-prima;

4. Redefinição das categorias de venda para medicamentos: isentos de prescrição médica, com prescrição médica e controlados;

5. Exigência da certificação de Boas Práticas de Fabricação para a concessão de registro para linha de produção de medicamentos;

6. Redução da assimetria de informação (diferenças dos níveis de informação na cadeia prescritor-farmácia-paciente) e aumento do controle sobre o direcionamento e conteúdo adequados da propaganda de medicamentos;

8. Participação nas estratégias que facilitam o acesso a medicamentos pela maioria da população;

9. Informatização e desburocratização do processo de registro e das alterações a. pós-registro;

10. Ampliação do monitoramento da qualidade dos medicamentos em a. comercialização;

11. Redução do número de associações irracionais (dois ou mais princípios ativos

que possam levar a um aumento da toxicidade sem aumento de eficácia; princípios ativos em quantidade insuficiente para atingir o efeito desejado ou em desacordo com guias de prática clínica);

12. Reforço na fiscalização quanto à utilização de nomes comerciais pelos fabricantes que possam induzir erros de prescrição e automedicação.

AS TRÊS CATEGORIAS

Cada categoria, por conta de suas especificidades, exige legislação própria. A Homeopatia afirma que os medicamentos têm propriedades terapêuticas produzidas por uma energia vital proveniente do processo de dinamização de extratos vegetais, animais ou minerais. A Fitoterapia entende que os extratos vegetais, compostos de substâncias produzidas pela natureza, são tão ou mais seguros e eficazes que os produzidos sinteticamente. A produção de medicamentos com substâncias quimicamente definidas faz uso da tecnologia de produção oriunda de sínteses químicas ou biológicas ou do isolamento de substâncias da natureza.

QUALIDADE

A inspeção nas linhas de produção de medicamentos é um meio para comprovar seu funcionamento em acordo com padrões que garantem a qualidade dos produtos. Na inspeção, a linha de produção deve estar condizente com a descrição detalhada do processo de produção e com as metodologias de controle de qualidade nas diferentes etapas. O perfi l de segurança e eficácia é obtido por meio da análise dos ensaios clínicos (fase 3) de produtos novos ou da revisão bibliográfica de utilização em diferentes subgrupos populacionais em produtos de uso tradicional.

Para as cópias, genéricos e similares, não há necessidade de repetir os ensaios clínicos (fase 3), desde que seja comprovada equivalência farmacêutica (teste in vitro, para comprovar que têm a mesma formulação) e bioequivalência (teste in vivo - biodisponibilidade relativa - para comprovar que têm a mesma absorção e distribuição na corrente sanguínea) para os que necessitam ser absorvidos pelo trato gastrintestinal. Os medicamentos de referência são aqueles que tiveram eficácia e segurança comprovadas por ensaio clínico de fase 3 (além de terem sido aprovados nas fases 1 e 2).

CONTROLE DA MATÉRIA-PRIMA

A qualidade das matérias-primas influencia na qualidade dos medicamentos.

As empresas devem certificar seus fornecedores para garantir a equivalência e a bioequivalência dos medicamentos que produzem. Se houver alterações no processo de fabricação de uma matéria-prima ou alteração de fornecedor, a equivalência farmacêutica e a bioequivalência podem ser comprometidas. A certificação de fornecedores e o controle de qualidade quando do recebimento da matéria-prima na empresa são itens inerentes às Boas Práticas de Fabricação.

A Anvisa vem certificando as indústrias nacionais de farmoquímicos que seguem as Boas Práticas de Fabricação, além de manter atualizado o regulamento técnico destes procedimentos. Um banco de dados com informações sobre produtos rejeitados em testes de qualidade está em construção para maior controle dos insumos. A Agência também investe em recursos nas pesquisas da Farmacopeia Brasileira para incremento da produção de padrões a serem utilizados em testes analíticos no País. Em complemento a isto, a atualização da denominação Comum Brasileira, para fins de publicação e utilização para a importação, permitirá conhecimento amplo e específico de quais matérias-primas estão entrando no Brasil. Essas informações se somarão às informações sobre quais matérias-primas são produzidas dentro do País. Este conjunto de medidas possibilitará a criação de um banco de dados que contenha a procedência e a qualificação do fornecedor.

Assim, haverá monitoramento de produtos específicos desde o momento de sua entrada no País, o que, em situações de risco sanitário, pode ser uma informação de fundamental relevância para tomadas de decisão pela Vigilância Sanitária.

CATEGORIA DE VENDA

Foi criada legislação específica para definição de medicamentos de venda sem prescrição a partir de uma lista que contempla três quesitos definidos a priori, e que os medicamentos devem preencher: grupo terapêutico, indicações terapêuticas e exceções.

Em função de um grande afluxo de propagandas de medicamentos que não estavam sujeitos à prescrição, porém de indicações terapêuticas cuja eficácia é controvertida, alguns medicamentos foram incluídos como de venda com prescrição médica. Exemplos: probióticos e antissépticos locais.

BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÂO E CONTROLE

Inspeções periódicas em linhas de produção no espaço fabril pela Vigilância Sanitária têm levado à modernização das linhas de produção e a uma maior capacidade de garantir a qualidade de medicamentos pelos fabricantes. Para fortalecer o cumprimento da legislação específica que trata das Boas Práticas de Fabricação e Controle, o registro de produtos somente será aprovado em caso de condições satisfatórias na última inspeção e com o pedido de certificação da linha inspecionada já protocolado na Anvisa, por parte da empresa.

ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO E FALSA PROPAGANDA

As bulas e rótulos são instrumentos de informação sobre medicamentos dirigidos aos pacientes, dispensadores e prescritores por parte da indústria. Estes instrumentos costumavam ser usados para fins de marketing e não havia controle por parte da Vigilância Sanitária sobre o conteúdo das bulas.

Este ano será lançado um Compêndio de Bulas de Medicamentos que suprirá a necessidade de informação para pacientes, dispensadores e prescritores. As informações que estavam presentes nas bulas dos medicamentos em seu país de origem, não poderão ser suprimidas. Similares e genéricos deverão seguir o conteúdo das bulas dos medicamentos de referência.

As propagandas diretas ao consumidor e aos prescritores vêm sendo monitoradas por meio de um convênio com universidades. Aqueles que violarem as leis atuais e divulgarem falsas informações estarão sujeitos a multas e processos judiciais.

A existência de um Compêndio de Bulas e de um Bulário Eletrônico, com conteúdo validado pela Vigilância Sanitária, em muito contribuirá para o aperfeiçoamento das ações de assistência farmacêutica, uma vez que haverá maior confiança nas informações.

CONTROLE DA VENDA DE MEDICAMENTOS COM TARJA PRETA

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