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5.1. Principais conclusões

Novos tempos levam a que o tecido empresarial, público ou privado, seja confrontado com novos paradigmas. Hoje, a globalização e o aumento da competitividade afectam de forma directa ou indirecta praticamente todas as organizações. Tornou-se imprescindível ser-se eficiente e produtivo e, com isso, cada vez mais são as organizações que adoptam filosofias de MC como parte da cultura organizacional. Foi partindo deste princípio que definimos a nossa amostra limitando-a às organizações que implementavam de forma objectiva uma ferramenta de MC, o Kaizen.

Com esta informação, soubemos à partida que a nossa amostra era constituída por organizações cuja preocupação em evoluir o seu nível de competitividade era real e, como tal, procurámos entender de que forma essas mesmas organizações divulgavam a informação de forma voluntária acerca das temáticas da MC e da RS nos seus websites. Através da selecção da amostra, caracterizada no capítulo da metodologia, foi-nos possível obter uma amostra de 57 organizações que se dividira em 6 organizações públicas e 51 organizações privadas., em que 49 são grandes organizações e apenas 2 são PME’s. Face a estes números pode concluir-se que existe um padrão de comportamento no tipo de organização que é premiada pelo IK: as grandes organizações privadas. Estas são as que mais se dedicam à implementação da filosofia kaizen bem como à sua divulgação, representando cerca de 84% das organizações analisadas que divulgam informação sobre a MC e perto de 88% sobre a RS. Esta conclusão está alinhada com o estudo de Lang e Lundholm (1993), que colocam a hipótese da existência de uma maior divulgação em organizações e de maior dimensão, e também com Gamerschlag et al. (2011) que afirmam que a visibilidade da organização, característica das grandes organizações privadas, tem uma influência directa na motivação para a divulgação acerca da RS. No caso das organizações públicas, que também são definidas como grandes organizações, este número atinge os 100% das organizações fazem divulgação voluntária sobre qualquer uma das temáticas. Este resultado contradiz o estudo de Wang et al. (2008) que afirma que organizações públicas têm menos dependência externa e como tal, menos incentivos em divulgar voluntariamente informação para além da legalmente obrigatória. Também Bushman et al.

28 (2004) concluem que as organizações públicas não são, em geral, propensas a divulgar informação voluntária.

Quando observamos as PME’s, verificamos que apenas uma das organizações divulga informação. Aqui, entra como factor diferencial a dimensão da organização e consequente motivação e, sobre isso, o estudo de Gamerschlag et al. (2011) justifica que, quanto menor for a estrutura de stakeholders, menor será a necessidade de divulgação de informação. Sunarsih e Nurhikmah (2017) afirmaram no seu trabalho que cada organização ira fazer um balanço entre o custo e o benefício na divulgação de informação e que portanto não está relacionado com a dimensão da organização.

Neste estudo em concreto, concluímos que as organizações públicas apresentam um comportamento semelhante ao das grandes organizações privadas, aparentando dar tanta ou mais relevância à divulgação da informação. Aliás, como pudemos observar, na discussão dos resultados foi possível notar uma semelhança padrão de comportamento entre as organizações públicas e as grandes organizações privadas.

Sobre a PRO da informação, apenas as grandes organizações privadas apresentaram um comportamento diferente, de acordo com a temática em questão. Detectamos uma alteração na PRO da divulgação entre a MC e a RS, estando as grandes organizações privadas mais interessadas em promover um comportamento socialmente mais responsável.

As organizações de maior visibilidade, possivelmente por uma questão de escrutínio, estão sujeitas a uma maior pressão do que as organizações de menor visibilidade. Assim, o facto de estarem sob pressão, conduz essas organizações a apresentarem uma cultura mais responsável a nível social e consequentemente promover uma divulgação voluntária de informação mais constante sobre responsabilidade social. Esta conclusão foi também referenciada em estudos já realizados (Meek et al., 1995; Branco e Góis, 2013; Barako et al., 2006; Eng e Mak, 2003).

As conclusões apresentadas resultam de um estudo exploratório, que através de uma metodologia qualitativa e quantitativa, permitiu realizar uma análise de conteúdo dos websites da amostra definida e que se são concordantes com diversos estudos realizados.

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5.2. Principais contribuições

Academicamente este trabalho permitiu realizar um primeiro estudo de divulgação voluntária acerca da melhoria contínua. À semelhança da responsabilidade social também a melhoria contínua pode servir para as organizações como uma medida de diferenciação. O tecido empresarial pode verificar a importância da divulgação sobre a melhoria contínua para com os seus stakeholders dada a ligação que existe entre a melhoria contínua e a responsabilidade social.

5.3. Limitações

Sobre o estudo apresentado, bem como das conclusões que dele retiramos, devemos ter em conta algumas limitações

A primeira limitação deste estudo prende-se com a dimensão da amostra. Apesar de se ter utilizado uma amostra que permitiu a aplicação de técnicas não paramétricas de análise estatística, com uma amostra de dimensão superior teria sido possível a aplicação de testes estatísticos multivariados com outro poder de análise.

Inerente à dimensão da amostra, apresenta-se como limitação a dificuldade sentida na obtenção de informação acerca das organizações que praticam a filosofia da melhoria contínua. A inexistência de acesso a bases de dados com informação desta natureza, bem como a dificuldade em obter este tipo de dados a partir de entrevistas ou questionários, é uma dificuldade recorrente dos estudos de investigação sobre práticas nas organizações. Neste estudo compete notar como limitação a realização de estudo exploratório em que, a análise quantitativa da informação fica limitada e como tal, limita a discussão dos resultados.

Por último, é importante referir que os resultados e conclusões produzidos neste estudo são baseados exclusivamente na informação divulgada voluntariamente nos websites das organizações sem que se tenham confrontado as mesmas acerca da sua posição sobre o objecto de estudo desta tese.

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5.4. Sugestões para estudos futuros

Sugerimos para futuro que a amostra a utilizar seja alargada a um maior número de organizações que implementem a metodologia kaizen. Ainda, sugerimos que sejam realizados casos de estudo para avaliar o impacto percebido sobre a divulgação da melhoria contínua a par da responsabilidade social.

Sugerimos também a realização de estudo quantitativo alargado a mais stakeholders para avaliar se existe algum impacto sobre a divulgação a melhoria contínua e a sua percepção.

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