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CAPÍTULO V Propostas de melhoramento e recomendações para o percurso pedestre

5.4. Conclusões

O monte da Penha é um lugar único, cheio de esplendor, misticismo e magia que comporta um vasto conjunto de espaços, recantos e elementos de admirável interesse ambiental e cultural. Com indícios da sua ocupação pelo Homem a partir do Paleolítico, juntamente com pelo menos cinco séculos de história de constante transformação e adaptação, é um importante espaço para revelar eras históricas, património natural, cultural e paisagístico e ainda a fusão entre cultura urbana e rural.

Ao longo do monte da Penha podemos encontrar caminhos tradicionais e antigos entre ribeiros e charcos, onde montes e vales atuam como pequenas fronteiras de forma a evidenciar, surpreender e interagir com o turista/visitante, dando-lhe a possibilidade de viver experiências apelativas, únicas e enriquecedoras. Com a criação, em 2006, dos percursos PR1 – S. Torcato e os seus moinhos, PR2 – Rota da Citânia e PR3 – Rota da Penha, no âmbito da candidatura à Capital Europeia da Cultura, tornou-se possível proporcionar diversas experiências de descoberta adequadas a todos, fornecendo o contacto com a fauna, flora, geologia e paisagem que envolve cada um deles. Desta envolvência, surge uma harmonia entre todo o património existente, como é o caso do PR3, que enfatiza potencialidades locais e aspetos da própria identidade local.

Com a candidatura da CMG ao galardão de Capital Verde Europeia, foi necessário o próprio município superiorizar-se a si mesmo, de forma a conseguir atingir um nível de excelência nas mais diversas áreas que este processo comporta, além de haver uma maior evolução, um novo dinamismo e uma capacidade melhor de resposta/oferta ao turista. Para este trabalho foi então necessário recolher, analisar e interpretar todos os elementos e informações existentes do PR3 – Rota da Penha, para que fosse possível clarificar ideias para as possíveis propostas a apresentar. Sem dúvida que a experiência, o trabalho de campo e o contacto com o meio onde se pretende desenvolver um determinado trabalho, tornam-se uma mais-valia para o trabalho final.

Este trabalho tem como objetivo principal não só a concretização do novo Percurso de Natureza (PN) do Monte da Penha do ponto de vista do autor, tendo como atores principais a biodiversidade e o património cultural, mas também apresentar um conjunto de propostas e recomendações para a sua implementação. Deste modo, foi possível dar continuidade à nova Proposta para a Rede de Percursos de Natureza de Guimarães (Silva, 2018) que se revela de grande importância para a cidade de Guimarães e para todos os utilizadores deste espaço.

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Sendo um projeto dinâmico e focado, com cariz educacional, de sensibilização e proteção, era fundamental respeitar as normas ambientais e, de alguma forma, tentar minimizar o seu impacto. Por isso mesmo, foi decidido aproveitar-se o percurso já existente, o PR3, dando-lhe uma nova utilização e fulgor, enriquecendo-o com novos elementos que o vão potenciar, transformando-o no novo Percurso de Natureza do Monte da Penha, além de implementar recomendações ecologicamente corretas, visando sempre a proteção do meio ambiente para assegurar a sua continuidade.

As sete propostas apresentadas constituem um contributo para colocar a natureza ao serviço da qualidade de vida da população enquanto espaço para desenvolvimento de diversas atividades, lazer, desporto, dinamização económica, promoção turística, cariz educacional e histórica, mas também de conservação e proteção. Hoje em dia, com a prática comum de se usar Apps para todos os efeitos, não era de estranhar que ela tivesse de estar presente numa das propostas. A simples utilização da App NaturePenha (com inclusão de track de GPS) pode ser o início para a descoberta deste Percurso de Natureza à distância de um clique, uma vez que muitos destes percursos são ao mesmo tempo usados para a prática de caminhadas. Uma proposta de nova sinalética, com design inovador e eficaz, trará um novo conceito e imagem a este percurso de natureza.

Para além disso, com a introdução do Centro Interpretativo do Monte da Penha, que até à data não existe, a receção do turista/visitante será feita de uma forma mais profissional, com atenção e cuidado, de forma a criar-se instantaneamente um elo de ligação. É este ponto que deve ser encarado como o Portal de Entrada, onde uma primeira sensibilização e divulgação da nova oferta deve ser feita a quem visita o Novo Percurso de Natureza, de forma a potenciar uma fidelização do turista/visitante.

Como ofertas inovadoras de cariz educacional, além do Centro Interpretativo, aposta-se ainda no Laboratório da Biodiversidade e no Planetário Natural que ao estarem dentro de um espaço de excelência como o monte da Penha, permitem o contacto, a utilização e, acima de tudo, a aprendizagem da natureza de uma forma amiga do ambiente, com o mínimo de impacto. Como oferta de cariz histórico-educacional, é incluída uma Cápsula do Tempo com a finalidade de preservar e divulgar alguma história, identidade e cultura do monte da Penha e da cidade de Guimarães, para que futuras gerações possam dar continuidade a este legado. Por fim, com a criação e certificação da marca/selo Turismo Monte da Penha (TMP), é criada uma identidade definindo um conceito onde a história, a biodiversidade e o património cultural do monte da Penha sejam as bases para um novo arranque e nova forma de turismo neste local.

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Com a implementação destas propostas, espera-se que o novo Percurso de Natureza do PR3- Monte da Penha passe a ser verdadeiramente o portal de entrada para interpretação da biodiversidade e do património cultural existente. Neste espaço, o turista irá adquirir uma experiência única ao estar inserido numa paisagem de excelência, indo ao encontro de emoções num ambiente rural, usufruindo também de um encontro superficial com o meio urbano, onde o Centro Interpretativo faz essa distinta ligação entre esses “dois mundos”.

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Legislação

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- Decreto-Lei nº 108/2009 de 15 de Maio: estabelece as condições de acesso e de exercício da atividade das empresas de animação turística e dos operadores marítimo-turísticos. Diário da República, 1.ª série, nº 94, de 15 de maio de 2009

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