9 A valorização agronómica de chorumes de suinicultura parece ser uma boa
solução, quando comparada com a fertilização mineral e com um fertilizante sintetizado pela tecnologia “pulse”.
9 Após a aplicação consecutiva de chorumes suinícolas durante 2 anos na produção
de milho verificou-se que estes materiais permitem uma optimização da produção, o que se reflectiu não só no aumento da produção, como também numa maior exportação de N.
9 As plantas de milho cultivadas em solo com aplicação de chorumes de suínos
frescos ou tratados tiveram maior produção do que as plantas cultivadas em vasos em que foi efectuada aplicação de adubo mineral ou minero-orgânico.
9
Os chorumes de suínos digeridos originaram produções maiores no 1º ensaio biológico, do que no 2º ensaio. No entanto, a aplicação de chorumes frescos e de chorumes co-digeridos, levou a um aumento da produção no 2º ano.9 A digestão anaeróbia, quer em regime de monosubstrato, quer em regime de co-
digestão com frutas, apresentou uma contribuição positiva para o armazenamento de N nos solos.
9 A principal desvantagem a apontar parece ser a acumulação de fósforo verificada
nos lixiviados. As possibilidade de eutrofização de cursos de água é portanto uma característica destes materiais a considerar e que deverá ser mais estudada em outros trabalhos que se façam futuramente.
9 Os chorumes digeridos parecem ser, dos materiais orgânicos usados, os que maior
risco de lixiviação de P apresentam, seguindo-se-lhe os chorumes frescos e só por fim os chorumes co-digeridos com frutas.
9 Os problemas de lixiviação de nitratos tantas vezes apontadas à utilização de
chorumes suínicolas não foram encontrados neste trabalho. De facto, comparativamente com as outras modalidades estudadas os chorumes suínicolas
arenosos, mais permeavéis que solos de textura fina, que se esperaria um maior impacte ambiental.
Em termos gerais pode dizer-se que, nas condições dos ensaios efectuados, a utilização de chorumes de suínos foi positiva, tanto em termos de produção, como em termos de conservação do N no solo e de redução das perdas. Confirmou-se ainda a acumulação de P que se reflectiu numa lixiviação crescente deste elemento. Quanto ao que diz respeito ao fraccionamento da matéria orgânica no solo após os dois ensaios, considera-se que o espaço de tempo decorrido entre o início e o fim das aplicações de materiais orgânicos foi muito curto, não tendo permitido evidenciar modificações da matéria orgânica presente. Mais ainda, evidencia-se o facto de os resultados obtidos permitirem afirmar que, de facto, a utilização de chorumes de suinicultura digeridos e co-digeridos não acarreta de todo consequências ambientais mais gravosas do que a utilização de adubação mineral ou minero-orgânica.
6. ALGUMAS SUGESTÕES PARA FUTUROS ENSAIOS
Os ensaios biológicos que para a concepção deste trabalho se realizaram deverão posteriormente ser repetidos com um intervalo de tempo maior (4-5 anos) de forma a perceber melhor as relações de exportação de azoto pelas plantas e sequestro de azoto pelos solos. É necessário entender se os diferentes resíduos apresentam algum efeito na melhoria das características dos solos a longo prazo.
A análise de pH do solo final deverá também ser feita em ensaios futuros de maior longevidade para prevêr a possível alteração deste parâmetro por aplicação continuada destes resíduos ao solo. Mais ainda, nos solos deve também ser tida em conta a presença de fósforo nos solos. Uma vez verificada uma tão grande lixiviação de fósforo e sabendo que este é fortemente retido pelos colóides do solo será de todo o interesse saber se também os solos ficam saturados de fósforo por aplicação de chorumes suinícolas.
A análise de nutrientes nos solos deverá também ser feita por forma a determinar se existe ou não potencial de melhoria na fertilidade dos solos.
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