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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Resultados obtidos pela análise das plantas

4.1.1. Produção

Na figura 6 apresentam-se os dados obtidos, relativamente à produção de biomassa, das plantas de milho recolhidas nos dois ensaios biológicos efectuados.

F (chorume co-digerido) apresentaram uma produção significativamente maior, do que

as modalidades M, p (fertilizante sintetizado pela técnica “Pulse”, contendo 6%) e P (fertilizante sintetizado pela técnica “Pulse” a 12%), o que revela um efeito positivo da aplicação de chorumes a esta cultura. Outros autores verificaram também o aumento da produção de trigo por aplicação de quantidades crescentes (5, 10, 15, 20, e 25 t/ha) de fracção sólida de chorume de suinicultura, (Vasconcelos et al., 1997). Também em plantas de Capsicum annum L. Cv. Sonar, Vasconcelos et al. (2004) mostraram existir uma maior produção utilizando resíduos orgânicos variados (estrume de aviário, composto de RSU e lamas celulósicas) em conjunto com uma adubação de fundo NPK, em relação ao uso apenas da adubação mineral com sulfato de amónio.

Quadro 9. Peso seco (g vaso-1) da parte aérea do milho, para cada modalidade, nos 2

ensaios biológicos efectuados

Modalidade

1º Ensaio 2º Ensaio

Média Desvio padrão Média Desvio padrão

T 22,90 g 3,10 9,50 gh 0,26 M75 29,20 f 2,50 10,70 gh 1,47 M100 27,50 fg 2,12 10,80 gh 1,35 M125 22,80 g 5,20 5,87 h 2,08 C75 39,13 de 1,46 53,93 b 6,81 C100 48,17 c 4,18 49,47 bd 0,32 C125 45,77 cd 5,53 53,40 b 3,78 D75 61,20 b 4,70 40,03 ef 4,95 D100 59,53 b 3,14 43,30 df 4,26 D125 66,87 a 6,67 46,10 cde 7,82 F75 35,93 e 1,68 52,10 bc 8,21 F100 42,30 d 2,65 61,63 a 2,79 F125 43,27 cd 4,03 62,17 a 4,35 p75 25,40 fg 2,01 12,70 g 1,75 p100 28,30 fg 2,36 11,03 gh 1,11 p125 25,53 fg 1,51 11,20 gh 1,28 P75 26,00 fg 1,40 13,20 g 1,06 P100 27,73 fg 1,62 11,90 gh 2,72 P125 25,70 fg 2,31 11,77gh 2,50

Dentro dos vários tipos de chorume utilizados nos ensaios aqui apresentados, o digerido foi aquele que deu origem a uma maior produção vegetal. Enquanto que nas modalidades D75 e D100 a produção de milho não apresentou diferença significativa entre si, na modalidade D125 já foi significativamente superior. Isto deveu-se

facto de o chorume aplicado em fresco não ter sofrido qualquer tipo de tratamento prévio, originou certamente um material de mais rápida mineralização. Assim, o azoto mineral ter-se-á perdido por lixiviação e portanto deixou de estar disponível para as plantas. Provavelmente por esta razão, as plantas cultivadas nas modalidades em que se usou o chorume fresco apresentaram uma produção significativamente inferior, em relação à modalidade D. No caso do chorume co-digerido, o material utilizado na mistura com o chorume, poderá ter contribuído para o aumento do teor em compostos mais dificilmente mineralizáveis. Efectivamente, o material usado na co-digestão foi o material rejeitado pela indústria de sumos de frutas. Estes materiais têm grandes quantidades de cascas, sementes e caules, qua são constituidos maioritariamente por compostos lenhosos e fibrosos de mais difícil mineralização.

Ainda no 1º ensaio, as diferenças de produção encontradas entre as modalidades M, p e P não são significativas. Possivelmente a sua estrutura, bem como o facto de o azoto presente estar na forma de ureia, terá dificultado a absorção de nutrientes a curto prazo. De facto, o azoto sob a forma de ureia é facilmente mineralizável, o que terá facilitado as perdas por lixiviação na sequência das regas efectuadas. Estas perdas serão mais adiante referidas.

No 2º ensaio, mais uma vez, apenas o tratamento M125 se revelou menos eficiente na produção de milho do que a testemunha. Parece haver uma excessiva adubação azotada para esta modalidade sugerindo uma absorção de azoto exagerada, o que pode ter originado uma quebra na produção.

Em linhas gerais, e para a mesma quantidade de azoto veiculada pelas modalidades

M, p e P, a produção, embora aumente ligeiramente, em termos absolutos, das

modalidades M para as modalidades p e ainda mais para as modalidades P, não se observaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) (quadro 8). O facto de o adubo testado ser minero orgânico e, como tal, ter compostos orgânicos na sua composição, não terá tido, no segundo ensaio, um efeito positivo na melhoria do solo, uma vez que, em ambos os grupos de modalidades com utilização de ambos os os adubos, as produções são significativamente mais baixas que no 1º ensaio.

No 2º ensaio, a aplicação de chorumes ao solo revelou-se mais uma vez capaz de assegurar as melhores produções, comparativamente com as restantes modalidades, o que seria de esperar já que estes materiais possuem quantidades de micronutrientes necessárias para a nutrição das plantas. No entanto, a produção em D foi menor do que em C e F, contrariando os resultados do 1º ensaio. No caso das modalidades F,

modalidades C e F aumentaram a produção de biomassa no 2º ensaio, comparativamente com o 1º.

Por observação da figura 6 pode também verificar-se que, com excepção das modalidades C e F, todas as modalidades apresentam uma maior produção de milho no 1º ensaio, relativamente à produção de biomassa obtida no 2º ensaio. Uma vez que as plantas não foram afectadas por doenças e pragas de forma significativa, terá porventura havido a influência da temperatura no crescimento das plantas, uma vez que estas foram mais baixas durante o 2º ensaio. No caso do chorume digerido, provavelmente, a maior disponibilidade de nutrientes que aparentemente se verificou no 1º ensaio, e que levou a uma maior produção, terá levado a que não tenha ficado no solo uma quantidade tão elevada desses nutrientes para as plantas. No que diz respeito ao azoto, isto não se verificou, uma vez que, como se poderá ver mais adiante, o teor de N que ficou no solo após o ensaio, não foi significativamente inferior ao das outras modalidades (Figura 9). Pelo contrário, quando se utilizaram os chorumes fresco e co-digerido, ter-se-á verificado um efeito residual da aplicação no 1º ano, que teve como consequência a maior produção no 2º ano.

Quanto às modalidades M, p e P as menores produções obtidas no 2º ensaio seguem um comportamento semelhante a T, não apresentando por isso diferenças significativas em relação a esta modalidade. De facto existe uma diminuição da produção de biomassa no 2º ano de aplicação destes materiais aos solos. Este abaixamento de produção não seria de esperar. Se em T é natural que haja um empobrecimento do N existente no solo à medida que este vai sendo usado na nutrição das plantas, nas modalidades M, p e P existiu uma 2ª aplicação de N ao solo (efectuada no 2º ensaio biológico) que repôs os níveis de azoto no solo necessários à nutrição das plantas de milho. Nomeadamente, nas modalidades M, em que o azoto já se encontra sob formas minerais e portanto susceptível de ser absorvido pelas raízes das plantas, verificou-se uma acentuada quebra de produção. Isto resultou muito provavelmente da acentuada lixiviação deste elemento nestas modalidades M em que se aplicou N na forma de adubo mineral (Figura 12).

Estes resultados tornam-se, de facto, mais compreensíveis quando analisamos também os resultados da lixiviação de azoto. Efectivamente, o azoto lixiviado aumentou bastante do 1º ensaio para o 2º ensaio biológico realizado (vêr quadro 13). Assim sendo pode concluir-se que o azoto em formas facilmente lixiviavéis, isto é sob a forma de nitratos, é lixiviado pelo perfil do solo. Assim, as raízes das plantas não conseguem absorver azoto, existindo uma quebra na produção.

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