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Melhoria Contínua e Responsabilidade Social nas organizações - Uma análise exploratória da divulgação voluntária de informação

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Academic year: 2021

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MESTRADO

ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Melhoria Contínua e Responsabilidade

Social nas organizações

Uma análise exploratória da divulgação voluntária de informação

Diogo Augusto Rebelo Pereira Marquez

M

(2)

FA CU LD A D E D E E CO NO M IA

(3)

Melhoria Contínua e Responsabilidade Social nas organizações –

Uma análise exploratória da divulgação voluntária de informação

Diogo Augusto Rebelo Pereira Marquez

Dissertação

Mestrado em Economia e Administração de Empresas

Orientado por

Professora Doutora Catarina Judite Morais Delgado

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i

Agradecimentos

Terminar este trabalho representa, para mim, o encerramento de um ciclo académico e com ele quero aproveitar para me dirigir às pessoas que foram importantes durante este período Começo pela minha orientadora, Professora Doutora Catarina Delgado, sem a qual não teria tido as condições necessárias para realizar este trabalho. Em particular, quero agradecer toda a dedicação, todos os ensinamentos e toda a disponibilidade com que me orientou neste trabalho. Obrigado.

Aos meus colegas de faculdade, amigos que este mestrado me deu. Foram muitas as disciplinas, as horas, os exames, muitas coisas boas e alguns momentos difíceis. Não trocaria o vosso companheirismo e amizade por nada. Obrigado.

À Martifer, empresa que me acompanhou nesta etapa da minha vida e que muito contribuiu para que eu tivesse as condições necessárias para a realizar. Nela, agradecer a todos os meus companheiros que ao longo de 4 anos me apoiaram naquilo que precisei. Obrigado.

A todos os meus amigos, sem exceção, que em diferentes períodos me ajudaram nesta missão. Obrigado.

À minha família, estrutura nuclear de apoio nos meus projectos. Obrigado.

Ao Mike, um exemplo de vida, de força, de sucesso, um amor de irmão. Foram as tuas vitórias mas principalmente as tuas lutas, que serviram de motivação para que me mantivesse da mesma forma que comecei, motivado. Obrigado

À Tatiana, a minha companheira! Já é o segundo ciclo de estudos em que me acompanhas, neste ciclo de vida que partilho contigo. Foste e és fundamental no apoio que me dás e nas horas que me dedicas, Obrigado!

Ao Pedro, e pouco mais seria necessário dizer. Para poder descrever a importância que tens na minha vida, nas coisas que faço, teria de escrever outra dissertação. A felicidade que tive em ver-te terminar o teu ciclo de estudos foi de extrema importância para que pudesse também terminar o meu. Por tudo o resto, e muito mais, Obrigado!

Ao meu pai, importante pilar na minha vida. Sempre presente e sempre disponível. Contribuíste nas pequenas coisas que fizeram que eu sentisse que tinha todo o apoio para completar este desafio que foi realizar este mestrado, Obrigado!

Termino com a pessoa que, sem margem de dúvida, teve o papel mais importante em tudo. Mãe, a ti te dedico este trabalho. Na vida pessoal, na vida académica, na vida profissional, em todas as vidas que eu possa ter, foste, és e serás sempre o meu ídolo. OBRIGADO!

Este trabalho contou com o apoio do FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (programa COMPETE 2020) e da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do projeto POCI-01-0145-FEDER-031821.

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ii

Resumo

Novos paradigmas levam as organizações a adoptar estratégias de diferenciação para aumentarem a sua vantagem competitiva e gerirem as relações com os seus stakeholders (clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, credores, Estado, comunidades locais, activistas, grupos de interesse, etc.). A divulgação voluntária de informação sobre responsabilidade social, em relatórios de sustentabilidade, relatórios integrados e, mais recentemente nas suas páginas web e redes sociais, tem sido encarada, a par da divulgação de informação contabilística e financeira nos relatórios de conta, como um dos mais importantes instrumentos de comunicação das organizações com os seus stakeholders. Quanto mais a organização valorizar as práticas de responsabilidade social e, de acordo com a Teoria dos stakeholders, quanto mais importantes estes forem para as organizações, mais estas se esforçam para melhorar a sua relação com aqueles e mais investem na divulgação voluntária de informação sobre as suas iniciativas de responsabilidade social. A par com a responsabilidade social, as filosofias de melhoria contínua Kaizen/ Lean thinking, ao promoverem o aumento da eficiência das organizações, a redução de desperdícios e uma utilização mais eficiente dos recursos são simultaneamente instrumentos potenciadores da vantagem competitiva e responsabilidade ambiental/ social das organizações. Por esse motivo, algumas organizações começam a dar os primeiros passos de divulgação deste tipo de práticas/ iniciativas como forma de melhorar ainda mais as relações com os seus stakeholders. No entanto, esta é uma temática ainda não explorada quer na literatura de comunicação empresarial, quer na literatura de melhoria contínua. Com este estudo, pretende-se contribuir com uma primeira análise exploratória sobre este tipo de práticas de divulgação voluntária.

Um dos objectivos deste trabalho é analisar a forma com que as organizações, vencedoras de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen entre os anos 2010 e 2018, encaram a divulgação da melhoria contínua através do seu website. Outro objectivo deste trabalho é o de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática da responsabilidade social que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é normalmente considerada como um factor não produtivo e que implica custos para a organização. Por fim, pretende-se comparar de que forma as duas vertentes podem coexistir nas organizações na divulgação da informação e qual a importância dada a essa divulgação.

Para a realização deste estudo de carácter exploratório foi feita uma recolha de dados através de uma análise de conteúdo aos websites de 57 organizações onde, com recurso a uma metodologia qualitativa e quantitativa, procuramos responder aos objectivos propostos. Através dos nossos resultados podemos concluir que existe uma ligação entre a divulgação de informação e a dimensão das organizações e, ainda, pudemos observar uma importante diferença de comportamento na divulgação entre organizações privadas e públicas.

Palavras-Chave: melhoria contínua; responsabilidade social; divulgação voluntária de

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iii

Abstract

New paradigms lead organizations to adopt differentiation strategies to increase their competitive advantage and manage relationships with their stakeholders (clients, employees, suppliers, investors, creditors, state, local communities, activists, interest groups, etc.). The voluntary disclosure of information on social responsibility, sustainability reports, integrated reports and, more recently, on its web pages and social networks, has been seen, together with the disclosure of accounting and financial information in the account reports, as one of the most organizations and their stakeholders. The more the company values social responsibility practices and, according to stakeholder theory, the more important they are to organizations, the more they strive to improve their those and others invest in the voluntary disclosure of information about their social responsibility initiatives. Along with social responsibility, Kaizen / Lean thinking's philosophy of continuous improvement, by promoting increased organizational efficiency, waste reduction, and more efficient use of resources are both tools that enhance the competitive advantage and environmental / social responsibility of organizations. For this reason, some organizations are starting to take the first steps of disseminating this type of practices / initiatives as a way to further improve relations with their stakeholders. However, this is an issue not yet explored in both the business communication literature and the continuous improvement literature. With this study, we intend to contribute with a first exploratory analysis on this type of practices of voluntary disclosure.

One of the objectives of this work is to understand how the organizations, winners of prizes awarded by the Kaizen Institute between 2010 and 2018, consider disseminating the Continuous Improvement through its websites. Another objective of this work is to evaluate the relevance that the same organizations attribute to the theme of Social Responsibility, which, based on a sustainability perspective, is usually considered as a non-productive factor and that implies costs for the organizations. Finally, we intend to compare how the two aspects can coexist in the organizations in the dissemination of information and how important is this disclosure.

For the accomplishment of this exploratory study it was made a data collection through a content analysis to the websites of 57 organizations where, using a qualitative and quantitative methodology, we tried to answer the proposed objectives.

Through our results we can conclude that there is a link between the disclosure of information and the size of organizations and, also, we could observe an important difference of behavior in the disclosure between private and public organizations.

Key-Words: continuous improvement; social responsibility; voluntary corporate

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Índice

1. Introdução ... 1 1.1. Enquadramento Geral ... 1 1.2. Motivações e Objetivos ... 2 1.3. Estrutura da Tese ... 3 2. Revisão de literatura ... 4

2.1. Filosofia e Ferramentas de Melhoria Contínua ... 4

Cultura Kaizen ... 4 2.1.1. 5S’s ... 5 2.1.2. Gestão Visual ... 6 2.1.3. Padronização ... 6 2.1.4. 2.2. Divulgação Voluntária de Informação ... 7

Motivos da Divulgação Voluntária de Informação ... 7

2.2.1. Internet ... 9 2.2.2. 2.3. Responsabilidade Social ... 9 Definição ... 9 2.3.1. Divulgação da Responsabilidade ... 10 2.3.1. 2.4. Melhoria Contínua e Responsabilidade Social ... 11

3. Metodologia ... 12 3.1. Amostra ... 12 3.2. Recolha de Dados ... 14 3.3. Variáveis ... 15 Variáveis dependentes ... 15 3.3.1. Variáveis independentes ... 16 3.3.2. 3.4. Hipóteses de investigação ... 17 4. Resultados e discussão ... 19

4.1. Análise descritiva dos resultados ... 19

Melhoria Contínua ... 19

4.1.1. Responsabilidade Social ... 21

4.1.2. Melhoria Contínua e Responsabilidade Social ... 23

4.1.3. 4.2. Testes de hipóteses... 24

Análise bivariada ... 24

4.2.1. 4.3. Discussão dos resultados... 25

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5.1. Principais conclusões ... 27

5.2. Principais contribuições ... 29

5.3. Limitações ... 29

5.4. Sugestões para estudos futuros ... 30

6. Referências Bibliográficas ... 31

7. Anexos ... 34

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vi

Índice de Figuras

FIGURA 1–NÚMERO DE ORGANIZAÇÕES POR ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO 13 FIGURA 2 – NÚMERO DE ORGANIZAÇÕES POR ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO E IDADE MÉDIA, MÁXIMA E

MÍNIMA 13

FIGURA 3–RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO –MELHORIA

CONTÍNUA 19

FIGURA 4–RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A IDADE –MELHORIA CONTÍNUA 20 FIGURA 5–RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO –

MELHORIA CONTÍNUA 20

FIGURA 6–RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE –MELHORIA CONTÍNUA

21 FIGURA 7 – RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E O ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO –

RESPONSABILIDADE SOCIAL 21

FIGURA 8–RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A IDADE –RESPONSABILIDADE SOCIAL 22

FIGURA 9 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A

ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO –RESPONSABILIDADE SOCIAL 22

FIGURA 10 RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE –

RESPONSABILIDADE SOCIAL 23

FIGURA 11 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO –MELHORIA CONTÍNUA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 23

FIGURA 12– RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE –

MELHORIA CONTÍNUA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 24

FIGURA 13–TESTE QUI-QUADRADO DE PEARSON PARA H1–TIPO DE ORGANIZAÇÃO 24

FIGURA 14–TESTE QUI-QUADRADO DE PEARSON PARA H2–DIMENSÃO DA ORGANIZAÇÃO 24

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Lista de siglas, abreviaturas e acrónimos

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

IK Instituto Kaizen

MC Melhoria Contínua

PDCA Plan Do Check Act PDCS Plan Do Check Standardize PRO Proeminência

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento Geral

Numa época marcada pela globalização, em que a distância é por vezes ultrapassada por um clique e a área geográfica de influência é partilhada com organizações de diferentes continentes, deparamo-nos com novas formas de olhar o modelo empresarial. Neste contexto, as organizações são pressionadas a excederem-se e é através da diferenciação que muitas organizações procuram encontrar uma vantagem para com a sua concorrência. Cada vez mais, as organizações são forçadas a encontrar mecanismos para atingirem uma elevada eficiência operacional, bem como, em simultâneo, serem organizações socialmente responsáveis e cuja imagem seja positiva e resulte numa melhor reputação.

A necessidade do cliente final apresenta-se cada vez mais complexa, pelo que não apenas a organização tem de cumprir a sua missão de uma forma realmente eficiente como também de uma forma socialmente aceitável, promovendo desta forma os seus valores sociais e não apenas os económicos.

É com base neste paradigma que este trabalho exploratório se desenvolve, pelo facto de as organizações hoje terem a necessidade de serem extremamente produtivas, ou seja, com um grande enfoque no controlo de custos e, simultaneamente, estarem inseridas numa realidade onde a opinião pública se apresenta cada vez mais importante e por vezes tornando-se até limitadora da acção.

Um dos objectivos deste trabalho é analisar a forma com que as organizações, vencedoras de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen (IK) entre os anos 2010 e 2018, encaram a divulgação da filosofia de melhoria contínua (MC) através do seu website. As organizações premiadas pelo IK são organizações que apresentam uma preocupação para com os seus resultados, justificada pela integração da filosofia kaizen mas também com uma filosofia

lean, onde se procura reduzir o desperdício. Com base nesta ideia, outro objectivo deste

trabalho é o de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática da responsabilidade social (RS) que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é, normalmente, considerada com um factor não produtivo e que implica custos para a organização. Por fim, pretende-se comparar de que forma as duas vertentes podem coexistir nas organizações uma vez que, por um lado, existe a vertente

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económico-2 produtiva baseada em resultados directos e, por outro lado, existe uma vertente mais social, de preocupação com o ambiente, onde o seu benefício não é directo mas sim indirecto. Para atingir os objectivos, analisámos qualitativamente o website de 57 organizações, com diferentes características, examinando em primeiro lugar a existência de divulgação voluntária de informação e, no caso de existir, qual a proeminência (PRO) da informação de cada uma das categorias pretendidas.

1.2. Motivações e Objectivos

Durante bastante tempo, era através do relatório e contas que as organizações comunicavam com os seus stakeholders e, como tal, também uma grande parte dos estudos realizados tiveram como enfoque a informação disponível nesses mesmos relatórios. Hoje em dia a relação organização-stakeholder é mais dinâmica, havendo uma maior interação através do seu website e da informação lá partilhada.

As organizações são levadas a incorporar processos de melhoria contínua como forma de se tornarem sustentáveis a nível económico-financeiro. Por outro lado, o enfoque que actualmente se dá à noção de responsabilidade social e sustentabilidade torna as organizações mais vulneráveis a outros factores além dos directamente conectados com a parte económica. Noutras áreas tem sido estudado o impacto que essas formas de investimento não económico trazem para a organizações e de que forma tal impacto é percepcionado e divulgado.

A presente tese tem como objectivo analisar as práticas de divulgação voluntária de informação por parte das organizações reconhecidas como tendo um nível de excelência a nível da melhoria contínua. Um dos objectivos deste trabalho é analisar de que forma as organizações, vencedoras de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen entre os anos 2010 e 2018, encaram a divulgação da melhoria contínua através do seu website. Outro objectivo deste trabalho é o de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática da responsabilidade social que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é normalmente considerada como um factor não produtivo e que implica custos para a organização. Por fim, pretende-se comparar de que forma as duas vertentes podem coexistir nas organizações na divulgação da informação e qual a importância dada a essa divulgação.

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1.3. Estrutura da Tese

A presente tese está organizada em 5 capítulos.

No primeiro capítulo, será apresentado um enquadramento acerca do objecto de estudo, apontando as motivações e os objectivos pelos quais se irá desenvolver o trabalho.

No segundo capítulo, será feito um levantamento bibliográfico acerca da temática MC, com enfoque para a metodologia kaizen. Ainda neste capítulo, será estudada a temática da divulgação voluntária de informação e o papel que a Internet desempenha nesta área. Por fim, será feito um levantamento bibliográfico acerca da temática da RS bem como a motivação inerente à sua divulgação voluntária.

No capítulo seguinte, o terceiro, serão abordas questões de método qualitativo para o estudo exploratório realizado, critérios para a definição da amostra e recolha de dados. Ainda neste capítulo serão definidas as variáveis em estudo, as hipóteses a testar.

No quarto capítulo, serão apresentados os resultados obtidos da análise estatística realizada e apresentada a sua análise e discussão.

No quinto e último capítulo, serão apresentadas as conclusões obtidas, suportadas pelas limitações encontradas, apresentados os seus contributos académicos e empresariais e dadas sugestões para investigações futuras.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Filosofia e Ferramentas de Melhoria Contínua

Surgida como necessidade e não como opção, a MC, lean thinking, é uma filosofia de liderança e administração que tem como objectivos a eliminação do desperdício e a criação de valor (Pinto, 2009).

A criação de valor (Pinto, 2009) e o alcance da excelência (Coimbra, 2013), encontram no desperdício uma espécie de alvo e, portanto, isso torna o seu combate prioritário (Imai, 1997). O desperdício refere-se a todas as actividades que realizamos e que não acrescentam valor (Pinto, 2009). Valor é, na concepção de Pinto (2009), mais do que a compensação que recebemos do dinheiro dado em troca, valor é tudo aquilo que justifica a atenção, o tempo e o esforço que dedicamos a algo.

O desperdício leva naturalmente a que como resultado final quer os produtos quer os serviços obtenham um preço final relativamente desfasado do justo valor. Desta forma é fácil compreender que, quando outrem obtém os mesmos resultados a um custo inferior ou pelo mesmo custo obtém melhores resultados, iremos certamente ficar fora de mercado. A vantagem competitiva pode então ser medida pela relação entre o valor que uma organização cria e aquilo que a mesma pede por isso (Pinto, 2009).

Cultura Kaizen

2.1.1.

Quando abordamos uma metodologia lean está implícita a eliminação do desperdício, com o intuito de potenciar a rapidez e a flexibilidade dos processos, de forma a produzir os produtos e/ou fornecer os serviços necessários, quando necessário e na quantidade exigida (Arcidiacono et al., 2012).

A palavra kaizen tem origem na cultura japonesa e é resultado da associação de dois termo,

kai e zen, que traduzidos individualmente querem dizer mudar e melhor, respectivamente.

Quando se procura implementar uma produção lean, o kaizen torna-se parte central ao apresentar um conjunto de práticas e estratégias de baixo custo para implementar no local de trabalho, seja numa linha de produção ou num gabinete administrativo. Dividida num conjunto de pequenas tarefas que, como um todo, acrescentam valor, esta cultura de MC é

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5 traduzida pela máxima "hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje” (Imai, 1997).

Existem porém diversas teorias acerca da temática liderança mas na maioria elas apresentam duas consideráveis falhas. Por um lado, são desajustadas da realidade, por outro, não apresentam medidas exactas e concretas para se poderem atingir os esperados resultados. A metodologia distingue-se das demais existentes por colmatar essas limitações. Não só definem concretamente as acções necessárias para uma eficaz implementação, como são totalmente baseados em realidades simples acerca das pessoas, processos e desperdícios (Lareau, 2002).

O kaizen é um projecto de longo prazo e, como tal, não é algo que se espere implementar de um dia para o outro, nem cujos resultados se esperem a curto prazo. Porém, quando se consegue ultrapassar a inércia inicial e a filosofia kaizen fizer parte, os demais stakeholders acabam por aceitar que devem aprender diariamente a fazê-lo melhor, de uma forma contínua.

As ferramentas de MC que nos permitem atingir uma gestão lucrativa são as boas práticas de trabalho representadas suportadas pelos 5S’s, a eliminação de desperdícios e a padronização.

5S’s

2.1.2.

A filosofia 5S’s nasceu no Japão com as obras The 5 Pillars of the Visual Workplace de Hiroyuki Hirano (1995) e The 5S’s: The Five Keys to a Total Quality Environment de Taashi Osada (1991). A ferramenta nasce para organizar as zonas de trabalho e com isso obter melhorias na produtividade dos colaboradores. Com esta metodologia, espera-se uma redução de desperdícios, ou seja, toda e qualquer coisa que não acrescente valor ao trabalho.

A ferramenta é praticamente universal ao poder-se aplicar desde a uma secretária, a um computador, a um servidor ou até mesmo a um escritório inteiro. A sua implementação é baseada num conjunto de técnicas que se focam em arrumação e padronização organizacional que pretende melhorar a rentabilidade, aumentar a eficiência e segurança dos processos que contribuem para a redução do desperdício de todos os tipos.

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Gestão Visual

2.1.3.

Todas as situações que não decorram da melhor forma devem tornar-se visíveis. É com esta ideia que Imai (1997) defende que, para se tomarem as acções correctivas necessárias, é fundamental que os problemas estejam visíveis.

Existem diferentes formas de apresentar visualmente os problemas e Dennis (2007) considera importante o recurso a quadros, gráficos ou códigos de cores, permitindo que se aplique o triângulo de gestão visual onde a organização deve ver, saber e agir como um grupo. Como ferramentas frequentes da gestão visual temos o uso de imagens, gráficos de desempenho, classificação por cores (Liff e Posey, 2007).

Padronização

2.1.4.

De acordo com o abordado por Imai (2012), na filosofia kaizen é fulcral estabelecer o ciclo PDCA/PDCS (Plan Do Check Act/Plan Do Check Standardize) como um meio para manter e/ou melhorar rotinas, sendo um dos conceitos fundamentais do processo de melhoria contínua.

O ciclo PDCA/PDCS é descrito, resumidamente, da seguinte forma (Imai 2012):

 Plan – “P” do ciclo refere-se a “planear”. Nesta fase definem-se objectivos para uma área de melhoria e um plano de ação. Verifica-se qual a situação actual e analisa-se o possível impacto de possíveis ajustamentos no futuro.

 Do – O “D” do ciclo refere-se a “fazer”, onde se pretende que o plano seja executado em condições controladas através da implementação dos processos.

 Check – O “C” do ciclo refere-se a “monitorar e avaliar” os processos, bem como os resultados de acordo com o objectivo e as respectivas especificações.

 Act/Standardize – O “A” do ciclo refere-se a “normalizar” o processo ou utilizar a experiência como base para implementar novas melhorias.

De acordo com o estudo realizado, concluímos que existem ainda variadas ferramentas que poderão ser utilizadas para suportar o Lean, como por exemplo: Just in Time, Lean Six Sigma,

Total Quality Management, abordagem por sistemas, agile, filas de espera (Daultani et al., 2015).

Adicionalmente, Machado e Leitner (2010) indicam também outras ferramentas de medição de tempos que poderão ser utilizadas na filosofia kaisen.

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2.2. Divulgação Voluntária de Informação

A Informação pode ser explicada como sendo o “resultado da agregação e composição desses dados elementares, realizada de acordo com determinados objectivos. É a informação que fornece sentido aos dados de forma a obter descrições de acontecimentos, objectos ou situações” (Santos e Ramos, 2006).

Acerca da divulgação de informação, e em concreto para o trabalho em questão, importa analisar o conceito de divulgação voluntária-

Num conceito simples e de importante adequação, divulgação voluntária, como o próprio termo permite antecipar, consiste na divulgação daquilo que excede o que é legalmente obrigatório. Do ponto de vista empresarial podemos entender como sendo um instrumento que permite diversificar os motivos de interesse na organização.

Motivos da Divulgação Voluntária de Informação

2.2.1.

Os motivos que explicam a divulgação voluntária de informação das organizações têm sido estudados ao longo das últimas décadas e por vários autores.

Actualmente tem-se assistido a uma alteração no padrão da divulgação de informação e, como concluíram Branco e Góis (2013), a crescente preocupação do sector empresarial em divulgar mais informação do que a legalmente obrigatória é notória pelo facto de, para as organizações, a divulgação voluntária poder ser vista como um factor diferencial entre as mesmas.

Os relatórios que anualmente são apresentados pelas organizações são resultado das expectativas/exigências por parte dos seus stakeholders, no entanto, diferentes autores (Beyer

et al.,2010; Meek et al.,1995; Leuz e Wysocki, 2016) concluem que essa mesma informação

divulgada é afetada quer pelo que é legalmente obrigatório quer pelos benefícios quer ainda pelos custos associados à mesma.

Um factor implicitamente associado a essa divulgação é o do custo/benefício, ou seja, os decisores estão mais propensos a divulgarem a informação sempre que o benefício dessa mesma divulgação supere os seus custos associados como, por exemplo, os custos de propriedade, pois estes ocorrem quando a informação divulgada é potencialmente negativa para a organização. Sobre divulgação de informação, no âmbito da propriedade, Verrecchia

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8 (2001) defende que tanto a divulgação como a não divulgação de informação terão custos para a organização, pois é apenas do tipo informativa.

Além do sector onde a organização se insere, estudos realizados (Meek et al., 1995; Branco e Góis, 2013; Barako et al., 2006; Eng e Mak, 2003) concluem que organizações com maior dimensão são mais propensas a divulgarem mais informação quando comparadas com organizações mais pequenas. Esta relação positiva pode ser justificada pelos incentivos que organizações maiores possuem na divulgação de informação.

De certa forma relacionado com o anterior, Lang e Lundholm (1993) defenderam que existe uma relação positiva entre a divulgação de informação e o desempenho que as organizações obtêm em mercados financeiros, ou seja, organizações com presença em bolsa sentem maior necessidade nessa mesma divulgação.

Outro factor, controverso, para a divulgação de informação, é a rentabilidade de uma organização. Este factor não reúne um consenso quanto a sua validade, sendo difícil chegar a uma conclusão quanto à sua importância na divulgação voluntária de informação pois os resultados são contraditórios. Por um lado, Meek et al. (1995) e Wang et al. (2008) confirmam que as organizações com os melhores resultados apresentam voluntariamente mais informação, tendo como principal intuito o de se diferenciarem de outras menos rentáveis. Ainda, Lang e Lundholm (1993) colocaram a hipótese da existência de uma maior divulgação em organizações com maior rentabilidade e de maior dimensão. Contudo, por outro lado, outros estudos (Barako et al., 2006; Branco e Góis, 2013; Rouf e Harun, 2011; Eng e Mak, 2003) não permitiram que uma relação fosse considerada relevante entre a rentabilidade e a divulgação voluntária de informação.

Gamerschlag et al. (2011) são peremptórios ao afirmar que o motivo pelo qual as organizações divulgam informação sobre a RS é estritamente económico.

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Internet

2.2.2.

A Internet tem-se tornado cada vez mais importante para as organizações em termos de divulgação. Através da Internet é possível realizar uma divulgação para o público em geral e com isso aumentar a interacção entre a organização e os seus stakeholders. Por consequência, esta interacção proporciona à organização maior proximidade com os seus stakeholders. Também Alisson Clark (2000) ao referir-se à relação entre a organização e os stakeholders, conclui que a Internet é importante para essa comunicação sendo que o sucesso desta depende da participação dos stakeholders.

A divulgação da informação tem tido uma evolução semelhante à evolução dos meios de partilha de informação. Desta forma a Internet tem substituído os tradicionais meios de divulgação ao permitir que os stakeholders tenham acesso a um elevado número de informações acerca da organização. Mateus (2008) afirma que a Internet se tornou no meio de divulgação mais utilizado no sentido em que a mesma é realizada de uma forma mais eficaz e abrangente. Stuart e Jone (2004) vão mais longe afirmando que, com esta evolução, a Internet tornou-se indispensável ao funcionamento de uma organização.

Já no final dos anos 90, havia estudos que permitiam concluir que a Internet era já muito utilizada na divulgação voluntária de informação, em particular acerca do tema da responsabilidade social das organizações (Esrock e Leichty,1998). Ainda esse mesmo estudo levou os autores a concluírem que existe uma ligação entre a dimensão da organização e a divulgação sobre esse mesmo tema, a RS.

2.3. Responsabilidade Social

Definição

2.3.1.

A ligação entre a RS e as organizações começou a ganhar forma com o trabalho de Clark, em 1926, de onde resultou a teoria de que existe uma responsabilidade das organizações perante a sociedade. Algum trabalho foi desenvolvido nos anos seguintes, até que o assunto ganhou uma dimensão académica relevante, tendo o trabalho de Bowen (1953) contribuído para que o tema da RS começasse a ser objecto de estudo académico.

Bowen (1953) acrescenta à teoria de Clark (1926) que a RS é baseada num conjunto de políticas e decisões a serem tomadas pelas organizações em relação à sociedade da qual fazem parte; e Eells (1958), mais tarde, vem introduzir o conceito de filantropia no mundo

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10 empresarial. Por outro lado, Levitt (1958) conclui que este conceito implica para os accionistas um impacto negativo em relação aos resultados líquidos da organização, afectando os lucros gerados pelas mesmas.

McWilliams e Siegel (2001) introduzem uma conotação voluntária na correta definição de RS por parte das organizações, defendendo que apenas se pode considerar como RS as políticas que excedem os compromissos legais da organização.

Definições mais recentes de RS aproximam a sociedade da organização, tomando-a organização como um stakeholder da sociedade. Foi no estudo de Bakker et al. (2005), que foi reconhecida a importância que a sociedade tem para a organização e o quanto a percepção que a sociedade tem sobre a organização é importante para o funcionamento da mesma.

As diferentes definições que foram apresentadas ao longo dos anos reforçam a ideia da evolução do conceito e a forma como a responsabilidade se foi definindo no contexto empresarial.

Divulgação da Responsabilidade

2.3.1.

Como se pode entender no ponto anterior, a RS tornou-se em certa medida uma necessidade das organizações para com a sociedade por forma a serem melhor aceites pela mesma. Com esta necessidade vem o interesse em divulgar a RS que a organização pratica. Chaudhri e Wang (2007) analisaram, no seu estudo acerca da comunicação da RS nos websites, uma centena de organizações indianas de tecnologias de informação e verificaram que apenas um terço das organizações possuíam informação sobre o tema. Os motivos encontrados para este número dividem-se: por um lado, são explicados pela falta de interesse das organizações em abordarem o tema e, por outro lado, decorrem da decisão de comunicarem a responsabilidade através de outros mecanismos como, por exemplo, os relatórios anuais.

Quanto às organizações que divulgavam a informação, novamente verificou-se que um terço das mesmas possuía uma secção própria tendo as restantes a informação difundida nas secções generalistas do website.

Ainda neste estudo, Chaudhri e Wang (2007) retiram uma conclusão importante acerca da quantidade de informação divulgada acerca da RS, afirmando que o número de páginas não é por si só suficiente para definir a importância que a organização dá ao assunto.

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11

2.4. Melhoria Contínua e Responsabilidade Social

A relação entre a MC e a RS tem sido abordada por diversos autores com o objectivo de analisarem a relação entre duas realidades que, numa primeira análise podem ser consideradas antagónicas. A pressão económica que existe nas organizações, para que se alcancem os objectivos estabelecidos, levam as organizações a ter uma cultura muito forte no que concerne ao controlo dos seus custos e despesas, procurando obter uma relação custo/benefício de curto impacto (Bergman et al., 2007)

A relação entre as duas temáticas por vezes ocorre de forma não planeada em que uma leva à outra. No estudo de Bergmiller e McWright (2009) foi possível observar que organizações que implementaram metodologias de MC, tendo sido inclusive premiadas, tornaram-se de certa forma muito mais sustentáveis do que eram antes.

Sawhney et al. (2007) afirmaram no seu estudo que “é natural que o conceito de melhoria contínua, noção inerente de valor e o seu foco na eliminação sistemática de desperdício, encaixem na estratégica geral de sustentabilidade”.

Por seu turno, Savitz e Weber (2007) entendem que as organizações não deviam concentrar-se apenas na vertente económica do negócio mas considerarem no processo de decisão a importância dos seus stakeholders.

(22)

12

3. METODOLOGIA

Terminada a revisão de literatura, neste capítulo iremos apresentar a metodologia qualitativa e quantitativa utilizada, suportada pelas opções tomadas.

3.1. Amostra

Para seleccionar a amostra, realizámos uma pesquisa acerca das organizações premiadas pelo IK, entre os anos 2010 e 2018, nas diferentes categorias existentes. Esta análise permitiu-nos definir uma amostra inicial com 79 organizações.

Terminada a selecção das organizações, com base no critério apresentado, recorremos à base de dados SABI, uma base de dados que funciona como uma ferramenta de pesquisa avançada de dados onde é possível obter diversas informações sobre organizações portuguesas e espanholas.

Durante os meses de Junho, Julho e Agosto de 2019, procedemos à consulta de informação das 79 organizações que fazem parte da amostra inicial acerca à informação partilhada sobre a MC e a RS nos respectivos websites. Depois de efectuarmos a análise de todas as organizações foi necessário excluirmos as seguintes organizações:

 1 organização por não possuírem informação institucional;

 2 organizações por não possuírem website;

 2 organizações pelo facto de os websites serem vocacionados para a venda de produtos;

 4 organizações por apenas existir website o do grupo a que pertencem;

 13 organizações porque não constam na base de dados utilizada;

Desta forma, a nossa amostra reduziu-se para 57 organizações, que se dividem em 51 organizações privadas e 6 organizações públicas. Portanto, as organizações privadas representam 89,5% da amostra sendo estas ainda divididas de acordo com a sua dimensão em: grandes organizações e PME’s.

Para distinguirmos entre grandes organizações e PME’s, recorremos aos critérios do IAPMEI segundo os quais todas as organizações que empreguem menos de 250 pessoas e

(23)

13 cujo volume de negócios não ultrapasse os 50 milhões de euros são consideradas como PME’s (Gomes, 2012).

Figura 1 – Número de organizações por organização/dimensão

Como se pode observar na tabela acima, as grandes organizações e as organizações públicas, que segundo a definição do IAPMEI são todas grandes organizações, representam de 96,5%, sendo que dentro desta percentagem a predominância das organizações privadas é clara.

No tocante à caracterização da amostra importa ainda analisar de que forma as organizações se distribuem de acordo com a sua idade, sendo que a média total das idades das organizações da amostra é de aproximadamente 36 anos, tendo a mais recente 5 anos e a mais antiga 101 anos de existência.

Figura 2 – Número de organizações por organização/dimensão e idade média, máxima e mínima

A figura mostra que as grandes organizações privadas apresentam a maior média de idades, cerca de 39 anos, e as organizações públicas a mais baixa, na ordem dos 17 anos.

Organização | Dimensão Nº Organizações Percentagem

Organizações Públicas 6 10,5%

Grandes Organizações Privadas 49 86,0%

PME's 2 3,5%

Total 57 100%

Organização | Dimensão Nº Organizações Idade Média Idade Máx. Idade Min.

Organizações Públicas 6 17,33 45 8

Grandes Organizações Privadas 49 39,00 101 5

PME's 2 25,50 41 10

(24)

14

3.2. Recolha de Dados

A técnica de análise de conteúdo foi baseada na classificação da informação divulgada nas páginas web, em várias categorias de elementos (Correia, 2010), que incluem a temática da MC, da temática da RS e bem assim a relação entre ambas.

Sendo o estudo realizado um estudo de carácter exploratório, foi necessário aplicar a forma mais simples da análise de conteúdo (Gomes, 2012). Desta forma, detectou-se a presença ou ausência de informação acerca da temática da MC, da RS, bem como a relação entre ambos, tendo-se optado por verificar se, e de que forma, a informação sobre os temas referidos é divulgada nos websites das organizações analisadas.

O método de recolha de dados utilizado foi concebido com base nos métodos utilizados nos estudos de Chapple e Moon (2005), Chaudhri e Wang (2007) e Gomes (2012), tendo sido avaliados os seguintes aspetos:

1. Existência de informação acerca da MC;

2. PRO da informação acerca da MC no website da organização; 3. Existência de informação acerca da RS;

4. PRO da informação acerca da RS no website da organização; 5. Relação entre a MC e a RS;

Acerca da PRO da informação, verificámos onde era partilhada, mais especificamente, se havia uma secção ou página específica para a informação ou se a mesma era difundida de forma ligeira. Depois, como no estudo de Gomes (2012), avaliámos a existência de informação sobre a MC e a RS de cada uma das organizações que constituem amostra (página/secção dedicada e/ou diversos) como um factor de destaque da informação, isto é, como um indicador de PRO da comunicação. Considerámos que as organizações que possuíam uma secção dedicada à MC ou à RS eram aquelas que consideravam importante divulgar informação dessa natureza.

Para o nosso estudo, a recolha de dados foi realizada através da pesquisa e análise dos websites das 57 organizações da nossa amostra final. Na nossa amostra, como já referido, constam as organizações vencedoras dos prémios atribuídos, nas diferentes categorias, pelo IK, entre os anos de 2010 e 2018.

(25)

15 Cada um dos websites foi analisado para podermos verificar a existência ou não de informação sobre a MC, a RS, bem como na relação entre ambos. Para construir a nossa análise, atribuímos o valor de 1, quando existia divulgação de informação relativamente a essa temática, e o valor de 0, quando o website não fornecia qualquer tipo de informação sobre os aspectos observados. Esta abordagem é própria deste tipo de Análise de Conteúdos (Haniffa e Cooke; 2005, Gomes, 2012; Suwaidan et al., 2004). Ainda, analisámos a PRO de informação com relação à existência de uma página, secção e/ou relatório dedicados às temáticas em questão, sendo atribuído o valor de 0 quando residual, o valor de 1 quando regular e o valor 2 quando existia uma página/relatório dedicado.

Conforme anteriormente descrito, pelas limitações apresentadas, não nos foi possível verificar a qualidade da informação mas sim reconhecer se a organização divulgava alguma informação relevante dentro das categorias da MC e da RS, bem como avaliar a relação entre ambas (Correia, 2010). Contudo, esta limitação foi considerada aceitável por Campbell (2000).

3.3. Variáveis

Para realizar o estudo, foram definidos dois tipos de variáveis, as dependentes e as independentes.

Variáveis dependentes

3.3.1.

1. Existência de informação acerca da Melhoria Contínua

Esta variável refere-se à informação, divulgada voluntariamente, no website da organização. Como tal, utilizámos o valor 0, quando não encontramos informação, e o valor 1 quando existia informação.

2. Proeminência da informação acerca da Melhoria Contínua

Através desta variável foi possível avaliar a PRO da informação, considerando que a PRO é maior quando existe uma página dedicada. Assim, utilizámos o valor de 0 quando a informação era residual, o valor de 1 quando era regular e o valor 2 quando existia uma página/relatório dedicado.

(26)

16 À semelhança da variável 1, esta variável refere-se à informação, divulgada voluntariamente, no website da organização. Deste movo, utilizámos o valor 0, quando não encontramos informação, e o valor 1 quando existia informação.

4. Proeminência da informação acerca da Responsabilidade Social

Através desta variável foi possível avaliar a PRO da informação, considerando-se que a PRO é maior quando existe uma página dedicada. Portanto, utilizámos o valor 0 quando a informação era meramente residual, o valor de 1 quando a informação era regular e o valor 2 quando existia uma página/relatório dedicado.

5. Proeminência da informação acerca da relação entre Melhoria Contínua e Responsabilidade Social

Por último, esta variável permitiu-nos avaliar a relação entre a informação acerca da MC e da RS, tendo em conta que a PRO é maior quando existe informação direta acerca da relação entre as variáveis. Como tal, utilizámos o valor 0 quando a divulgação sobre a relação era inexistente, o valor 1 quando divulgação era ligeira e o valor 2 quando existia claramente uma divulgação acerca da relação entre ambas.

Variáveis independentes

3.3.2.

1. Organização – Pública ou Privada

Com esta variável diferenciamos se a organização é pública ou privada.

2. Dimensão

Na variável dimensão das organizações, dividimos as organizações em dois grupos: grandes organizações, quando o número de colaboradores era maior do que 250 pessoas ou o volume de facturação era superior a 50 milhões de euros e em PME’s as restantes.

3. Idade

Por último, diferenciamos a amostra através da idade, ou seja, o número aos anos desde a sua criação até ao ano de 2018. Fruto da variedade dos dados, e como forma de permitir avançar com a análise, convertemos o número de anos nas seguintes categorias: Grupo 1 - menos de 10 anos, Grupo 2 - entre 10 e 50 anos e Grupo 3 - mais de 50 anos (Gomes, 2012).

(27)

17

3.4. Hipóteses de investigação

Procurando alcançar os objectivos a que nos propusemos no início desta tese iremos formular um conjunto de hipóteses de estudo.

Uma das variáveis em estudo é o tipo de organização, se pública ou privada, e para essa variável formulamos as seguintes hipóteses:

H1|a: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H1|b: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H1|c: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H1|d: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H1|e: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade social. Outra variável em estudo é a dimensão organização, se grande organização ou PME e, para essa variável, formulamos as seguintes hipóteses:

H2|a: Existe uma relação entre a Dimensão da organização e a divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H2|b: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H2|c: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H2|d: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H2|e: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade social.

(28)

18 Por fim, analisamos a variável idade com o objectivo de entender de que forma a idade influência a divulgação no website de informação sobre os temas abordados e para tal formulamos as seguintes hipóteses:

H3|a: Existe uma relação entre a Idade da organização e a divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H3|b: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;

H3|c: Existe uma relação entre a Idade de organização e a divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H3|d: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;

H3|e: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade social. Na análise de hipóteses formuladas iremos recorrer aos testes não paramétricos Qui-Quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para analisar a relação entre as variáveis em estudo, procurando entender se existem relações de dependência.

Com base nos resultados obtidos iremos a avaliar a significância da relação entre as variáveis independentes e as variáveis dependentes.

(29)

19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado da aplicação da metodologia apresentada, os dados foram recolhidos através da análise de conteúdos realizada nos websites das organizações resultantes da amostra final. Estes resultados demonstram que existe um considerável nível de informação voluntária divulgada em que, em relação à temática da MC, a percentagem de organizações analisadas que divulgam informação é de cerca de 84% e, em relação à temática da RS, o valor aumenta para de cerca de 91%. No que concerne à relação entre as duas temáticas abordadas, o número de organizações a divulgarem informação é de cerca de 77%.

Sobre a PRO da informação divulgada, no que respeita a temática da MC, verificamos que cerca de 79% das organizações divulgam informação em diversos locais ou possuem uma página/secção dedicada. No caso da temática da RS, praticamente todas as organizações, cerca de 94%, divulgam informação em diversos locais ou possuem uma página/secção dedicada.

Por fim, das organizações que divulgam simultaneamente informação sobre ambas as temáticas, o número de organizações a divulgar a relação entre ambas é de cerca de 91%.

4.1. Análise descritiva dos resultados

Melhoria Contínua

4.1.1.

As tabelas que se seguem analisam a existência ou não de divulgação sobre as temáticas estudadas, a sua PRO e a relação entre ambas e comparam a relação com as variáveis independentes.

Sobre a temática da MC resultaram do estudo as seguintes quatro tabelas:

Figura 3 – Relação entre a existência de informação e a organização/dimensão – Melhoria Contínua

Valor 0 Valor 1 Total

Organizações Públicas 0 6 6

Grandes Organizações Privadas 8 41 49

PME's 1 1 2

Total 9 48 57

Existência de informação Organização | Dimensão

(30)

20 Da figura anterior podemos constatar que só no caso das grandes organizações privadas é que o número de organizações que divulgam informação é maior do que as que não divulgam e que, simultaneamente, as grandes organizações representam 96% do número total de organizações que divulgam informação acerca da temática da MC. Nesta análise, podemos observar todas as organizações públicas divulgam de forma voluntária a informação.

No que concerne à idade das organizações, é nas organizações do grupo 2, com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos, inclusive, que se apresenta a menor percentagem de organizações que divulgam informação, cerca de 70%.

Figura 4 – Relação entre a existência de informação e a idade – Melhoria Contínua

A análise da PRO da informação divulgada foi realizada apenas nas organizações que divulgam informação, o que neste caso em concreto abrange as 48 organizações que divulgam a informação.

Figura 5 – Relação entre a PRO da divulgação de informação e a organização /dimensão – Melhoria Contínua

Sobre a PRO da informação divulgada podemos constatar que uma em cada cinco organizações divulgam informação de forma ligeira. A maior concentração, cerca de 42%, foi verificada nas grandes organizações que divulgam a informação em diversos locais, sem

Valor 0 Valor 1 Total

Grupo 1 - < 10 anos 0 3 3

Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 8 32 40

Grupo 3 - > 50 anos 1 13 14

Total 9 48 57

Idade Existência de informação

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Organizações Públicas 0 1 5 6

Grandes Organizações Privadas 10 20 11 41

PME's 0 0 1 1

Total 10 21 17 48

(31)

21 página dedicada. Das 48 organizações analisadas, apenas 17, cerca de 1/3, divulgam a informação em página ou secção dedicadas à temática.

Figura 6 – Relação entre a PRO da divulgação de informação e a idade – Melhoria Contínua

É importante referirmos que as organizações que divulgam informação acerca da temática da MC, na sua maioria, divulgam-na de forma regular. Na relação estudada entre a idade das organizações e a PRO da divulgação, verifica-se uma concentração em relação às organizações do grupo 2.

Responsabilidade Social

4.1.2.

Sobre a temática da RS resultaram do estudo as seguintes quatro tabelas:

Figura 7 – Relação entre a existência de informação e o organização /dimensão – Responsabilidade Social

Da figura anterior, à semelhança do resultado da temática da MC, podemos observar que nenhuma PME divulga informação e que todas as organizações públicas divulgam não divulgam e que simultaneamente, as grandes organizações privadas representam 88 % das organizações que divulgam a informação. A única diferença a realçar são as 4 organizações que não divulgam informação sobre a temática da MC e que divulgam informação sobre esta temática.

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Grupo 1 - < 10 anos 1 1 1 3

Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 6 15 11 32

Grupo 3 - > 50 anos 3 5 5 13

Total 10 21 17 48

Idade Proeminência

Valor 0 Valor 1 Total

Organizações Públicas 0 6 6

Grandes Organizações Privadas 3 46 49

PME's 2 0 2

Total 5 52 57

(32)

22 Na relação estudada entre a idade das organizações e a PRO da divulgação, as organizações com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos, e acima de 50 anos, apresentam uma elevada percentagem de organizações que divulgam informação, ultrapassando os 92%. Ao analisarmos a variação entre as duas análises, verificamos que existe menos 1 organizações, com idade superior a 50 anos, a divulgar informação sobre este tema e existem mais 5 organizações, com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos, a divulgarem informação acerca da RS, quando comparadas com a divulgação da temática da MC.

Ainda assim, apesar da variação, podemos observar nesta análise que a percentagem de organizações que divulgam informação também aumenta com a idade.

Figura 8 – Relação entre a existência de informação e a idade – Responsabilidade Social

Como anteriormente, a análise da PRO da informação foi realizada apenas nas organizações que divulgam informação, o que neste caso em concreto abrange as 52 organizações que divulgam a informação.

Figura 9 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a organização/dimensão – Responsabilidade Social

Sobre a PRO da informação divulgada, as variações, face à outra temática estudada, são notórias. Podemos constatar que só duas organizações, apenas 6%, divulgam informação de forma ligeira, sendo que cerca de 77% das organizações, maioritariamente as grandes organizações, a divulgam em página dedicada.

Valor 0 Valor 1 Total

Grupo 1 - < 10 anos 1 2 3

Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 3 37 40

Grupo 3 - > 50 anos 1 13 14

Total 5 52 57

Idade Existência de informação

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Organizações Públicas 0 1 5 6

Grandes Organizações Privadas 3 8 35 46

PME's 0 0 0 0

Total 3 9 40 52

(33)

23

Figura 10 Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a idade – Responsabilidade Social

Observando a variável idade, no que se refere à PRO da informação divulgada, verifica-se que existe um compromisso elevado entre a divulgação de informação da temática e que esta é transversal a todos os grupos de idade.

Melhoria Contínua e Responsabilidade Social

4.1.3.

Sobre a relação entre ambas as temáticas estudadas, resultam do estudo as seguintes duas tabelas:

Figura 11 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a organização /dimensão – Melhoria Contínua e a Responsabilidade Social

A análise da PRO da informação foi realizada apenas nas organizações que divulgavam informação sobre as duas temáticas, o que neste caso em concreto nos restringiu a 44 organizações, cerca e 77% do total da amostra. Nesta análise, observamos que a maioria das organizações, cerca de 73%, divulga a relação entre as duas temáticas em diversos locais. Apenas 4 organizações, cerca de 9%, e todas grandes organizações privadas, é que não fazem qualquer divulgação da relação, apesar de divulgarem as duas temáticas.

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Grupo 1 - < 10 anos 0 0 2 2

Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 2 8 27 37

Grupo 3 - > 50 anos 1 1 11 13

Total 3 9 40 52

Idade Proeminência

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Organizações Públicas 0 6 0 6

Grandes Organizações Privadas 4 26 8 38

PME's 0 0 0 0

Total 4 32 8 44

(34)

24

Figura 12 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a idade – Melhoria Contínua e a Responsabilidade Social

No que concerne a relação entre a PRO da divulgação de informação e a idade, o comportamento das organizações é semelhante ao observado na análise sobre a temática da MC, ou seja, na sua maioria as organizações divulgam informação em diversos locais.

4.2. Testes de hipóteses

Análise bivariada

4.2.1.

Os dados recolhidos neste trabalho foram sujeitos a análises estatísticas com recurso ao programa informático IBM SPSS, versão 26. Foram realizadas análises estatísticas, com recurso a testes não-paramétricos – teste de Qui-Quadrado; teste de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Figura 13 – Teste Qui-quadrado de Pearson para H1 – Tipo de organização

Figura 14 – Teste Qui-quadrado de Pearson para H2 – Dimensão da organização

Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total

Grupo 1 - < 10 anos 0 2 0 2 Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 4 22 4 30 Grupo 3 - > 50 anos 0 8 4 12 Total 4 32 8 44 Idade Proeminência

H1a

H1b

H1c

H1d

H1e

Qui-Quadrado

1,257

7,024

0,645

0,429

2,605

p-value

0,262

0,030

0,422

0,807

0,272

H2a

H2b

H2c

H2d

H2e

Qui-Quadrado

1,824

1,862

21,556

NA

NA

p-value

0,177

0,394

<0,001

NA

NA

(35)

25

Figura 15 – Teste Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para H3 – Idade da organização

4.3. Discussão dos resultados

O presente estudo procurou analisar uma amostra de organizações, que se relacionam pela premiação obtida através da implementação de filosofias de melhoria contínua. Essas organizações possuem características diversas sendo que este estudo considerou como variáveis independentes de análise o Tipo, se privada ou pública, a Idade e a Dimensão. A recolha de dados seguiu um método concebido com base nos métodos utilizados nos estudos de Chapple e Moon (2005), Chaudhri e Wang (2007) e Gomes (2012), tendo sido avaliados os aspectos que definem as variáveis dependentes.

Para verificar a existência de relação entre a variável Tipo e as variáveis dependentes recorreu-se ao teste de Qui-Quadrado, sendo que apenas se verificou existir uma relação estatisticamente significativa entre Tipo de organização o e a PRO da divulgação no website de informação sobre melhoria contínua (p = 0.030) conforme Fig.13.

Através do teste de Qui-Quadrado, foi também analisada a relação entre a Dimensão das organizações e as variáveis dependentes, concluindo-se existir uma relação estatisticamente significativa entre Dimensão da organização o e a divulgação no website de informação sobre responsabilidade social (p < 0.001) conforme Fig.14. Não foi possível realizar o teste para as variáveis 4 e 5 uma vez que na amostra apenas existiam organizações com dimensão grande e como tal, tornou-se uma amostra constante.

Esta relação estatisticamente significativa entre a Dimensão da organização e a divulgação voluntária sobre responsabilidade social vai de encontro a autores como Gunardi, et al, (2016) Lu e Abeysekera (2014) e Van de Burgwal e Vieira (2014) que evidenciam que a dimensão da organização influência a divulgação de informação de caracter social. Por outro lado, Dias et al. (2019) no seu estudo sobre a divulgação acerca da responsabilidade

H3a

H3b

H3c

H3d

H3e

Mann-Whitney

265

168,5

Kruskall-Wallis

0,248

0,438

5,317

(36)

26 social, considerarem que as práticas utilizadas na divulgação da informação não estão relacionadas com a dimensão sendo que apenas quantidade de informação divulgada está positivamente relacionada com a dimensão da organização.

Por fim, não foi possível confirmar a relação entre a idade das organizações e a divulgação e a relação entre a idade das organizações e a proeminência da informação acerca da melhoria contínua e da responsabilidade social, o que não confirma o estudo feito por Waluyo (2017). Neste estudo verificou-se que a idade da organização tem um efeito significativo uma vez que devido à maior duração existe mais experiência na divulgação. Por outro lado, o resultado do teste está em acordo com os resultados de Gunawan et al. (2018) que não verifica também uma relação estatisticamente significativa entre a idade da organização e a divulgação de informação.

(37)

27

5. CONCLUSÕES

5.1. Principais conclusões

Novos tempos levam a que o tecido empresarial, público ou privado, seja confrontado com novos paradigmas. Hoje, a globalização e o aumento da competitividade afectam de forma directa ou indirecta praticamente todas as organizações. Tornou-se imprescindível ser-se eficiente e produtivo e, com isso, cada vez mais são as organizações que adoptam filosofias de MC como parte da cultura organizacional. Foi partindo deste princípio que definimos a nossa amostra limitando-a às organizações que implementavam de forma objectiva uma ferramenta de MC, o Kaizen.

Com esta informação, soubemos à partida que a nossa amostra era constituída por organizações cuja preocupação em evoluir o seu nível de competitividade era real e, como tal, procurámos entender de que forma essas mesmas organizações divulgavam a informação de forma voluntária acerca das temáticas da MC e da RS nos seus websites. Através da selecção da amostra, caracterizada no capítulo da metodologia, foi-nos possível obter uma amostra de 57 organizações que se dividira em 6 organizações públicas e 51 organizações privadas., em que 49 são grandes organizações e apenas 2 são PME’s. Face a estes números pode concluir-se que existe um padrão de comportamento no tipo de organização que é premiada pelo IK: as grandes organizações privadas. Estas são as que mais se dedicam à implementação da filosofia kaizen bem como à sua divulgação, representando cerca de 84% das organizações analisadas que divulgam informação sobre a MC e perto de 88% sobre a RS. Esta conclusão está alinhada com o estudo de Lang e Lundholm (1993), que colocam a hipótese da existência de uma maior divulgação em organizações e de maior dimensão, e também com Gamerschlag et al. (2011) que afirmam que a visibilidade da organização, característica das grandes organizações privadas, tem uma influência directa na motivação para a divulgação acerca da RS. No caso das organizações públicas, que também são definidas como grandes organizações, este número atinge os 100% das organizações fazem divulgação voluntária sobre qualquer uma das temáticas. Este resultado contradiz o estudo de Wang et al. (2008) que afirma que organizações públicas têm menos dependência externa e como tal, menos incentivos em divulgar voluntariamente informação para além da legalmente obrigatória. Também Bushman et al.

(38)

28 (2004) concluem que as organizações públicas não são, em geral, propensas a divulgar informação voluntária.

Quando observamos as PME’s, verificamos que apenas uma das organizações divulga informação. Aqui, entra como factor diferencial a dimensão da organização e consequente motivação e, sobre isso, o estudo de Gamerschlag et al. (2011) justifica que, quanto menor for a estrutura de stakeholders, menor será a necessidade de divulgação de informação. Sunarsih e Nurhikmah (2017) afirmaram no seu trabalho que cada organização ira fazer um balanço entre o custo e o benefício na divulgação de informação e que portanto não está relacionado com a dimensão da organização.

Neste estudo em concreto, concluímos que as organizações públicas apresentam um comportamento semelhante ao das grandes organizações privadas, aparentando dar tanta ou mais relevância à divulgação da informação. Aliás, como pudemos observar, na discussão dos resultados foi possível notar uma semelhança padrão de comportamento entre as organizações públicas e as grandes organizações privadas.

Sobre a PRO da informação, apenas as grandes organizações privadas apresentaram um comportamento diferente, de acordo com a temática em questão. Detectamos uma alteração na PRO da divulgação entre a MC e a RS, estando as grandes organizações privadas mais interessadas em promover um comportamento socialmente mais responsável.

As organizações de maior visibilidade, possivelmente por uma questão de escrutínio, estão sujeitas a uma maior pressão do que as organizações de menor visibilidade. Assim, o facto de estarem sob pressão, conduz essas organizações a apresentarem uma cultura mais responsável a nível social e consequentemente promover uma divulgação voluntária de informação mais constante sobre responsabilidade social. Esta conclusão foi também referenciada em estudos já realizados (Meek et al., 1995; Branco e Góis, 2013; Barako et al., 2006; Eng e Mak, 2003).

As conclusões apresentadas resultam de um estudo exploratório, que através de uma metodologia qualitativa e quantitativa, permitiu realizar uma análise de conteúdo dos websites da amostra definida e que se são concordantes com diversos estudos realizados.

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