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Os resultados obtidos permitiram contextualizá-los com outras áreas do conhecimento, como a botânica, a química e a agronomia, e foram trazidas à esta discussão, tornando-as fundamentais para o enriquecimento e multidisciplinaridade deste trabalho.

Os experimentos utilizando os traçadores para estudos qualitativos iniciais de translocação mostraram que o coqueiro é totalmente vascularizado e os feixes podem se comunicar em toda a sua extensão. Os resultados com a rodamina B foram mais evidentes que os com o azul brilhante FCF, já que a coloração da rodamina B foi mais fácil de ser visualizada, facilitando a contagem dos feixes corados/traçados. A translocação do traçador foi lenta e dependeu de importantes variáveis, como: a) estágio de saúde da planta; b) volume de irrigação; c) forma de aplicação, volume e tempo de injeção do traçador e d) condições climáticas e estação do ano. Os experimentos via raiz não foram eficientes para os estudos de translocação, pois observou que com este método seria necessária a reposição contínua de traçador, além do risco de contaminar o solo, caso houvesse qualquer descuido do operador. Esses resultados de campo contribuíram para o conhecimento do processo de translocação dos traçados e forneceram subsídios para as técnicas de aplicação de agrotóxicos.

O estudo de dissecação do coqueiro permitiu compreender a anatomia vascular do estipe e suas respectivas distribuições de feixes. Estas avaliações foram importantes devido à poucas informações na literatura para a elaboração de estratégias a serem adotadas nas coletas das amostras, para a compreensão de como são formados os feixes vasculares e suas distribuições no estipe, além do aprimoramento dos tratamentos endoterápicos voltado às necessidades do coqueiro.

A filotaxia que aborda a sequência de Fibonacci demonstrou que não há translocação sem transpiração. As folhas formam uma simetria e um padrão de 5 espirais e ao avaliar quaisquer duas folhas consecutivas do coqueiro, verifica-se que há entre elas um ângulo de

199 aproximadamente 137,5°, sendo que este fenômeno é conhecido como a sequência de Fibonacci. Nestas proporções, as folhas não se sobrepõem, facilitando a exposição solar, a sustentação dos cachos e, consequentemente, propiciando uma maior superfície de contato para estimular a evaporação e transpiração da seiva pelo processo da fotossíntese, princípio para a sua sobrevivência. Assim, a translocação dos agrotóxicos está diretamente ligada à transpiração proporcionada no arranjo de espirais das folhas.

É importante enfatizar a extensa aplicação de agrotóxicos na cocoicultura para controle das doenças e pragas. Os métodos para determinação dos agrotóxicos propostos neste trabalho para o estipe e frutos (água-de-coco e albúmen sólido) foram desenvolvidos, validados e aplicados, mostrando a capacidade de detecção/quantificação. Pelos resultados, concluiu que o método QuEChERS acetato modificado para a determinação de agrotóxicos em UHPLC-MS/MS, no estudo de translocação acropetal e avaliação dos frutos consumidos pode ser aplicado em análises de rotina, por atender as legislações e os parâmetros requeridos de validação de métodos cromatográficos.

Para o estipe, o método QuEChERS acetato modificado foi satisfatório para a extração de 10 dos 11 agrotóxicos avaliados. O mesmo método de extração foi empregado para extração dos agrotóxicos no albúmen sólido e na água-de-coco, com o diferencial na etapa de partição, na qual se congelou o sobrenadante por 5 min em gelo seco. Deste modo, foram extraídos/analisados 9 dos 11 agrotóxicos avaliados para cada um dos dois métodos desenvolvidos. Em todos os métodos, a extração do carbossulfano ficou comprometida devido à sua degradação, possivelmente, devido o ajuste de pH ao adicionar o ácido ácetico na acetonitrila durante a etapa de extração do QuEChERS. No albúmen sólido, não foi obtida recuperação satisfatória para o espirodiclofeno. Na água-de-coco, as recuperações do tiofanato-metílico excederam os valores estabelecidos na literatura para os três níveis de fortificação e não puderam ser validados. Também, não foi obtido o valor de recuperação esperado para o carbendazim entre 70 e 120%, mas ainda assim, devido à complexidade da água-de-coco, os valores estiveram na faixa de 50 a 120% com RSD ≤ 20%.

200 Ao utilizar a técnica UHPLC-ESI-(+)-MS/MS foram obtidos valores de recuperação para todos os analitos entre 59-120% e precisão (RSD) ≤ 20%. Os demais parâmetros, como a faixa linear, apresentaram valores de r² maiores de 0,99, a seletividade foi garantida, os limites de quantificação e detecção foram de 0,003 e 0,010 mg kg-1para o albúmen e a água de coco

e para o estipe 0,012 e 0,040 mg kg-1, respectivamente, atendendo a legislação brasileira

ANVISA, e para os agrotóxicos ainda não registrados na cocoicultura, concordaram com a legislação da União Europeia.

Foram analisadas os resíduos de agrotóxicos em 36 amostras de frutos colhidos, sendo 18 de água-de-coco e 18 de albúmen sólido de algumas regiões do Brasil, como Campinas- SP, Neópolis-SE e Goianésia-GO, e foram detectada a presença de contaminação por carbendazim, tiabendazol, carbofurano, ciproconazol e difenoconazol. Contudo, em todas as amostras analisadas, com base no LMR estabelecidos pela EU (< 10 µg kg-1), os agrotóxicos

estavam abaixo do limite de quantificação dos métodos. Notou-se que em frutos utilizando a pulverização, pode ocorrer a contaminação dos mesmos. A hipótese é que nesta modalidade, a aplicação de agrotóxicos é realizada diretamente nos cachos/ramos florais/frutos, diferente da endoterapia que depende da translocação do analito, em um sistema complexo de feixes vasculares até chegar ao fruto.

Foram testados dois diferentes tratamentos endoterápicos: a injeção e a infusão. A aplicação endoterápica tem a vantagem de superar a altura dos coqueiros e minimizar a exposição do contaminante ao meio ambiente e ao agricultor, principalmente em áreas com focos de doenças e pragas. Além de ter grande utilidade em regiões com altas incidências de chuva e/ou sol, protegendo assim o tratamento.

Os resultados do 1º Teste dos tratamentos de injeção e infusão foram promissores, apesar dos coqueiros estarem desnutridos, sem produção e com os estipes brocados. Constatou-se, nestes dois métodos de aplicação, que houve a translocação dos agrotóxicos, sendo detectados e/ou quantificados a 15 cm acima do ponto de aplicação. Durante a aplicação, observou-se que a réplica do equipamento de infusão desenvolvido no IQ-Unicamp