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A relação entre a incidência de doenças de veiculação hídrica e a inundação em 2008 na cidade de Blumenau

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Academic year: 2021

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(1)Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental. A RELAÇÃO ENTRE A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA E A INUNDAÇÃO EM 2008 NA CIDADE DE BLUMENAU. André Schramm Peixoto de Andrade. FLORIANÓPOLIS, SC DEZEMBRO/2009.

(2) Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental. A RELAÇÃO ENTRE A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA E A INUNDAÇÃO EM 2008 NA CIDADE DE BLUMENAU. André Schramm Peixoto de Andrade. Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina para Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental. Orientador Prof. Guilherme Farias Cunha. FLORIANÓPOLIS, SC DEZEMBRO/2009. 2.

(3) 3.

(4) AGRACEDIMENTOS Agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para realização deste trabalho. Agradeço especialmente aos meus pais pelo suporte e apoio ao longo de toda a graduação. Aos professores do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, que transmitiram seus ensinamentos com sabedoria e paciência ao longo de todo o curso. Ao professor Guilherme Farias Cunha pelo apoio e orientação deste estudo. Por fim, a Defesa Civil, Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e a Vigilância Epidemiológica de Blumenau pelos dados cedidos para a elaboração deste trabalho.. 4.

(5) RESUMO Devido ao grande crescimento da população e a falta de um planejamento adequado de ocupação, áreas de risco (áreas inundáveis, leito maior dos rios) vão sendo ocupadas, e juntamente com a impermeabilização do solo das cidades e as mudanças climáticas atuais, os efeitos das inundações vão se agravando por todas as regiões do Brasil. No País vêm ocorrendo inundações com grande freqüência causando graves desastres ambientais e sérios riscos a população, não diferente, no estado de Santa Catarina. Em Blumenau desde a sua fundação em 1850 até 2001 foram registradas 83 enchentes, das quais 13 até 1900, 22 nos 50 anos subseqüentes e 48 nos últimos 51 anos. O que mostra uma constância na ocorrência de cheias na cidade. As inundações figuram entre as catástrofes naturais que mais danos ocasionam à saúde pública e ao patrimônio, com elevada morbidade, em decorrência do efeito direto das enchentes e das doenças infecciosas secundárias aos transtornos nos sistemas de água e saneamento. Com a ocorrência de graves enchentes envolvendo a cidade de Blumenau, emerge a preocupação sobre o aparecimento de doenças, sobretudo as transmitidas por água (doenças de veiculação hídrica) e alimentos contaminados. Nesse contexto o presente trabalho trata da necessidade de se conhecer e identificar melhor as doenças de veiculação hídrica tais como: cólera, febre tifóide, leptospirose, entre outras e suas relações com as inundações ocorridas em novembro de 2008, na cidade de Blumenau, principalmente devido ao potencial risco que estas doenças acarretam ao bem estar da população, podendo levar a morte quando não tratadas corretamente. A freqüência histórica de enchentes na cidade de Blumenau eleva a importância deste estudo para a comunidade, pois mostra que com as inundações aumentam os casos destas doenças. Também são propostas medidas de prevenção para preparar a cidade em acontecimentos futuros, assim, contribuindo com a melhoria da saúde ambiental da população. PALAVRAS-CHAVE: Doenças de veiculação hídrica, Inundações, Saúde Pública, Controle de enchentes, Prevenção de doenças. ABSTRACT Due to the large population growth and lack of proper planning of occupation, risk areas (wetlands, rivers larger bed) are being employed, together with soil sealing of cities and climate change today, the effects of floods going to worsen in all regions of Brazil. In Country floods have been occurring all too often causing serious environmental disasters and serious risks to people, not unlike the state of Santa Catarina. In Blumenau since its founding in 1850 until 2001 were 83 floods recorded, of which 13 to 1900, 22 within 50 years and 48 in the last 51 years. This shows a consistency in the occurrence of floods in the city. Floods are among the natural disasters that cause more harm to public health and heritage, with high morbidity rate due to the direct effect of floods and diseases secondary to disorders in water systems and sanitation. With the occurrence of serious flooding involving the city of Blumenau, raise the concern about the emergence of diseases, especially those transmitted by water (water-borne diseases) and contaminated food. In this context this paper addresses the need to understand and better identify the water-borne diseases such as cholera, typhoid fever, leptospirosis, among others, and their relations to the floods in November 2008 in the city of Blumenau, mainly due the potential risk that these diseases lead to the well being of the population and. 5.

(6) can lead to death if not treated properly. The frequency of flooding in the historic city of Blumenau elevates the importance of this study to the community because it shows that with the floods increase the cases of these diseases. Are also proposed prevention measures to prepare the city for future events, thus contributing to improving the environmental health of the population. KEY-WORDS: Water-borne diseases, floods, Public Health, Flood Control, Prevention of disease. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................10 2. JUSTIFICATIVA................................................................................................................................12 3. OBJETIVOS........................................................................................................................................13 3.1. Objetivo Geral ..............................................................................................................................13 3.2.Objetivos Específicos....................................................................................................................13 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................14 4.1. Inundações (enchentes) ................................................................................................................14 4.1.1. Conceito ................................................................................................................................14 4.1.2. O Histórico de enchentes em Blumenau – SC.......................................................................18 4.1.3 Inundação de novembro de 2008 em Blumenau ....................................................................22 4.1.4 Controle de enchentes ............................................................................................................24 4.1.4.1 Proteção contra inundações............................................................................................ 25 4.1.4.2 Redução do nível............................................................................................................ 25 4.1.4.3 Redução da descarga de pico ......................................................................................... 26 4.1.5 Medidas preventivas para enchentes (extraído de KOBIYAMA et al., 2006)........................26 4.1.5.1 Antes............................................................................................................................... 26 4.1.5.2 Durante ........................................................................................................................... 27 4.1.5.3 Depois............................................................................................................................. 27 4.2 Saneamento e Saúde Publica.........................................................................................................28 4.2.1 A relação entre o saneamento e a saúde publica...................................................................28 4.2.1 As Doenças relacionadas com a água ...................................................................................30 4.2.2 As Doenças relacionadas com o esgoto.................................................................................31 4.3. Enchentes, saneamento e doenças relacionadas a água................................................................32 4.4. Defesa Civil..................................................................................................................................33 4.5. Vigilância Epidemiológica...........................................................................................................34 4.5.1 Epidemiologia ........................................................................................................................34 4.5.2 A medida das doenças ............................................................................................................34 4.5.3 Epidemia.................................................................................................................................36 4.5.4 Doenças em Blumenau ...........................................................................................................36 4.5.4.1 Características da Leptospirose (BRASIL, 2006). ......................................................... 36 4.5.4.2 Aspectos epidemiológicos da Leptospirose (BRASIL, 2006). ...................................... 41 4.5.4.3 Medidas de prevenção da Leptospirose (BRASIL, 2006).............................................. 42 4.5.4.4 Características das Doenças Diarréicas Agudas............................................................. 44 5. METODOLOGIA ...............................................................................................................................46 5.1 Área de estudo...............................................................................................................................46 5.2 Defesa Civil...................................................................................................................................49. 6.

(7) 5.3 Vigilância Epidemiológica............................................................................................................53 5.4 Relação entre os dados ..................................................................................................................53 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................54 6.1 Dos dados obtidos na defesa civil de Blumenau ...........................................................................54 6.2 Dos dados da Vigilância Epidemiológica de Blumenau ...............................................................61 6.2.1 Estudo dos casos de Leptospirose em Blumenau ...................................................................62 6.2.2 Comparação entre os dados da Defesa civil e Vigilância Epidemiológica para a Leptospirose ....................................................................................................................................68 6.2.3 Estudo dos casos de Doenças Diarréicas Agudas em Blumenau ..........................................72 7. CONCLUSÕES...................................................................................................................................82 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................................84 9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................85 ANEXO 1................................................................................................................................................87 APÊNDICE A .........................................................................................................................................88 APÊNDICE B .........................................................................................................................................89. 7.

(8) ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1: RELAÇÃO DOS PICOS DE ENCHENTES REGISTRADAS EM BLUMENAU, DESDE SUA FUNDAÇÃO ATÉ 2008. .................................................................................................................................................................... 19 TABELA 2 – RELAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA PELA INUNDAÇÃO DE NOVEMBRO DE 2008 EM BLUMENAU. .............................................................................................................................................................. 23 TABELA 3 – DOENÇAS RELACIONADAS A ÁGUA...................................................................................................... 30 TABELA 4 – DOENÇAS RELACIONADAS COM A CONTAMINAÇÃO POR FEZES ................................................. 32 TABELA 5: RELAÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA TOTAL DE CADA BAIRRO DE BLUMENAU (FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE BLUMENAU)........................................................................................................... 50 TABELA 6: IMÓVEIS ATINGIDOS POR INUNDAÇÕES ENTRES AS COTAS 8,00 E 10,00 METROS. (FONTE: DEFESA CIVIL / FURB, 1992).................................................................................................................................... 54 TABELA 7: IMÓVEIS ATINGIDOS POR INUNDAÇÕES ENTRES AS COTAS 10,00 E 12,00 METROS. (FONTE: DEFESA CIVIL / FURB, 1992).................................................................................................................................... 55 TABELA 8– ÁREAS E POPULAÇÃO URBANA ATINGIDA PELA INUNDAÇÃO DE NOVEMBRO DE 2008. ........ 58 TABELA 9: NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS DE LEPTOSPIROSE PARA OS ANOS DE 2001 ATÉ 2009, E RESPECTIVA FONTE DE OBTENÇÃO DO DADO. ............................................................................................... 62 TABELA 10– NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS DE LEPTOSPIROSE POR BAIRROS PARA OS ANOS DE 2007, 2008 E 2009, E A ESTIMATIVA DE CASOS APENAS NOS DOIS ÚLTIMOS MESES DE 2008............... 63 TABELA 11– COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA LEPTOSPIROSE POR BAIRROS PARA OS ANOS DE 2007, 2008 E 2009, E O COEFICIENTE APENAS PARA OS DOIS ÚLTIMOS MESES DE 2008, LEVANDO-SE EM CONTA A POPULAÇÃO TOTAL DO BAIRRO COMO EXPOSTA AO RISCO.................................................... 65 TABELA 12: QUADRO COMPARATIVO ENTRE POPULAÇÃO ATINGIDA E CASOS DE LEPTOSPIROSE.......... 69 TABELA 13– CALENDÁRIO EPIDEMIOLÓGICO ANOS DE 2007, 2008 E 2009 (FONTE: SECRETARIA E VIGILÂNCIA EM SAÚDE)........................................................................................................................................... 72 TABELA 14: CASOS DE DDA POR FAIXA ETÁRIA PARA OS ANOS DE 2007, 2008 E 2009.................................... 74 TABELA 15: COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA TOTAL POR FAIXA ETÁRIA DE DDA PARA OS ANOS DE 2007, 2008 E 2009.................................................................................................................................................................. 78 TABELA 16: COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA POR FAIXA ETÁRIA DE DDA SEMANAIS PARA O ANO DE 2008 ...................................................................................................................................................................................... 79. 8.

(9) ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1: DISTRIBUIÇÃO DE DESASTRES NATURAIS POR PAÍS NA AMÉRICA DO SUL ENTRE OS ANOS DE 1975 E 1999.................................................................................................................................................................. 15 FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DAS INUNDAÇÕES EM AMBIENTE URBANO. ....................................................... 16 FIGURA 3: SÉRIE HISTÓRICA DE INUNDAÇÕES REGISTRADAS NA CIDADE DE BLUMENAU......................... 20 FIGURA 4: FOTO DA REGIÃO CENTRAL DE BLUMENAU, MOSTRANDO A PREFEITURA DA CIDADE NA INUNDAÇÃO DE 1983............................................................................................................................................... 20 FIGURA 5: FOTO DA REGIÃO CENTRAL DE BLUMENAU, MOSTRANDO A RUA XV NA INUNDAÇÃO DE 1983.............................................................................................................................................................................. 21 FIGURA 6: FOTO DO BAIRRO DA VELHA EM BLUMENAU PRÓXIMO A VILA GERMÂNICA (LOCAL ONDE OCORRE A FESTA OKBERFEST) DURANTE A INUNDAÇÃO OCORRIDA EM NOVEMBRO DE 2008 ...... 21 FIGURA 7: FOTO DE BLUMENAU PRÓXIMO A FURB DURANTE A INUNDAÇÃO OCORRIDA EM NOVEMBRO DE 2008........................................................................................................................................................................ 22 FIGURA 8: FOTO ILUSTRANDO A SITUAÇÃO DO RIO ITAJAÍ AÇU EM BLUMENAU DURANTE O DESASTRE NATURAL (FONTE: DIÁRIO CATARINENSE, 2008)............................................................................................... 24 FIGURA 9 – ESQUEMA DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA....................................... 29 FIGURA 10 – INTERRUPÇÃO DO CICLO DE TRANSMISSÃO DE DOENÇA DE VEICULAÇÃO HÍDRICA, ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE SANEAMENTO............................................................. 29 FIGURA 11: MAPA POLÍTICO DA CIDADE DE BLUMENAU (FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE BLUMENAU) ............................................................................................................................................................... 47 FIGURA 12: MAPA URBANO DA CIDADE DE BLUMENAU COM A DIVISÃO DOS BAIRROS (FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE BLUMENAU)........................................................................................................... 48 FIGURA 13: MAPA DAS COTAS DE ENCHENTE DE 10 A 17 METROS DE BLUMENAU (FONTE:SEPLAN) ........ 52 FIGURA 14: GRÁFICO DA ESTIMATIVA DE IMÓVEIS ATINGIDOS POR INUNDAÇÕES ENTRE AS COTAS 8 E 12 METROS................................................................................................................................................................. 57 FIGURA 15: GRÁFICO DA PROPORÇÃO DA ÁREA URBANA ATINGIDA POR BAIRRO PELA INUNDAÇÃO DE NOVEMBRO, 2008. .................................................................................................................................................... 59 FIGURA 16: GRÁFICO DA POPULAÇÃO URBANA ESTIMADA ATINGIDA POR BAIRROS PELA INUNDAÇÃO. ...................................................................................................................................................................................... 60 FIGURA 17– GRÁFICO DO NÚMERO DE CASOS DE LEPTOSPIROSE POR ANO NA CIDADE DE BLUMENAU E NÍVEL ENDÊMICO. ................................................................................................................................................... 62 FIGURA 18– GRÁFICO DO NÚMERO DE CASOS DE LEPTOSPIROSE POR BAIRRO NOS ANOS DE 2007, 2008 E 2009 NA CIDADE DE BLUMENAU. ........................................................................................................................ 64 FIGURA 19: GRÁFICO DO COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA LEPTOSPIROSE POR BAIRROS PARA OS ANOS DE 2007, 2008, 2009 E TOTAL, LEVANDO-SE EM CONTA A POPULAÇÃO TOTAL DO BAIRRO COMO EXPOSTA AO RISCO................................................................................................................................................. 67 FIGURA 20: GRÁFICO DO COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA LEPTOSPIROSE POR BAIRROS PARA TODO O ANO DE 2008 E APENAS PARA OS MESES DE EPIDEMIA (NOV. E DEZ.), LEVANDO-SE EM CONTA A POPULAÇÃO TOTAL DO BAIRRO COMO EXPOSTA AO RISCO. ..................................................................... 68 FIGURA 21:NÚMERO DE CASOS DE LEPTOSPIROSE NO PERÍODO EPIDÊMICO. ................................................. 70 FIGURA 22: ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO ATINGIDA POR BAIRRO..................................................................... 71 FIGURA 23: GRÁFICO DOS CASOS DE DDA 2007......................................................................................................... 76 FIGURA 24: GRÁFICO DOS CASOS DE DDA 2008......................................................................................................... 77 FIGURA 25: GRÁFICO DOS CASOS DE DDA 2009......................................................................................................... 77 FIGURA 26: GRÁFICOS DOS COEFICIENTES DE INCIDÊNCIA TOTAIS POR FAIXA ETÁRIA DE DDA............. 78 FIGURA 27: GRÁFICO DO COEF. DE INCIDÊNCIA POR FAIXA ETÁRIA DE DDA, EM 2008............................... 80. 9.

(10) 1. INTRODUÇÃO. Com o grande crescimento desordenado da população, e a conseqüente ocupação sem o devido planejamento das áreas sujeitas a riscos tais como: encostas, áreas ribeirinhas, leito maior de rios entre outras. A impermeabilização do solo, além das mudanças climáticas atuais, enchentes e inundações, tem. ocorrido com freqüência em várias regiões do Brasil, assim como em Santa Catarina e,. principalmente, na cidade de Blumenau. Blumenau desde a sua fundação em 1850 a 2001 foram registradas 83 enchentes, das quais 13 até 1900, 22 nos 50 anos subseqüentes e 48 nos últimos 51 anos. O que mostra uma constância de ocorrência de cheias na cidade. Estas inundações podem trazer além de perdas materiais, mortes e vários prejuízos a saúde da população. A água quando contaminada pode servir como veículo de transmissão de doenças de veiculação hídrica. Durante e após as enchentes os riscos de contágio da população com essas doenças se agrava devido ao aumento do contato direto, ingestão de água ou pelo consumo de alimentos contaminados. As doenças transmitidas pela água quando não tratadas corretamente podem levar até a morte. Outro fator que agrava os riscos de contaminação da população com as doenças relacionadas a água das enchentes é a falta de saneamento, principalmente a falta de esgotamento sanitário, drenagem urbana e de limpeza pública, pois as águas das enchentes quando em contato com os esgotos e resíduos se tornam veículo para a contaminação da população por diversos patógenos. Segundo dados do SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento) 2007, Blumenau tem índice de atendimento urbano de esgoto inferior a 10% o que demonstra a falta de coleta e tratamento de esgoto na cidade. Como Blumenau tem um histórico de enchentes a cidade deveria se preocupar com acontecimentos futuros e se assegurar que não ocorram surtos de doenças de veiculação hídrica. É interessante investigar tais doenças e estudá-las para que a cidade possa estar preparada para prevenir e propiciar uma saúde adequada a população antes, durante e após as enchentes. O presente trabalho tem por objetivo central, investigar a relação entre a incidência de doenças de veiculação hídrica e as enchentes em novembro de 2008 na cidade de Blumenau e propor medidas de prevenção.. 10.

(11) O trabalho contou com a identificação das doenças ligadas direta e indiretamente com as águas das recentes enchentes, a identificação dos bairros com maior risco de enchentes e os bairros com maior incidência de doenças de veiculação hídrica e através do estudo dos dados investigados mostrar a relação de risco entre o desastre ambiental e a saúde da população e por último propor medidas de prevenção para as doenças. Conhecer as áreas com maior risco de enchentes e com maior incidência de casos de doenças é importante para que possamos propor soluções para que a população não sofra riscos a sua saúde. Também existe a importância econômica, pois com a prevenção das doenças e a conseqüente diminuição de casos que precisem de atendimento médico, ocorrerá uma substancial economia de recursos aos cofres públicos. Este trabalho visa contribuir com um aumento na qualidade da saúde da população e a conseqüente prevenção dos riscos das enchentes, pois muitas vezes as repercussões sobre a saúde da população só se tornam visíveis muito tempo após o acontecimento do desastre.. 11.

(12) 2. JUSTIFICATIVA O trabalho tem como justificativa a necessidade de se conhecer e identificar melhor as doenças de veiculação hídrica e suas relações com as inundações, devido ao potencial risco que estas doenças acarretam ao bem estar da população. Comparar a ocorrência de inundações com a incidência de doenças por bairros para informar a população dos riscos e das medidas de prevenção, e assim protegê-la contra possíveis surtos após as inundações. Com isso, deseja-se contribuir com a melhoria da saúde ambiental da população. Como o estudo conta com a identificação tanto dos bairros atingidos pela inundação quanto da magnitude em cada bairro e também com a identificação do risco e do número de casos de Leptospirose a fim de focalizar as áreas (bairros) endêmicas deste agravo. O estudo pode ser utilizado de base para as políticas municipais de saúde em cada bairro. Podendo-se assim atuar de forma diferente quanto a prevenção da Leptospirose em cada bairro, tornando as medidas de prevenção mais eficazes e diminuindo os custos para tratar esta doença.. 12.

(13) 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral. Investigar a relação entre a incidência de Doenças de Veiculação Hídrica e a Enchente de Novembro de 2008, na cidade de Blumenau, e propor medidas de prevenção.. 3.2.Objetivos Específicos •. Identificar e estudar as doenças ligadas direta e indiretamente a água da inundação de 2008;. •. Identificar as áreas (bairros) atingidas pela inundação, em Blumenau, no ano de 2008;. •. Verificar a incidência das doenças de veiculação hídrica antes e após a inundação de 2008;. •. Identificar as áreas (bairros) com maior incidência de doenças de veiculação hídrica em 2008 na cidade de Blumenau;. •. Verificar a relação entre as áreas (bairros) mais atingidas pela inundação com as áreas (bairros) de maior incidência de doenças de veiculação hídrica após a inundação de 2008;. •. Propor medidas de prevenção.. 13.

(14) 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Nesse capítulo serão abordados assuntos relacionados à temática do estudo em questão que compete à inundações, saneamento e saúde pública, enchentes, saneamento e doenças relacionadas a água,defesa civil e vigilância epidemiológica.. 4.1. Inundações (enchentes). 4.1.1. Conceito. Segundo Kobiyama et al. (2006) ao se analisar os dados sobre desastres naturais no Brasil durante o período de 1948 a 2004, disponibilizados pelo EM – DAT Internacional Disaster Database, as inundações foram dentre os desastres naturais os que provocaram maiores perdas humanas. Para Costa e Teuber (2001), as inundações são inevitáveis, porém é possível reduzir significativamente os danos e prejuízos. Analisando a figura 1 disponibilizada pelo EM – DAT Internacional Disaster Database abaixo, podemos ver que de modo geral na América do Sul dentre os principais desastres naturais as inundações são as mais freqüentes.. 14.

(15) Figura 1: Distribuição de desastres naturais por país na América do Sul entre os anos de 1975 e 1999. A freqüência das inundações se altera devido a modificações na bacia hidrográfica (KOBIYAMA et al., 2006). Para Plate (2002), a parcela da população mais pobre é empurrada pela pressão exercida pelo crescimento populacional a viver nas planícies de inundação, que são as áreas onde mais comumente ocorrem cheias. Portanto geralmente a população mais desfavorecida é a que mais sofre danos com as enchentes. Segundo Kobiyama et al. (2006) este tipo de problema é facilmente presenciado nas áreas urbanas. Assim devem ser introduzidos novos conceitos e práticas para uma melhor convivência com este fenômeno. A inundação, popularmente tratada como enchente, é o aumento do nível dos rios além da sua vazão normal, ocorrendo transbordamento de suas águas sobre as áreas próximas a ele. Estas áreas planas próximas aos rios sobre as quais as águas extravasam são chamadas de planícies de inundação. Quando não ocorre o transbordamento, apesar do rio ficar praticamente cheio, tem-se uma enchente e não uma inundação (KOBIYAMA et al., 2006). Ou seja, a enchente é uma das etapas para se ocorrer uma inundação pois é quando o rio fica cheio, e se o rio de fato transbordar tem – se uma inundação. Por esta razão os termos “inundação” e “enchente” devem ser usados com distinção.. 15.

(16) Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, as enchentes consistem na elevação do nível de água de um rio, acima de sua capacidade natural de escoamento, em períodos de alta precipitação pluviométrica, que pode ou não causar uma inundação. Por sua vez, inundação é o termo utilizado para o excesso do volume de água que não consegue ser drenado pelo canal principal (leito menor), inundando as áreas ribeirinhas (leito maior ou planície de inundação), de acordo com a topografia e que abrigam vias de circulação e transporte, áreas residenciais, recreativas, comerciais e industriais (Figura 2).. Figura 2: Representação das inundações em ambiente urbano.. 16.

(17) A defesa civil classifica as inundações em função da magnitude em: excepcionais, de grande porte, normais ou regulares e de pequena magnitude. E classifica em função do padrão evolutivo em: inundações graduais, inundações bruscas, alagamentos e inundações litorâneas. (CASTRO, 2003). Apesar desta diferenciação, a maior parte das situações de emergência ou estado de calamidade pública são causadas pelas inundações graduais e bruscas (KOBIYAMA et al., 2006). Segundo Castro (2003), as inundações graduais ocorrem quando a água eleva-se de forma lenta e previsível, mantém-se em situação de cheia, durante algum tempo, e a seguir escoam gradualmente. Citando os rios Amazonas, Nilo, Mississipi como exemplo, o mesmo autor mencionou que este tipo de inundação possui uma sazonalidade. Aparentemente, essa inundação não é tão violenta, mas sua área de impacto é extensa. Já segundo Tucci e Bertoni (2003), as inundações graduais ocorrem quando a precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do volume escoa para o sistema de drenagem, superando sua capacidade natural de escoamento. O excesso de volume que não consegue ser drenado ocupa a várzea inundando de acordo com a topografia áreas próximas aos rios. Por outro lado, popularmente conhecida como enxurrada, a inundação brusca ocorre devido a chuvas intensas e concentradas, principalmente em regiões de relevo acidentado. A elevação dos caudais é súbita e seu escoamento é violento (Castro, 2003). Ela ocorre em um tempo próximo ao evento da chuva que a causa. A elevação das águas ocorre repentinamente, causando maior risco, apesar da área de impacto ser bem menor do que as inundações graduais (KOBIYAMA et al., 2006). Devido a dificuldade de identificação do fenômeno em campo e a ambigüidade das definições muitas vezes as inundações graduais vêem sendo registradas como inundações bruscas e vice-versa (KOBIYAMA et al., 2006). Atualmente, vêem aumentando gradativamente a freqüência com que ocorre as inundações e também os prejuízos que elas causam. Isto pode estar associado ao aumento do numero de ocupações nas planícies de inundação (KOBIYAMA et al., 2006). Quando se constroem estradas, casas, prédios, e outras edificações, ocorre um processo de impermeabilização do solo, isto é, acaba-se “cobrindo” o solo com cimento e asfalto. Impedindo desta forma que as águas das chuvas sejam absorvidas pelo solo. Neste caso, as águas escoam diretamente para os rios aumentando rapidamente seu nível (KOBIYAMA et al., 2006). Os desmatamentos também aumentam o escoamento superficial e aceleram o processo de perda de solo, resultando no assoreamento dos cursos d`água. O lixo quando disposto pela população, de. 17.

(18) forma inadequada, mal acondicionado ou quando não existe um recolhimento destes resíduos constantemente, podem entupir os bueiros, canais, e tubulações pluviais que drenam as águas diretamente para o rio, alagando assim áreas que normalmente não seriam invadidas pelas águas. Na própria calha do rio, o lixo pode funcionar como uma represa, proporcionando o rápido aumento do seu nível (KOBIYAMA et al., 2006).. 4.1.2. O Histórico de enchentes em Blumenau – SC. O município de Blumenau localiza-se no estado de Santa Catarina, na mesorregião do Vale do Itajaí, distando 91,017 km de Florianópolis (Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD), capital do estado de Santa Catarina - Brasil. A cidade está localizada as margens do Rio Itajaí-açu. O município tem 296.151 habitantes (IBGE, 2008) e área territorial de 519,837 km² (IBGE, 2008). A densidade demográfica é de 569,7 hab./ km². Desde a fundação de Blumenau, em 1850, quando se passou a ter um registro dos níveis, as inundações das áreas mais próximas do rio Itajaí-Açu têm sido relativamente periódicas; elas fazem parte dos processos naturais do Vale do Itajaí. Em maiores ou menores proporções, podem ocorrer em qualquer período do ano, pois derivam das intensas chuvas que caem na região, correlacionando-se com o tempo, a área e a intensidade das mesmas. Assim, quando a precipitação pluviométrica é intensa e prolongada, a quantidade de água que chega simultaneamente ao rio pode ser superior à capacidade de drenagem da sua calha principal, resultando, neste caso, na inundação das áreas ribeirinhas (SILVA, 2003). Os problemas resultantes das inundações dependem do grau de ocupação da várzea pela população e da freqüência com a qual ocorrem as inundações. Atualmente, com o crescimento da população urbana na região de Blumenau, principalmente por deslocamento da população rural para essas regiões em busca de maior desenvolvimento e oportunidades, as inundações passaram a gerar um prejuízo mais significativo, pois as ocupações posteriores foram feitas sobre o leito secundário (ou planície de inundação) dos rios (SILVA, 2003). A história das enchentes da cidade de Blumenau caminha lado a lado com a história da colonização e do seu desenvolvimento, a medida que o município cresceu, as enchentes foram tendo um caráter catastrófico a cada vez que aconteciam. Desde a sua fundação em 1850 a 2008 foram. 18.

(19) registradas 84 enchentes, das quais 13 até 1900, 22 nos 50 anos subseqüentes e 49 nos últimos 58 anos (tabela 1). O modo com que os blumenauenses, e com o passar do tempo a população das comunidades ribeirinhas lidavam com as enchentes, foi-se modificando com a urbanização da colônia e o desenvolvimento técnico. Observa-se que a discussão e eventual adoção de medidas ocorre sempre nos meses ou anos em que sucedem as grandes enchentes, a saber, 1911, 1927, 1957, 1983 e 2008. As enchentes que porventura ocorrem pouco tempo depois destas ditas "grandes" ajudam a manter acesa por mais tempo a mobilização. Percebe-se, a cada período pós-enchente, maior aprofundamento na discussão de alternativas de defesa (FRANK, 1995). A freqüência crescente da ocorrência de enchentes na cidade de Blumenau pode ser observada na Tabela 1,abaixo. Tabela 1: Relação dos picos de enchentes registradas em Blumenau, desde sua fundação até 2008.. Fonte: Prefeitura Municipal de Blumenau.. 19.

(20) Cota (m) 18 16 14 12 10 8 6. 1852 1855 1862 1864 1868 1869 1870 1880 1888 1891 1898 1900 1911 1923 1925 1926 1927 1928 1931 1932 1933 1935 1936 1939 1943 1946 1948 1950 1953 1954 1955 1957 1961 1962 1963 1966 1967 1969 1971 1972 1973 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1982 1983 1984 1990 1992 1997 1998 1999 2001 2008. 4 2 0. Ano. Figura 3: Série histórica de inundações registradas na cidade de Blumenau. A figura 3 apresenta a série histórica das principais inundações ocorridas desde a fundação da cidade até o ano de 2008 e os respectivos níveis atingidos, lembrando que para a defesa civil, se configura enchente quando a cota do rio Itajaí Açu ultrapassa 8,5m. A seguir algumas imagens mostrando a situação da Cidade de Blumenau durante as inundações de 1983 (figuras 4 e 5) e 2008 (figuras 6 e 7): .. Fonte: Prefeitura Municipal de Blumenau. Figura 4: Foto da região central de Blumenau, mostrando a prefeitura da cidade na inundação de 1983. 20.

(21) Fonte: Prefeitura Municipal de Blumenau. Figura 5: Foto da região central de Blumenau, mostrando a rua XV na inundação de 1983.. . Fonte: Diário Catarinense. Figura 6: Foto do bairro da velha em Blumenau próximo a vila germânica (local onde ocorre a festa Okberfest) durante a inundação ocorrida em novembro de 2008. 21.

(22) Fonte: Diário Catarinense. Figura 7: Foto de Blumenau próximo a FURB durante a inundação ocorrida em novembro de 2008. 4.1.3 Inundação de novembro de 2008 em Blumenau As chuvas intensas que se abateram sobre partes de Santa Catarina (SC), especialmente no vale do rio Itajaí-Açu, no período de 20 a 24 de novembro, foram causadas pelo estabelecimento de um bloqueio atmosférico no Oceano Atlântico, acompanhado por um vórtice ciclônico em altitude (entre 4000 m e 5000 m), localizado entre o leste de Santa Catarina e o leste do Paraná, que favoreceu a ascensão do ar úmido ao longo da Serra do Mar. A combinação destes dois fatores favoreceu a intensificação das chuvas sobre Santa Catarina. A persistência da situação de bloqueio fez com que o fenômeno tenha sido ainda mais significativo, resultando nos grandes volumes de chuvas registrados ao longo deste período. Em 2008, segundo dados da EPAGRI choveu entre agosto e novembro de 2008 o total de 1.533,5mm por metro quadrado na região. O total é quase 350% a mais do que no mesmo período no ano anterior, quando foram registrados 443mm nos quatro meses. Devido a estas chuvas constantes ouve uma rápida ascensão do nível do Rio Itajaí-Açu, no dia 22 de novembro o prefeito decretou estado de emergência e no dia 23 de novembro o nível do rio atingiu a cota de 11,52m (figura 8) provocando inundação na cidade, levando o prefeito no dia 24 a decretar estado de calamidade pública.. 22.

(23) Na dimensão temporal deve-se considerar dois níveis de observações no caso de Blumenau: enchentes até 12 metros são consideradas típicas, com um tempo de retorno de sete anos; ao passo que atípicas são as que implicam a cota de 16 metros, com intervalo de cinqüenta anos de recorrência (PINHEIRO, 1990). Cheias de qualquer tipo acontecem em quase todos os meses do ano, mesmo sendo sua maior freqüência em agosto e outubro. No tocante a dimensão social, as ocorrências, na maioria dos casos, se caracteriza como desastre, frente ao nível de impacto causado às comunidades atingidas. Segundo dados da prefeitura de Blumenau disponibilizados no ultimo balanço da tragédia no dia 29 de novembro de 2008, vinte e quatro pessoas morreram, 50 mil pessoas foram atingidas pela enchente no município, das quais 25 mil ficaram desabrigadas, como podemos observar na tabela 2 abaixo.. Tabela 2 – Relação da população atingida pela inundação de novembro de 2008 em Blumenau. Dados do último balanço da inundação em Blumenau (29/11/2008) População atingida: 50 mil pessoas População desabrigada: 25 mil pessoas Número de abrigos públicos: 58 Pessoas alojadas nos abrigos públicos: 5.137 Vítimas fatais: 24 Fonte: Prefeitura municipal de Blumenau. 23.

(24) Figura 8: Foto ilustrando a situação do rio Itajaí Açu em Blumenau durante o desastre natural (Fonte: Diário Catarinense, 2008).. 4.1.4 Controle de enchentes. É praticamente impossível escapar de uma inundação sem algum tipo de dano. Entretanto, pode-se principalmente preservar a vida e minimizar os danos das inundações adotando algumas medidas antes, durante e depois das inundações. Os danos causados pelas enchentes podem ser evitados de três modos diferentes (WISLER, 1964). •. Pela construção de obras de proteção.. •. Mediante a redução do nível de cheia, sem modificação apreciável de descarga de pique.. •. Mediante a redução dos fluxos de cheia por meio de acumulação, modificação do uso da terra ou métodos semelhantes.. 24.

(25) 4.1.4.1 Proteção contra inundações. A proteção contra inundações é proporcionada, principalmente por meio de diques e muralhas construídas ao longo das margens, que dão apenas proteção local à população e às propriedades que se localizam ao alcance das águas da enchente. Sua finalidade é confinar aquelas águas dentro do canal natural do rio. Assim fazendo, eles elevam o nível d'água nos pontos à montante (devido ao represamento das águas) e à jusante (devido ao acréscimo de descarga, resultante da redução da acumulação). Este método embora proporcione, muitas vezes, proteção satisfatória contra inundações mais freqüentes, ele acarreta um perigo. Graças a sensação de proteção gerada pela presença de diques e muralhas de proteção, novas edificações são construídas em áreas antes evitadas. Um dique protege somente enquanto não é ultrapassado; depois disso torna-se completamente inútil. Em conseqüência, quando uma cheia excepcional ocorre e transborda dos diques, a devastação resultante e as perdas de vida são, provavelmente, maiores do que se nada tivesse sido construído.. 4.1.4.2 Redução do nível. O risco de inundação pode ser reduzido, sem a redução da vazão de enchente, pelo abaixamento do nível. Isto pode ser conseguido através de: •. A retificação e a drenagem do leito do rio. A dragagem pode ser feita para eliminar os depósitos de fundos e das margens, aumentando assim a área da seção do canal. A retificação permite um aumento de declividade do canal com conseqüente aumento da capacidade de escoamento. Normalmente, a retificação deve ser seguida por revestimento ou consolidação das margens (VILLELA, 1975).. •. Construção de um "by-pass", ou canal adicional de enchente. Freqüentemente, grandes cidades localizam-se junto de rios ou de outras massas de água. É aí que, por causa dos estrangulamento provocados pelas pontes, edifícios e áreas aterradas, cria-se um funil. Não se pode alargar o canal do rio, devido ao alto custo. Não é raro, entretanto, que se possa. 25.

(26) construir, em torno da cidade, um canal para enchentes a custo razoável. Ex: rio Mississipi em Nova Orleans. 4.1.4.3 Redução da descarga de pico. As vazões de enchentes podem ser reduzidas por meio de acumulação temporária de uma parte do escoamento superficial até depois que o máximo da cheia tenha ocorrido. A redução por acumulação pode ser feita através de: um grande número de pequenos reservatórios individuais localizados nas cabeceiras do curso d'água principal ou de seus afluentes; terraços que detenham o escoamento durante tempo suficiente para permitir a infiltração no solo; e por meio de grandes reservatórios, localizados nos vales mais a jusante. Independentemente das dimensões do reservatório, a dois tipos de acumulação: controlada e não controlada. Na controlada, as comportas das estruturas de barragem podem regular o deflúvio, do modo que julgar conveniente. Na acumulação não controlada, não há regulação da capacidade de deflúvio. Essas estruturas geralmente dispõem de sangradouro para o deflúvio e as únicas vantagens delas, nas cheias, resultam dos efeitos da modificação e retardamento da armazenagem.. 4.1.5 Medidas preventivas para enchentes (extraído de KOBIYAMA et al., 2006).. As medidas podem ser divididas em antes, durante e depois: 4.1.5.1 Antes •. Cobrar a fiscalização e denunciar ocupação em área de risco;. •. Manter limpo os ralos e calhas. Não jogar lixo ou entulho nos bueiros, rios e galerias;. •. Se estiver chovendo forte, por muitos dias ou por muitas horas seguidas, ficar alerta para o risco de inundações e escorregamentos;. •. Estar sempre atento aos boletins meteorológicos e as notícias de rádio e TV de sua região;. •. Acionar os núcleos de defesa civil;. •. Verificar a existência de abrigos em áreas elevadas e relativamente planas;. 26.

(27) •. Se as águas começarem a invadir a casa e os moradores não conseguirem sair, é aconselhado que vão para as partes mais altas da casa, levando roupas, rádio a pilha;. •. Se possível não tentar nadar, e esperar que o socorro chegue;. •. Colocar os documentos e objetos de valor em sacos plásticos bem fechados e guardá-los em local protegido ou levá-los consigo;. •. Colocar móveis, utensílios domésticos e alimentos não perecíveis em lugares elevados;. •. Desligar a energia elétrica e fechar o hidrômetro.. 4.1.5.2 Durante •. Ficar atento as informações fornecidas pelos órgãos competentes através da mídia;. •. Em caso de necessidade pedir ajuda para defesa civil e ou corpo de bombeiros;. •. Não dirigir em áreas inundadas;. •. Ficar longe de poste e linhas de transmissão caídas devido ao risco de choque elétrico;. •. Evitar o contato com as águas da inundação, pois existe o risco de estarem contaminadas, podendo causar graves doenças;. •. Não consumir alimentos que tiveram contato com as águas das enchentes pois podem estar contaminados e principalmente não beber água das inundações;. •. Utilizar colete salva-vidas;. •. Não atravessar sobre pontes improvisadas.. 4.1.5.3 Depois •. Ao retornar as casas verificar se estas estão em bom estado e sem risco de desabar;. •. Lavar e desinfetar os objetos que estiveram em contato com as águas das enchentes;. •. Ao movimentar objetos, moveis e utensílios, tenha cuidado com aranhas, cobras e ratos;. •. Retire todo o lixo da casa e do quintal e coloque para ser recolhido pelo órgão de limpeza pública;. •. Manter a casa aberta e ventilada;. •. Não usar água de fontes naturais ou poços depois da inundação, pois podem estar contaminadas;. •. Desinfetar a caixa d`água e as tubulações com água sanitária;. 27.

(28) •. Antes das autoridades permitirem o consumo de água, ferva a água para beber e para preparar alimentos, por no mínimo cinco minutos;. •. Limpe os disjuntores antes de ligar a energia elétrica.. 4.2 Saneamento e Saúde Publica. 4.2.1 A relação entre o saneamento e a saúde publica. A falta ou precariedade do saneamento nas cidades Brasileiras explica o agravamento das enfermidades já controladas, o ressurgimento de outras já erradicadas e o surgimento de novas. Pode-se afirmar que se as condições de saneamento no Brasil fossem mais adequadas, haveria uma substancial melhoria no quadro de saúde da população. Além disso, o país economizaria com a construção e manutenção de hospitais e com a compra de medicamentos. Segundo a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2006) os investimentos em saneamento têm um efeito direto na redução dos gastos públicos com serviços de saúde, para cada R$ 1,00 (um real) investido no setor de saneamento economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na área de medicina curativa. Diversas doenças infecciosas e parasitárias têm no meio ambiente uma fase de seu ciclo de transmissão, como por exemplo, uma doença de veiculação hídrica, com transmissão feco-oral. A implantação de um sistema de saneamento, neste caso, significaria interferir no meio ambiente, de maneira a interromper o ciclo de transmissão da doença. Na figura 9 abaixo, observa-se que o esgoto não coletado contamina os corpos d’água e o solo, criando um ambiente propício à propagação de microorganismos patogênicos que, por sua vez, contaminam o córrego de onde a água para consumo na residência é captada.. 28.

(29) Figura 9 – Esquema de transmissão de doenças de veiculação hídrica. Na figura 10 abaixo, aparece um sistema de saneamento com instalações sanitárias, coleta, tratamento e disposição final adequada do esgoto, onde não se registra a presença de microorganismos patogênicos na água do córrego que serve como fonte de abastecimento humano. Mostrando como que o saneamento interrompe o ciclo de doenças de veiculação hídrica.. Figura 10 – Interrupção do ciclo de transmissão de doença de veiculação hídrica, através da implantação de um sistema de saneamento.. 29.

(30) 4.2.1 As Doenças relacionadas com a água. Os riscos para a saúde relacionados com a água podem ser distribuídos em duas categorias: •. Riscos relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes biológicos (bactérias, vírus e parasitos), através de contato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico;. •. Riscos derivados de poluentes químicos e radioativos, geralmente efluentes de industrias, ou causados por acidentes ambientais.. Os principais agentes biológicos encontrados nas águas contaminadas são as bactérias, vírus e os parasitos. As bactérias patogênicas encontradas na água e/ou alimentos constituem uma das principais fontes de morbidade e mortalidade em nosso meio. São responsáveis por numerosos casos de enterites, diarréias e doenças epidêmicas (como o cólera e a febre tifóide), que podem resultar em casos letais. Abaixo a tabela 3, mostrando as principais doenças relacionadas a água e formas de prevenção. Tabela 3 – Doenças relacionadas a água. Transmissão Pela água.. Doença. Agente patogênico. Medida. Cólera. Vibrio cholerae;. - Implantar sistema de abastecimento e. Febre tifóide. Salmonella typhi;. tratamento da água, com fornecimento. Giardíase. Giardia lamblia;. em quantidade e qualidade para consumo. Amebíase. Entamoeba histolytica;. humano, uso doméstico e coletivo;. Hepatite infecciosa. Hepatite virus A e E;. - Proteger de contaminação os mananciais. Diarréia aguda. Balantidium coli, Cryptosporidium, Baccilus cereus,. e fontes de água;. S. aureus, Campylobacter, E. coli enterotoxogênica e enteropatogênica, enterohemolítica, Shigella, Yersinia enterocolitica, Astrovirus, Calicivirus, Norwalk, Rotavirus A e B; Pela falta de limpeza,. Escabiose. - Implantar sistema adequado de. higienização com. Pediculose (piolho). esgotamento sanitário;. a água. Tracoma Conjuntivite bacteriana. - Instalar abastecimento de água preferencialmente com encanamento no. aguda. Sarcoptes scabiei;. Salmonelose. Pediculus humanus;. domicílio; - Instalar melhorias sanitárias domiciliares e. Tricuríase. Clamydia trachomatis;. coletivas;. Enterobíase. Haemophilus aegyptius;. - Instalar reservatório de água adequado. Ancilostomíase. Salmonella typhimurium, S. enteritides;. com limpeza sistemática (a cada seis. Ascaridíase. Trichuris trichiura;. meses);. 30.

(31) Enterobius vermiculares; Ancylostoma duodenale; Ascaris lumbricoides; Por vetores que se. Malária. Plasmodium vivax, P. malarie e P. falciparum;. - Eliminar o aparecimento de criadouros. relacionam com a. Dengue. Grupo B dos arbovírus;. de vetores com inspeção sistemática e. água.. Febre amarela. RNA vírus;. medidas de controle (drenagem, aterro e. Filariose. Wuchereria bancrofti;. outros); - Dar destinação final adequada aos resíduos sólidos;. Associada à água.. Esquistossomose. Schistosoma mansoni;. - Controlar vetores e hospedeiros. Leptospirose. Leptospira interrogans;. intermediários.. Fonte: Funasa (2006). 4.2.2 As Doenças relacionadas com o esgoto. É grande o número de doenças cujo controle está relacionado com o destino inadequado dos dejetos humanos. Entre as principais: ancilostomíase, ascaridíase, amebíase, cólera, diarréia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose, estrongiloidíase, febre tifóide, febre paratifóide, salmonelose, teníase e cisticercose (FUNASA, 2006). Modos de Transmissão (extraídos de FUNASA, 2006): •. Pelo contato direto da pele com o solo contaminado por larvas de helmintos, provenientes de fezes de portadores de parasitoses;. •. Pelo contato direto da pele com coleções de água contaminada por cercarias;. •. Pela ingestão de alimentos e água contaminados diretamente pelos dejetos;. •. Pela ingestão de alimentos contaminados por vetores;. •. Pela ingestão de alimentos diretamente contaminados pela mão de homem, por falta de higiene pessoal;. •. Pela ingestão de carnes suínas e bovinas contaminadas com cisticercos viáveis.. Abaixo a tabela 4, mostrando as principais doenças relacionadas com a contaminação por fezes e medidas de prevenção.. 31.

(32) Tabela 4 – Doenças relacionadas com a contaminação por fezes Doenças. Agente patogênico. Transmissão. Medidas. Bactéria Salmonella typhi e paratyphi. Fecal-oral em relação. Abastecimento de água. a água. (implantação e/ou ampliação de. Cólera. Vibrio cholerae Shigella sp. Escherichia coli,. Diarréia aguda. Campylobacter e Yersinia. Febre tifóide e paratifóide. sistema). enterocolitica Vírus Hepatite A e E. Vírus da hepatite A. Imunização. Poliomielite. Vírus da poliomielite. Qualidade da água/desinfecção. Diarréia aguda. Vírus Norwalk Rotavírus Astrovirus Adenovírus Calicivirus. Protozoário Diarréia aguda. Entamoeba histolytica. Instalações sanitárias (implantação. Toxoplasmose. Giardia lamblia. e manutenção). Cryptosporidium spp. Balantidium coli Toxoplasma gondi Helmintos Ascaridíase. Ascaris lumbricoides. Fecal-oral em. Esgotamento sanitário (implantação. Tricuríase. Trichuris trichiura. relação ao solo. e/ou ampliação de sistema). Ancilostomíase. Ancylostoma duodenale. (geohelmintose). Esquistossomose. Schistosoma mansoni. Contato da pele com água contaminada. Taenia solium. Ingestão de carne. Taenia saginata. mal cozida. Teníase. Cistecercose. Taenia solium. Fecal-oral, em. Higiene dos alimentos. relação a água e alimentos contaminados. Fonte: Funasa (2006). 4.3. Enchentes, saneamento e doenças relacionadas a água. Além da destruição de casas e outros prejuízos causados pelas enchentes, o período de chuvas, pode acarretar também uma série de doenças que se intensificam devido a essas condições climáticas,. 32.

(33) as doenças de veiculação hídrica. Este quadro ainda pode piorar se na região não existir um sistema de saneamento, para tratar os resíduos, os esgotos domestico e industrial, pois em contato com os resíduos e/ou esgoto a água torna-se contaminada e torna-se veiculo dessas doenças para as pessoas, e como em casos de inundação a quantidade de água que entra em contato com a população é grande, o número de casos dessas doenças tendem a aumentar após as enchentes. Também existe o aumento de vetores de algumas doenças como a dengue, que possuem algum ciclo na água, também aumentando o risco a população. A experiência da vigilância epidemiológica no Brasil demonstra que as principais ocorrências epidemiológicas após as inundações são: os traumatismos (afogamentos, lesões corporais, choques elétricos, etc.), os acidentes por animais peçonhentos e o aparecimento de surtos de doenças infecciosas, particularmente a leptospirose, e de doenças de transmissão hídrico-alimentar (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2005). Os surtos de leptospirose costumam ocorrer imediatamente após a inundação (na primeira semana), quando as águas ainda estão baixando ou quando as pessoas retornam às suas residências e procedem à limpeza das casas. O período de incubação vai de 1 a 30 dias após o contato com o agente infeccioso, a leptospira, a qual é eliminada através da urina dos ratos urbanos e mantida viável na água e na lama das enchentes. Portanto, deve-se estar alerta possibilidade de ocorrência de casos e surtos de leptospirose nas quatro ou cinco semanas que se seguem ao fim da inundação, com o descenso total das águas (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2005). Com relação às doenças de veiculação hídrica e alimentar, a cólera e as demais doenças diarréicas agudas têm período de incubação curto, variando de algumas horas a até cinco dias. Já as hepatites A e E apresentam período de incubação médio de 30 dias, podendo apresentar –se como conseqüências mais tardias das inundações (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2005).. 4.4. Defesa Civil. Responsável pelo conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas, destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social (BLUMENAU, 2001).. 33.

(34) 4.5. Vigilância Epidemiológica. A Vigilância Epidemiológica do município de Blumenau possui um importante papel no sentido de acompanhar, tratar e referenciar doenças de notificação compulsórias do Ministério da Saúde e ampliadas a nossa realidade (BLUMENAU, 2001).. 4.5.1 Epidemiologia. A Epidemiologia, segundo Almeida Filho e Rouquayrol (1992), é conceituada como: Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.. Um primeiro passo em um estudo epidemiológico é analisar o padrão de ocorrência de doenças segundo três vertentes: pessoas, tempo e espaço, método este também conhecido como “epidemiologia descritiva”. Segundo Ruy Laurenti (1973), para o estudo epidemiológico de uma doença, é necessário conhecer a frequência da mesma numa determinada área e sua evolução no tempo. O padrão de ocorrência das doenças também pode se alterar ao longo do tempo, resultando na chamada estrutura epidemiológica, que nada mais é do que o padrão de ocorrência da doença na população, resultante da interação de fatores do meio ambiente, hospedeiro e do agente causador da doença (BRASIL, 2006).. 4.5.2 A medida das doenças. A medida de uma doença nada mais é do que uma contagem do número de vezes que ela ocorre, identificando-se, para cada caso, todas as suas características (LAURENTI, 1973). A freqüência de uma doença pode ser expressa sob a forma de um número absoluto. Do ponto de vista administrativo, é interessante saber o valor absoluto, porém, para estudos epidemiológicos, são necessárias outras maneiras para se expressar a freqüência de uma doença (LAURENTI, 1987). Os. 34.

(35) valores relativos, coeficientes ou taxas, índices ou razões são as medidas mais usadas em Epidemiologia, relacionando o número de casos com a população ou subgrupos desta, de onde provieram os doentes. A freqüência das doenças na população é conhecida através da morbidade, isto é o número de casos num determinado período (LAURENTI, 1969). Quando se deseja medir a freqüência de uma doença dois aspectos precisam ficar bem estabelecidos, sendo o primeiro o que chamamos de casos novos e o outro, de casos existentes ou antigos. Chama-se de incidência o número de casos novos de uma doença, ou aqueles que iniciaram num determinado período. Já o coeficiente de incidência é o número de casos novos ou iniciados num determinado período , relacionando a população exposta ao risco. Seu valor pode ser calculado utilizando a equação 1, abaixo.. Coeficiente de Incidência = =. número de casos novos (iniciados) num período. x 10n. população da área, exposta ao risco. Equação 1. Através dessa medida, podem –se comparar os riscos que duas populações têm de adquirir uma doença ou como varia o risco numa mesma população no tempo (LAURENTI, 1969). Dá-se o nome de prevalência de uma doença ao número de casos que existam, não importando se novos ou antigos. Enquanto a incidência dá idéia defluxo, a prevalência fornece a imagem de acúmulo ou de estoque. A incidência é medida essencialmente usada pelo epidemiologista, sendo a prevalência mais de uso do administrador (LAURENTI, 1969). O coeficiente de prevalência pode ser calculado com a equação abaixo.. Coeficiente de Prevalência = =. número de casos existentes (novos + antigos) população exposta ao risco. x 10n Equação 2. 35.

(36) Tanto o coeficiente de incidência quanto o de prevalência são considerados como fazendo parte dos coeficientes de morbidade.. 4.5.3 Epidemia. A distribuição dos agravos à saúde através do tempo permite observar as variações que possam ocorrer em sua freqüência. Obviamente, para se poder julgar seu aumento ou diminuição, torna-se necessário prévio conhecimento do valor considerado como normal, seja de outras épocas, seja contemporâneo. Isso se dá o nome de endemia e as flutuações da incidência, incluindo as estacionais, são feitas dentro de certos limites considerados como normais. A essa faixa de normalidade dá- se o nome de nível endêmico (FORATTINI, 1976). Segundo Forattini (1976), quando ocorre em uma população um número de casos de determinado agravo sensivelmente maior do que o esperado, este fenômeno pode ser chamado de epidemia. Levando –se em conta a noção de nível endêmico, têm-se uma epidemia sempre que a incidência ultrapassar o limite superior do nível e por isso o limite superior do nível endêmico pode ser chamado de limiar epidêmico. Quando a epidemia ocorre em um curto ou médio espaço de tempo, costuma-se usar, além do termo genérico (epidemia), o de epidemia instantânea ou maciça. Essas situações podem ser comumente encontradas em casos de contaminação hídrica ou alimentar (FORATTINI, 1976). 4.5.4 Doenças em Blumenau Como das doenças de veiculação hídrica que foram pesquisadas junto a vigilância epidemiológica, foram encontrados casos confirmados apenas para Leptospirose e Doenças Diarréicas Agudas. Serão apresentadas a seguir as principais características destas doenças.. 4.5.4.1 Características da Leptospirose (BRASIL, 2006).. 36.

(37) A Leptospirose é uma doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro pode variar desde um processo inaparente até formas graves. Trata-se de zoonose de grande importância social e econômica por apresentar elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, bem como por sua letalidade, que pode chegar a até 40% dos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às precárias condições de infra-estrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações propiciam a disseminação e a persistência do agente causal no ambiente, facilitando a eclosão de surtos. A Leptospirose também pode ser conhecida como Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pântanos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo canino e outras. Atualmente, evita-se a utilização desses termos, pois são potencialmente passíveis de confusão. O agente etiológico é a bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira, do qual se conhecem atualmente sete espécies patogênicas, sendo a mais importante a L. interrogans. A unidade taxonômica básica é o sorovar (sorotipo). Mais de 200 sorovares já foram identifi cados e cada um tem o(s) seu(s) hospedeiro(s) preferencial(ais), ainda que uma espécie animal possa albergar um ou mais sorovares. Qualquer sorovar pode determinar as diversas formas de apresentação clínica no homem; em nosso meio, os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhagen freqüentemente estão relacionados aos casos mais graves. Dentre os fatores ligados ao agente etiológico, favorecendo a persistência dos focos de leptospirose, especial destaque deve ser dado ao elevado grau de variação antigênica, à capacidade de sobrevivência no meio ambiente (até 180 dias) e à ampla variedade de animais susceptíveis que podem hospedar o microrganismo. Os animais sinantrópicos (vivem próximo ao homem), domésticos e selvagens são os reservatórios essenciais para a persistência dos focos da infecção. Os seres humanos são apenas hospedeiros acidentais e terminais dentro da cadeia de transmissão. O principal reservatório é constituído pelos roedores sinantrópicos (domésticos) das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo ou catita). Ao se infectarem, não desenvolvem a doença e tornam-se portadores, albergando a leptospira nos rins e eliminando-a viva no meio ambiente, contaminando, desta forma, água, solo e alimentos. O Rattus norvegicus é o principal portador da Leptospira. 37.

Referências

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