• Nenhum resultado encontrado

Os fatores que motivaram a diretoria executiva do INCA a implantar sistema de custos (cujo processo deverá estar concluído em 2010) podem ser divididos em três grandes classes, todos oriundos de pressão externa:

1. Pressão quanto à ameaça de demissão de 30% da força de trabalho através do Acórdão TCU 1193/2006, retificado pelo Acórdão 1341/2007 do mesmo TCU. Esta pressão coloca a Instituição diante de uma única alternativa, encontrada na mudança do modelo jurídico.

2. A não existência de um orçamento retira da administração flexibilidade e condições de planejamento de médio e longo prazo. A hipótese para solucionar esta situação estaria na contratualização de metas físico financeiras com o Governo Central. Para tal, é fundamental que se demonstre a composição de custos que possam dar origem a esta contratualização.

3. Embora não seja dotado de orçamento, sendo um item de despesa da Secretaria de Assistência a Saúde do Ministério (SAS), o volume de recursos colocado a disposição traz uma pressão social por transparência (accountability) da qualidade dos gastos em relação às ações realizadas (ou esperadas).

Portanto, os fatores que levaram o INCA a, recentemente, implantar sistema de informação de custos são semelhantes àqueles apresentados na literatura revisada,6 com destaque para:

• Comprovação de uso de fundos diante dos serviços oferecidos, transparência no uso do dinheiro público,

• Incertezas quanto a regularidade do fluxo de recursos bem como sua disponibilidade

• Pressões externas que conduzem a contratualização com o governo central

Embora, em diversos aspectos o caso do INCA corrobore os argumentos teóricos analisados, os seguintes não foram constatados na instituição analisada:

• Necessidade de formação de preço para cobrança dos serviços prestados,

• Remuneração variável de funcionários.

Quanto ao nível de detalhe requerido para o sistema , os diferentes estratos da Instituição apresentam diferentes expectativas para o sistema oferecido:19

• O nível de diretoria, demanda por comprovação do destino dos fundos, por controle da execução orçamentária com objetivo nítido de transparência com o dinheiro público e relacionamento com os níveis políticos do governo.

• Os níveis de gestão (Diretores de Unidades e Gerentes de Divisão) têm expectativas de detalhes em termos de objetos de custeio e variações de custos.

Os pontos confirmam a literatura, entretanto todos são permeados pela ameaça externa configurando portanto, na principal origem das pressões para implementação do sistema.

Embora nesta primeira fase o sistema em desenvolvimento ofereça apenas detalhamento suficiente para possibilitar o controle orçamentário e a contratualização com o governo central, o requerimento do nível gerencial coaduna-se com as expectativas de um sistema de informações de custos para a tomada de decisões 5.

• Níveis de detalhes chegando ao custeio de objetos e serviços prestados

• Separação e classificação de custos • Medição de variações

• Disponibilidade das informações na velocidade requerida para tomada de decisão.

Os resultados aqui apresentados não podem ser extrapolados para outras instituições públicas de saúde em função do momento peculiar do INCA. Porém

poderão servir de base para condução de pesquisas sobre o tema nessas instituições.

O estudo fica limitado pela condição de efetivo esforço da instituição analisada em implantar um sistema de informações de custos, diante de pressões externas que outras entidades podem não estar sofrendo no momento.

Sugere-se para futuras pesquisas que se elabore questionário fechado a ser aplicado aos gestores de hospitais públicos de modo a buscar testar quantitativamente os resultados aqui apresentados numa perspectiva eminentemente qualitativa.

Referências

1Sistema Integrado de Orçamento Público de Saúde 2006.Brasília:Ministério da Saúde.

2Lima JC. História das lutas sociais por saúde no Brasil. Trabalho Necessário 2006; 4:60-63.

3

Miranda GJ, Carvalho CE, Martins VF, Faria AF. Custeio ABC em Ambiente Hospitalar: Um estudo nos Hospitais Universitários e de ensino Brasileiros. Revista Contabilidade de Finanças 2007; 44:33-43.

4Sistema de Administração Financeira do Governo Federal 2008. Serviço de Processamento de Dados. Brasília: Sistema de Administração Financeira do Governo Federal; 2008.

5

Pizzini MJ. The relation between cost system design, manager’s evaluation of relevance and usefulness of cost data and financial performance: an empirical study of US hospitals. Accounting, Organizations and Society 2006; 31:179-210. 6

Geiger D, Ittiner C. The influence of funding source and legislative requirements on government cost accounting practices. Accounting, Organization and Society 1996;21:549-567

7

Lapsley I. Responsibility accounting revived: Market reforms and budgetary reforms in health care. Management Accounting Research1994; 5:337-352. 8

Ehreth J. The implications for information system design of how health care cost are determined. Medical Care 1996; 34:69-82.

9Lawson RA. Activity – Based Costing Systems for hospital management. The Management Accounting Magazine 1994;68:31-35.

10Lawson RA. The use of activity based costing in the healthcare industry: 1994 vs. 2004. Research in Healthcare Financial Management 2005 ;Jan 1: 77-94. 11 Programa Nacional de Gestão de Custos -Manual Técnico de Custos - Conceitos e Metodologia. Ministério da Saúde 2006.

12

Esteves MJV. Dissertação de Mestrado USP- A utilização dos Custos em Hospitais Paulistas:Um estudo Preliminar.1992

13

Maia EA, Botelho D, Cardoso RL- Contabilidade de custos e discriminação de preços entre clientes particulares e de planos de saúde. Revista da FGVSP, 2009;48:11-23.

14

Bittencourt ONS. O emprego do método de custeio baseado em atividades – Activity Based Costing (ABC) – Como instrumento de Apoio a decisão na área Hospitalar. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado , Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1999.

15

Portalti G. A sistematização da Gestão Baseada em Atividades (ABM) – Activity-Based Management – para aplicação na área hospitalar: caso Centro de Terapia Intensiva de um hospital universitário público. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2002.

16

Portalti G, Bittencourt, ONS. Gestão Baseada em Atividades em um centro público de terapia intensiva de um Hospital Público. Revista Gaúcha de Enfermagem.2008;29:230-237.

17

Cao P, Toyabe S Akasawa K. Development of a practical costing method for hospitals. Tohoku Journal Exp Medical 2006;208:213-224.

18

Beuren IM., Schlinwein NF. Uso do Custeio por Absorção e do Sistema RKW para gerar informações Gerenciais:Um estudo de caso em Hospital. Associação Brasileira de Custos 2008;III, nº 2:123-129.

19

Flury R, Schedler K. Political versus managerial use of cost performance accounting. Public Money & Management 2006;26:229-234

20 Berry A.J, Capps T, Cooper D, Ferguson P ,Hopper T , Lowe EA.

Management control in area of the NCB: Relationales of accounting practices in a public enterprise. Accounting, Organizations and Society1985;10:3-28

21

Covaleski M , Dirsmith MW , Jablonski SF. Traditional and emergent theories of budgeting: An empirical analysis. Journal of Accounting and Public Policy 1985;4:277-300.

22Ansari SL, Euske K.J. Rational, rationalizing and reifying uses of accounting data in organizations. Accounting, Organizations and Society1987;12:549-570 23

Covaleski M, Dirsmith MW. The management of legitimacy and politics in public sector administration. Journal of Accounting and Public Policy

1991;10(2):135-156 24

Grupta PP , Dirsmith MW , Forgaty TJ. Coordination and control in a government agency: Contingency and institutional perspective on GAO audits. Administrative Science Quarterly 1994;39:264-284

25Albernety MA, Chua WF.A field study of control system change: The impact on managerial choice. Third European Management Control Symposium – London (July1995)

26

Hill NT, Johns E. Adoption of costing systems by US hospitals. Hospital and Health Services Administration 1994 ;39: 521-537

27

Orloff T, Little C, Clune C, Kligman D, Presto B. Hospital cost accounting: Who’s doing and why. Health Care Management Review 1990;15:73-78.

28Young D, Pearlman L. Managing the stages of hospital cost accounting . Health Care Financial Management 1993;47 : 58-80.

29Groot T, Buddind T. The influence of new public management practices on product costing and service pricing decision in Dutch Municipalities- Financial Accountability & Management 2004;20(4):422-443.

30Mulgan R. Contract out and Accountability.Australian Journal of Public Administration 1997;56(4):106-116

31

Van Helden GJ. Cost allocation and product costing in Dutch local government The European Accounting Review 1997;6:131-145

32Portal na Internet do Instituto Nacional de Câncer(www.inca.gov.br) e Relatório de Gestão 2008

Documentos relacionados