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As conclusões a respeito do caso nacional (CODATO; CERVI; PERISSINOTTO, 2013) denotam, acima de tudo, os efeitos desiguais de diferentes fatores, e nos apresenta a predominância da necessidade se portar recursos

políticos, uma vez que recursos diversos de outras naturezas não se traduziriam automaticamente em sucesso eleitoral ou capital político.

Neste aspecto, as receitas de campanha, as escolhas de coligação e de partidos de alto desempenho e a carreira consolidada como prefeito em busca de reeleição seriam os principais recursos a se portar para que haja sucesso na competição eleitoral. Isto significaria que as exigências de um universo político em especialização constante são atendidas por candidatos portadores de recursos e características obtidas dentro do próprio campo político e não por candidatos eventuais, mesmo que eles sejam detentores de outros aspectos significativos de outros capitais como os sociais ou financeiros.

Os dados apresentados para o caso paulista confirmam a hipótese inicial de que ele teria eleições mais competitivas, mais caras, e, portanto, mais exigentes. As tendências à predominância dos fatores políticos e da necessidade de carreiras consolidadas são não apenas mantidas, como maximizadas. No entanto, inesperadamente temos o fato de que encontramos barreiras para a participação política desde a candidatura. Os testes relativos à concentração de casos possuiriam números menos concentrados, ou seja, mais difusos, pois a diferença entre candidatos e eleitos se mostraria menor. Tal difusão faria parecer, num primeiro momento, que as eleições teriam critérios menos rígidos, e que os eleitos possuiriam maior diversidade de características, hipótese refutada logo nos testes seguintes, que nos mostram justamente uma tendência inversa.

As variáveis econômicas e políticas se apresentaram como as que proporcionariam maior vantagem, sobretudo ter patrimônio alto e já ser prefeito buscando reeleição. A posse desses “capitais” confirmaria que a política em São Paulo é mais fechada do que aqueles que não possuem experiência política prévia, e também daria mais espaço àqueles possuidores de maiores recursos econômicos, tanto próprios quanto investidos em suas campanhas. Temos claramente que a carreira e escolhas políticas, bem como os investimentos de campanha e bens pessoais, seriam fundamentais para o sucesso de um candidato.

As variáveis sociais nos mostram também uma menor tolerância à diversidade no meio político, ou seja, as mulheres, que possuem uma desvantagem no caso nacional, apresentam tal desvantagem acentuada no caso paulista; vê-se,

no cenário nacional, que o ensino superior dos candidatos se apresenta como uma vantagem pouco significativa; já no caso aqui estudado, tal variável mostra-se como de relevância negativa, uma vez que o ensino superior seria extremamente difundido logo nas candidaturas.

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