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Pela análise das respostas, podemos considerar que acessamos uma amostra que representa uma parcela dos alunos de último ano de psicologia que inclui em suas reflexões e preocupações o compromisso do psicólogo com a realidade brasileira. Também percebemos que o próprio instrumento já foi um critério de exclusão de outros alunos que não tomassem esta questão como importante, pois se tratava de um questionário com questões abertas que solicitavam uma reflexão e posicionamento dos participantes. Consideramos assim que temos em nossa pesquisa uma amostra diferenciada e identificada com o debate do compromisso social. O próprio ato de participar desta pesquisa indica que lidamos com estudantes de psicologia que são comprometidos em algum nível com as questões sociais da realidade brasileira.

Consideramos importante destacar este aspecto, mas também importante afirmar que não o tomamos como um viés deste estudo, pois, identificada a questão, permite sabermos que estamos analisando um conjunto de futuros profissionais que tomam a questão da realidade brasileira como aspecto de preocupação, reflexão e estudo.

Ao caracterizarmos a amostra (Parte I) desta pesquisa, identificamos que, assim como os estudos sobre os profissionais da Psicologia realizados pelo CFP em 1988 e 2013 que apontaram, respectivamente, 87% e 89% da categoria formada por mulheres, nosso estudo também apresenta uma maioria feminina de, aproximadamente, 78%. Percebemos que esse

perfil da profissão é historicamente mantido e, há alguns anos, pauta do debate dentro da Psicologia brasileira.

Rosemberg (1984) pode ser considerada uma das pioneiras na discussão de gênero dentro da Psicologia. Em seu estudo “Afinal, por que somos tantas psicólogas?”, a autora relata que essa maioria feminina na Psicologia tem relação com a expansão universitária em nosso país. Porém, vai além ao discorrer acerca de como o reforço dos modelos sexuais tradicionais (sexistas) e a segregação ocupacional das mulheres em relação aos homens no mercado de trabalho justificam essa característica da profissão.

Apesar de ser uma profissão majoritariamente feminina, Bonassi e Muller (2013) levantam, a partir da leitura de diversos autores, que a mulher sofreu e sofre muita discriminação na história da Psicologia. Tanto no Brasil, quanto em outros países, essa discriminação pode ser comprovada, principalmente, na distribuição de cargos e remuneração. Diogo e Coutinho (2013) afirmam que as profissões tipicamente femininas, em sua maioria voltada ao cuidar, tendem a ser desvalorizadas em nossa sociedade.

Por ser uma profissão feminina, em uma sociedade sexista, a mulher psicóloga desde sempre sofreu preconceito. Rosemberg (1984) afirma a necessidade de um ajustamento dos cursos de formação repensando a sua condição de manutenção da ideologia sexista na profissão. Uma divisão mais igualitária do trabalho doméstico entre homens e mulheres é outro ponto que contribui para a emancipação feminina. Para tanto, Bonassi e Muller (2013) apontam para a necessidade de profundas mudanças sociais que possam repercutir e englobar as questões de uma profissão basicamente feminina.

Em relação ao gênero, identificamos na pesquisa que a autopercepção sobre sua cor/raça dos participantes se aproxima ao encontrado por Lhullier (2013). Em ambos os estudos, é encontrada uma maioria branca, e aqueles que se definiram pretos ou pardos estão sub- representados em relação à população brasileira. Vale ressaltar que a questão racial na categoria dos psicólogos é algo ainda pouco estudada pela própria psicologia.

Outro ponto importante que identificamos ao caracterizar a amostra desta pesquisa é que a maioria de 35,6% dos participantes escolhe a clínica como área/local de atuação. Para justificar tal resultado, devemos considerar que diversos autores que publicaram sobre a formação (BASTOS & GOMIDE, 1989; NEVES, 2008; BADARGI et al., 2008) apontam que a clínica é privilegiada nos currículos e criticam essa manutenção da clínica como área/local de atuação de preferência do psicólogo.

Faz-se relevante nessa discussão diferenciar clínica de modelo clínico. O modelo clínico remete ao fazer “tradicional” do psicólogo voltado ao indivíduo e estreitamente ligada

ao modelo médico (LO BIANCO et al., 1994). Este modelo se caracteriza por ser uma prática da psicologia individualizante, conservadora e patologizante e é limitado ao não considerar o homem como ser ativo, social e histórico (BOCK, 2002).

Por outro lado, entendemos que a clínica é uma prática da psicologia que produziu um grande reconhecimento da profissão. Essa prática não se limita aos consultórios e clínicas psicológicas. Assim, consideramos a clínica como estruturante da psicologia e, por isso, sua presença forte como escolha de atuação dos estudantes não deve ser cegamente criticada. A crítica contundente deve se dirigir ao modelo clínico que, muitas vezes, é utilizado em intervenções na escola, nas instituições, nos mais diversos locais. As respostas oferecidas pelos nossos sujeitos não nos permite concluir que adotam ou defendem um modelo clínico para o exercício na clínica.

Além da clínica, outras áreas tiveram presença significativa nas respostas dos participantes (vide tabela 16). Analisamos que isso se justifica pelo fato de que houve uma real ampliação dos campos de atuação do psicólogo no Brasil. Essa ampliação está presente nas diversas produções de referências técnicas para prática de psicólogas(os) realizados pelo CREPOP – Centro de Referência em Psicologia e Políticas Públicas.

Acrescentamos que essa maior presença da Psicologia em diferentes campos de atuação tenha relação ao reconhecimento social da profissão, comprovado, por exemplo, por sua inserção na equipe mínima da atenção básica no sistema penitenciário, CRAS, CAPS, NASF e CREAS. Assim, pelo fato de a ampliação de campo de atuação do psicólogo se tratar de uma realidade, ela se encontra refletida na formação e na escolha dos participantes dessa pesquisa.

Na segunda parte da pesquisa, solicitamos que os participantes citassem três que consideravam grandes questões sociais da realidade brasileira. De maneira geral, foi-nos apresentada uma grande diversidade de respostas sem que qualquer uma delas nos causasse estranhamento. No entanto, para analisar o quanto essas respostas estão coladas à realidade, utilizamos a publicação “Visão da realidade brasileira: A percepção dos conselheiros do CDES”, da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil e o Informe de 2013 da Corporación Latinobarómetro.

A primeira publicação se propõe a servir de subsídio na construção de uma Agenda Nacional de Desenvolvimento. O que nos interessa neste trabalho é o fato de ele sintetizar as opiniões dos conselheiros do CDES sobre os problemas mais relevantes do país. Foram apresentados pelos conselheiros onze problemas mais relevantes do Brasil. Entre eles, três

foram citados por nossos participantes, e os outros dizem respeito às questões econômicas específicas.

O informe da Corporación Latinobarómetro nos é valioso ao realizar uma pesquisa de opinião pública de amostra populacional representativa em 18 países da América Latina. Entre as questões, pergunta aos participantes qual é o problema mais importante do seu país. Em 2013, foram apresentados nove problemas mais importantes que tiverem mais de 3% de representatividade nas respostas. Destes, cinco convergem com as categorias produzidas por nós a partir das respostas dos participantes desta nossa pesquisa.

A categoria Educação, que apareceu em nossa pesquisa como mais apontada, também assume esta posição na visão dos conselheiros do CDES e ocupa o 3º lugar de maior problema do Brasil no informe da Corporación Latinobarómetro. A “Saúde”, que é o segundo lugar nesta pesquisa, surge como problema mais importante do país na opinião dos entrevistados pela Corporación Latinobarómetro e não aparece na visão dos conselheiros do CDES. Verificamos como terceiro problema deste trabalho a “Desigualdade Social”, esta categoria ocupa a segunda posição na visão dos conselheiros do CDES e não está presente no informe da Corporación Latinobarómetro. Outra categoria que converge entre as três pesquisas é a “Violência”.

A partir destas comparações, fica claro que os participantes dessa pesquisa caracterizaram bem as questões sociais do nosso país, acompanhando visões majoritárias e/ou referenciais. O interessante é como eles as consideraram, em sua maioria, como problemas foco da atuação da Psicologia. Consideramos que este resultado pode nos indicar que houve uma real mudança da concepção do fenômeno psicológico, como apontado por Bastos e Achcar (1994), do plano individual para o contexto sociocultural. Mudança essa que pode estar sendo influenciada pela emergência de novos campos de atuação para os psicólogos, que possibilita uma ampliação do que pode ser considerado objeto de estudo da psicologia e se reflete na formação.

Além de considerarem as questões como foco de atuação da psicologia, os participantes também descreveram de que forma o psicólogo pode atuar nesses problemas. Como resultado, tivemos uma boa diversidade de respostas. Surgiram intervenções tradicionais da psicologia, práticas relacionadas ao projeto de compromisso social, questões relacionadas à postura na e para uma atuação de qualidade e quais instituições ele deve estar inserido.

De forma geral, foi-nos apresentado um quadro amplo de possíveis práticas do psicólogo em relação à realidade brasileira. Assim como o anterior, esse dado nos aponta para uma ampliação de possibilidades das práticas do psicólogo que supera as atividades de maior incidência, afirmadas pelo Grupo de Trabalho Formação (2012), desde os anos 80: avaliação

psicológica, psicodiagnóstico e aplicação de testes. Não queremos afirmar com isso que essas atividades tradicionais estão tendo menos incidência na atuação dos psicólogos, mas que outras práticas se fazem presentes durante a formação como possibilidade de ação do profissional da Psicologia.

Na última parte do questionário, identificamos quais recursos os alunos, participantes da pesquisa, consideraram que os auxiliaram a lidar com as questões apontadas como problemas da realidade brasileira. A partir desta parte, foi possível analisar como as respostas apresentadas nas questões até aqui foram construídas.

O primeiro ponto que nos chama a atenção é de como foi apresentado um quadro tradicional da formação. Assumimos que isto pode ter sido induzido pela formulação da pergunta que apresentava alguns exemplos, mas é interessante como todos os participantes apontaram de forma fragmentada o tripé: ensino, pesquisa e extensão. Valle Cruces (2008) afirma que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão já estava presente nas propostas de formação de psicólogos desde o século passado e acrescenta que a importância dela se justifica, pois:

Na medida em que os graduandos em Psicologia sejam colocados em situações práticas sobre as quais tenham que levantar questões, coletar dados que lhes permitam responder às questões formuladas e preparar intervenções adequadas, avaliando-as posteriormente, acredita-se que serão capazes de construir ciência de boa qualidade; que se baseie em elementos teóricos sustentáveis, mas recria-os, reorganiza-os de acordo com as reais necessidades, ao invés de conformar com a realidade das teorias já elaboradas. Nesse movimento, que relaciona teoria, prática e pesquisa parece construir-se um verdadeiro profissional, capaz de lidar com as demandas que lhes são impostas, baseando-se em uma formação sustentável e de alta qualidade, que lhe permita fazer “boas” perguntas, para obter “boas” respostas. (p.251)

Entre os recursos de formação que foram citados pelos alunos, a categoria “Disciplinas” assumiu a primeira posição da tabela 21, sendo que quase 30% das disciplinas que foram citadas se referem à Psicologia Social ou Comunitária. Esse dado corrobora diversas pesquisas que apontam a fragilidade, mas também importância desta disciplina na formação do psicólogo (BORGES-ANDRADE, 1988; NICO & KOVAC, 2003; PAIVA & YAMAMOTO, 2010; RECHTMAN & CASTELAR, 2011) e nos faz reafirmar que as disciplinas de Psicologia Social são, de fato, importantes na formação do psicólogo, carregando um potencial crítico que pode contribuir significativamente para a adesão a um projeto de compromisso com as demandas sociais.

O “Estágio” foi o recurso de formação que ocupou o segundo lugar na nossa pesquisa e é tema muito presente nas pesquisas sobre formação no nosso país. Ele possibilita o contato com a realidade, a vivência da teoria estudada em sala de aula, e diversos autores apontam para

sua importância na formação (BADARGI et al., 2008; BOCK & GIANFALDONI, 2010; RECHTMAN & CASTELAR, 2011). Segundo CFP (2013): “o estágio é a etapa inicial do exercício profissional com supervisão, é a oportunidade do aprendizado na prática, é, portanto, o principal elo do exercício profissional com a formação” (p. 8). Essa afirmação nos remete ao defendido por Holanda (1997), de como a formação e profissão são um processo contínuo e devem ser entendidos como tal. Para além disso, a pesquisa nos mostra que é um espaço onde o aluno reconhece a contribuição para um exercício profissional voltado à realidade brasileira. Um fato importante acrescentarmos nesta reflexão, que parece contribuir na formação crítica e compromissada do psicólogo, é a mudança da clínica-escola para serviço-escola. Essa alteração reflete a ampliação da profissão, pois os serviços de psicologia, que se resumiam à clínica, surgem diversificados para outras possibilidades de estágio, o que contribui para o fortalecimento de novos campos de atuação do psicólogo.

O alto índice de respostas que apontavam o estágio como auxiliar na formação para lidar com a realidade brasileira pode se justificar, pois ele “oferece a possibilidade de problematizar a realidade, sendo espaço privilegiado para o exercício profissional supervisionado, para a intervenção em novos campos de atuação” (CFP, 2013, p.8). Basicamente, essa afirmação abrange praticamente todas as respostas dos participantes sobre como o estágio os auxiliou.

Na cartilha do CFP (2013), é apontada a importância do estágio para o levantamento de questões de pesquisa. A afirmação da importância da pesquisa na formação do psicólogo também está presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia (2004), quando coloca entre as competências consideradas necessárias ao psicólogo:

[...] identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta, e características da população-alvo; escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência; elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; apresentar trabalhos e discutir ideias em públicos; saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional(p. 8)

Consideramos importante questionar a baixa frequência da pesquisa como recurso de formação que auxilia a atuação com a realidade brasileira. Duas hipóteses podem ser colocadas: ou esses estudantes não reconhecem a pesquisa como um recurso auxiliador da profissão, indicando que mantêm separada a ciência e a profissão, ou a pesquisa não é difundida na formação, permitindo o acesso mais ampliado. Ambas as hipóteses devem ser motivo de preocupação dos formadores, pois, assim como Valle Cruces (2008), consideramos que o

ensino de qualidade coloca dúvidas, ensina a fazer perguntas e a buscar as respostas, não dando respostas prontas. A pesquisa é uma atividade que contribui para a problematização do conhecimento, sendo um recurso importante em uma formação crítica.

Outro dado que nos cabe analisar é em relação aos autores citados. Dos 28 autores que foram mencionados, apenas 9 deles são brasileiros. Isto indica que ainda temos em nossa formação uma presença pequena de autores que discutem nossa realidade. Consideramos, no entanto, interessante que autores de outras áreas (filosofia, pedagogia, sociologia, medicina e biologia) foram indicados; os dois autores com maior frequência nas indicações foram Michel Foucault e Paulo Freire, que apesar de muito utilizados pela Psicologia, não são psicólogos.

Essa variedade de autores e interdisciplinaridade são elementos muito importantes para a construção do conhecimento e, principalmente, compreensão do mundo. Bastos e Achcar (1994) já afirmavam que uma das transformações da prática dos psicólogos é a busca do conhecimento para embasar a prática se ampliar da unidisciplinaridade (estudo apenas da psicologia) para a multidisciplinaridade (contato com outras áreas).

Na parte final do questionário, reservada para serem feitas sugestões, ficou clara a demanda dos participantes por mais atividades práticas na formação. Esse resultado converge com o apontado por Valle Cruces (2008) ao afirmar que: “introduzir atividades práticas e de pesquisa, nas quais os alunos possam desenvolver habilidades necessárias a um bom profissional, vem sendo o desafio que se enfrenta nos cursos de formação, a fim de garantir qualidade e eficiência” (p.251). Além disso, é importante destacar que dois aspectos importantes das Diretrizes Curriculares Nacionais de 2004 não foram verificados nas respostas. O primeiro é a integração teoria e prática, que aparece nas respostas dos alunos como uma demanda ainda não suprida pela formação e a segunda seria a possibilidade de flexibilização do currículo tradicional e inovação dos cursos de formação, o que verificamos é que apesar de avançar nos conteúdos e práticas, estes não são reconhecidos pelos alunos como devidamente integrados e ainda funcionam no modelo tradicional de disciplinas, estágios, sala de aula etc.

De maneira geral, podemos perceber que as transformações da prática do psicólogo apontadas por Bastos e Achcar (1994), como indícios de transformações na direção de uma formação mais voltada para a sociedade, podem ser reconhecidas pelos estudantes em sua formação. Também é possível reconhecer avanços possibilitados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2004, que indica a importância do trabalho multidisciplinar, da promoção do bem estar coletivo, da implementação de mais espaços de estágios (estágios básicos) e da obrigatoriedade de atividades complementares, muito presente nas respostas dos sujeitos a partir das atividades extracurriculares.

Os sujeitos de nossa pesquisa parecem, assim, apontar para uma psicologia voltada à sociedade brasileira; uma profissão capaz de interferir nos problemas e urgências sociais a partir de seu conhecimento técnico e teórico. Reconhecem, na formação, vários espaços onde estas possibilidades estão sendo construídas. São teóricos, são professores, são conhecimentos, experiências, debates e reflexões, atividades diversas que formam um importante campo de formação crítica. O fato de reconhecerem estes espaços e indicarem sugestões para a melhoria da qualidade deve ser tomado como expressão da adesão ao projeto do compromisso social da psicologia. As dificuldades percebidas nas respostas, como a fragmentação do cenário da formação construído por eles, são, com certeza, reflexos ou expressões de um projeto em construção que carrega suas contradições e enfrenta o estabelecido pela tradição de uma psicologia constituída e desenvolvida “de costas para a realidade”.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação é o lugar da reprodução, mas também de superação, de conservar e também transformar.

O desafio da formação do psicólogo para a realidade brasileira é algo que deve ser tomado na sua complexidade e nas suas contradições. São quatro os principais aspectos que influenciam diretamente a formação. Primeiramente, temos que analisar as diretrizes curriculares em todos os seus limites e possibilidades. Em segundo lugar, faz-se necessário refletir e contextualizar a realidade do Ensino Superior de nosso país, da abertura desenfreada de cursos, da falta de espaço e incentivo para mudanças, das amarras econômicas e interesses privados. O currículo dos cursos é um terceiro aspecto importante para se refletir de forma concreta como funcionará essa formação. Por fim, pontuamos o papel dos professores que podem atuar pela mudança, mas também pela manutenção de determinada visão de psicologia. Sendo que todos esses aspectos são atravessados e dependem do embate político, da visão de psicólogo e da realidade econômica onde se está inserido, nossa reflexão demanda criticidade que possa articular todos estes aspectos.

Além disso, é preciso tomar a formação, a ciência e a profissão como indissociáveis; é preciso estudar a formação do psicólogo em todos os seus níveis e em todos os seus aspectos. É a partir da análise do que temos que é possível caminharmos para o que queremos. Esta pesquisa não nos possibilitou, por exemplo, analisar de forma mais profunda os currículos dos cursos ou sob qual concepção de fenômeno psicológico os professores estão trabalhando, aspectos de suma importância para analisar a formação.

Tomando a formação do psicólogo como um processo que se transforma com a realidade social, esta pesquisa nos possibilitou afirmar que o projeto do compromisso social está instalado (se instalando) e presente nos cursos de formação do psicólogo. Os formandos de último ano do curso sabem do que se trata e têm as suas interpretações ou posições sobre o

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