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6 Conclus˜ oes Gerais & Perspectivas

Neste tese, foram realizados c´alculos DFT a partir dos dados experimentais dos cristais anidros das bases do ADN (guanina, adenina, citosina e timina), usando a aproxima¸c˜ao LDA para o funcional de troca e correla¸c˜ao. Ondas planas foram utilizadas na expans˜ao dos estados eletrˆonicos, onde pseudopotenciais ultramacios e norma conservada foram adotados na descri¸c˜ao da intera¸c˜ao coulombiana entre os n´ucleos e os el´etrons na deter- mina¸c˜ao das propriedades estruturais (Ecut = 610 eV) e optoeletrˆonicas (Ecut = 770 eV),

respectivamente.

Os gaps de energia desses cristais foram estimados a partir de medidas de absor¸c˜ao ´opticas. Os gaps obtidos por meios de c´alculos LDA mostram valores menores do que as medidas experimentais, como esperado, e os valores estimados a partir da absor¸c˜ao ´optica mostradas aqui s˜ao, em geral, menores do que os dados experimentais dispon´ıveis na literatura (exceto a guanina). A ordem crescente dos gaps de energia te´oricos (LDA) ´e G < A < C < T, enquanto a sequˆencia experimental n˜ao ´e consensual: a sequˆencia obtida nesta tese (a partir de medidas de absor¸c˜ao ´optica) ´e A < G < C < T, em contraste com as medidas espectroc´opicas de raios-X que obtiveram a ordem G < C < A < T nos valores dos gaps de energia. Para os el´etrons e buracos se movendo ao longo de determinadas liga¸c˜oes de hidrogˆenio (paralelas ao plano molecular do cristal de uma dada base), as massas efetivas s˜ao geralmente elevadas, exce¸c˜ao feita `a timina. Entretanto, quando os mesmos el´etrons se movem ao longo do eixo do empilhamento π − π, as massas efetivas ficam entre os 4,0 e 6,3 vezes a massa do el´etron livre (m0), sugerindo que as bases

nucleot´ıdicas empilhadas comportam-se como um semicondutor de gap largo para os el´etrons. O transporte de buracos perpendicular ao plano molecular tamb´em e favorecido pelo empilhamento das bases, exceto a timina.

Guanina: As liga¸c˜oes qu´ımicas covalentes apresentaram varia¸c˜oes de at´e 0,02 ˚A em rela¸c˜ao aos dados experimentais, exceto para aquelas envolvendo ´atomos de hidrogˆenio,

152 6 Conclus˜oes Gerais & Perspectivas que apresentaram varia¸c˜oes de 0,202 ˚A. No entanto, essa diferen¸ca exagerada nos com- primentos das liga¸c˜oes covalentes dos ´atomos de hidrogˆenio n˜ao foi observada quando comparada com os dados te´oricos obtidos para o cristal hidratado da guanina. A par- tir da estrutura de bandas, ´e estimado o gap de energia de 2,68 eV, resultado de uma transi¸c˜ao direta B → B entre as bandas de valˆencia e condu¸c˜ao, onde ambas tem ca- racter´ısticas 2p oriundas predominantemente dos ´atomos de carbono e nitrogˆenio. Al´em disso, a dispers˜ao dos estados eletrˆonicos de fronteira ´e maior na dire¸c˜ao normal ao plano molecular do que na dire¸c˜ao paralela ao longo de uma liga¸c˜ao de hidrogˆenio. Por fim, foi observada uma forte anisotropia nas propriedades ´opticas — absor¸c˜ao e fun¸c˜ao diel´etrica — especialmente quando consideradas as polariza¸c˜oes (010) e (102), sendo esta ´ultima a dire¸c˜ao normal ao plano molecular.

Adenina: Os comprimentos das liga¸c˜oes covalentes apresentaram varia¸c˜oes de at´e

-0,033 ˚A em rela¸c˜ao aos dados experimentais, exceto para aquelas envolvendo ´atomos de hidrogˆenio, que apresentaram varia¸c˜oes de 0,239 ˚A. Por outro lado, considerando a mol´ecula isolada, a liga¸c˜ao N(9)–H(9) sofre uma aumento de apenas 1,39%, represen- tando uma diferen¸ca de 0,014 ˚A em rela¸c˜ao a dados produzidos por m´etodos ab initio mais sofisticados (MP2). A partir da estrutura de bandas, ´e estimado o gap de energia indireto de 2,83 eV, resultado da z → Γ entre as bandas de valˆencia e condu¸c˜ao, onde ambas tem caracter´ısticas 2p oriundas predominantemente dos ´atomos de carbono e ni- trogˆenio, onde o primeiro domina na banda de condu¸c˜ao e segundo, na valˆencia. Al´em disso, a dispers˜ao dos estados eletrˆonicos de fronteira ´e praticamente nula ao longo das dire¸c˜oes pertencentes ao plano molecular ao longo das liga¸c˜oes de hidrogˆenio, enquanto na dire¸c˜ao normal, ´e observado um forte encurvamento das bandas de energia. Em rela¸c˜ao `as propriedades ´opticas de absor¸c˜ao e da fun¸c˜ao diel´etrica foi observada uma forte aniso- tropia, especialmente quando consideradas as polariza¸c˜oes (010) e (10¯1), sendo a primeira ao longo de uma liga¸c˜ao de hidrogˆenio e a ´ultima, a dire¸c˜ao normal ao plano molecular.

Citosina: Varia¸c˜oes de at´e 0,019 ˚A em rela¸c˜ao aos dados experimentais foram observa- das para as liga¸c˜oes entre os ´atomos de oxigˆenio, carbono e nitrogˆenio. No entanto, para aquelas envolvendo ´atomos de hidrogˆenio, exibiram varia¸c˜oes de 0,18 ˚A. Essa diferen¸ca exagerada nos comprimentos das liga¸c˜oes covalentes dos ´atomos de hidrogˆenio tamb´em foi observada nos resultados te´oricos obtidos para o cristais anidro da guanina e adenina. A partir da estrutura de bandas, o gap de energia foi estimado em 3,30 eV, resultado de uma transi¸c˜ao direta Γ → Γ entre as bandas de valˆencia e condu¸c˜ao, onde ambas tem caracter´ısticas 2p oriundas predominantemente dos ´atomos de carbono (condu¸c˜ao) e ni- trogˆenio (valˆencia). Os ´atomos de oxigˆenio contribuem mais significativamente para a

6.0 Perspectivas 153

banda de energia imediatamente inferior `a valˆencia. Al´em disso, a dispers˜ao dos estados eletrˆonicos de fronteira ainda foi maior na dire¸c˜ao normal ao plano molecular do que na dire¸c˜ao paralela ao longo das liga¸c˜oes de hidrogˆenio. No entanto, diferetemente dos ou- tros cristais (guanina e adenina), as curvaturas destes estados se mostraram equipar´aveis. Nas propriedades ´opticas, a anisotropia observada est´a associada exclusivamente as in- tensidades dos picos, uma vez que a localiza¸c˜ao dos mesmos n˜ao muda para as diferentes polariza¸c˜oes consideradas.

Timina: As liga¸c˜oes qu´ımicas covalentes apresentaram varia¸c˜oes de at´e 0,049 ˚A em rela¸c˜ao aos dados experimentais, por´em, devido a ausˆencia dos comprimentos das liga¸c˜oes covalentes envolvendo os ´atomos de hidrogˆenio, n˜ao foi poss´ıvel fazer a compara¸c˜ao entre os dados te´oricos e experimentais. A partir da estrutura de bandas, o gap de energia foi estimado em 3,22 eV, resultado de uma transi¸c˜ao indireta α(-0,3 0 0,3) → B entre as bandas de valˆencia e condu¸c˜ao, onde ambas tem caracter´ısticas 2p oriundas predominan- temente dos ´atomos de carbono (condu¸c˜ao) e oxigˆenio (valˆencia). No cristal anidro da timina, os ´atomos de nitrogˆenio contribuem timidamente nos estados de fronteira. Em rela¸c˜ao `a dispers˜ao dos estados eletrˆonicos de fronteira, foi observada que a dispers˜ao ´e maior na dire¸c˜ao paralela ao plano molecular do que na dire¸c˜ao normal. Essa observa¸c˜ao o torna diferente de todos os outros cristais das bases, j´a que os demais apresentaram comportamento oposto nesse sentido. Finalmente, foi observada uma forte anisotropia nas propriedades ´opticas — absor¸c˜ao e fun¸c˜ao diel´etrica — especialmente quando con- sideradas as polariza¸c˜oes (010) e (10¯1), sendo esta ´ultima a dire¸c˜ao normal ao plano molecular.

Perspectivas

Esta tese gerou, al´em dos resultados apresentados, perspectivas diversas:

ˆ Uracila: Estender a sequˆencia de c´alculos realizadas para as bases do ADN tamb´em para a uracila, ou seja, a determinar da otimiza¸c˜ao de geometria e as propriedades opto-eletrˆonicas, de modo que todas os cristais anidro das bases nucleot´ıdicas te- nham suas propriedades b´asicas conhecidas teoricamente, gerando a expectativa de que experimentos sejam realizados para que os dados te´oricos e experimentais sejam confrontados;

ˆ Propriedades Vibracionais do Cristais: Uma outra vertente de interesse ´e o estudo dos modos normais desses cristais, identificando aqueles que s˜ao ativos para medidas

154 6 Conclus˜oes Gerais & Perspectivas Raman e/ou IR. Na verdade, alguns c´alculos preliminares j´a foram realizados, por´em ainda n˜ao foi realizada o assinalamento dos modos e nem os espectros Raman/IR foram determinados;

ˆ Hidrata¸c˜ao dos Cristais: Investigar a hidrata¸c˜ao dos cristais das bases nucleot´ıdicas e identificar os efeitos das mol´eculas de ´agua. Todos os cristais apresentam as duas formas, anidro e hidratado;

ˆ pH : Estudar os efeitos do pH nas mol´eculas das bases nucleot´ıdicas sobre as propri- edades vibracionais e ´opticas das mol´eculas. ´E poss´ıvel que a acidez/basicidade do solvente modifiquem a estrutura da mol´ecula atrav´es da tautomeriza¸c˜ao da mesma. ˆ Adsor¸c˜ao das Bases em Substratos: Investigar como as mol´eculas das bases nu- cleot´ıdicas interagem com superf´ıcies met´alicas e semicondutoras, assim como tamb´em ser˜ao investigados outros materiais de interesse nanotecnol´ogico (e.g., nanotubos de carbono e grafeno).

ˆ Dopagem: Utiliza¸c˜ao de diferentes elementos qu´ımicos na dopagem destes cristais, iniciando com o f´osforo (por este estar presente na mol´ecula do ADN) a fim de entender o seu papel na modifica¸c˜ao da estrutura eletrˆonica dos cristais.

ˆ Transporte no Eletrˆonico nos Cristais: Implementa¸c˜ao de um modelo de transporte eletrˆonico baseado na f´ormula de Kubo para a condutividade, em que considera tanto o transporte coerente (utilizando as bandas de energia) quanto o transporte incoerente (“hopping” ativado termicamente)

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