• Nenhum resultado encontrado

Configuração familiar

No documento Download/Open (páginas 55-58)

1 FAMÍLIAS EM PROCESSOS CONTEMPORÂNEOS E VIOLÊNCIA

2.3 Configuração familiar

Verifica-se uma tendência nacional de redução no número de membros das famílias. De acordo com dados do IBGE (2008), embora isso ocorra com mais frequência em famílias de maior rendimento mensal per capita, as famílias de menor rendimento mensal também vêm seguindo tal tendência. O número médio nacional de membros nas famílias é de 3,1 pessoas. Em conformidade com essa nova realidade, Prado (2008) registrou decréscimo no número médio de familiares mesmo nas famílias de baixa renda participantes da pesquisa matriz, como se pode verificar no Gráfico 5. 16% 28% 20% 12% 12% 4% 2%2% 2% 2% Três membros Quatro membros Cinco membros Seis membros Sete membros Dez membros Doze membros Treze membros Quatorze membros Quinze membros

Gráfico 5. Quantidade de membros nas famílias participantes da pesquisa matriz. Fonte: Prado (2008).

A maior parte das famílias pesquisadas (28%) informou ser composta por quatro pessoas coabitando em uma residência, enquanto cada uma daquelas constituídas por 12, 13, 14 e 15 pessoas coabitando representou 2% do total das participantes. Tais resultados estão em conformidade com os dados levantados pelo IBGE (2002), de acordo com os quais, no Distrito Censitário Pedroso somaram 14,9% as famílias formadas por dois moradores, 21,4% por três, 25,2% por quatro e 15,7% por cinco. Dessas famílias, a maioria (58%) possuía dois adultos, o que dá indícios de serem do tipo nuclear. A presença de famílias com configurações que, possivelmente, sejam diferentes da nuclear, ocorreu naquelas constituídas por um

adulto, denominadas monoparentais, que somaram 8%, as que possuíam em sua configuração três adultos, com 14%, ou mais de três adultos, que totalizaram 20%.

A diminuição da fecundidade também foi constatada, pois o número de crianças nas famílias é decrescente, como já discutido anteriormente neste trabalho. Muitas vezes, os métodos contraceptivos possibilitam às mulheres o planejamento familiar. Assim, quanto ao número de crianças como membro, entre as famílias pesquisadas, 36% tinham uma, 30% duas, 26% três e apenas 8% tinham mais de três.

Tal tendência decrescente também ocorreu em relação ao número de adolescentes em sua constituição. Das famílias pesquisadas, 36% tinham a presença de um adolescente, 8% dois, 4% três e 4% acima de três. Deve-se salientar, porém, que 48% das famílias não tinham a presença de adolescentes, podendo-se explicar a menor frequência de membros desta faixa etária em relação à de crianças pela redução da taxa de natalidade e, ademais, pelo fato de as famílias terem sido selecionadas em decorrência da presença de uma criança frequentadora da Escola de Circo. Portanto, as famílias que possuíam apenas filhos adolescentes foram excluídas. Em adição a isso, tal característica se deve, também, às famílias selecionadas estarem constituídas há menos tempo.

O IBGE (2008) divulgou que, do total de famílias brasileiras, 50,5% possuem filhos menores de 16 anos e, em adição a isto, registrou aumento de famílias monoparentais com filhos nesta faixa etária entre 1997 (19,2%) e 2007 (21,8%). A partir da idade dos filhos, pode-se identificar o estágio do ciclo de vida das famílias e as suas necessidades para a sobrevivência. Assim sendo, em se tratando de famílias monoparentais, nas quais, provavelmente, o adulto responsável está empregado, a família necessita de creches e/ou escolas, ou seja, uma rede para o auxilio na educação e cuidados com os filhos, que ainda são seus dependentes.

Em relação à composição familiar, com base em Peres e Sousa (2002), Corrêa (2008) registrou a existência de 12 modelos familiares a partir das 50 fichas de inscrição das crianças da Escola de Circo participantes da presente pesquisa:

1) Nuclear simples – casal com apenas uma união, que tem ou já teve filhos. Um total de nove famílias se apresentou com casal + filhos;

2) Nuclear reconstituída – casal em que um ou ambos já tiveram mais de uma união conjugal. Um total de 13 famílias se apresentou com casal recasado + filhos da segunda união; casal recasado + filhos de uniões passadas; casal recasado + filhos de uniões passadas + filhos da segunda união;

3) Nuclear reconstituída extensa com avós cuidando de netos – casal de avós em que um ou ambos já tiveram mais de uma união conjugal, cuidam e educam os netos, com agregados adultos. Duas famílias se apresentaram com avó divorciada + filha casada, com esposo e neto + filho solteiro com netos + companheiro atual;

4) Nuclear reconstituída com avó cuidando de netos – casal de avós em que um ou ambos já tiveram mais de uma união conjugal e a avó cuida e educa os netos. Em uma família havia a avó materna + filha divorciada com netos + companheiro atual;

5) Avó cuidando de netos – a avó cuida e educa os netos. Cinco famílias assim se apresentaram: avó + filha divorciada com netos; avó + filha solteira com neto + neto; avó + netos; avó + filhas solteiras com netos + filho solteiro; avó + filho solteiro + netos; avó + filhas divorciadas com netos + filho solteiro + filha solteira;

6) Nuclear com avós cuidando de netos – casal de avós com apenas uma união, que cuidam e educam os netos. Sete famílias se apresentaram com avós + filha solteira com netos; avós + filhas solteiras com netos + filha; avós + neto;

7) Nuclear extensa – casal com apenas uma união, que tem ou já teve filhos, com agregados adultos. Havia uma família com pai + mãe + filhos + um agregado adulto, o tio paterno das crianças;

8) Nuclear extensa com avós cuidando de netos – casal de avós com apenas uma união, que tem ou já teve filhos, com agregados adultos, em que os avós cuidam e educam os netos. Duas famílias eram compostas por avós + filhos solteiros + filho solteiro com neto + filha casada, com esposo e netos;

9) Nuclear extensa com avó cuidando de netos – a avó cuida e educa os netos, com agregados adultos. Uma família se apresentou com avó + filha casada, com esposo e netos + filha solteira com netos + filha solteira + netos;

10) Monoparental feminina simples – figura feminina que não tem companheiro coabitando. Seis famílias eram compostas por mãe divorciada + filhos; mãe solteira + filhos; mãe viúva + filhos;

11) Monoparental feminina extensa – figura feminina que não tem companheiro coabitando, com adultos agregados. Uma família se apresentou com mãe solteira com filho + irmão.

12) Monoparental feminina extensa com crianças agregadas – figura feminina que não tem companheiro coabitando, com crianças e adultos agregados. Havia duas famílias compostas por mãe solteira com filhos + irmã, com companheiro e filhos; mãe divorciada com filhos + irmã solteira com filho.

Esses modelos familiares foram construídos por meio de genetogramas, que tiveram como critério os moradores, consanguíneos ou não, de uma mesma residência, conforme apresentado no Quadro 5.

Quadro 5. Genetograma das famíliasparticipantes da pesquisa matriz.

Modelo familiar Frequência

(n) (%)

Nuclear reconstituída 13 26

Nuclear simples 9 18

Nuclear com avós cuidando de netos 7 14

Monoparental feminina simples 6 12

Avó cuidando de netos 5 10

Nuclear reconstituída extensa com avós cuidando de netos

No documento Download/Open (páginas 55-58)