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Somente na década de 1980 iniciou-se o pensamento que visa a necessidade de mudanças na formação docente e a busca por novos conhecimentos que serão produzidos neste contexto e é também nesta época que o movimento pela educação inclusiva começa. Desta época até os dias de hoje, a educação inclusiva tem sido tema de reflexão para muitos educadores em todos os níveis de ensino, a inclusão de estudantes com deficiência no ensino regular é um direito.

Tendo a legislação como base norteadora desta política pública, ocorre a necessidade de mudanças metodológicas, sendo assim, os/as professores/as necessitam se atualizar e a escola e os/as colegas precisam se adaptar a esta realidade, buscando assim convertê-la em um novo normal (LIBARDI et al., 2011).

Diretrizes da educação especial dizem que os/as estudantes deficientes, sempre que suas condições pessoais o permitirem, serão incorporados a classes comuns de escolas de ensino regular, desde que o/a professor/a da classe disponha de orientação e materiais adequados que lhe possibilitem oferecer tratamento especial a esses/essas estudantes (PEREIRA, 2008).

Apesar das leis destinadas a normatizar o processo de inclusão de estudantes com deficiência, muitas pessoas ligadas a área da Educação afirmam não se sentirem preparadas para enfrentar tal desafio. O possível “despreparo” da maioria dos/das professores/as pode vir a transparecer como uma grande lacuna no aprendizado dos/das estudantes, trazendo-lhe consequentemente grandes dificuldades posteriores (LIBARDI et al., 2011), um fator que pode estar auxiliando no surgimento desta problemática, pode estar relacionado a escassez de programas de capacitação de professores/as e técnicos/as de escolas públicas, que são muitas vezes premidas por força da legislação em receber este público, sendo que muitas vezes não possuem a infraestrutura para o recebimento deste contingente de estudantes.

Mesmo com novos modelos de formação de professores/as, que incluem obrigatoriamente o ensino de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais no currículo de formação, ainda sim é difícil romper com os modelos tradicionais, pois, os novos modelos de inclusão são necessários e bem vindos, porém ainda não são suficientes.

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A realidade que temos é que, o/a professor/a que já está em exercício e precisa no seu dia-a-dia aprender a lidar com as novas situações que surgem a todo o momento, muitas vezes encontra dificuldades no manejo do conteúdo proposto quando o foco é a inclusão, ou seja, atender as necessidades do/da estudante incluído/a e ao mesmo tempo dos/das demais estudantes.

Esse fato só corrobora com a ideia de que tanto na formação inicial, quanto a formação continuada se torna cada vez mais de grande importância, pois é através dela que o/a professor/a poderá compartilhar e sanar eventuais dúvidas que venham a surgir, podendo assim buscar dentro das suas condições e realidades melhorar a forma de desenvolver suas atividades do ponto de vista didático pedagógico, não apenas para o/a estudante de inclusão, mas também para qualquer estudante que possa estar tendo alguma dificuldade a mais para conseguir compreender o conteúdo proposto.

Deve-se destacar os inúmeros esforços da Escola Básica Municipal Donícia Maria da Costa, que através de seus/suas profissionais buscou não apenas impedir que os/as estudantes não parassem de ter acesso à educação (mesmo em uma condição de pandemia), através da busca por novas formas de se levar o conhecimento, seja em material didático pedagógico impresso entregue aos responsáveis da família, e que a posteriori eram recolhidos para serem corrigidos, ou pela entrega de cestas básicas às famílias que foram seriamente prejudicadas pela pandemia, ou ainda pela possibilidade em se disponibilizar a vaga de estágio, mesmo em circunstâncias tão adversas como as enfrentadas na atualidade.

Mesmo diante de tamanhas adversidades, ainda sim o estágio foi enriquecedor do ponto de vista profissional e humano, uma vez que, ocorreu a possibilidade de se trabalhar mesmo que sem contato físico prévio, com a estudante E., a qual faz parte do processo inclusivo, que é uma forte característica que distingue a escola.

Outro ponto a se destacar, foi a possibilidade da produção do material didático produzido e entregue para a escola (podcast, material anatômico impresso em 3D, grafo táteis) que foi direcionado para a estudante E., e que poderá ser utilizado pelos/as demais estudantes. No que se refere a produção do material anatômico impresso em 3D, se destaca o fato de que foi possível a entrega e posteriormente ao uso, a devolução do mesmo para a escola, isso se ressalta pois dificilmente uma instituição de ensino pode retirar o material físico e possibilitar

o uso do mesmo na casa dos/das estudantes, ocorrendo uma ressalva quando se trata do uso de livros.

Além disso, ressalta-se que a utilização do modelo anatômico impresso em 3D, que foi escolhido como ferramenta de ensino, devido ao estímulo sensorial que se buscou promover, no caso, relacionado ao estímulo do tato, pois devido à ausência da visão da estudante E., essa se mostrou a abordagem mais efetiva diante das dificuldades a serem transpassadas (abrupto distanciamento social).

Outro ponto a se fazer um destaque, foi em relação ao uso da plataforma de comunicação WhatsApp em conjunto com podcats, pois graças a combinação desta plataforma de comunicação com a ferramenta de difusão de informação. Graças a isso, possibilitou-se que com um baixíssimo custo, pudesse ocorrer a difusão de conhecimento mesmo que a distância e sem contato físico prévio com a estudante, além disso, a ferramenta se mostrou efetiva, já que por possuir a ausência da visão e não ser alfabetizada em Braille, a utilização do sentido auditivo se mostrava uma escolha mais apropriada para a mesma.

Deve se levar em consideração, que toda a criação e direcionamento do material proposto durante o estágio, só obteve o êxito esperado devido a possibilidade de se ter um feedback advindo da Equipe de Educação Especial, pois sem dúvida, o mesmo não apenas enriqueceu o processo de manufatura do material proposto, assim como possibilitou a diminuição no desperdício de tempo e recursos financeiros que foram necessários para a manufatura dos mesmos.

Deve se ressaltar que fatores como o distanciamento social, além do atraso na devoluta das tarefas propostas para a estudante E., em conjunto com o tempo no que se refere ao início e fim do estágio inviabilizaram a avaliação do feedback sobre os materiais propostos para a estudante E. Se parte da premissa que caso ocorresse de forma presencial o que foi proposto, esse retorno referente a efetividade da aplicação do material teria sido sem dúvida muito melhor analisado, possibilitando assim uma melhor análise da sequência didática proposta.

Mesmo diante destes percalços encontrados ao longo desta trajetória, ainda sim se parte da idéia de que graças a Equipe de Educação Especial que possuía a experiência prévia necessária para que a proposta apresentada tivesse um maior êxito, ocorreu a diminuição da

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distância entre a expectativa e a realidade no que se refere ao material proposto para a estudante E., e que posteriormente também poderá ser utilizado pelos/as demais estudantes.

Além disso, a necessidade que o/a professor/a, enquanto um profissional da educação, tem em buscar construir e expressar o seu conhecimento na forma escrita e ou visual como a forma de transmissibilidade do conteúdo que geralmente é empregada, se mostra necessária, já que se tem como premissa que a educação no que se refere a aprendizagem, não é uma característica homogênea, ou seja, nem todos aprendem da mesma forma e na mesma quantidade ou ao mesmo tempo. Sendo assim a necessidade de abordagens heterogêneas, que busquem a utilização de diferentes estímulos sensoriais além da visão, como audição e tato, visando assim aumentar a permeabilidade do conhecimento que se propõe a ensinar para todas e todos as/os estudantes, visando com isso alcançar o verdadeiro processo de inclusão em sala de aula.

Do ponto de vista prático, o estágio em si traz a experiencia relacionado as possíveis dificuldades a serem encontradas no que se refere a pratica da licenciatura, ou seja, possíveis obstáculos a serem transpassados durante a pratica da docência. Isso contribui para a formação enquanto docente, pois a prática vivenciada e a teoria escrita em livros ou artigos, por vezes parecem não caminharem juntas em uma mesma direção.

O significado que a pratica traz em si na minha visão é de que a docência em si exige e continuará exigindo uma constante busca por conhecimento, sejam estes adquiridos pela prática da mesma ou através da teoria obtida em livros ou em artigos.

A meu ver, o trabalho apresentado contribui em alguns pontos chaves para o curso da biologia, como: biologia não é somente o estudo de ciclos de vida ou a pratica em campo, também passa pelo uso de ferramentas tecnológicas que vão além das encontradas em laboratórios, como o uso de impressoras 3D, assim como o uso de bancos de dados internacionais para a aquisição de modelos 3D digitais, para adquirir objetos ou mesmo materiais pedagógicos que possam vir a serem usados em sala de aula ou em laboratórios, assim contribuindo com a educação dos graduandos.

Além disso, biologia é um curso que tem como base a descrição de algo através da visualização e analise comportamental, partindo do ponto de vista micro até o macro, o que pode vir a ser um problema, uma vez que a mesma receba estudantes com baixa visão ou

ausência da mesma. Sendo assim, se mostra necessário a utilização de novas ferramentas tecnológicas que possam suprir demandas internas, e que ao mesmo tempo possam vir a auxiliar na compreensão do conteúdo como o uso de modelos 3D, pois ao meu ver, a utilização dos mesmos pode ser útil para suprir uma necessidade de material (ter um neótipo referente a um espécime que a instituição de ensino não teria como adquirir caso fosse em carne e osso), como auxiliar no processo de compreensão de um/uma estudante que possa não ser normo visual ou que simplesmente não tenha nenhuma comorbidade, mas que não consiga entender o conteúdo, pois o mesmo se mostra muito abstrato.

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