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Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima

LIMITAÇÕES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS

E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima

Gabarito – B – Conforme acabamos de estudar, devemos verificar na análise do caso concreto se há ou não a presença dos elementos que compõe o “PROL” e, caso estejam presentes os requisitos, estamos diante da apli-cação do princípio da insignificância, que considera o fato materialmente atípico, não ensejando a apliapli-cação de sanções penais ao criminoso.

Ano: 2018 Banca: CESPE

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito – Errado – pois, como estudamos anteriormente, o STJ já tem entendimento sumulado sobre a ma-téria (589) vedando a aplicação do princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.

Alteridade

Outra limitação ao conteúdo dos tipos penais é o princípio da alteridade e, por esse princípio, o direito penal só deve punir condutas que atingem bens jurídicos alheios. Ou seja, meu amigo(a), em sentido contrário, por exemplo, a autolesão é fato atípico, porque atinge bem jurídico do indivíduo que se auto lesionou.

Suponhamos que Austin munido de uma faca, se lesionasse propositalmente em seu braço, cortando-o de forma superficial, causando em si mesmo, uma lesão corporal de natureza leve. Nesse caso, estaremos di-ante a atipicidade do fato, por conta do princípio da alteridade, pois não houve lesão a um bem jurídico alheio capaz de gerar o crime de lesão corporal do art. 129 do Código Penal.

Sendo assim, vamos encerrar nosso estudo acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais com a análise do princípio da adequação social.

Adequação social.

Por adequação social, verificamos que condutas socialmente adequadas não podem ser objeto de crimi-nalização.

As vezes o princípio é invocado em casos que haja uma leniência social.

“Não entendi, Professor! Poderia exemplificar?”

Vamos lá!

Imagine que Austin tenha sido presenteado por Deus com o nascimento de sua filha, fruto da sua união com Houston. Logo em seguida ao nascimento de sua filha, Houston a leva até uma drogaria perto de sua resi-dência para furar as orelhas da menina com a finalidade de colocar brincos. Assim, em um primeiro momento, não temos dúvidas de que a conduta de “furar as orelhas” é causadora de uma lesão corporal. Entretanto, por conta de tal conduta ser socialmente adequada, o fato é atípico, ou seja, não há crime para o fato ora descrito.

Olhe como isso foi cobrado em concurso!

Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciária A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.

A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.

( ) Certo ( )Errado

Resolução:

a) – ERRADO. Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é con-siderada criminosa.

Princípio da ofensividade.

Para o princípio da ofensividade, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta a um bem jurídico tutelado.

Segundo esse princípio, os crimes de perigo abstrato (aqueles que o tipo penal descreve determinada conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado) seriam inconstitucionais.

Porém, esse não é o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores (STJ e STF) a respeito do tema, razão pela qual, ambos os Tribunais consideram constitucionais os crimes de perigo abstrato.

Um exemplo de crime de perigo abstrato é o porte de arma de fogo do artigo 14 do Estatuto do Desar-mamento, onde o legislador resolveu incutir o potencial lesivo no próprio tipo penal, sem que da conduta de portar a arma de fogo causa alguma lesão ou perigo de lesão a terceiros.

Princípio da intervenção mínima.

A intervenção mínima se traduz no instituto da ultima ratio que estudamos na parte introdutória da nossa aula, razão pela qual, só se deve recorrer ao Direito Penal em situações extremas. Desse modo, deve-se deixar aos demais ramos do Direito a disciplina das relações jurídicas.

Veja o exemplo do Professor Estefam para ilustrar o referido princípio:

“A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do es-tabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros ramos do Direito, de modo que não necessitaria da interferência do Direito Penal”.

Entendido?!

Vamos adiante!

Princípio do ne bis in idem.

Para este princípio, é vedada a dupla incriminação, razão pela qual, nenhuma pessoa pode ser processada ou condenada mais de uma vez pelo mesmo fato.

Outro aspecto intimamente ligado o princípio consiste na proibição de que ao mesmo fato concreto seja encaixado mais de uma norma penal.

Veja o exemplo do Professor André Estefam:

“Assim, por exemplo, se o agente desfere diversos golpes de faca contra uma pessoa, num só contexto, visando matá-la, objetivo atingido depois do trigésimo golpe, não há vinte e nove crimes de lesão cor-poral e um homicídio, mas tão somente um crime de homicídio” (ESTEFAM, 2017, p.153).

Vamos adiante, meu amigo(a)!

Princípio da individualização da pena.

O princípio da individualização da penal vem insculpido no artigo 5º, inciso XLVI, da CF/88:

Art. 5º. [...]

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Desse modo, o princípio da individualização da pena deve ser observado em várias vertentes.

Nesse sentido é a lição do professor André Estefam:

“O princípio deve ser observado, em primeiro lugar, pelo legislador, a quem se proíbe a construção de tipos penais que retirem do magistrado a possibilidade de estabelecer uma pena que leve em conta a natureza particular do crime cometido, com todas as suas características relevantes, bem como os as-pectos ligados ao agente que, de algum modo, guardem relação com o fato praticado. Depois da indivi-dualização legislativa, há a indiviindivi-dualização judicial, que se reflete justamente no intrincado e rico pro-cedimento de aplicação da pena.[...]. Sob esse prisma, é vedado ao julgador impor uma sanção padro-nizada ou mecapadro-nizada, olvidando os aspectos únicos da infração cometida. Há, ainda, a individualiza-ção executiva, a ser observada durante a execuindividualiza-ção da pena, com vistas à ressocializaindividualiza-ção do sentenci-ado. (ESTEFAM, 2017, p. 394).

Certo, meu caro aluno! Superamos toda essa primeira parte sobre aplicação da lei penal, agora, vamos dar início ao nosso segundo tema macro, mais precisamente o estudo da lei penal no tempo.