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CAPITULO III – INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE TURISMO

3.3. Internacionalização das empresas hoteleiras ibéricas

As empresas ibéricas têm aproveitado a modalidade IDE e os acordos contratuais (referidos anteriormente) para alargarem as suas atividades e aumentarem os seus ativos no exterior. A partir da década de sessenta, o setor de turismo converteu-se num dos grandes propulsores do desenvolvimento económico da Península Ibérica, desenvolvendo-se a atividade turística baseada no modelo de “sol e praia” (CEPAL, 2007). A Espanha aproveitou o desenvolvimento do turismo e as cadeias hoteleiras começaram a consolidar-se como o Sol Meliá, NH Hoteles, RIU Hotels, Barceló Hotels e Iberostar Hotels. Em Portugal desenvolveram-se alguns grupos hoteleiros31 como o Pestana, Vila Galé e o Espírito Santo.

Quando o mercado espanhol ficou saturado, com a excessiva exploração do litoral espanhol e preços elevados na mão de obra, as empresas ibéricas começaram a repetir no exterior a experiência desenvolvida no mercado doméstico, de maneira a gerar novas fontes de receitas. Começaram a apostar na América Latina e em países de língua espanhola (Cuba e República Dominicana) e só na década de noventa, decidiram expandir-se para os ME (Sul da Ásia, Médio Oriente, América do Sul, África e países da ex-União Soviética). Hörnicke et al. (2008), referem as estratégias de crescimento, a diversificação de risco, a proximidade com o cliente, o melhoramento da imagem e a redução de custos como as principais razões de internacionalização das empresas espanholas. No caso da hotelaria portuguesa, verifica-se uma preferência pelos países culturalmente próximos como os PALOP. As ligações culturais, históricas e linguísticas presentes até ao dia de hoje, apresentam-se como um dos principais motivos para a internacionalização das empresas portuguesas (Gama, 2011).

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Guedes e Olivares (2003) citam três características comuns no investimento ibérico: Portugal e Espanha focalizam a maioria dos seus investimentos em países subdesenvolvidos; esses investimentos concentram-se no setor dos serviços e comércio e têm como destino a América Latina (países com culturas e expressões ibéricas). Os autores, referem ainda que as empresas portuguesas, inicialmente investiam capitais nos PALOP por não desfrutarem de pontos fortes que lhes permitam projetar-se no exterior de forma competitiva. Esta é uma das razões pelo qual são obrigadas a optar por estratégias mais seletivas e procurar formas de cooperação. É neste contexto que aparece o Brasil32 como alternativa aos investimentos portugueses. Esta presença é visível na figura 3.3 que ilustra a localização das unidades hoteleiras portugueses no exterior, salientando-se a América do Sul e África.

Figura 3.2 - Localização dos grupos hoteleiros portugueses no exterior

Fonte: Elaboração própria.

Legenda: (*) O grupo Pestana abriu a 1 de agosto de 2013, o hotel Pestana Cayo Coco, em Cuba.

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Os investimentos verificaram-se, essencialmente na segunda metade da década de noventa, destacando- se o Nordeste do Brasil pelas seguintes razões: (1) terras a baixo preço; (2) clima excelente durante todo o ano; (3) facilidades de acesso; (4) aumento nº voos da TAP entre Brasil e Portugal e (5) idioma. Para Costa (2006) existem quatro fatores que justificam a opção do Brasil, tais como: potencial de crescimento e dimensão do mercado; aumento do volume de negócios e um mercado nacional insuficiente.

Brasil:

Pestana (9; Dorisol (1); Vila Galé (6) Porto Bay (3); Ênotel Hotels (1) ; Grupo Béltico (2); Grupo Tivoli (2) Lena Turismo (2); Oásis Atlântico (2) Dom Pedro Hotels (1)

Turquia:

Onyria Golf Resort (1)

Moçambique:

Grupo Luna (3); Pestana (3) Porto Bay (3); VIP Hotels (1) TD Hotels (3); Visabeira (6)

Europa - exceto Portugal:

Pestana (2) Sana (1) Cabo Verde: Pestana (3) Oásis (3) Marrocos: Pestana (1) Angola: Grupo Luna (3) Sana (3) TD Hotels (2) VIP Hotels (1) EUA:Pestana (1) África do Sul:Pestana (1) Colômbia: Pestana (1) (*) Cuba: Pestana (1) S. Tomé e Principe: Pestana (3) Venezuela: Pestana (1) Argentina: Pestana (1)

A empresa mais internacionalizada é o grupo Pestana que está presente em catorze países33, seguido do grupo Teixeira Duarte que opera em três países. Apesar do grupo Vila Galé ser a segunda maior cadeia hoteleira portuguesa, em termos de dimensão, está presente apenas no Brasil. O grupo Oásis Atlântico não opera em Portugal mas tem quatro hotéis em Cabo Verde e três no Brasil.

3.4. Síntese conclusiva

Neste capítulo foi possível observar a evolução e as principais estratégias de internacionalização da indústria hoteleira, evidenciando os motivos para a internacionalização e os principais modos de entrada. De entre as diversas modalidades existentes e disponíveis, os contratos de gestão e franchising têm sido os mais adotados pelas grandes empresas hoteleiras por envolverem custos baixos, destacando-se a forte presença dos grupos americanos como principais protagonistas e líderes dos rankings mundiais.

Estas estratégias adotadas permitem que as empresas estejam presentes em diversos países. A seleção dos países têm recaído preferencialmente nos países desenvolvidos, mas com a globalização dos mercados, verificou-se um aumento no número de presenças das companhais hoteleiras nas denominadas economias emergentes. Estes dados estão referidos no quadro seguinte.

Quadro 3.3 - Posição das grandes cadeias hoteleiras mundiais (2011)

Grupos País Ranking /

nº hoteis Ranking/ nº quartos Ranking /franchise Ranking/ management Ranking/ nº presenças

Whyndam EUA 1º Líder 4º Líder 1º Líder - 8º Líder

Choice EUA 2º Líder 6º Líder 2º Líder - -

IHG RUS 3º Líder 1º Líder 3º Líder 6º Líder 1º Líder

Accor FRA 4º Líder 5º Líder 6º Líder 4º Líder 4º Líder

Best Western EUA 5º Líder 8º Líder - - 1º Líder

Hilton EUA 6º Líder 3º Líder 4º Líder 10º Líder 5º Líder

Marriott EUA 7º Líder 2º Líder 5º Líder 1º Líder 7º Líder

Starwood EUA 11º Líder 7º Líder - 8º Líder 1º Líder

Home Inns CHN 9º Líder 10º Líder 9º Líder 2º Líder -

Shangai Jin CHN 10º Líder 9º Líder 10º Líder 9º Líder -

Fonte: Elaboração própria.

33 África do Sul, Cabo Verde, Marrocos, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Estados Unidos da América,

As cadeias hoteleiras ibéricas por sua vez, têm apostado num percurso diferente, preferindo a proximidade psicológica proporcionada pelo mercado dos países de língua espanhola e portuguesa, nomeadamente América Latina/Caraíbas e África, que fazem parte ou estão próximos da denomiada BoP. Este é pois um elemento crucial deste nosso estudo, pois pretendemos conhecer melhor esta realidade de escapa aos tradicionais estudos muito focados nas cadeias hoteleiras dos EUA ou da Europa.