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Tipo III Soma dos

8 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

8.2 CONCLUSÕES SOBRE OS OBJETIVOS DE PESQUISA E O PROBLEMA DE PESQUISA

O objetivo geral desta tese foi analisar os antecedentes e fatores situacionais da intenção e comportamento. Dentre os objetivos específicos, foram incluídos: a) identificar os antecedentes da intenção de economizar água; b) analisar a relação entre intenção e comportamento, c) identificar os fatores contingenciais no caminho intenção-comportamento e d) testar o modelo proposto com base em dados longitudinais. E, após todos os testes e análises realizados, são apresentadas as conclusões a partir dos resultados obtidos na busca de explorar cada um dos objetivos a seguir.

O primeiro objetivo buscou identificar os antecedentes da intenção de economizar água e constatou-se que os antecedentes apresentados no modelo conceitual proposto exerceram influência positiva na intenção comportamental. A partir dos modelos testados, os

antecedentes que se destacaram foram normas subjetivas, controle percebido, frequência,

atitude, consumo real passado, em concordância com os estudos de Fishbein e Ajzen (1975),

Ajzen e Madden (1986), Ajzen (1991) e Bagozzi e Warshaw (1990).

O segundo objetivo tratou de analisar a relação entre intenção e comportamento. Para isso, esta tese utilizou um estudo longitudinal, que de acordo com o modelo conceitual proposto aconteceu em dois períodos de tempo: a primeira fase da pesquisa ocorreu em novembro de 2015 e contou com os valores em metros cúbicos da água consumida entre os meses de maio a outubro de 2015 e a segunda fase da pesquisa ocorreu em abril de 2016 e contou com os valores em metros cúbicos da água consumida entre os meses de janeiro a março de 2016. Os dados mostram, porém, que as intenções não se converteram em comportamento real, por intermédio da H11 (Quanto maior a intenção de economizar água, menor o consumo real), contrariando o que se esperara. Nesta pesquisa, as pessoas que apresentaram uma alta intenção de economizar água não apresentaram alteração entre o consumo real passado e o consumo real atual. Acredita-se que a pessoa pode até ter a intenção, mas nesse caminho entre intenção e comportamento real pode haver vários fatores que façam a pessoa mudar de ideia ou não conseguir realizar o comportamento desejado.

O terceiro objetivo buscou identificar os fatores contingenciais no caminho intenção- comportamento. A partir dos modelos aqui testados, resultados interessantes revelaram-se para esses fatores: quem paga a conta, gênero, faixa etária, número de pessoas na casa e renda familiar. Verificou-se que o fator contingencial ausência de água não apresentou influência significativa sobre os construtos a ele relacionados.

O quarto objetivou testar o modelo proposto com base em dados longitudinais. Isso aconteceu em uma etapa da pesquisa em que foi possível realizar uma combinação dos Estudos 2 (survey) e 3 (experimento) de forma intertemporal, analisando em conjunto duas ondas de pesquisa. Para tanto, foram considerados os respondentes que possuíam todas as informações acerca do consumo real de água em metros cúbicos nas duas fases da pesquisa.

Diante das evidências encontradas até então e a partir da questão que orientou o desenvolvimento desta pesquisa (Quais fatores influenciam os indivíduos a ter intenção de adotar as PAS e converter esta intenção em comportamento real?), podem-se trazer algumas conclusões:

De forma geral, percebe-se que ainda há uma lacuna a ser investigada entre intenção e comportamento, isso porque as pessoas até demonstram uma alta intenção de economizar água, mas, por motivos ainda desconhecidos, a intenção não se converte em comportamento real. As pessoas até dizem ter intenção de economizar água porque isso significa economizar

recursos naturais, preservar o planeta e pensar nas gerações futuras, porém, na verdade, parece que a motivação está relacionada à questão monetária.

Diferentemente do resultado encontrado no estudo realizado por Roque et al. (2016), nesta tese a motivação financeira é um forte indutor da intenção comportamental, porém, parece que as pessoas tendem a colocar em prática a economia de água apenas quando começam a sentir a mudança no bolso, ou seja, quando são obrigadas a pagar a mais devido ao aumento da tarifa de água. Já o racionamento parece ser percebido como uma economia forçada, pois, caso não tenha acréscimo no valor pago pela água, nem mesmo uma situação de racionamento motiva as pessoas a economizarem água. O racionamento deveria ser visto como uma evidencia real de que o problema existe, que pode se agravar e que pode se repetir.

A intenção de economizar água também só aumenta com os fatores impacto direto e com aumento de tarifa, para a chamada intenção comportamental nível 1, que é quando as pessoas dizem que estão planejando, pretendendo, tentando e conseguindo economizar água. Porém, mesmo havendo racionamento, a intenção de economizar água é menor para a

intenção comportamental nível 3, que exija maiores esforços como reaproveitar a água da

máquina ou a água de chuva.

Também se destacam os antecedentes que se confirmaram, a partir dos modelos testados nesta tese, e que estão de acordo com os estudos realizados por Fishbein e Ajzen (1975), Ajzen e Madden (1986), Ajzen (1991) e Bagozzi e Warshaw (1990), que são: normas

subjetivas, controle percebido, frequência, atitude, consumo real passado.

8.3 CONTRIBUIÇÕES

De forma geral, esta tese contribui para a literatura que versa sobre comportamento do consumidor e marketing da seguinte forma: a) é proposto e testado um modelo adaptado das Teorias da Ação para explicar a intenção de economizar água e o comportamento real do consumo de água; b) apresenta uma análise de modo longitudinal, coletando dados dos mesmos respondentes em dois períodos de tempo; c) utiliza, tanto respostas atitudinais (a opinião dos respondentes nas escalas de 1 a 7), quanto dados objetivos (o valor real do consumo em metros cúbicos obtidos a partir da conta de água) e d) faz a combinação de dois estudos, analisando os resultados da survey com o experimento em um único modelo conceitual.

Além disso, essa tese avança nos estudos de Roque et al. (2016) ao mostrar que a motivação financeira pode influenciar na intenção comportamental em relação à economia de

água. Também avança nos estudos de Untaru et al. (2016) e Vaccari et al. (2016) ao mostrar que além das normas subjetivas, outros antecedentes como controle percebido, recentidade, frequência, atitude e consumo real passado, também possuem um papel importante como influenciador das intenções comportamentais.