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Condições geográficas do município de Santa Cruz do Sul

9 Avaliação do currículo

3.1 Condições geográficas do município de Santa Cruz do Sul

Geograficamente, Santa Cruz do Sul localiza-se na Encosta Inferior do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, com as seguintes coordenadas: 29º 43’ de latitude sul e 52º 26’ de longitude oeste (Figura 03). Possui uma área de 616 km², ocupada por uma população total de 107.632 habitantes, perfazendo uma densidade demográfica de 174,73 hab/km².

Apresenta uma taxa de crescimento demográfico anual de 1,86%, bem superior à taxa da região do Vale do Rio Pardo, que é de 0,93%, bem como à do Estado, que é de 1,21% (IBGE - CENSO DEMOGRÁFICO 2000).

O relevo do município apresenta diferenças sensíveis nas suas formas, influenciando diretamente na ocupação e no desenvolvimento das atividades econômicas. Santa Cruz do Sul localiza-se numa área de transição entre o Planalto Basáltico e a Depressão Periférica, em altitudes que variam de 80 m ao sul a 640 m ao norte. As planícies de aluvião dos rios Pardinho e Taquari-Mirim se contrastam com o predomínio das áreas íngremes que as circundam. As atividades agrícolas se fazem presentes mesmo nas áreas de significativa declividade, requerendo trabalho com aferro para evitar o desgaste natural dos solos, provocado pela erosão, e a dificuldade de mecanização das lavouras.

50 A construção da Agenda 21 Regional foi um processo de planejamento baseado em duas premissas básicas que são o desenvolvimento sustentável e a participação da sociedade, tendo como objetivo promover as mudanças no padrão de desenvolvimento de forma a preservar, proteger e recuperar o meio ambiente, ao mesmo tempo em que se garante a qualidade de vida da população. Nas oficinas de trabalho participativo, ocorridas nas três sub-regiões, foram discutidos cinco temas: Cidades Sustentáveis, Agricultura Sustentável, Redução das Desigualdades Sociais, Gestão dos Recursos Naturais e Ciência e Tecnologia. (AGENDA 21 REGIONAL DO VALE DO RIO PARDO 2003).

51 É preciso sempre lembrar que, quando se fala em educação rural na região do Vale do Rio Pardo, está se falando em educação para 164.839 habitantes, ou seja, 41,85% da população total da região. Essa preocupação referida na elaboração da Agenda 21-VRP é plenamente justificável e merecedora de uma atenção especial dos gestores públicos.

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É uma região de clima subtropical úmido, a qual pode apresentar significativas variações em nível local, devido à ação de determinadas feições fisiográficas. Caracteriza-se também por manifestar uma grande variabilidade do tempo atmosférico em todas as épocas do ano, ocasionada pela sucessão de massas de ar tropicais e polares. A temperatura média, condicionada às diferentes altitudes existentes, varia entre 17 e 20ºC. Durante o inverno é comum a ocorrência de geadas e nos locais de maior altitude a temperatura pode chegar à casa dos 4ºC negativos. A precipitação pluviométrica média situa-se próxima dos 1.500 mm anuais. Embora as chuvas normalmente estejam distribuídas por todos os meses do ano, costuma chover mais durante os meses que se estendem de maio a outubro, enquanto nos

FIGURA 03 – Rio Grande do Sul - Municípios

Fonte: http://www.geolivre.rs.gov.br/. Acesso em: 22 abr. 2006.

67 meses de novembro e dezembro, tradicionalmente, se registram os menores índices pluviométricos.

Apesar da grande alteração ocorrida em sua cobertura vegetal, a vegetação remanescente revela a predominância florestal com uma grande variedade de espécies, sendo de fundamental importância a sua preservação para o equilíbrio da biodiversidade. No entanto, a exploração agrícola, principalmente a do tabaco, que usa a madeira para a cura e secagem, só preservou as características originais nas regiões com acentuada declividade e de difícil acesso, fazendo com que somente nesses locais ainda se encontrem as características florísticas mais próximas da original Mata Atlântica. Com o objetivo de intervir nesse processo e equilibrar a oferta e a demanda por lenha, têm sido desenvolvidos projetos de reflorestamento e a conservação e recuperação de florestas nativas,52 pelas principais empresas fumicultoras, pela Associação dos Fumicultores do Brasil – Afubra, pelas Universidades da região (UNISC, UFSM) e por uma linha de financiamento oficial por parte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, especialmente para o reflorestamento.

Banhada pela bacia hidrográfica do Rio Pardinho, principal fonte hídrica do município, e pela bacia hidrográfica do Rio Taquari-Mirim, a região apresenta um escoamento hídrico superficial rápido em função das condições topográficas, acentuando os efeitos das cheias e repercutindo em vazões mínimas durante as estiagens. A qualidade de suas águas está fortemente influenciada pelos efluentes urbanos lançados na rede hídrica sem tratamento, provocando a eutroficação53 em alguns trechos, principalmente, do Rio Pardinho.

Nas áreas rurais, a poluição ocorre através dos efluentes das lavouras, principalmente por defensivos agrícolas que são utilizados em grande intensidade no cultivo do fumo. Além

52Dentro do Programa Verde é Vida, implementado desde 1988 pela Associação dos Fumicultores do Brasil – Afubra, foi lançado no dia 19 de setembro de 2003, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, o projeto Bolsa de Sementes de Espécies Florestais. O lançamento foi no viveiro florestal da universidade, no qual foram apresentados 400 quilos de sementes de 225 espécies nativas, coletadas durante um ano pelos estudantes de 182 escolas, em 61 municípios dos três estados da Região Sul. (ANUÁRIO BRASILEIRO DO FUMO 2003).

53 Eutroficação é o aumento excessivo de nutrientes na água, especialmente fosfato e nitrato, o que provoca crescimento exagerado de certos organismos, comumente algas e, geralmente, efeitos secundários daninhos sobre outros. A decomposição microbiana das algas mortas causa esgotamento do oxigênio dissolvido na água e asfixia dos peixes. A eutroficação pode ser natural ou provocada por efluentes urbanos, industriais ou agrícolas.

(DICIONÁRIO AURÉLIO).

68 da contaminação das águas, o assoreamento dos rios e riachos, provocado pelo desmatamento das encostas e das matas ciliares, é outro problema que tem afetado as bacias. Para Campos e Delevati (2003), a forma de utilização dessas bacias tem colocado em risco não só o abastecimento da população, como também toda a estrutura desses ecossistemas. Essa preocupação tem levado ao monitoramento continuado dos rios, bem como, à realização de seminários, palestras e campanhas em veículos de comunicação.

Nesse espaço geográfico foram instalados os primeiros imigrantes alemães, no século XIX, que passaram a desenvolver em pequenas propriedades a policultura. Enfrentando as adversidades naturais e o isolamento durante várias décadas,54 desenvolveram um elevado grau de autonomia em relação à província. Conforme Waibel (1958), o que interessava ao governo brasileiro era estabelecer nas áreas de floresta das províncias meridionais colonos que fossem pequenos proprietários livres, que cultivassem as terras de mata com o auxílio das respectivas famílias e que não estivessem interessados no trabalho escravo, nem na criação de gado. Nesse sentido, a considerável distância das propriedades luso-brasileiras, empenhadas na criação de gado, contribuiu para que a colônia não sofresse essa influência, criando um estilo próprio de desenvolvimento baseado na pequena propriedade policultora, trabalho livre e artesanato de subsistência para suprir suas necessidades.