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Teorias explicativas identificadas para a ocorrência do efeito índice

2.4.1 Hipótese da Pressão de Preços (HPP)

A Hipótese de pressão de preços (HPP), inicialmente levantada por HARRIS E GUREL (1986), para explicar um aumento acelerado e de curto prazo logo após a inclusão das ações no índice, originado por uma limitação de liquidez (ELLIOT, VAN NESS, WALKER E WARR, 2006), rapidamente revertido à medida que a demanda adicional deixa de existir e o prêmio pago por tal demanda adicional (e consequente falta de liquidez disponível), deixa de ocorrer.

2.4.2 Curva de Demanda Decrescente do Ativo (CDD) ou se substituição perfeita.

A hipótese de curva de demanda agregada decrescente para o ativo (no orignial

downward sloping demand curve), ou CDD, em que, dado não haver um ativo

substituto perfeito (ou hipótese da substituição perfeita – HSP) para o ativo que se

busca, caso para o qual a curva de demanda seria perfeitamente horizontal e o preço inelástico, dada a demanda crescente o mercado estabelece novo ponto de equilíbrio de preço para o ativo para refletir esta nova demanda, tornando o efeito de aumento de preços uma situação que tenderia a permanecer no longo prazo.

2.4.3 Incremento de Liquidez ou Hipótese da Liquidez (HL)

A hipótese da liquidez, em que utiliza-se os argumentos originados por AMIHUD e MENDELSON (1986, 1993) para discutir o valor da disponibilização de liquidez do vendedor ao comprador, na forma de um prêmio de liquidez. À medida que os fundos de investimento passam a ter um papel relevante nos volumes de compra das ações que compõe os índices (para compor suas carteiras balanceadas pela cesta do índice em questão), a entrada de uma nova ação nesta carteira gera a expectativa de que a mesma sofrerá incremento de liquidez pelo excesso de demanda, alterando a diferença entre preço de oferta de compra e venda (bid ask spread).

2.4.4 Hipótese do conteúdo informacional (HCI) ou de certificação.

A hipótese do conteúdo informacional (HCI) considera a situação em que a entrada de uma ação no índice não é um evento neutro de informação por duas razões. Primeiramente, pelo fato de que a maior visibilidade deste ativo provoca maior cobertura de analistas e para o mercado. Segundo, provoca uma mudança de visão por parte dos analistas com relação às expectativas de geração de valor, medidas na previsão de geração de caixa trazida a valor presente, ou no ganho por ação, como apresentado por DENNIS, MACCONNELL, OVICHNNIKOV E YU (2003). ELLIOT, VAN NESS, WALKER E WARR (2006) denominam esta vertente de melhoria operacional (operating improvement), pois indica que a inclusão no índice enseja uma visão mais positiva sobre o desempenho da ação da empresa, comparada com seus pares no setor.

2.4.5 Sensibilização do Investidor (investor awareness)

Parte-se do conceito de investor awareness proposto por MERTON (1987) em que os investidores tendem a transacionar somente uma parte dos ativos de mercado,

consequentemente subotimizando sua diversificação, devido a suas limitações de percepção sobre a totalidade dos ativos disponíveis, e desta forma criando categorias de ativos em função destas limitações de visibilidade, ou seja o quanto os investidores são sensibilizados quanto à existência e consequente possibilidade de investir em determinado ativo disponível. Grupos de investidores tenderiam a transacionar aqueles ativos com os quais estariam mais acostumados, e tenderiam a cobrar um premio adicional por aqueles ativos dos quais não tem conhecimento, evidenciando uma assimetria informacional. Este portfólio subotimizado teria um risco de escolha, ou risco idiossincrático embutido, levando a um retorno inferior ao mercado devido à falta de diversificação e de informação incompleta. CHEN, NORONHA e SINGAL (2004) verificam que há uma assimetria na variação de preços entre as ações incluídas no S&P 500 e as excluídas, para o período pós-evento de inclusão ou exclusão. Enquanto as primeiras tendem a ter um aumento anormal de preços, as segundas tendem a ter uma redução de preços que somente é parcialmente revertido, indicando o conceito de

investor awareness proposto por MERTON (1987) como a melhor referência para

explicar tal fenômeno.ELLIOT, VAN NESS, WALKER e WARR (2006), em uma análise multivariada de cinco hipóteses concluem que o modelo que melhor explica o efeito índice do S&P500 é o do investor awareness, que implica em assimetria de informação pelos investidores frente aos ativos disponíveis no mercado, refletindo em um shadow cost para os ativos de pouca visibilidade.

2.4.6 Comovimento

Origina-se da visão de assimetria de informação sobre os ativos de MERTON (1987), o

investor awareness, porém foca a questão da seleção dos grupos de ativos pelos

investidores e suas razões de escolha, além do verificado em forma de preço e beta (VIJH, 1994 e BARBERIS e SHLEIFER, 2005). Esta relação é retomada por outros autores como CLAESSENS E YAFFEH (2013).

VIJH (1994) estuda o efeito que teria esta visão para o grupo de ativos dentro da carteira do S&P500 (on basket) se comparados ao grupo daqueles de fora da carteira (off

basket), comparados pela correlação positiva das variações de preço, beta mensal,

semanal e diário, internamente mais forte dentro de cada grupo do que externamente aos mesmos. Posteriormente, BARBERIS e SHLEIFER (2003) e BARBERIS, SHLEIFER e WUERGLER (2005) dariam uma explicação comportamental a este fenômeno denominado por eles de comovimento dos ativos, a partir da categorização das ações por grupos perceptuais, e as rupturas nos preços, como os que ocorrem nas inclusões ou exclusões do índice de ações, a partir da recategorização dos ativos pelos investidores. BARBERIS, SHLEIFER e WUERGLER (2005) associam o retorno anormal das ações adicionadas ao S&P500 ao conceito comovimento (comovement). Dentro do conceito de racionalidade dos mercados os comovimentos entre ativos poderiam ser explicados por variações correlacionadas positivamente a seus fundamentos, como retorno esperado, fluxos de caixa descontados.

Além do citado acima, os autores propõe comovimentos não tradicionais, baseados em categorias de ativos (category based) e de habitat. Os comovimentos baseados em categorias de ativos ocorreriam quando os agentes de mercado (investidores) agrupam ativos diferentes dentro de um mesmo grupo para efeito de investimento e utilizam tal categoria para transacionar, e deslocam-se entre estas classes de ativos. Os comovimentos de habitat ocorrem quando um grupo de investidores seleciona um conjunto de ativos para investimento e move-se para dentro (comprando) e para (vendendo) fora deste grupo de ativos em conjunto. Para GREENWOOD (2008), seriam ambos baseados na demanda, determinados pela ação ou percepção do investidor na seleção dos ativos. Tal comovimento seria acima do esperado pelos valores fundamentais.

Um segundo tipo de comovimento é aquele baseado na difusão da informação. Como esta não seria perfeita, trazer maior atenção a uma ação, como no caso da inclusão em um índice de mercado traria maior informação agregada, maior cobertura de analistas, maior liquidez e volume de transações, dando maior rapidez no fluxo de informações traduzidas no preço do ativo incluído.

Testam em seu trabalho cada um dos três tipos de comovimento com as entradas e saídas de ações do S&P500, pois este movimento, apesar de ser mudança concreta de categoria e de clientela (habitat), não altera os seus fundamentos. Verificam que o beta da ação e o R-quadrado aumentam frente ao índice quando entram no S&P500 e o beta em relação ao índice das demais ações cai. E o inverso acontece quando uma ação é excluída. Ou seja, estes indicadores passam a variar de forma correlacionada positivamente com os demais papéis componentes do índice.

Por outro lado, não comprova correlação entre o movimento de entrada e saída dos papéis, as variações de beta e R-quadrado e alterações significativas em seus fundamentos.

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