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3. CAPÍTULO 3

4.3 CONFIABILIDADE E VALIDADE DE TESTES PSICOLÓGICOS

Para saber o quanto um teste é adequado e se realmente atinge o que se propõe é preciso realizar uma avaliação objetiva, incluindo a determinação de sua fidedignidade e validade em situações específicas.

A fidedignidade ou confiabilidade refere-se à consistência da medida, podendo ser encontrada pela comparação entre os escores obtidos por uma mesma pessoa em momentos diferentes, pela seleção de um conjunto de itens equivalentes ou com a avaliação de diferentes examinadores.

De modo geral, a fidedignidade de um teste informa em que medida as diferenças individuais no desempenho são verdadeiras, ou seja, referem-se às características consideradas pelo teste ou podem ser decorrentes de erros casuais ou qualquer condição irrelevante para o objetivo da medida, naquela situação.

Mesmo que as condições de testagem sejam ótimas, uniformes e controladas, não existe um teste totalmente confiável. Há várias técnicas para se medir a confiabilidade dos escores de um teste, todas elas buscando o grau de concordância entre dois conjuntos de escores, obtidos por procedimentos diferentes. Essa grau de concordância pode ser expresso em termos de um coeficiente de correlação. O coeficiente mais comum é o de Pearson, de correlação produto-momento, o qual

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considera a posição da pessoa no grupo e o seu desvio em relação à média do grupo (CRONBACH, 1996; MENEZES, 1998; ANASTASI; URBINA, 2000).

Neste trabalho, os coeficientes de fidedignidade foram buscados por meio de dois procedimentos: o teste-reteste, no qual a variância de erro relaciona-se à amostragem de tempo; e o método das metades dos itens, para o qual a variância de erro é a amostragem de conteúdos.

A validade de um teste significa a sua capacidade de medir aquilo que se propõe e a validação consiste no exame da correção e pertinência de uma interpretação elaborada, em outras palavras, informa sobre o que o teste mede objetivamente e o que pode ser inferido a partir de seus resultados. Os conceitos de validade alteraram-se em função do desenvolvimento dos testes e da expansão da sua aplicação em diversos campos.

O aspecto operacional da validade implica em uma avaliação sistemática do instrumento, sendo atualmente reconhecidos três principais tipos de investigação: a validade de conteúdo, a validade relativa ao critério e a validade de constructo.

A validade de conteúdo envolve o exame sistemático do conteúdo do teste,

determinando sua abrangência em relação ao objeto ou comportamento a ser medido. Deve-se garantir que os itens que compõem o teste sejam relevantes, claros e com gabaritos para a correção de tal modo que, em conjunto, os itens distribuam de modo adequado a ênfase sobre os conceitos a serem avaliados. Este tipo de validação é importante nas áreas de avaliação de competência ou da eficiência de programas de intervenção, educacional ou terapêutica. A validade de conteúdo é relevante desde a etapa de elaboração do teste, no planejamento cuidadoso, no mapeamento de diferentes aspectos do objeto, orientado por uma visão clara do que se pretende mensurar (CRONBACH, 1996; MENEZES, 1998; ANASTASI; URBINA, 2000).

Um procedimento relevante é o julgamento da validade aparente do teste, ou seja, o que superficialmente o teste parece medir. Para que um teste seja objetivamente válido e funcione efetivamente em situações práticas ele necessita parecer válido para o examinando. Essa validade aparente, no entanto, não deve substituir a validade objetivamente determinada (ANASTASI; URBINA, 2000). Na elaboração dos itens do

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comporiam a versão final do teste, contando com a avaliação de juízes, pessoas com conhecimentos da área, que julgaram se os itens cobriam o traço para o qual o instrumento estava sendo dirigido.

De acordo com Pasquali (1998), na construção de instrumentos de avaliação psicológica, observa-se uma preferência pela coleta intuitiva e aleatória de uma amostra de itens e um esforço em demonstrar sua validade aparente. Tal procedimento, segundo o autor, não implica na explicitação da teoria que embasa a elaboração do instrumento e, em razão da fraqueza teórica presente na pesquisa e conhecimentos psicológicos, a determinação da validade aparente dos itens acaba sendo uma opção viável mas que resulta na construção de instrumentos psicométricos precários. Analisa, no entanto, que a falta de teorias sólidas sobre um determinado constructo não deve incentivar a fuga de uma ampla especulação teórica sobre ele. Deve-se levantar toda a evidência empírica sobre o constructo e procurar sistematizá-la e, desse modo, formular uma miniteoria sobre ele, que possa orientar a elaboração do um instrumento de medida.

Na validação por critério procura-se verificar em que medida o teste discrimina diferenças individuais relativas a determinada característica, de acordo com um critério padrão, ou seja, os resultados são comparados com algum critério ou medida. A interpretação referenciada pelo critério transforma o escore obtido no teste numa declaração a respeito de outra variável. Quando o teste e o critério são considerados simultaneamente, fala-se em validade concorrente e quando o critério é avaliado posteriormente, fala-se em validade preditiva. A correlação entre o escore obtido no teste com uma medida de critério é chamada de coeficiente de validade (CRONBACH, 1996).

A validade do constructo que embasa a elaboração de um teste também pode ser buscada. Os constructos são conceitos descritivos sobre a organização ou eficácia de pensamentos e ações. São utilizados quando a possibilidade de sua existência não se limita a situações específicas. Constructo vem de construe, referindo-se a uma maneira de organizar e construir o que foi observado. Uma teoria é elaborada a partir de constructos, sendo cada um deles uma categoria criada para descrever eventos, objetos, situações ou pessoas aparentemente semelhantes. Uma vez definidos os

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significados de um constructo, os testes são elaborados para verificar em que medida uma pessoa com alto ou baixo desempenho age da forma teoricamente prevista.

A validade de um teste e do constructo subjacente são inseparáveis. Para Cronbach (1996, p. 166).

[...] A validação do constructo é um processo fluído, criativo. O construtor do teste ou qualquer investigador subseqüente trabalha para desenvolver uma interpretação, persuadir os outros de sua adequação e revisá-la sempre que forem reconhecidos aspectos inadequados. A autocrítica e a crítica das pessoas que preferem outras interpretações desempenham um papel importante. A interpretação tem aspectos científicos, mas ela freqüentemente inclui políticas e sugere ações práticas. Essa complexidade significa que a validação não pode ser reduzida a regras.

Quando um teste é elaborado para avaliar um constructo bem aceito, o teste corre mais riscos do que o constructo, no entanto, as evidências que emergem da validação de um teste podem orientar a revisão do constructo para o qual foi planejado. Para esse tipo de validação pode-se realizar uma série de estudos inter-relacionados, com o objetivo de verificação empírica, mediante análises estatísticas.

A validação de constructo exige informações provenientes de várias fontes para ampliar o conhecimento acerca da natureza do traço investigado, assim como das condições que influenciam seu desenvolvimento e manifestação. Entre as diversas técnicas de validação de constructo existentes, neste trabalho foram utilizadas: correlações com outro teste, análise fatorial e consistência interna. A seguir, uma breve descrição dos procedimentos de análise fatorial.

4.4 ASPECTOS ESTATÍSTICOS DA ANÁLISE FATORIAL DE ESCALAS DE