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Confrontação da questão de investigação

5 Conclusão

5.1 Contributos do estudo

5.1.1 Confrontação da questão de investigação

Para a construção da presente investigação, orientada pela questão "Que implicações tem a sensibilidade ao contexto na experiência de utilização (User Experience) de uma aplicação móvel de distribuição de conteúdo audiovisual?” foi essencial corresponder aos objectivos propostos, que possibilitaram a definição dos principais conceitos indiciados na questão e a preparação do adequado procedimento metodológico, métodos, técnicas e instrumentos, que materializaram a avaliação em campo e culminaram na recolha de dados que permitem responder à questão.

Assim, para perceber de que forma uma aplicação móvel de distribuição de conteúdo audiovisual é afectada pela sua característica de sensibilidade ao contexto, ao nível da UX e usabilidade, foi utilizada como objecto a aplicação C-Cast, que se enquadrava na natureza de aplicação móvel referida, que foi experimentada por utilizadores, numa avaliação efectuada em campo – Field Trial descrito no Capítulo 3. Neste caso, a aplicação C-Cast oferecia um conjunto de funcionalidades muito específicas e delimitadas, procedendo à distribuição de conteúdo audiovisual e notificações adequadas à localização do utilizador e às preferências indicadas no seu perfil, pelo que as conclusões e o estudo foi tecido tendo em conta estas especificidades e este enfoque e a impossibilidade de generalizar os resultados.

Partindo dos elementos base da definição de usabilidade, podemos concluir que a aplicação foi fácil de usar e usada eficazmente e com eficiência. Com efeito, em relação ao atributo eficácia, foram sujeitas a análise duas afirmações: “Consegui atingir os objectivos pretendidos com a aplicação” e “Usei a aplicação de forma eficaz”, sendo que em ambas as situações, a maioria dos

participantes indicou concordar com as afirmações. Ainda os participantes consideram ter a informação necessária para usar a aplicação de forma eficiente, discordando com a afirmação “Sinto que necessito de saber mais sobre a aplicação para a usar de forma eficiente”. Assim, os participantes consideraram a aplicação C-Cast é fácil de aprender a usar e simples de usar, concordando com as afirmações “Foi fácil aprender a usar a aplicação” e “Foi simples usar a aplicação”. Em relação ao atributo satisfação, os participantes concordam maioritariamente com a afirmação, ainda que se aproximando o número de participantes que assumem um posicionamento neutro em relação a este aspecto.

No caso dos factores que interferem na experiencia de utilização/visualização dos conteúdos, o que advém, como já analisado, da tipologia dos dispositivos móveis e dos seu contexto de uso, todos os factores analisados foram considerados intrusivos, sendo que as condições de luminosidade se destacam dos restantes, o que corrobora os comportamentos observados durante o teste (colocação da folha do papel e da mão para controlar a luminosidade e ajudar à visualização), seguindo-se a utilização em movimento, o que interferiu com a visualização de conteúdos. Ainda no âmbito do conteúdo, os participantes não consideraram uniformemente que os conteúdos se adequavam ao contexto da experiencia. No caso da adequação às preferências pessoais, a dispersão de resultados demonstra que a opção da aplicação C-Cast, de adaptar a ordem dos vídeos difundidos às preferências predominantes do grupo, faz com que alguns utilizadores não sintam as suas preferências contempladas, enquanto que outros já se revêm representados nos conteúdos recebidos.

No âmbito da privacidade e segurança, apesar dos participantes não considerarem que a aplicação representa uma ameaça muito significativa a estas componentes, sendo que maioritariamente se sentem confortáveis com o uso de informação sensível por parte da aplicação, é importante referir que uma percentagem considerável assume, simultaneamente, a pertinência de se prever uma funcionalidade que permita controlar o acesso à informação sensível.

No que diz respeito à forma como o controlo sobre a aplicação foi percebido por parte dos utilizadores, é importante referir que, baseando-se a aplicação num modelo de interacção implícita, com os quais os utilizadores podem não estar familiarizados, é natural que os problemas relacionados com o controlo sobre a aplicação e as acções que a mesma despoleta automaticamente tenham surgido, sendo que a maioria dos participantes referiu sentir que não controlava o que acontecia e que não estavam satisfeitos com o nível de controlo sobre a aplicação que lhes foi permitido usufruir. Numa hipotética versão futura da aplicação, seria necessário investir neste domínio para que o utilizador possa usufruir dos benefícios de uma

aplicação que infere sobre as suas necessidades e o seu contexto e, ao mesmo tempo, de um nível de controlo sobre o que acontece que seja confortável.

Outro aspecto referido como problemático, a sobrecarga de informação, tendo sido considerado, maioritariamente, pelos participantes que a aplicação fornece toda a informação necessária; aproximando-se os que assumem uma posição neutra. Os utilizadores manifestaram também que a informação presente na aplicação é clara e organizada, pelo que não se verificam problemas relevantes a este nível. É importante no entanto referir que a informação disponibilizada pela aplicação se apoiava, quase exclusivamente, no conteúdo de vídeo difundido, pelo que seria relevante analisar este aspecto numa versão da aplicação com mais funcionalidades e consequentemente mais e variada informação.

No que diz respeito aos sistemas de ajuda e o feedback adequado às acções do utilizador, os participantes dividem-se maioritariamente entre os que consideram que a aplicação deveria oferecer mensagens de ajuda e os que optam por um posicionamento neutro. Em relação ao feedback, os participantes posicionaram-se favoravelmente, ainda que alguns deles tenham referido os problemas de feedback nos aspectos negativos da aplicação. Posto isto, seria importante, numa possível versão futura da aplicação, salvaguardar e contemplar estes elementos.

Sobre a recuperação de erros, os participantes consideram que, se cometerem algum erro, podem recuperar rapidamente do mesmo, sendo que em relação a explorar funcionalidades através de tentativa e erro assumem um posicionamento neutro, não concordando nem discordando da afirmação. Este tipo de posicionamento pode ser explicado pelas limitações à interacção verificadas, sendo um dos problemas apontados como uma das fraquezas da aplicação.

Finalmente, em relação ao aspecto relacionado com as expectativas e a possível utilização futura, os participantes manifestaram um posicionamento disperso e tendencialmente neutro. Este tipo de posicionamento enquadra-se na tendência para a indicação de funcionalidades que deveriam estar presentes no âmbito das fraquezas atribuídas à aplicação, que reflectiram a necessidade de se investir na robustez técnica da aplicação, para reduzir ou até mesmo eliminar os bugs e delays identificados, o que pode ter condicionado a experiencia de utilização, para além das restantes fragilidades identificadas, ao nível da falta de controlo e de feedback e as limitações de interacção. Estas são questões de usabilidade que poderiam ser contornadas numa nova versão da aplicação, com algumas funcionalidades extra a serem implementadas. Positivamente, no que diz respeito às mais-valias apontadas pelos participantes, a pertinência do conceito primordial da aplicação sai reforçado, no sentido em que foi identificado pelos participantes como uma mais

valia quando materializado na sugestão de conteúdos informativos e notificações adequadas à localização/situação e perfil do utilizador.