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CAPITULO VII – CONCLUSÃO

7.1. Conclusões da investigação empírica

No que respeita à questão central da investigação, identificam-se um conjunto de fatores em que assenta no sucesso dos grupos hoteleiros nacionais. Desde logo, o terem optado pelos ME e entre estes países/áreas que podemos considerar como pertencentes à BoP ou com um IDH médio. Apostam assim em mercados com potencial onde ainda não estão presentes de forma significativa as grandes cadeias internacionais. É uma estratégia que implica correr um certo risco mas que assenta na determinação que acredita no potencial de sucesso implícito que parece ajustada a pequenas cadeias originárias de um país pequeno. De entre estes mercados, destaca-se de forma clara os PALOP com todas as vantagens inerentes à proximidade de língua e afinidades culturais de varia ordem. Encaixa num posicionamento de tipo Uppsala mas o modo de entrada é maioritariamente o IDE, o que está relacionado com a necessidade imperiosa que estas empresas têm ao nível do controlo do serviço – é pois um processo de internalização da operação de tipo filial de produção. Salientamos ainda, a necessidade do trabalho em redes de cooperação mesmo com os concorrentes no sentido de ultrapassar limitações destes mercados como a inexistência de fornecedores diversos e fiáveis (como no aprovisionamento de alimentação e bebidas e animação) ou na escala de oferta junto de operadores. Acresce a colaboração com a comunidade local envolvente.

Os motivos para a internacionalização oscilam entre a diversificação do risco ou/de competências e a capacidade de crescimento dos mercados alvo. São fatores de diferenciação a origem (pertencer a um grupo português) e a qualidade do serviço que é reconhecida. Tendo começado pelos resort mais ligados à praia, hoje há uma diversificação para os hotéis de cidade, menos sazonais e mais rentáveis.

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Em relação aos aspetos negativos das regiões onde os hotéis estão inseridos, salienta-se nomeadamente a burocracia, a oferta de serviços de animação, a taxa de câmbio da moedas e a infraestrutura tecnológica e de comunicação. Claramente negativo, a legislação ambiental, os problemas de segurança e a saúde, a legislação laboral, a política de impostos e a disponibilidade de recursos humanos. A maior parte destes pontos fracos são espectáveis devido às características dos países na BoP ou próximo. Atualmente, a tendência será de melhoria.

O cliente é maioritariamente nacional dos mercados de implantação, limítrofes ou do país de origem da cadeia. Na distribuição, dominam os operadores seguidos das reservas das agências de viagens online ou tradicionais.

Em termos operacionais, predomina a adaptação às características da região/país onde o hotel está inserido, nomeadamente em aspetos como a restauração, espaços interiores e exteriores, decoração ou fardamento do pessoal. A standardização mantem- se no padrão de serviços e o apoio a partir de Portugal é mais visível na consultadoria e tecnologia. Dada a falta de disponibilidade de recursos humanos, a maioria das chefias são expatriadas de nacionalidade portuguesa. Quando abrem novas unidades são enviados de Portugal as denominadas “equipas de abertura” que iniciam a operação e o treino do staff até atingir o padrão de standard de funcionamento.

Em termos competitivos, os hotéis estão maioritariamente situados em destinos cujo ciclo se apresenta com boas perspetivas de crescimento e de retorno para os investimentos realizados. Logo, não admira que tenha sido identificado como provável a abertura de novas unidades concorrentes.

Quanto aos fatores influenciadores de sucesso dos grupos no cenário internacional podem referir-se: os fatores externos como localização e clima (recolheu a média mais alta de todos os itens analisados no trabalho e a única que não foi assinalada com valores negativos), o acesso a recursos naturais específicos dos países/regiões de acolhimento do investimento, a capacidade de crescimento do mercado, o relacionamento com as entidades políticas e governamentais; em termos termos específicos, a distância cultural próxima, o modo de entrada que permite o controlo da qualidade do serviço. Como fatores específicos às empresas, a capacidade de

diferenciação, a cooperação em rede, a qualidade do serviço e a origem portuguesa são alguns dos diferentes aspetos positivos passíveis de serem mencionados.

Em relação ao tempo de envolvimento internacional, a maioria dos grupos tem experiência internacional, pois estão no exterior há mais de oito anos (53% da amostra). Constata-se também, que os grupos têm como estratégia delineda para os próximos anos, o aumento da atividade internacional com principal incidência no setor da hotelaria onde predomina o Brasil como país recetor desse investimento.

Estando a presente pesquisa focada nos países emergentes e na base da pirâmide (reconhecido pelos baixo poder de compra dos consumidores), averiguamos que o clientes dos hotéis portugueses têm um poder de compra alto e pertencem à classe média, essencialmente em África. Estes dados leva-nos a pensar que estes mercados apresentam um potencial de crescimento, pois são caracterizados pelos milhares de potenciais de consumidores que estão na BoP (Prahalad, 2005), representam uma oportunidade de crescimento para os grupos portugueses, que têm como vantagem em relação aos restantes players hoteleiros, a língua, cultura e semelhança de identidade.

Em síntese, podemos afirmar que a internacionalização dos grupos hoteleiros portugueses têm vindo a percorrer um caminho específico próprio, que os diferencia das grandes cadeias internacionais. O percurso escolhido e as prudentes e seguras opções realizadas, em grande parte podem ser explicadas, pensamos, por serem originários de um pequeno mercado como o português. Todavia, o sucesso alcançado tem vindo a contribuir para que um número crescente de novos grupos se lance na aventura de internacionalização.

Esperamos que este nosso trabalho possa contribuir para um melhor conhecimento sobre este processo, pois ficar apenas no mercado doméstico pode ser um risco demasiado elevado nestes dias de globalização.