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CAPÍTULO 4 O EFEITO DO LOTE DE TRANSFERÊNCIA NA REDUÇÃO DO

4.5 Conclusões

Este capítulo teve como objetivo principal investigar o efeito do tamanho do lote de transferência e do tamanho do lote de produção em um ambiente flow shop desbalanceado. Especificamente, também foi um objetivo deste capítulo analisar se operar com grandes lotes de produção apenas no recurso gargalo juntamente com pequenos lotes de transferência ao longo da linha de produção é uma política que contribui para o lead time. Para esse fim, foi utilizada uma abordagem quantitativa que utilizou a modelagem e a simulação. Foram consideradas no modelo aqui utilizado as variáveis conhecidas por impactar o lead time, que são: i) tempo médio de setup; ii) taxa média de

defeitos; iii) tempo médio entre falhas; iv) tempo médio de reparo da máquina; v) variabilidade do tempo de processamento; vi) variabilidade do tempo entre as chegadas de ordens e vii) lote de transferência.

A questão de pesquisa a qual este capítulo se propôs a investigar foi explorada por meio da realização de simulações, considerando cinco diferentes cenários, a saber: i) cenário 1: pequenos lotes de transferência em toda a linha de produção; ii) cenário 2: pequenos lotes de produção na máquina gargalo; iii) cenário 3: pequenos lotes de produção em duas máquinas da linha; iv) cenário 4: redução do tempo de setup na máquina gargalo e v) cenário 5: teste da configuração proposta pela TOC. Os resultados obtidos nas simulações desses cenários foram comparados com o cenário inicial, onde o tamanho do lote de transferência era igual ao tamanho do lote de produção para toda a linha. Os resultados dessas comparações permitem destacas os seguintes pontos:

 A redução do lote de transferência em uma linha desbalanceada contribui para uma pequena redução no lead time. Por isso, é preciso primeiramente avaliar a relação custo/benefício de sua implantação de forma criteriosa, pois a mesma pode representar um esforço sem grandes resultados;

 A redução do tamanho do lote de produção apenas na máquina gargalo, aliada à redução do tamanho do lote de transferência em toda a linha proporciona reduções da ordem de 30% no lead time, mesmo quando todas as outras máquinas (não gargalo) operam com grandes tamanhos de lote de produção;

 Reduzir o tamanho do lote de produção na máquina gargalo e também na máquina anterior ou posterior a essa contribui para melhorias no lead time maiores do que apenas a redução obtida com a redução do lote de produção na máquina gargalo. Essa melhoria é incrementada com a redução do lote de transferência utilizado na linha. Tanto as melhorias (redução do tamanho do lote de transferência) realizadas na máquina anterior ao gargalo quanto àquelas realizadas na máquina posterior ao gargalo resultaram em reduções no lead time da ordem de 40%. Os resultados aqui obtidos para o lead time não mostraram diferença significativa entre essas duas situações;

 Operar a máquina gargalo com um tamanho lote de produção pequeno aliado à redução do tempo de setup neste recurso proporcionou melhorias de até 38,37%, quando o restante da linha operava com lotes de produção grandes e médios. A

redução do tempo de setup na máquina gargalo tem um efeito maior quando a linha opera com pequenos lotes de produção. Por exemplo, quando toda a linha utiliza um lote de produção e de transferência iguais a 30 peças, o lead time foi reduzido em 68,59%;

 Trabalhar com lotes de produção grandes no gargalo é uma política ruim do ponto de vista do lead time, mesmo quando pequenos lotes de transferência são utilizados ao longo da linha. Essa conclusão é válida para os dois tempos de setup testados no gargalo;

 Caso uma empresa não possa operar com tamanhos de lotes de produção pequenos em toda a linha e tiver que priorizar os recursos empregados na realização de melhorias a melhor alternativa, dentre as alternativas consideradas neste trabalho, seria adotar um tamanho do lote de produção pequeno no gargalo aliado a uma redução do tamanho do lote de transferência em toda a linha. A redução do tempo médio de setup apenas na máquina gargalo aliada a essa configuração proposta permite uma redução no lead

time um pouco maior (entre 7,73% e 10,19%).

A partir do que foi apresentado e discutido anteriormente, pode-se concluir que os objetivos propostos inicialmente foram cumpridos de forma satisfatória. No entanto, algumas limitações precisam ser consideradas: i) foram realizadas simulações apenas para um

flow shop com cinco máquinas, sendo que a máquina gargalo se encontrava na terceira

posição da linha. Mais simulações precisam ser realizadas para avaliar se a posição do gargalo na linha e/ou o tamanho da linha de produção alteram os resultados aqui apresentados; ii) os testes realizados foram de apenas uma amostra por cada combinação considerada nos cinco cenários. A inclusão de distribuições de variabilidade nas variáveis do chão-de-fábrica aqui consideradas poderia permitir a realização de uma amostra maior, permitindo a investigação estatística dos resultados obtidos. Seguindo essa linha de raciocínio, as reduções no tempo de

setup foram realizadas apenas no valor médio dessa variável. Estudos futuros podem ser

realizados alterando também o desvio padrão dessa variável; iii) os resultados aqui obtidos são restritos aos parâmetros considerados na modelagem da linha e nas simulações. Não sendo possível, portanto, realizar generalizações para cenários com outras ordens de grandeza e/ou configurações. O que os resultados aqui apresentados permitem é gerar insights que visaram indicar alguns caminhos para que gerentes de produção possam obter reduções no

lead time nos ambientes em que operam.

trabalhos futuros. A primeira se refere ao padrão de fluxo dos materiais e informações no ambiente produtivo. Neste trabalho, o fluxo na linha de produção foi considerado empurrado e nenhum sistema de coordenação de ordens foi utilizado. Como o tema tem uma forte interface com a TOC, futuros trabalhos poderiam contemplar a utilização do DBR, por exemplo, para a investigação do seu efeito no lead time. Também é importante destacar que as questões aqui estudadas, para um flow shop desbalanceado, podem ser exploradas em um ambiente jobshop.