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Em Blumenau, verifica-se que o cenário de evolução da ocupação e controle das áreas inundáveis demonstra um crescimento das ações do Poder Público e mobilização da comunidade visando minimizar os impactos das cheias. Porém, como foi percebido diante da inundação de 2008, está muito aquém do ideal, porque geralmente as ações são discutidas logo após a situação emergencial e com o passar do tempo vão caindo no esquecimento, até que aconteça um novo desastre.

O melhor meio para se evitar grandes transtornos por ocasião de uma inundação é regulamentar e fiscalizar o uso do solo, limitando a ocupação de áreas inundáveis a usos que não impeçam o armazenamento natural da água pelo solo e que sofram pequenos danos em caso de inundação. Porém, é necessário o entendimento que apenas a criação de leis e restrições por parte dos órgãos públicos não basta.

Em muitos casos a população residente na área de risco corresponde a pessoas abastadas economicamente que são empurradas pela pressão do crescimento populacional a viver nestas áreas. Por essa razão devem existir políticas que favoreçam a esta população encontrar outras áreas (livres de risco) para viver. Para impedir que novas pessoas ocupem estas áreas pode- se utilizar um zoneamento voltado para promover usos produtivos e menos sujeitos a danos, permitindo a manutenção de áreas de uso social, como áreas livres no centro das cidades, reflorestamento, parques e certos tipos de uso recreacional.

Quanto ao aumento da intensidade dos impactos provocados por “calamidades naturais” constitui apenas o ponto mais evidente de uma longa cadeia de interações recíprocas estabelecidas entre sociedade e a natureza. Conseqüentemente, as informações atualizadas e teoricamente consistentes sobre aspectos como, por exemplo, as formas de organização social durante os impactos, as percepções do risco das populações atingidas, as áreas de risco e as medidas de prevenção frente a calamidade, devem existir em todos os níveis de mídia, com fácil entendimento e rápido acesso. Assim a informação ficará a disposição tanto da população, quanto para os planejadores pautarem suas decisões.

A respeito da relação entre doenças de veiculação hídrica e a inundação de novembro de 2008, percebe-se que ouve um aumento significativo da incidência. Configurando quadros epidêmicos tanto para a Leptospirose quanto para as Doenças Diarréicas Agudas. Também foram demonstradas relações

entre saneamento e inundação, que indicam uma considerável diminuição dos riscos de contrair a Leptospirose em bairros com boa infra-estrutura voltada para o saneamento. Demonstrando que investimento em saneamento é uma peça chave quanto a prevenção de doenças de veiculação hídrica frente a inundações.

Também foi comprovada uma relação entre área atingida e casos ou risco de se contrair a leptospirose, pois de modo geral os bairros com áreas atingidas, foram os bairros que sofreram aumento. Tanto do número de casos, quanto do coeficiente de incidência, em relação ao ano de 2007 (ano sem inundação), porém apenas o estudo destes fatores mostrou-se insuficiente para mensurar a relação entre os bairros atingidos frente aos casos da doença.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que se o estudo contasse com um número maior de fatores que possam influir no número de casos de Leptospirose tais como, pobreza, atividade econômica, educação, ou seja, os dados socioeconômicos da população de cada bairro, e ainda os dados de saneamento por bairro, a relação entre a doença e área atingida ficaria melhor compreendida. Indicando que um novo trabalho mais abrangente poderia ser feito, somando-se ao presente estudo as informações socioeconômicas, e de saneamento.

O cruzamento que poderia ser interessante é a utilização dos fatores presentes neste trabalho frente ao ISA (Indicador de Insalubridade Ambiental) que leva em conta diversos dados. Este indicador abrange a caracterização qualitativa e quantitativa dos serviços de abastecimento de água, esgotos sanitários e limpeza pública, drenagem, o controle de vetores, situação dos mananciais e um indicador sócio–econômico. Portanto poderia ser calculado por bairros, utilizando-se de dados do período da inundação de Blumenau, ano de 2008.

Também fica registrado que os dados do programa de monitoramento de Doenças Diarréicas Agudas poderiam ser apresentados divididos por bairros ou postos de saúde, a fim de, focalizar as áreas (bairros) endêmicas deste agravo, servindo de base para as políticas municipais de saneamento e saúde de cada bairro. Podendo-se assim atuar de forma diferente na prevenção da DDA em cada bairro, tornando as medidas de prevenção mais eficazes, diminuindo o custo para tratar estas doenças.

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