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6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. Conclusões Gerais

A imagem que os atletas possuem dos seus treinadores, nomeadamente a percepção da qualidade da relação interpessoal é influenciada pelo estatuto do atleta mas não pelo escalão. Deste modo, confirmamos a nossa primeira hipótese, evidenciando que o facto de ser efectivo ou suplente determina diferenças na percepção da qualidade da relação interpessoal.

No que se refere à percepção da qualidade da relação treinador – atleta, esperávamos que existissem diferenças entre a forma como os treinadores e os atletas percepcionam essa relação. Estas diferenças só se verificam nos suplentes, o que confirma, apenas, alguns aspectos da hipótese formulada. Sendo a nossa hipótese inicial formulada sobre a totalidade dos atletas, sem diferenciar se eram titulares e suplentes, podemos dizer que existem diferenças globais. No entanto, numa análise mais fina, estas só se verificam para os suplentes.

Pretendíamos, também, verificar se a relação entre o comportamento funcional do treinador varia em função do estatuto, do escalão, e do resultado. Esta hipótese verifica-se na sua quase totalidade, pois, o comportamento funcional do treinador varia em função do estatuto e do escalão. Não varia, no entanto, em função do resultado.

Numa outra hipótese, procurou-se provar que os comportamentos afectivos dos treinadores também variavam em função do resultado, do estatuto e do escalão (e a sua interacção). Na realidade, assim acontece uma vez que os comportamentos afectivos dos treinadores modificam-se em função do estatuto, do escalão e da sua interacção, só não variando em função do resultado. O resultado das competições não parece, de facto, afectar o comportamento do treinador.

No que diz respeito aos comportamentos dos atletas formulámos a expectativa de que variariam em função do seu estatuto, do seu escalão do resultado de competição e da interacção entre eles. Mais uma vez, confirmamos, no essencial, esta hipótese, dado que os comportamentos dos atletas variam em função do estatuto e do escalão.

Também pretendíamos verificar se os comportamentos perturbadores dos atletas variavam em função do resultado da competição, do escalão, do seu estatuto e da interacção entre estas variáveis. Esta nossa hipótese é, também, confirmada, visto que os comportamentos perturbadores dos atletas variam em função do estatuto, do escalão, do resultado e das suas interacções.

O trabalho que nos dispomos a concluir tem, a nosso ver, implicações em várias direcções. No que se refere ao perfil da imagem dos treinadores e dos atletas importa reconhecer que o estatuto tem importância. Em função desta situação julgamos conveniente que exista, por parte dos treinadores, uma reflexão sobre o impacto do seu comportamento na percepção que os atletas têm de si, devendo chamar-se a atenção para o cuidado a ter na construção da sua imagem pessoal. Provavelmente, uma maior abertura para com os atletas, maior franqueza e a promoção da comunicação entre todos os intervenientes da equipa poderá moderar ou até equilibrar diferenças de percepção em termos da imagem que o treinador com impacto negativo na relação e em aspectos decisivos do treino.

Ao conhecer o tipo de relacionamento do treinador em função do estatuto, verificámos que existem diferenças no comportamento do treinador em função do facto dos atletas serem titulares ou suplentes. Esperamos que esta situação, reflectida na nossa amostra e segundo a nossa perspectiva, sirva a todos os treinadores de basquetebol e a todos os treinadores que, semanalmente, se dedicam tanto profissionalmente como com carácter amador, à direcção de tantos atletas das várias categorias. Consideramos que este dado deve servir de referência e de tema de reflexão, para que facilite a adopção de comportamentos mais inclusivos e não se deixem pressionar por factores externos que, como todos sabemos, existem e existirão sempre no nosso contexto desportivo.

Os treinadores, em geral, não modificaram o seu comportamento com os atletas, sejam estes titulares ou suplentes, em função do resultado atingido pelas equipas, ou seja, não existiu modificação no perfil comportamental dos treinadores após uma vitória ou uma derrota. Esta situação parece-nos positiva; sendo a derrota ou vitória parte do processo de treino e particularmente contingencial, variações significativas do comportamento do treinador em função deste contexto, parecem-nos pouco consistentes e desfavoráveis à boa condução do processo de treino.

Os treinadores têm um comportamento algo diferenciado em função de serem treinadores de equipas juniores ou seniores, isto é, existem diferenças de comportamento dos treinadores em função do escalão. No processo de treino, de uma perspectiva pedagógica e inclusivamente psicológica, consideramos que esta conclusão é positiva e é sinónimo que os treinadores estão conscientes que existem diferenças etárias que, algumas vezes, são sinónimo de diferentes anos de ligação dos atletas à modalidade, que têm forçosamente de ser encarados pelos treinadores de uma forma diferenciada.

Temos que enfatizar como um resultado que consideramos negativo, o facto de os treinadores possuírem comportamentos de afectividade diferenciados em função do estatuto, mostrando estes resultados que o nível de afectividade é algo superior para os atletas titulares. Estas diferenças de comportamento para com os suplentes devem ser modificadas, pois podem ter consequências negativas para o ambiente dos grupos de trabalho.

No que se refere aos comportamentos dos atletas, estes não alteram o seu comportamento em função do estatuto a que pertencem. De uma forma mais específica, podemos referir que, em termos de comportamentos inapropriados, os jogadores titulares apresentam um maior número de ocorrências

em relação aos suplentes. Julgamos que este facto acontece devido a alguma permissividade por parte dos treinadores, que não devem deixar que isto aconteça, independentemente do valor dos atletas.