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O processo de desenvolvimento local deve ser realizado com a participação de todos os atores da sociedade. Mesmo que muitos políticos tentem burocratizar o processo participativo para continuar atendendo seus interesses particulares e colocar a culpa dos problemas sobre a sociedade, terão que mudar de postura.

O poder público já não é o único responsável pelas políticas de desenvolvimento. A sociedade também está sendo responsabilizada, já que é ela que escolhe os dirigentes políticos e sofre as conseqüências da postura administrativa dos governantes.

Para estimular a participação, é necessário orientar os investimentos públicos muito mais em relações humanas do que em obras físicas. Quando se fala em envolvimento comunitário, quer-se entender a consolidação de relacionamentos, sejam eles entre pessoas ou organizações. Estes investimentos darão sustentação à superação dos conflitos sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais que surgirão em decorrência das mudanças promovidas.

As comunidades de hoje são invadidas diariamente pela mídia, mostrando desordem e desunião entre pessoas, povos e nações. Entretanto, ela não fundamenta a história das nossas comunidades. As gerações passadas não podiam depender essencialmente do poder público para desbravar o País, e por isso formavam grupos de trabalho para implementar a infra-estrutura necessária à sua

sobrevivência com qualidade de vida. Apesar do conceito de qualidade de vida atualmente ser diferente, o importante é a felicidade do ser humano.

Assim, ao levantar os fatores que podem influenciar a participação da comunidade no processo de desenvolvimento local no município catarinense de Rancho Queimado, o trabalho atingiu seu objetivo principal. Ao se caracterizar estes fatores dentro de uma relação de causa e efeito e, posteriormente, ao se desenvolver uma análise crítica sobre como é o processo de participação realizado com base nos conselhos de direito, se estão atingindo os objetivos específicos, já que com isso o trabalho oferece uma base para a realização de estudos sobre os fatores e/ou problemas que dificultam a participação comunitária em outros municípios e também um subsídio aos administradores municipais para promoverem a gestão do processo participativo em suas municipalidades.

Este trabalho mostra quatro fatores principais que podem influenciar diretamente o processo de participação: o sistema de governança; o conhecimento da realidade; a identificação das vantagens da participação e a organização da comunidade. Mas, para se potencializar o envolvimento comunitário, tem-se que agir sobre mais de uma centena de fatores. Por este motivo verificou-se que existe muita dificuldade e resistência para promover o processo de desenvolvimento local participativo.

O poder de transformação está nas pessoas que compõem a comunidade. Para tanto, é necessário que ela se organize, reivindique seus direitos, conheça seus deveres e responsabilidades, defina prioridades e construa uma visão compartilhada de futuro. A sociedade não pode continuar apática relativamente às ações que vão ao encontro aos seus interesses, sendo necessário estabelecer espírito de união, luta e trabalho para conseguir promover o desenvolvimento que ela deseja em detrimento dos interesses particulares de alguns grupos. O progresso deve ser conquistado, não adianta ficar esperando acontecer. A comunidade que se mantiver desmobilizada estará sendo espectadora do desenvolvimento com base nos interesses de poucos e manterá a cultura assistencialista e centralizadora, na qual poucos detêm o poder e priorizam as ações conforme seus interesses.

O processo participativo, baseado nos conselhos de direito, está mantendo sempre as mesmas pessoas ou grupos no poder e colocando a culpa dos problemas na sociedade. A forma como o processo está sendo conduzido gera cada vez mais

uma setorização da sociedade, o que se contrapõe às necessidades de discutir o desenvolvimento dentro da abrangência holística. Esta é uma forma de diluir o poder da sociedade e apenas mudar o sistema atual para um que classificamos de “Burocracia Participativa”. A complementaridade entre as diversas áreas compreendidas no processo de desenvolvimento acaba sendo observada em segundo plano ou então é deixada de lado. Na medida em que o processo é conduzido sem gerar resultados, acarreta descrédito e desmobilização.

A capacidade de ação dos municípios só voltará a se estabelecer se todos os atores trabalharem em conjunto e complementarmente. Para isto é necessário que a sociedade e o poder público sejam parceiros ativos na promoção de ações que contribuam efetivamente para o desenvolvimento almejado pela maioria da comunidade. O poder público está perdendo, cada vez mais, sua capacidade de resolução dos problemas de forma individual.

Ao se estimular a participação, se estará modificando o comportamento das pessoas e potencializando a capacidade de ação para obter melhores resultados, maior eficiência gerencial e motivar os recursos humanos. Para isso, é necessário enfrentar os problemas e implementar as soluções. Entretanto, os resultados ocorrem quando:

• os município e os atores nele contidos têm clareza quanto a suas prioridades;

• se admita correr riscos de forma controlada e com motivação, vislumbrando os possíveis resultados;

• haja delegação de poder, com definição de responsabilidades, disponibilizando os recursos adequados e com um mínimo aceitável de controle.

Assim, ficou demonstrado que desenvolver um processo de desenvolvimento local de maneira participativa é algo complexo e difícil, porém pode trazer excelentes resultados. Para conseguir êxito é importante estimular os cidadãos a ter a algumas virtudes, como o respeito ao próximo, saber ouvir, aceitar críticas, entender que em certos momentos existe a necessidade de ceder, ser paciente, pensar coletivamente,

doar-se como ser humano e muitas outras. Jamais existirá um método de envolvimento comunitário perfeito; o importante é que ele seja realizado com responsabilidade, buscando sempre a inclusão de mais atores, já que é normal existirem conflitos e resistências. Muitos só participarão quando virem resultados, porém, não se pode esperar que eles aconteçam para dar início ao processo.