Através dos estudos geológicos, geoquímicas e petrográficos foi possível caracterizar as formações ferríferas do Greenstone Belt Ibitira- Ubiraçaba da região de Ubiraçaba comparativamente com os modelos específicos disponíveis na bibliografia.
Durante o mapeamento geológico verificou-se a presença de alteração hidrotermal, como veios preenchidos por sílica e epídoto, nas rochas encaixantes do greenstone belt, porém o mesmo não foi observado nas formações ferríferas.
De acordo com as características texturais observadas em campo, pode- se chamar as formações ferríferas de BIF´s, pois a mesmas se encontram bandadas, intercalando níveis de óxido de ferro (magnetita) com níveis de outros minerais (quartzo e Fe-carbonato).
Os BIF´s apresentaram características da fácies óxidos no alvo I, com mineralogia predominante formada por magnetita e quartzo com pequena contribuição da fácies silicato marcado pela presença de grunerita em pequena quantidade e características da fácies carbonato no alvo II, com predominância de magnetita e Fe-carbonatos, apresentando quartzo e grunerita subordinadamente.
Os altos valores de SiO2 e Fe2O3 e baixos de Al2O3 indicam que a BIF
estudada é significativamente pura e livre de sedimentos detríticos.
Os dados apresentados nesse trabalho sugerem um ambiente de deposição plataformal para as formações ferríferas descritas, com base nos dados obtidos:
- O leve enriquecimento relativo em ETR pesados, pode ser explicado pelos padrões de ETR das águas do mar que é enriquecida em ETR pesados.
- A anomalia negativa de Ce, sugere condições fortemente oxidantes no ambiente marinho, e acontece devido ao Ce ocorrer em estado de oxidação +4 nos oceanos, o qual é imediatamente incorporado pelos sedimentos de água profunda.
- A anomalia levemente positiva ou ausente de Eu acontece quando as formações ferríferas são formados pela ação de fluidos hidrotermais de baixa
temperatura ou quando este é ausente, sugerindo um ambiente distante de uma fonte hidrotermal.
- As relações Y/Ho x Eu/Sm e Sm/Yb x Eu/Sm confirmam que as formações ferríferas não tiveram contribuição hidrotermal quente, sugerindo um ambiente distante de uma fonte hidrotermal.
Apesar das formações ferríferas estarem posicionadas sobre um terreno do tipo greenstone belt, o que levaria a classificá-la como do tipo Algoma, as características petrológicas e geoquímicas sugerem maior compatibilidade com as formações do tipo Lago Superior.
Assumindo que as formações ferríferas são do tipo Lago Superior, é possível interpretá-las como um terreno alóctone que foi colocado lado-a-lado com as rochas vulcânicas do greenstone belt durante o fechamento da bacia na orogenia Paleoproterozóica, ou ainda admitir que não existe relação entre as formações e as rochas vulcânicas, de maneira que elas foram formadas em diferentes épocas.
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, B. et al., Continentally derived in shallow Archean seawater:
Rare Earth Elements and Nd isotope evidence in iron formation from the 2,9Ga Pongole supergroup, South Africa. Geochimica et Cosmochimica Acta
72(2), 378-394. 2008
ALKIMIM, F. F.; BRITO-NEVES B. B.; ALVES, J. A. C. Arcabouço Tectônico
do Cráton do São Francisco: uma revisão. In: MISI, A.; DOMINGUEZ, J. M.
L. (Ed.) O Cráton do São Francisco. Salvador: SBG, 1993. p. 45-62.
ALMEIDA, F. F. M.. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, v. 7, n. 4, p.349-364, 1977.
ARCANJO, J. B. A. et al. (Org.). Projeto Vale do Paramirim: Estado da Bahia. Salvador: CPRM, 2000. 105 p. il. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB. Convênio CBPM/CPRM. Escala 1:200.000. Relatório Interno. BARBOSA, J. S. F. (Coordenador) et. al. Mapeamento geológico e
levantamentos de recursos minerais da folha Caetité, escala 1:100.000,
Salvador. 2009, 1 mapa color. 176 p. Convênio UFBA/CPRM/FAPEX.
BARBOSA, J. S. F. & SABATÉ, P., Colagem Paleoproterozóica de Placas
Arqueanas do Cráton do São Francisco na Bahia. In: Revista Brasileira de
Geociências, P.33(1-Suplemento): 7-14. 2003.
BARBOSA, J.S.F.; SABATÉ, P.; MARINHO, M.M. O Cráton do São Francisco
na Bahia: uma síntese. Revista Brasileira de Geociências, 33: 3-6, 2003.
BARBOSA, J. S. F.; DOMINGUEZ, J. M. L. (Coords.) Mapa geológico do
estado da Bahia : texto explicativo. Salvador :SGM, 1996. 382 p. il., 1 mapa
color., escala 1:1.000.000. Convênio SICT/UFBA/SGM/FAPEX.
BASTOS LEAL, L.R.; TEIXEIRA, W.; CUNHA, J.C.; MACAMBIRA, M.J.B.
Archean tonalitic–trondhjemitc and granitic plutonism in the Gavião Block, São Francisco Craton, Bahia, Brazil: Geochemical and geochronological characteristics. Revista Brasileira de Geociências, v.2, n.2,
1998. p.209–220.
BASTOS LEAL, L.R.; TEIXEIRA, W.; CUNHA, J.C.; MENEZES-LEAL, A.B. de; MACAMBIRA, M.J.B; ROSA, M. de L. da S. Isotopic signatures of
evolution of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil. Revista Brasileira de
Geociências, v.30(1). 2000. p.066–069
BHATTACHARYA, H. N.; CHAKRABORTY, I.; GHOSH, K. K., Geochemistry
of some banded iron-formations of the archean supracrustals, Jharhand- Orissa region, India. J. Earth Syst. Sci. 116, nº3, 2007 p.245-259.
BIONDI, J. C.. Processos Metalogenéticos e os Depósitos Minerais
Brasileiros. 1 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2003. 528 p.
BRANDT, R. H. et al.. Problems of Nomenclature for Banded Ferruginous
Cherty Sedimentary Rocks and their Metamorphic Equivalents. London:
Economic Geology, 1972. n 67, p. 682-684.
BRITO, D. C. Geologia, petrografia e litogeoquímica dos diques máficos
que ocorrem na porção sudoeste da Chapada Diamantina, Bahia-Brasil.
Instituto de Geociencias, Universidade Federal da Bahia. Dissertação de Mestrado. Salvador. 2007. 76p.
CONDIE, K.C. Chemical composition and evolution of the upper
continental crust: contrasting results from surface samples and shales.
Chemical Geology 104: 1- 37.1993
CRUZ, S. C. P. ; ALKMIM, F. F. . A história de inversão do aulacógeno do
paramirim contada pela sinclinal de ituaçu, extremo sul da chapada diamantina (BA). Revista Brasileira de Geociências, v. 37 (4), p. 92-110, 2007.
CRUZ, S. C. P.; DIAS, V. M.; ALKIMIM, F. F.; A interação tectônica
embasamento/cobertura em aulacógenos invertidos: um exemplo da Chapada Diamantina Ocidental. Revista Brasileira de Geociências, v.37(4-
suplemento). 2007. p.111–127.
CUNHA, J. C. & FROÉS, R. J. B. Komatiítos com textura spinifex do
Greenstone Belt de Umburanas, Bahia. CBPM, Salvador, 1994. 29p.
GUIMARÃES, J.T. et al. Geologia da Chapada Diamantina – Projeto Ibitiara-
Rio de Contas. Salvador: CBPM/CPRM, 2008. Série Arquivos Abertos, v. 31,
68 p.
GROSS, G. A.. Stratiform iron. In: ECKSTRAND, O. R.; SINCLAIR, W. D.; THORPE, R. I. (eds). Geology of Canadian Mineral Deposit Types. Geological Survey of Canada, Geology of Canada, 1996. n 8, p. 41-80.
JAMES, H. L. Sedimentary Facies Iron Formation. London: Economic Geology, 1954, n. 49, p. 235-293.
KLEIN, C.; BEUKES, N.J.. Sedimentology and geochemistry of the
glaciogenic late Proterozoic Rapitan Iron-Formation in Canada. Economic
Geology, 1993, 88, 542–65.
KRUMBEIN, W. C.; GARRELS, R. M. Origin and classification of chemical
sediments in terms of pH and oxidation-reduction potentials. Journal of
Geology, v. 60, p.1-33, 1952
LOUREIRO, H. S. C.. et al. Geologia e Recursos Minerais da Parte Norte do
Corredor de Deformação do Paramirim: Projeto Barra-Oliveira dos Brejinhos. Salvador: CBPM/CPRM, 2009. Série Arquivos Abertos, v. 33, 122 p.
MENEZES LEAL, A. B.; BASTOS LEAL, L. R.; CUNHA, J. C.; TEIXEIRA, W.
Características geoquímicas dos granitoides Transamazônicos no Bloco Gavião, Cráton São Francisco, Bahia, Brasil. Geochim. Brasil. V.19(1), 2005.
p.008-021.
NYAKAIRU, G. W. A. & KOEBERL, C. Mineralogical and chemical
composition and distribution of rare earth elements in clay-rich sediments from central Uganda. Geochemical Journal, Vol. 35. P. 13 - 28, 2001.
NUNES, N. S. de V.; SOUZA, L. F. C. C. de. Prospecto Ubiraçaba – Relatório Final. Salvador. 2010. 71p.
PALMEIRA, D. da S. Petrografia do sienogranito Broco: evidência de fusão
crustal no Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, Ibiassucê, Bahia. Instituto de
Geociencias, Universidade Federal da Bahia. Monografia. Salvador. 2010. 109p.
ROBB, L.. Introduction to Ore-Forming Processes. 1 ed. Oxford: Blackwell Science Ltd, 2005. 373 p.
SCHOBBENHAUS, C. 1996. As tafrogêneses superpostas Espinhaço e
Santo Onofre, estado da Bahia: Revisão e novas propostas. Rev. Bras. Geoc., 4: 265-276
SANTOS-PINTO, M.; PEUCAT, J. J.; MARTIN, H.; SABATÉ, P.. Recycling of
the Archean continental crust: the case study of the Gavião, State of Bahia, NE Brazil. Journal of South Earth Sciences. V.11, n.05. 1998. p.487-
498.
SILVA, M. G. & CUNHA, J. C.. Greenstone Belts and equivalent
– Geology and Mineral Potential. In: Silva, M. G. & Misi, A. Base metal