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5.2. Principais Conclusões

5.2.2. Conclusões relativas às práticas de professores de Ciências Físico-Químicas

respectivos manuais

Partindo da análise das entrevistas aos oito professores de Ciências Físico-Químicas, verifica- se que:

• A maioria dos professores frequentou uma disciplina de HC na sua formação inicial, sendo que a avaliam como tendo pouca ou nenhuma relevância para a prática pedagógica. De salientar que um docente afirma não ter tido qualquer formação inicial em HC.

• Apenas metade dos docentes admite que a formação inicial em HC teve “alguma utilidade” na prática lectiva. A outra metade considera-a como tendo pouca ou nenhuma utilidade.

• A totalidade dos professores considera que a sua formação actual em HC provém, sobretudo, da “experiência docente/investigação própria”. Apenas metade dos docentes, ao nível da frequência de uma pós-graduação ou mestrado, teve formação em HC, mas incluída em outras

disciplinas. Contudo, mesmo estes professores avaliam a sua formação actual em HC como muito deficiente.

• Nenhum professor entrevistado frequentou acções de formação/cursos de formação relativos à HC/utilização da HC no ensino das Ciências.

• Quanto à introdução da HC na Educação em Ciências e nas Ciências Físico-Químicas, todos os docentes a encaram como algo, no mínimo, importante.

• Todos os docentes referem pelo menos uma vantagem educativa na utilização da HC na Educação em Ciências, sendo que as vantagens mencionadas mais frequentemente pelos professores são a de “facilitar uma visão evolutiva das Ciências” e a “motivação dos alunos”.

• Somente metade dos docentes é que considera que há desvantagens educativas no uso da HC. Destas, foram referidas, respectivamente, por cada docente: dúvidas dos discentes em relação ao objectivo de estudas HC; falta de tempo; limitação de tempo conjugada com a extensão programática; limitação de tempo relacionada com a dificuldade de exploração da HC.

• Apenas três docentes referem recorrer à HC em todos os temas de Ciências Físico- Químicas. Os outros professores referem utilizar a HC pelo menos num dos temas. As razões mais frequentemente apontadas para justificar o uso da HC, são o facto da abordagem fazer parte do programa curricular e a importância da contextualização histórica.

• Existe pouca variedade quanto às estratégias para trabalhar a HC nos subtemas dos temas de Ciências Físico-Químicas, sendo que quase todos os docentes referem pelo menos a “explicação (oral, manual escolar, Power Point, vídeo) e diálogo” com os discentes.

• A totalidade dos docentes considera que os seus discentes, no mínimo, reagem positivamente e gostam da abordagem ao conteúdo histórico.

• Sobre o uso da HC no tema “Viver melhor na Terra”, somente um entrevistado admite não recorrer à HC, alegando a falta de tempo e a extensão do programa. Porém, três professores referem recorrer à HC em todos os subtemas do tema em causa. Também neste caso, as razões mais frequentemente aduzidas são o facto dessa abordagem fazer parte do programa e a relevância da contextualização histórica.

• Quanto às estratégias referidas pelos docentes para trabalhar a HC nos subtemas do tema “Viver Melhor na Terra”, observa-se, à semelhança do concluído anteriormente, que quase todos os professores privilegiam, essencialmente, a “explicação (oral, manual escolar, Power Point, vídeo) e diálogo” com os alunos.

• A maioria dos docentes “avalia com regularidade” os discentes em relação a objectivos respeitantes à HC. Embora essa avaliação seja feita de modo diversificado, não é considerada como um dos aspectos fulcrais da avaliação.

• Sobre a utilização da HC na Física e na Química, a escassez de tempo e a falta de tempo relacionada com a extensão dos programas, são as dificuldades referidas mais vezes pelos docentes.

• A maioria dos docentes considera que não existem materiais pedagógicos diversificados sobre HC, disponíveis para os professores.

• A maioria dos professores considera que a adopção do manual do tema “Viver Melhor na Terra” foi uma “boa adopção”, quando considerado globalmente. Contudo, dois docentes não participaram na adopção do manual com que trabalham.

• Os critérios aduzidos pelos professores para fundamentar a adopção do respectivo manual escolar foram muito variados. Apenas três docentes mencionam a “abordagem histórica (HC)” como um critério a ter em conta nessa adopção, sendo que os restantes consideram que este não é um critério fundamental ou que não têm sensibilidade para a HC.

• No que se refere à avaliação da HC presente no manual adoptado, esta é diversificada. Metade dos docentes avalia o manual escolar como “fraco”.

• Em relação ao uso dos conteúdos históricos apresentados pelo manual escolar adoptado, a maioria dos docentes refere utilizá-los todos. Somente dois dos entrevistados indicam não utilizar a HC incluída no manual. Como forma de trabalhar o conteúdo histórico do manual, quase todos os professores referem pelo menos “ler e explorar os textos de HC na aula” e “observar e explorar as imagens de HC na aula”.

• Metade dos docentes declara que não adoptaria o mesmo manual tendo em conta o conteúdo histórico; dos restantes quatro, apenas um docente afirma que continuaria a adoptá-lo, e os outros três professores manifestam ter dúvidas sobre uma futura adopção.

De modo a dar resposta ao segundo e terceiro objectivos de investigação, nomeadamente, averiguar a importância atribuída à HC no ensino-aprendizagem do tema “Viver Melhor na Terra” e na escolha dos manuais que integram o tema em causa, por parte dos professores de Ciências Físico- Químicas, podemos afirmar que, de uma forma geral, os docentes entrevistados atribuem muita importância à HC quer no ensino das Ciências Físico-Químicas, quer especificamente no tema “Viver Melhor na Terra”. Embora três docentes afirmem que tiveram ou que teriam em conta a HC como um dos critérios na adopção do manual, conclui-se que os professores de Ciências Físico-Químicas atribuem pouca importância à HC na escolha do manual do tema referido. Sobre esses três docentes, dois deles foram os que não adoptaram o manual e o outro entrevistado não utiliza a HC no tema em causa. Deste modo, pode-se afirmar que nenhum docente escolheu efectivamente o manual tendo em conta a HC.

Constata-se, a partir da análise das entrevistas aos docentes participantes neste estudo, que os resultados obtidos são muito semelhantes aos obtidos noutros estudos (Correia, 2003; Leite, 1986; Martins et al., 2002; Niaz, 2009; Wang & Cox-Petersen, 2002; Wang & Marsh, 2002).

Comparando as respostas dos docentes com os resultados obtidos no estudo dos manuais escolares, verifica-se que alguns dos professores entrevistados não avaliam correctamente e não conhecem adequadamente o manual adoptado em relação à HC. Sobre este aspecto, alguns professores manifestam muitas dúvidas e contradições sobre a análise da HC incluída no manual. Para além disso, é importante salientar que as respostas dos docentes que utilizam o mesmo manual raramente coincidem.

Face ao exposto, conclui-se que a avaliação dos manuais em relação à HC depende acima de tudo das percepções de cada professor. Porém, os próprios reconhecem que nem a formação inicial, nem a formação actual nesta área lhes confere a segurança e a sensibilidade para poder incorporar totalmente e sem receios a HC e não lhes possibilita um conhecimento total da HC incluída no manual escolar adoptado.