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Este estudo buscou verificar a ocorrência do efeito índice, ou retornos anormais, para as ações incluídas ou retriadas do Ibovespa no período 2003-2012. Não se encontra evidências de que ações incluídas possuem retornos anormalmente altos na data de entrada na carteira teórica do Ibovespa, apesar de serem negociadas a volumes anormalmente altos de negociação próximo e na data de efetivação da nova carteira. Entretanto, na data da primeira prévia da carteira os retornos verificados em D-1 e D+2 são positivos e significativos a 5%, confirmando a ocorrência do efeito índice. Ressalta- se que este efeito não permanece em observação que considera a janela de estimação em 252 dias anteriormente ao período de estimação que resulta na entrada do ativo. Uma constatação diferente ocorre quando se excluem da amostra as ações cujos IPOs ocorreram até três anos antes da entrada no Ibovespa, bem como aquelas ações cujos períodos de estimação ou entrada coincidem com o período mais crítico da crise dos mercados internacionais, entre o final de 2007 e final de 2008. Nesta nova amostra verifica-se o efeito índice para as ações estudadas, positivo para as adições ao Ibovespa, indicando a possibilidade de que o fenômeno do sucesso de mercado dos IPOs tenha afetado a ocorrência do Efeito índice no mercado acionário brasileiro no período, o que seria uma observação contrastante com as de períodos anteriores como SALAZAR (1997), PROCIANOY e VERDI (2006) para 1994-2006 e SERRA, LIMA, MARTELANC E SERRA (2010), para 1994-2009. As conclusões são coerentes com a hipótese de pressão de preços, onde o desequilíbrio momentâneo entre demanda por um ativo, aquele papel ingressante no Ibovespa, gera um incremento nos preços não explicado por seu valor fundamental. Este retorno anormal, medido no estudo de evento, não persiste ao longo do tempo, não desafiando a eficiência informacional do mercado. O beta diário médio de 1 ano da amostra no pós evento de inclusão ao Ibovespa aumenta 25% e o R-quadrado da regressão aumenta 66% sua força explicativa frente ao ano anterior, quando estas ações não faziam parte do Ibovespa, evidenciando uma possível variação do risco destas ações, persistente em 1 ano, coerente com a entrada no Ibovespa. Este resultado está de acordo com a literatura anterior que trata sobre o tema para o Ibovespa (CLAESSENS e YAFFFEH, 2013), que relatam para amostra entre 2001 e 2010 que o beta das ações incluídas no Ibovespa tende a aumentar e a covariar com maior força após a inclusão ao índice.

A não verificação de retornos anormais diários na amostra original de ingressantes contrasta com os volumes anormalmente altos de negociação, indicando que outras formas de medição do mesmo, como o CAPM, que não depende exclusivamente da relação ativo-mercado, que pode ter oscilado anormalmente em função dos IPOs e de sua relevância na amostra, poderia ser empregada em estudos futuros para estimar o efeito índice.

Não se encontram indícios de retornos anormais na data de saída das ações retiradas do Ibovespa, coerente com o encontrado por PROCIANOY e VERDI (2006). Entretanto, para a primeira prévia das saídas do Ibovespa, o efeito índice é verificado no retorno

anormal a 5% na janela D-2,D+2, mas não é relevante em dias específicos. O período entre D-22 e D+30 possui retorno anormal positivo, coerente com a hipótese de MERTON (1987) sobre o shadow cost, em que títulos que não são de conhecimento do mercado investidor pagariam um premio por este desconhecimento, e os ativos retriados do Ibovespa não perderiam seu valor por conta da visibilidade atingida por sua participação. Porém, dada a reduzida amostra disponível no período, somente 7 ações, mesmo que validados os resultados por teste não paramétrico, a impossibilidade de aplicação de teste paramétrio mais robusto prejudica a assertividade da conclusão. Os resultados quanto à avaliação do impacto da escolha de janelas de estimação coincidentes e não coincidentes com o período de estimação do Ibovespa são inconclusivos. De qualquer forma, encontram-se indícios de retornos anormais nos primeiros 22 dias após o início da janela de apuração de 252 dias para a apuração do índice, o que não condiz com a forma semiforte de eficiência de mercado. Apesar do exposto, os resultados de retornos anormais e volumes nas datas de efetivação e prévias não permitem questionar a eficiência do mercado acionário brasileiro, pois as variações de preço e volume encontradas, em especial nas datas de primeira prévia da amostra originalmente pesquisada, e o retorno anormal observado na amostra de ações que não realizaram IPOs até 3 anos de sua chegada à carteira do Ibovespa, são de natureza momentânea, não perene ao longo do tempo, coerente com a Hipótese de Pressão de Preços. São coerentes, também, com as considerações sobre as anomalias de mercado de FAMA (1998), para quem estas seriam voláteis em sua ocorrência, de natureza instável, desaparecendo seus efeitos ao longo do tempo. Entretanto, a divergência de resultados das amostras com e sem empresas que realizaram IPOs em três anos ou menos antes de sua entrada no Ibovespa reforçam o caráter restrito do mercado acionário brasileiro e sua volatilidade, ou risco, medido pela variabilidade do retorno dos ativos, ao longo do tempo. Outro elemento que pode ter contribuído é a crise dos mercados financeiros de 2007-2009. Esta, em especial, poderia ter afetado o retorno das ações incluídas ou excluídas do índice, e mesmo o comportamento do índice e do mercado de forma mais geral. Estudo valendo-se do CAPM como medida de retorno anormal poderia levantar questões complementares sobre como estes retornos se comportariam especialmente em períodos mais longos.

Este trabalho contribuiu para o estudo do mercado acionário brasileiro no passado recente. Novas pesquisas estendendo o estudo para períodos mais extensos e outras formas alternativas de medição do resultado anormal como o CAPM, poderiam ser propostas para pesquisas futuras. Estudos complementares também poderiam ser propostos para avaliar aspectos complementares da estrutura de mercado e potenciais variações significativas, em especial a cobertura de analistas, a variação do perfil de investidores (institucionais, estrangeiros e pessoas físicas) e de controle acionário. Valendo-se de análises de redes sociais para poder-se-ia também analisar as estruturas de decisão e governança das empresas pesquisadas na amostra para um melhor entendimento da relação entre este aspecto e outros elementos como reterno, volume, tanto no mercado a vista como de opções.

Outra linha passível de investigação, dada a relevância para a discussão sobre economia, meio ambiente e sociedade (BROWN, 2009, ELKINGTON, 1997) seria a avaliação de empresas ingressantes ou excluídas de índices de sustentabilidade empresarial, como o ISE (índice de sustentabilidade empresarial da Ibovespa), ou o Dow Jones Sustainability

Index (DJSI), bem como objetivamente o que estes indicadores buscam medir, como

apresentado por SCHWARTZ e CARROL (2008), o quadro de relações entre negócios e sociedade, no qual propõe integrar suas diversas correntes em três elementos chave: valor, equilíbrio e responsabilidade.

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