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4.2 Estudo comparativo: dois processos de projeto

4.2.1 O processo de projeto anterior à NBR 15.575

4.2.1.2 O processo de projeto

4.2.1.2.3 Condicionantes ambientais

Os condicionantes ambientais resumiram-se ao conhecimento da orientação solar e ventos dominantes do lote, das curvas de níveis e da sondagem do solo. Houve uma solicitação à Secretaria de Qualidade Ambiental – SQA - para a retirada

de toda a vegetação existente no lote que, por sua vez, exigia unificação documental.

Os trâmites legais foram bastante demorados e, nesse ínterim, desenvolveu- se o projeto de arquitetura, considerando a total retirada da vegetação. A retirada do umbu não foi autorizada pela Prefeitura Municipal da cidade e, com isso, outro estudo teve de ser desenvolvido, gerando retrabalho, desperdício de tempo e aumento no custo de projeto.

4.2.1.2.4 Estudo preliminar

Uma vez aceito o Estudo de Viabilidade, da proposta arquitetônica que mantinha a grande árvore, a projetista partiu para um trabalho solitário de desenvolvimento de um Estudo Preliminar com base em suas anotações, suas experiências, conhecimentos adquiridos e suas percepções do mercado e dos desejos dos empreendedores.

Outros conceitos e condicionantes, hoje conhecidos e de rotina para a qualidade do projeto de arquitetura, como análise dos requisitos dos usuários ou coordenação de processo de projeto foram desconsiderados nesta fase inicial do projeto. Foi utilizado o modelo tradicional do processo de projeto de arquitetura, onde o arquiteto desenvolve seu trabalho com o mínimo de informações, contando com sua experiência e conhecimento de outros projetos e sem integrar-se com projetistas das demais especialidades.

Na verdade, durante a etapa do Estudo Preliminar, nesta rotina de projeto, o arquiteto consulta, no máximo, o engenheiro de cálculo, o Plano Diretor e o Código de Obras. A consulta às Normas Brasileiras da ABNT, exceto algumas (NBR 9050, NBR 9077, por exemplo) não é rotina neste modelo tradicional.

Nessa etapa de projeto, o Estudo Preliminar foi apresentado aos empreendedores de forma a permitir o perfeito entendimento da proposta arquitetônica. Foram apresentadas plantas baixas mobiliadas, plantas baixas cotadas, cortes esclarecedores dos planos, níveis, desníveis e pés-direitos. Também, perspectivas com a definição da volumetria e com especificações de texturas e acabamentos indispensáveis para o entendimento da proposta arquitetônica.

Teria sido fundamental, nessa etapa, que a arquiteta estabelecesse as interfaces com os projetistas dos projetos das demais disciplinas, pois os conhecimentos sobre instalações prediais, conhecimentos das instalações de prevenção contra incêndio, saídas de emergência, cálculo de capacidade e instalações de elevadores eram necessários, para que ficassem definidos as colunas e espaços físicos necessários a essas instalações.

Entretanto, o arquiteto contou com o seu conhecimento adquirido e algumas consultas aos profissionais das outras especialidades, que seriam contratados após a graficação do Anteprojeto. Novamente, observa-se que não houve integração entre os projetistas desde o início do processo de projeto, o que poderia ter causado equívocos e retrabalho. Por desconhecimento, não foram considerados, sistematicamente, os requisitos dos usuários quanto à Segurança, Habitabilidade e Sustentabilidade, hoje presentes na NBR 15575.

4.2.1.2.5 Anteprojeto

Nesta fase, o Projeto de Arquitetura foi graficado na escala 1/50, com pré- dimensionamento de pilares, lançamento de shafts para instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção contra incêndio. Somente nesta fase, o projeto arquitetônico foi enviado aos projetistas das demais especialidades para orçamento de seus honorários, contratação e envolvimento com o processo de projeto.

O cálculo estrutural, usualmente, é o primeiro a ser contratado, uma vez que este define a carga nas fundações, indispensáveis para o começo da obra. A necessidade imperiosa de começar a obra, na maioria das vezes, leva à aceleração da execução, antes mesmo do término e da compatibilização dos projetos.

À arquiteta responsável pelo Projeto Arquitetônico, coube a coordenação e compatibilização do projeto de arquitetura com os projetos complementares. Entretanto, não existe registro de uma reunião com todos os projetistas, juntos, uma só vez. Os trabalhos foram tratados de forma isolada, contando com o comprometimento dos profissionais envolvidos.

Os projetos das instalações hidrossanitárias e elétricas foram elaboradas pelo mesmo profissional, facilitando a interface entre essas disciplinas. O engenheiro calculista, profissional e mestre de grande experiência no mercado, participou com

competência e sensibilidade no processo, facilitando as interfaces com todos os projetos. O PPCI – Plano de Prevenção Contra Incêndio - foi contratado nessa mesma ocasião, entretanto, os projetos de alarme, segurança, ar condicionado e outros não participaram das contratações iniciais.

O comprometimento dos profissionais, envolvidos no desenvolvimento dos projetos complementares, elevou a possibilidade de acertos no desenvolvimento do processo de projeto e de ajustes no final da fase projetual. Entretanto, assim mesmo, muitas soluções foram readequadas no transcorrer da execução.

4.2.1.2.6 Projeto legal

Chama-se de Projeto Legal o conjunto de informações gráficas do projeto apresentadas à Prefeitura Municipal para aprovação. Trata-se, na maioria das vezes, do anteprojeto de arquitetura definido e aceito pela incorporadora, com uma graficação mais detalhada.

Nesta etapa, foram desenvolvidas, em escala adequada, as seguintes peças gráficas: plantas de situação, planta de localização, plantas baixas de todos os pavimentos (subsolo, térreo, tipo, cobertura, telhados, reservatórios e casas de máquinas), como também foram graficados vários cortes, as fachadas e a perspectiva do edifício.

4.2.1.2.7 Projeto executivo

O Projeto Executivo é caracterizado pela complexidade crescente de detalhes, em escalas diferenciadas, com o objetivo de fornecer dados graficamente representados que permitam a execução da edificação. Neste processo de projeto, foi bastante significativo o número de detalhes executivos, tais como: detalhamento das esquadrias, eixos de água e esgoto, diagramação de pisos frios e paredes frias, detalhamento de forros, detalhes e sancas de gesso, guarda-copos e corrimãos, além de detalhes de lareiras e churrasqueira, específicas para cada tipo de apartamento.

Um grande número de detalhes foi desenvolvido paralelamente à execução da edificação ou especialmente ajustado por mudanças de resoluções da incorporadora como, por exemplo, a colocação de lareiras em todos os

apartamentos e a troca das churrasqueiras moldadas in loco, por churrasqueiras pré-moldadas.

Qualquer modificação de projeto desencadeava um novo desenho ou, no mínimo, ajustes bastante significativos, principalmente tratando-se de projetos complexos. Entretanto, essa rotina de alterações de projeto é prática comum na atividade projetual dos arquitetos.

4.2.1.2.8 Trâmites legais: unificação de lotes, alvará de demolição, alvará de