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Durante a realização do presente trabalho e principalmente na fase inicial de pesquisa pelo tema logística na construção, várias foram as dificuldades sentidas. A primeira dificuldade encontrada foi a existência de pouca bibliografia disponível para o tema, o que em primeira análise permite concluir que a importância da logística na construção tem sido subestimada ao longo dos tempos e utilizada apenas de modo a corresponder a necessidades imediatas. Porém e da pouca documentação que foi encontrada, a mesma teve como origem o Reino Unido ou países do norte da Europa como Suécia ou Noruega. De facto e tal como foi verificado, os sistemas logísticos mais eficientes e eficazes estão implementados em países mais desenvolvidos. No entanto foi também verificado, através de da leitura de relatórios e análises realizadas, que mesmo aí existe ainda um longo caminho que pode ser percorrido, melhorado e tornando cada vez mais eficiente a logística na construção.

O presente documento propôs-se também a estudar e apresentar Angola como país, a sua interação com o mundo da construção e fundamentalmente a relação da logística com o mercado da construção em Angola.

Na generalidade conseguiu perceber-se que Angola, após sair de uma guerra civil apresenta ritmos de construção observados apenas em outros países emergentes. No que diz respeito à sua economia, a mesma apresenta o maior crescimento a nível mundial, esperando-se que em 2014 esta seja a quinta maior no continente africano.

No que concerne à produção de bens no país, verificou-se que a execução de grandes obras apresenta uma elevada dependência de importação de materiais e equipamentos, constatando-se fulcral para qualquer empresa instalada em Angola que a mesma detenha no seu seio um sistema logístico eficaz, sob pena da perda de competitividade.

Com a análise do caso prático Luanda Towers, foi possível abordar, enquadrar e perceber todo o sistema logístico a verificar para a construção de um empreendimento do género localizado no centro de Luanda. Foi possível concluir que tudo deverá ser planeado e acima de tudo antecipado, sob pena de que os resultados obtidos sejam completamente diferentes dos desejados.

Com características completamente diferentes de qualquer país europeu, Angola no que concerne à construção, vê no quotidiano a necessidade de quantificar antecipadamente as necessidades de:

− Equipamentos; − Recursos Humanos; − Materiais.

Ficou assim claro que desde o primeiro dia o diretor de obra deverá estar focado em verificar, planear e monitorizar todo o sistema logístico de modo a garantir prazos, custos e qualidade.

Uma das preocupações em Angola é a problemática dos meios humanos a afetar à empreitada, o que, tal como apresentado, conduz à necessidade de um conhecimento da realidade nacional com padrões de assiduidade muito diferentes dos verificados em Portugal. Questões como períodos de ausências em épocas festivas ou taxas de absentismo, podem por em risco o sucesso de uma empreitada quanto aos prazos traçados para a sua execução caso não se tenham em consideração o aprovisionamento real de recursos humanos para a realização da obra.

Através do presente estudo verifica-se que cada trabalhador apresenta em média 4,6 faltas por mês, número que sobe para 10,25 no mês de dezembro. Para além do elevado absentismo constatou-se também que apenas um terço dos trabalhadores contratados mantêm o seu posto de trabalho para além de um ano.

Considerando-se o processo de estudo, obtenção e controlo de materiais, este verificou-se como o mais complexo de entre os três analisados, constituindo um desafio logístico dada a dependência à importação em Angola. Deste modo, verificou-se que a implementação de um sistema logístico integral e coordenado no núcleo de uma empresa leva à criação de procedimentos claros e coordenados entre si de modo a atender às particularidades das diversas variáveis na obtenção de materiais.

Uma das variáveis mais importantes no processo de importação são os tempos das cargas marítima e aérea. Tendo isso em mente, foram realizados dois estudos para a obra Luanda Towers considerando as durações das etapas intermédias. Os mesmos verificaram respetivamente 83 e 30 dias de tempo de importação para os casos de carga marítima e aérea, o que permitiu concluir que deverão ser adotados tempos de planeamento superiores a 120 e 45 dias respetivamente de modo a estabelecer um grau de confiança aceitável na entrega de materiais dentro dos prazos necessários.

Para além dos prazos, verificou-se que o processo na sua globalidade atende ainda a análises de custos-proveitos de modo a estabelecer um paralelismo entre o preconizado em fase de orçamentação e o efetivamente necessário em fase de produção.

No que diz respeito a custos com transportes e equipamentos, analisando os resultados obtidos, foi verificado que os mesmos rodam os 10,50% dos custos da empreitada, o que, ainda que mais baixos que os apresentados no Reino Unido (entre 10% e 20%) representam uma fatia importante e merecedora de uma análise atenta.

É ainda possível referir que Angola deverá seguir o caminho no qual deu passos nos últimos anos. A produção nacional deverá passar a ser cada vez mais uma realidade que, para além de permitir uma diminuição de preços, servirá também para a criação de uma rede de fornecimentos estratégica para o país. Esta deverá ser apoiada por uma rede interna de transportes e infraestruturas, a qual passando pela ferrovia e rodovia, aumentará a eficácia de todo o processo logístico em desenvolvimento.

Com respeito ao diretor de obra o mesmo deve ver a logística como uma ferramenta fundamental, num mundo cada vez mais global em que as questões logísticas são uma realidade extremamente necessária. As empresas, à imagem do que acontece em países mais desenvolvidos deverão apostar em equipas altamente vocacionadas para a logística, de modo a dar todo o acompanhamento e atenção necessárias que neste momento ainda é apenas assegurada pelos gestores de obra.

Com respeito aos objetivos inicialmente traçados para o presente trabalho, os mesmos foram alcançados, sendo de salientar que a logística se vê cada vez mais como um processo essencial no setor da construção, dispondo ainda de uma margem de progressão apreciável no seu desenvolvimento.