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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.2 Conclusões

5.2.1 Avaliação do Estudo de Caso pela NBR 15.220-3, NBR 15.575, Selo Casa Azul e Pré Requisitos da Envoltória de Transmitância Térmica,

Capacidade Térmica e Absortância Solar das Superfícies do RTQ-R

Ao se avaliar os sistemas construtivos que tipicamente caracterizam as habitações de interesse social no país, segundo os parâmetros e critérios de desempenho prescritos nos instrumentos regulamentadores, verificou-se para os grupos de paredes que em todas as zonas bioclimáticas, os sistemas construtivos com bloco cerâmico, grupos P4, P6 e P7 acumularam os maiores números de aprovações. Os grupos que têm argamassa interna e externa, P6 e P7, são os que mais acumulam aprovação. Sendo o grupo P7, que apresenta maiores dimensões do que o P4, o único aprovado em todas as zonas bioclimáticas, tanto quando a cor das paredes externas é clara e escura. Por outro lado, o menor acúmulo de aprovações foi nos grupos que apresentam concreto em sua composição, grupos P1, P2 e P5. Sendo o grupo P5, que é composto unicamente pelo concreto moldado em forma de parede, reprovado em todas as zonas bioclimáticas para paredes externas claras como também escuras. Sendo as paredes de concreto, amplamente utilizadas na construção de habitações, comprova-se por este fato que não há qualquer relação entre o que é feito e os instrumentos regulamentadores para eficiência energética de edificações que o próprio governo subsidia.

Quanto a cor externa das paredes, houve significativa redução de aprovações para os mesmos sistemas construtivos e zona bioclimáticas quando apresentam cor escura na parede externa. Não sendo observados para quaisquer zonas bioclimáticas maiores aprovações de paredes escuras do que claras. Denotando-se assim que a maior radiação absorvida por cores mais escuras, independente da composição do sistema de parede, aumenta significativamente o acúmulo de calor no sistema e consequentemente maior transferência entre o meio interno e externo.

Para os sistemas construtivos de cobertura, tem-se que em todas as zonas bioclimáticas os grupos que apresentam telha cerâmica em sua composição, grupos C1 e C2 em todas as variações de absortância, o maior acúmulo de aprovações. Sendo majoritária a aprovação para o grupo C2-0,37, que possui forro de gesso e a menor absortância para a telha cerâmica dentre as três avaliadas. O menor acúmulo está nos grupos que têm telha concreto ou fibrocimento em sua composição, grupos C3 e C4, C5. Sendo majoritária a reprovação do grupo C3, que tem seu forro em PVC.

Por outro lado, tem-se a aprovação de todos os grupos em todas as zonas bioclimáticas quando na presença de lâmina de alumínio. Assim recomenda-se que esse elemento seja incorporado as edificações em todas as zonas bioclimáticas, visto que é um componente de fácil aquisição e instalação, favorece o desempenho térmico de qualquer sistema de cobertura, pelo fato de funcionar como uma subcobertura isolante, por constituir assim uma barreira à transferência de radiação do meio externo para o meio interno.

Tanto para o sistema de paredes quanto cobertura, diagnosticou ser comum que a presença de material cerâmico favorece em maiores níveis de desempenho, bem como cores mais claras junto às superfícies externas.

5.2.2 Avaliação do Estudo de Caso pelo RTQ-R – Método Prescritivo e Método de Simulação

Na aplicação do método prescritivo do RTQ-R para avaliação das envoltórias que apresentaram maiores e menores números de aprovações na primeira etapa, obteve-se níveis de eficiência reduzidos nos quatro tipos de envoltória em todas as zonas bioclimáticas. Não sendo verificados níveis de eficiência para o equivalente numérico da envoltória superior que “C” tanto antes como após a verificação dos pré- requisitos. Ao se considerar as classificações obtidas independente da zona bioclimática, o nível de classificação predominante é o “D”, que totaliza em 15 antes da verificação dos pré-requisitos e 17 após.

Porém, mesmo com essa grande amostragem de níveis de reduzidos de eficiência, observou-se que os resultados de eficiência notados acompanham o notado na primeira etapa de avaliações. De modo geral, o tipo de envoltória que apresentou os maiores equivalentes numéricos e níveis antes e após a verificação dos pré- requisitos foi a do tipo P7/C2*-0,37 NS, seguido pelos tipos P7/C2*-0,37 LO, P5/C3 NS e P5/C3 LO. Essa situação, antes e após a verificação dos pré-requisitos, foi exceção nas zonas bioclimáticas 1, 7 e 8. Observou-se também que há certa homogeneidade nos níveis de eficiência, e consequentemente no equivalente numérico de uma mesma zona bioclimática. Mas que ainda foi possível relatar pela variação do equivalente numérico que a orientação das fachadas de aberturas Norte-Sul, apesar de geralmente não representar aumento no nível de eficiência, favorece um maior equivalente numérico que é compreendida como um sensível aumento de eficiência. Essa situação só não se aplica às zonas bioclimáticas 1, 2 e 7, que tem orientação

das fachadas de abertura Leste-Oeste como mais favorável a esse aumento de equivalente numérico.

Através da obtenção dos equivalentes numéricos antes e após os pré- requisitos, verificou-se que a influência do cumprimento ou não cumprimento dos mesmos para redução da eficiência se dá somente no âmbito dos equivalentes numéricos para resfriamento e aquecimento dos ambientes. Para o equivalente numérico da envoltória, é notada pouca variação somente no equivalente numérico, que não é suficiente para reduzir o nível de eficiência, exceto para os tipos P5/C3 NS e P5/C3 LO quando em Santa Maria. Isso deve-se ao fato de que obteve-se majoritariamente níveis de eficiência inferiores a “C”, que já são menores que o máximo prescrito quando um pré-requisito não é cumprido.

Assim, como no método prescritivo na aplicação do método de simulação, obtiveram-se níveis de eficiência reduzidos nos quatro tipos de envoltória em todas as zonas bioclimáticas. Não sendo verificados níveis de eficiência para o equivalente numérico da envoltória superior que “C”, tanto antes como após a verificação dos pré- requisitos. Ao se considerar as classificações obtidas independente da zona bioclimática, o nível de classificação predominante é o “E”, que totaliza em 14 antes e após a verificação dos pré-requisitos.

Observou-se que os resultados de eficiência notados acompanham o notado na primeira etapa de avaliações. De modo geral, o tipo de envoltória que acumulou apresentou os maiores equivalentes numéricos e níveis foi a do tipo P7/C2*-0,37 NS, seguido pelos tipos P7/C2*-0,37 LO, P5/C3 NS e P5/C3 LO. Há homogeneidade nos níveis de eficiência, e consequentemente no equivalente numérico de uma mesma zona bioclimática. Mas que ainda foi possível relatar pela variação do equivalente numérico que a orientação das fachadas de aberturas Norte-Sul, apesar de geralmente não representar aumento no nível de eficiência, favorece um maior equivalente numérico que é compreendida como um sensível aumento de eficiência. Essa situação só não se aplica às zonas bioclimáticas 1 e 6, que apresentam o mesmo equivalente numérico para os quatro tipos de envoltórias.

Através da obtenção dos equivalentes numéricos antes e após os pré- requisitos, verificou-se que a influência do cumprimento ou não cumprimento dos mesmos para redução da eficiência se dá somente no âmbito dos equivalentes numéricos para resfriamento e aquecimento dos ambientes. Para o equivalente numérico da envoltória, é notada pouca variação somente no equivalente numérico, que não é suficiente para reduzir o nível de eficiência. Que se deve ao fato dos níveis de eficiência serem majoritariamente inferiores a “C”.

Pela comparação entre o método prescritivo e de simulação, observa-se que os níveis de eficiência da envoltória tendem a serem reduzidos no método de simulação. Somente na zona bioclimática 8, que houve aumento de um nível de eficiência em todos os tipos de envoltória analisados. Acredita-se que, possivelmente, essa redução de eficiência foi influenciada pelo fato de que algumas características da geometria, ventilação e sombreamento de aberturas serem mais apuradas na simulação do que no método prescritivo. Isto demonstra que a partir do método de simulação, que é uma aproximação da realidade, é possível avaliar-se a influência de características mais peculiares do projeto e a influência do usuário no desempenho edificação seja por seu uso ou equipamentos que são empregados nas habitações por ele.

Há uma disparidade no consumo relativo para aquecimento notado entre os dois métodos, que se deve ao sistema de condicionamento de ar empregado nas simulações, a bomba de calor. Esse sistema, apesar de indicado no Relatório Técnico da Base de Simulações para o RTQ-R (SORGATO, 2011), não é aplicado em edificações residenciais no Brasil, pelo fato das variações de temperatura no inverno e calor não serem suficientemente distantes da linha de conforto térmico, que justifique o emprego de um sistema de tamanha eficiência e alto consumo energético.

Pelo exposto, considera-se que os objetivos deste trabalho foram alcançados, através da aplicação de um método que avalia o comportamento e qualidade das habitações de interesse social por meio de parâmetros de desempenho térmico. Espera-se que este trabalho contribua com informações e que seja considerado como subsidio para os planos e programas de ações governamentais ao definir as estratégias projetuais e construtivas dos conjuntos habitacionais que venham a ser implantados. Bem como, a consideração de que os pontos aqui apontados demonstram que não há consonância entre as edificações produzidas pelo governo e os instrumentos regulamentadores que ele próprio subsidia, de forma a se consolidar no campo das edificações um viés comum entre o que se é proposto na teoria e realizado na prática. Além de ser uma maneira que contribuirá significativamente na demanda da matriz energética do país, visto que as edificações residenciais são responsáveis por considerável parcela deste consumo.

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