• Nenhum resultado encontrado

Dos praticantes desportivos que participaram nos Jogos Olímpicos 80% eram do sexo masculino e se considerarmos apenas as modalidades individuais esse valor foi de 73%.

1. Torna-se necessário estudar esta problemática, que não envolve apenas a participação feminina olímpica, envolve a generalidade da participação desportiva feminina. Sugere-se a implementação de incentivos à participação desportiva feminina, majorados nas modalidades em melhores condições de sucesso na competição internacional.

Atendendo às idades dos praticantes desportivos que participaram nos Jogos Olímpicos, nas modalidades individuais o segmento que maior número de praticantes levou foi o dos 26-30 anos com 23 praticantes, que correspondem a 36% dos praticantes desportivos, seguido do segmento dos 21-25 anos com 15 praticantes, que correspondem a 23%. O segmento mais jovem, até aos 20 anos levou 10 praticantes desportivos, o que corresponde a 16% dos praticantes das modalidades individuais.

2. Parece-nos necessário, de acordo com as idades do auge desportivo de cada especialidade ou prova, reflectir sobre a articulação do Projecto Esperanças Olímpicas com os Programas de Alta Competição das federações desportivas com vista a assegurar os incentivos - sobretudo aqueles que conduzem à motivação intrínseca dos praticantes - bem como as plenas condições de preparação nas idades mais adequadas. O objectivo é desenvolver a ambição necessária através da continuidade da preparação desportiva até escalões etários absolutos.

Dos 82 praticantes desportivos que participaram nos Jogos Olímpicos, 53 integravam o Projecto Atenas nesse momento. Para apurar 35 praticantes de modalidades individuais e 1 equipa de modalidades colectivas foi necessário conceder apoios para a preparação desportiva a 156 praticantes, facto que manifesta uma taxa de ineficiência, em termos de número de praticantes, de 78%. Ou seja 78% dos praticantes desportivos que integraram o Projecto Atenas não chegaram a participar nos Jogos Olímpicos, integrados nesse Projecto. Pode afirmar-se mesmo que em cada 10 praticantes que integraram o Projecto Atenas, apenas 4 conseguiram a qualificação para os Jogos Olímpicos.

O conjunto de praticantes desportivos que esteve integrado no Projecto Atenas e não participou nos Jogos Olímpicos foi composto por 94 praticantes desportivos que, apesar de terem beneficiado das medidas de apoio do Projecto Atenas, acabaram por não obter resultados susceptíveis de participarem nos Jogos Olímpicos. O custo com os apoios do Projecto Atenas a eles destinados foi de 4.766.933€.

Esta matéria relaciona-se com a eficiência financeira, pois o investimento com os apoios concedidos aos 53 praticantes desportivos integrados no Projecto Atenas representou 44% do valor total dos apoios concedidos às federações desportivas no âmbito do Projecto Atenas. Constata-se assim, que 56% do valor do financiamento concedido às federações desportivas não serviu o objectivo prévio do Projecto Atenas que era levar esses praticantes desportivos aos Jogos Olímpicos, uma vez que 56% do valor do financiamento concedido foi aplicado na preparação de praticantes desportivos que não integraram o Projecto Atenas no momento dos Jogos Olímpicos.

3. Para ajudar a resolver a expressão deste problema, devem adoptar-se as medidas necessárias à redução das taxas de exclusão e das ineficiências. Parece-nos que se torna necessário aumentar o grau de exigência para a entrada de praticantes desportivos no projecto de preparação olímpica, bem como rever, após a exclusão do praticante, a percentagem do valor da bolsa e o período da sua aplicação. Importa sublinhar que a preparação olímpica, pretende congregar a excelência do subsistema alta competição, devendo por essa razão acolher somente os praticantes que reúnam condição desportiva para obterem resultados honrosos nos Jogos Olímpicos, e não todos aqueles que pontual e circunstancialmente obtêm classificações elegíveis, levando por esse motivo à ocorrência das taxas de exclusão e das elevadas ineficiências que se registaram.

A modalidade com maior custo médio da preparação por praticante foi a Vela com o valor de 171.623€, seguida pela Esgrima com 146.945€ e pelo Judo 136.403€.

Nas modalidades colectivas foi o Andebol que teve maior custo com 40.193€ por praticante, seguida pelo Futebol com 23.478€. O Voleibol foi a que teve menores custos por praticante com 21.406€.

4. Sobre esta questão torna-se necessário atender à estrutura de custos de preparação dos praticantes de cada modalidade. Devem ser estudadas as modalidades e criados 3 níveis de apoio financeiro à preparação em função dessa estrutura de custos em termos logísticos, transporte de pessoas, de

materiais e de todos os equipamentos necessários à preparação. Não nos parecem adequados os valores de preparação concedidos às diferentes modalidades no Projecto Atenas. Por outro lado, a política de concessão dos apoios para preparação olímpica das selecções nacionais das modalidades colectivas deve ser ponderada, no sentido destes só ocorrerem após a garantia de apuramento para os Jogos Olímpicos. Pois só a partir desse momento é que se inicia, de facto, a preparação para os Jogos Olímpicos. Até aí o apoio para a preparação desportiva das selecções nacionais, para participarem em Campeonatos da Europa e do Mundo (que irão garantir o apuramento para os Jogos Olímpicos) deverá ser concedido através do Programa de Alta Competição.

O peso da componente das bolsas relativamente à componente das actividades de preparação é muito variado de modalidade para modalidade. Em média as bolsas representam 31% do valor das actividades de preparação. Existem mesmo modalidades cujo valor das bolsas foi superior ao valor das actividades de preparação, tais como o Tiro e a Canoagem. O Ciclismo, o Tiro com Armas de Caça e o Remo também registaram valores elevados de bolsas face às actividades.

5. Os valores das bolsas devem ser equilibrados com os valores para as actividades de preparação, caso contrário podemos repetir a situação de serem concedidos maiores apoios para bolsas do que para actividades de preparação.

Entre os praticantes desportivos que participaram nos Jogos Olímpicos, 24% nunca beneficiaram das medidas de apoio no âmbito do Projecto Atenas e se considerarmos as modalidades individuais, estes representam 31% dos praticantes desportivos. Este conjunto de 20 praticantes desportivos e aqueles que não estavam integrados no Projecto Atenas no momento do Jogos Olímpicos beneficiaram de um apoio financeiro no valor de 79.672€, concedido pelo Instituto do Desporto de Portugal ao Comité Olímpico de Portugal, destinado a bolsas para treinadores e praticantes desportivos qualificados.

6. Face à reduzida probabilidade de obtenção de classificações relevantes por este conjunto de praticantes deve ser ponderada a concessão de apoios financeiros a eles destinados e aos seus treinadores a título de bolsas olímpicas. Os apoios

projecto de preparação olímpica, e por outro, no projecto que lhe antecede, o Projecto Esperanças Olímpicas.

Nas 3 modalidades com maior volume de apoios verificamos a existência de uma relação directa entre o financiamento concedido e o número de classificações obtidas. O Atletismo, a Vela e o Judo foram as modalidades que receberam maiores apoios, mas também as que obtiveram maior número de classificações até ao 16.º lugar. Encontramos uma relação inversa nas modalidades de Esgrima que foi a 4.ª federação que maior apoio recebeu, a Natação e Ginástica, as quais não obtiveram qualquer classificação até ao 16.º lugar. Do Projecto Sydney para Atenas, os maiores aumentos registados foram na modalidade de Esgrima (+320%), a qual não obteve classificações até ao 16.º lugar, no Andebol (+160%), que não se qualificou para os Jogos Olímpicos e no Judo (+58%) que baixou o mérito das classificações obtidas até ao 16.º lugar, com 17 pontos em Sydney e 7 pontos em Atenas. Apesar de nestas modalidades ter ocorrido um aumento do financiamento tal não correspondeu a uma melhoria nos resultados.

7. No sentido de reduzir a expressão desta ineficiência, devem ser criados grupos de modalidades com incentivos diferenciados objectivamente em função dos resultados obtidos.

Em termos dos apoios totais concedidos ao Comité Olímpico de Portugal registou-se um aumento de Atlanta para Sydney de 19,0% e de Sydney para Atenas de 54,7%. Globalmente, incluindo federações desportivas e o Comité Olímpico de Portugal, o valor do apoio para o Projecto Atenas subiu 24,9% face a Sydney.

8. Parece-nos que não será sustentável, do ponto de vista orçamental, manter estas taxas de crescimento, pelo que devem ser consolidadas as dotações a conceder ao Comité Olímpico de Portugal e às federações desportivas.

Na pontuação de mérito desportivo que reflecte o número de classificações até ao 16.º lugar, verificamos que as prestações nos Jogos Olímpicos de Atenas foram iguais às obtidas em Atlanta e melhores que as obtidas em Sydney.

9. Foi possível igualar o melhor desempenho (Atlanta 1996) com um financiamento superior (registou-se um aumento de Atlanta para Sydney de 19,0% e de Sydney para Atenas de 54,7%). Torna-se necessário reduzir as ineficiências e aumentar a

eficácia, concentrando os recursos nas modalidades e nos praticantes que poderão, de modo mais seguro, alcançar classificações correspondentes a medalhas e no limite até ao 16.º lugar. Ou seja, os critérios de integração e permanência no projecto de preparação olímpica deverão ser ponderados e revistos.

10. Anexos

Documentos relacionados