• Nenhum resultado encontrado

Para a validação do modelo utilizou-se 12 dados, dos quais 9 são do bairro centro e 3 do bairro Dehon no município de Tubarão.

Foram disponibilizados pela prefeitura do munícipio os BCI’s (Boletim de Cadastro Imobiliário), contendo endereço completo, área construída e área total além do valor venal do imóvel conforme exemplo da imagem abaixo e anexo C.

Figura 9 - Exemplo de um BCI

Fonte: Adaptado pelo autor 2019, Documento cedido pela prefeitura de Tubarão

As informações contidas no BCI de cada uma das unidades residenciais foram substituídas no modelo de regressão linear múltipla abaixo, e os resultados refletem o valor de mercado dos respectivos imóveis na data atual.

Ln [VALOR] = 9,0946 + 0,5330 x Ln [ÁREA TERRENO] - 0,17959 x Ln [DISTÂNCIA UNISUL] - 0,09150 x [DISTÂNCIA CATEDRAL] + 3,4597x10^-3 x [ÁREA EDIFICAÇÃO] + 0,10704 x [PADRÃO ACABAMENTO]

A tabela a seguir mostra os resultados obtidos através da aplicação do modelo de regressão na amostra, onde o Valor Venal (R$) é aquele encontrado no BCI de cada uma das unidades, o Valor de Mercado (R$) é o encontrado após a aplicação da amostra no modelo acima, o Valor VenalAtual, (R$) refere-se ao valor venal atual dos respectivos imóveis, obtido pelo produto do Valor de Mercado pelo fator 0,9, conforme sugerido por Dantas (2005). A Diferença (%) refere-se à diferença percentual entre o valor venal praticado e o atual.

Tabela 10 - Dados Bairro Centro

Dado Valor Venal (R$) Valor de Mercado (R$) Valor VenalAtual (R$) Diferença (%)

01 134.351,01 365.727,32 329.154,59 245,00 02 42.096,68 210.257,02 189.231,32 449,52 03 88.687,52 358.001,42 322.201,28 363,30 04 109.169,53 387.638,84 348.874,95 319,57 05 166.271,30 473.451,18 426.106,06 256,27 06 102.965,97 318.052,86 286.247,57 278,00 07 89.493,78 258.587,98 232.729,18 260,05 08 242.235,96 689.559,06 620.603,15 256,20 09 153.249,47 549.773,23 494.795,90 322,87 Média 305,64 Fonte: Do autor 2019

Tabela 11 - Dados Bairro Dehon

Dado Valor Venal (R$) Valor de Mercado (R$) Valor VenalAtual (R$) Diferença (%)

10 98.556,70 392.735,90 353.462,31 358,64

11 72.943,73 341.044,40 306.939,96 420,79

12 64.634,22 341.195,22 307.075,70 475,10

Média 418,18

Fonte: Do autor 2019

O valor venal é calculado com base nos parâmetros da Lei Complementar Nº 1 de 27 de dezembro de 2002, dado diretamente pela prefeitura Municipal e possui fins tributários, visto que este serve para o cálculo do IPTU municipal.

Usando o modelo de equação encontrada no item 5.2.1.2, é calculado o valor de mercado atualizado do imóvel, ou seja, o valor que esse imóvel estaria sendo oferecido hoje em

uma negociação. A NBR 14.653 de 2004 define “valor de Mercado como sendo a quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência dentro das condições do mercado vigente”.

Na quarta coluna pode-se encontrar o valor venal atual, que se refere ao valor real de uma negociação de compra e venda. Dantas (2005) informa que a diferença entre o valor de oferta (valor de mercado) e o valor de venda (valor venal) está na ordem de 10% a 12%. Nesse estudo para obtenção do valor venal optou-se por fazer uma redução de 10% no valor de mercado do respectivo imóvel, afim de se obter assim o valor venal.

Na última coluna verifica-se a diferença entre valor venal do imóvel encontrado no BCI e o valor venal atualizado após passar pela equação de regressão linear. Na tabela 10 do bairro centro a mínima variação observada foi de 245%, e a máxima de 449,52%, mostrando uma média de 305,64 % de defasagem no valor venal utilizado pela prefeitura para cobrança de impostos como o IPTU, já no bairro Dehon a variação é ainda maior como mostra a tabela 11, onde a variação média é de 418,18%.

A Prefeitura Municipal adota o valor venal para fins tributários, já que dentro deste órgão municipal não há nenhum profissional habilitado para fazer as necessárias avaliações dos imóveis da cidade, logo a Prefeitura Municipal acaba cobrando os impostos como o IPTU sobre o valor venal desatualizado e não sobre o valor real do imóvel, assim deixando dispor de recursos e de condições para atender aos anseios da comunidade.

6 CONCLUSÃO

Esse trabalho teve como foco analisar os reflexos, em termos de arrecadação municipal com o Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), decorrentes da defasagem da Planta de Valores Genéricos (PVG) no município de Tubarão/SC, visando apresentar para o município possibilidades de melhoria de arrecadação com esse tributo.

A metodologia aplicada foi a coletas de dados através de sites e documentos cedidos pela prefeitura, a geração de um modelo de regressão linear que explicasse a variação dos imóveis na região, os cálculos dos valores envolvendo as variáveis estudadas no modelo, a comparação direta entre os valores analisados, com base dos parâmetros utilizados.

O objetivo desse estudo foi atendido com a obtenção da equação de regressão linear múltipla para a avaliação dos imóveis nos bairros Dehon e Centro na cidade de Tubarão, SC para efeito de verificação da defasagem do valor venal que é base para cálculo de vários impostos inclusive o IPTU. Com os 33 dados de imóveis pesquisados e 5 variáveis formadoras de valores aplicado ao método comparativo de dados de mercado, obteve-se o modelo de regressão linear múltipla para avaliação de imóveis do tipo casa na cidade de Tubarão. O modelo ajustado passou em todos os testes, apresentando um coeficiente de determinação de 0,92 e um coeficiente de correlação de 0,95 mostrando uma correlação fortíssima entre as variáveis dependente e independentes.

O modelo de regressão obtido foi validado por 12 dados coletados na Prefeitura Municipal, onde observa-se a flagrante desatualização dos valores venais contidos no BCI do município, no bairro Dehon a diferença chega a 475,10% com média de 418,18%, e no centro foi observado uma defasagem de 449,52% com média de 305,64%.

Conforme observado a grande defasagem no valor venal, o qual é o usado como base de cálculo para o IPTU, fica claro a necessidade de uma atualização da PVG, que apesar de sua importância para melhorar a receita do município, os prefeitos ficam receosos em faze- la e acabam praticando a renúncia de receita para evitar desgaste com os munícipes.

Por fim recomenda-se uma atualização da PVG de Tubarão, com uso de metodologias cientificas consagradas para se obter valores cada vez mais próximos da realidade e que então o IPTU cumpra sua função de fomentar, parcialmente, a sustentabilidade do município, além deste ajuste contribuir para o cumprimento da justiça fiscal.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.653-1: Avaliação de bens Parte 1: procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.653-2: Avaliação de bens Parte 2: imóveis urbanos. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721: Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios. Rio de Janeiro, 2018.

ABUNAHMAN, S. A. Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações. 2. ed., rev. e ampliada. São Paulo: Pini, 2000. 318 p.

AFONSO, J. R R. A; ARAÚJO, E. A.; NÓBREGA, M. A. R. da. O IPTU no Brasil: um diagnóstico abrangente. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

AMORIM, Samira Macêdo Pinheiro; LIMA, Romana Missiane Diógenes. A renúncia de

receita e o dever de cobrar tributos. Uma análise da lei de responsabilidade fiscal e da sua

observância pelos municípios do estado do ceará, [S. l.], 2014. Disponível em:

http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=7df552440682aa17. Acesso em: 4 maio 2019. ANSELIN, Luc. Lagrange Multiplier test diagnostics for spatial dependence and spatial

heterogeneity, Geographical: Analysis, 1988.

ARAÚJO, Aneide Oliveira; OLIVEIRA, Marcelle Colares. Tipos de pesquisa. Trabalho da aula de Metodologia de Pesquisa Aplicada a Contabilidade da USP, 1997.

AVERBECK, C. E. Os sistemas de cadastro e planta de valores no município: prejuízos da desatualização. 2003, 200 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Curso de Pós- Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC,

Florianópolis, SC.

BIANCHINI, Raphael. Ministério Público estadual recomenda atualização da Planta

Genérica de Valores que define cálculo do IPTU. 2017. Disponível em

https://www.tubarao.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/16675/codNoticia/460523 Acesso em 26 maio 2019.

BITENCOUT, P.P.; ZANCAN, E.C. Avaliação dos imoveis cadastrados nas quadras 12,

14 e 22 do município de santa rosa do sul, SC para efeitos de tributos municipais. 2011,

19 p. Curso de Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, SC. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/handle/1/1729. Acesso em: 16 maio 2019.

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF: Presidência da República, 1966. Disponível em:

BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2001. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm. Acesso em: 07 abr. 2019.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil:

promulgada em 5 de outubro de 1988. Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/2000. Altera o §1º do art. 156, o parágrafo único do art. 160 e o inciso IV do art. 167, da Constituição Federal. Acrescenta os parágrafos 1º a 3º ao art. 198 da Constituição Federal e o art. 77 ao ADCT da Constituição Federal. Brasília, DF: Imprensa Nacional, 2000.

BRASIL. Guia para implantação pelos municípios e cidadãos: Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002, p. 29.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2000. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp101.htm. Acesso em:

CESARE, C. de. Valuación de inmuebles para fines fiscales: Impuesto a la propriedade inmobiliaria. Lincoln Institute of Land Policy, 2004.

COELHO,Werner Nabiça. IPTU, zona urbana e alíquotas perante o sistema federativo e a

Emenda Constitucional N. 29/2000. Especializando em Direito Tributário pela Universidade

da Amazônia. Artigo - Municipal - 2003/0467 Disponível em:

http://www.fiscosoft.com.br/main_artigos_index.php?PID=109388&printpage=_. Acesso em: 05 maio 2019.

DALAQUA, Roberto Ruano. Aplicação de métodos combinados de avaliação imobiliária

na elaboração da planta de valores genéricos. 2007. 127 f. Dissertação (mestrado) -

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, 2007. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/86770. Acesso em 13 de maio de 2019.

DANTAS, R. A. et al. Uma nova metodologia para avaliação de imóveis utilizando regressão espacial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS, 11. 2001, São Paulo. Anais [...]. São Paulo, 2001.

DANTAS, R. A. et al. La importancia de la regresión espacial en la tasación de inmuebles. In: CONGRESO INTERNACIONAL EN TASACIÓN Y VALORACIÓN. Valencia, Espanha, 2002. Anais [...]. Valencia, Espanha, 2012.

DANTAS, R. A.; ROCHA, F. S.; MAGALHÃES, A. La importancia de la regresión espacial en la tasación de inmuebles. In: CONGRESO INTERNACIONAL EN TASACIÓN Y VALORACIÓN. Valencia, Espanha, 2002. Anais [...]. Valencia, Espanha, 2012.

DUBIN, R. Spatial autocorrelation and neighborhood quality. Regional Science and Urban

Economics, n. 22, p. 433-452, 1992.

GERIGK, W.; CLEMENTE, A.; TAFFAREL, M. O impacto da lei de responsabilidade fiscal sobre a gestão financeira municipal: um estudo com os municípios do Paraná. Revista

Eletrônica de Ciência Administrativa, Campo Largo, v. 10, n. 1, p. 64-83, Maio, 2011.

GIFFONI, F. de P.; VILLELA, L. Tributação da Renda e do Patrimônio. Texto para Discussão n. 105. Brasília: IPEA, Mar. 1987.

GONZÁLEZ, M. A. S., 7%: um estudo sobre integração dos cadastros e modernização do sistema de tributos imobiliários. Porto Alegre: NORIE/UFRGS, 1996.

GONZÁLEZ, M. A. S. Aplicação de Técnicas de Descobrimento de Conhecimento em

Base de Dados e de Inteligência Artificial em Avaliações de Imóveis. 2002. Tese

(Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Porto Alegre, 2002.

HARADA, K. Direito financeiro-tributário. São Paulo: Atlas, 2008.

KHAIR, Amir Antônio. Lei de responsabilidade fiscal: guia de orientação para as prefeituras. Brasília, 2000. 144p.

KOBAYASHI, Thiago Callado. Os efeitos da lei de responsabilidade fiscal sobre os

municípios de Santa Catarina. 2005 Disponível em: http://tcc.bu.ufsc.br/Economia295624.

Acesso em: 22 abril. 2019.

IBAPE, SP. Valores de edificações de imóveis urbanos 2017. Disponível em

https://www.ibape-sp.org.br/adm/upload/uploads/1543595741-VEIU%202017.pdf. Acesso em: 01 jun. 2019.

MACHADO, H. B. Os princípios jurídicos da tributação na constituição de 1988. 5. ed. São Paulo: Dialética, 2004.

MENDES, M. J. Lei de responsabilidade fiscal: análise e alternativas. 1999. Disponível em: http://en.braudel.org.br/research/archive/downloads/lei-de-responsabilidade-fiscal- analise-e- alternativas.pdf. Acesso em: 22 abr. 2019.

MICHAEL, Rosimeri. Avaliação em massa de imóveis com uso de inferência estatística e

análise de superfície de tendência. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, 2004.

MOTTA, Carlos Pinto Coelho; SANTANA, Jair Eduardo e; FERAZ, Luciano et al. Lei de

responsabilidade fiscal: abordagens pontuais. Belo Horizonte: Del Rey, 2000.

MOTTA, Carlos Pinto Coelho et al. Responsabilidade fiscal: estudos e orientações uma primeira abordagem. Rio de Janeiro: NDJ, 2001.

PELLI NETO, A. Curso de Engenharia de Avaliação Imobiliária: Fundamentos e Aplicação da Estatística Inferencial, Belo Horizonte, 2003.

PERUCCHI, R. T.; ZANCAN, E.C. Avaliação de imóveis pelo método evolutivo para

efeito de cálculo do iptu, estudo de caso dos bairros comerciário, michel e são luiz, criciúma-SC. Curso de Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Extremo Sul

Catarinense – UNESC, 2013. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/handle/1/2485. Acesso em: 16 maio 2019.

PINTO, D. Direito eleitoral: improbidade administrativa e responsabilidade fiscal. São Paulo: Atlas, 2006.

SERRANO, R.M.; VALCARCE, E.V., Técnicas econométricas para el tratamento de

datos espaciales: la econometria espacial. Barcelona: Edictions Universita de Barcelona,

2000.

SILVA, E. Cadastro técnico multifinalitário: base fundamental para avaliação em massa de imóveis. 2006. 220 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

SILVA, E.; RAMOS, L.S.; LOCH, C. Considerações Sobre a Elaboração de uma Planta de Valores Genéricos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CADASTRO TÉCNICO

MULTIFINALITÁRIO, 5., 2002. Florianópolis, 2002. Anais [...]. Florianópolis: Publicado em CD-ROM, 2002.

VILLELA, L. A. A tributação subnacional, o imposto predial e os desafios para modernizá-lo. In: Anais do seminário Internacional sobre Tributação Imobiliária. Porto Alegre. 2001.

ZANCAN, E. C. Avaliações de Imóveis em Massa para Efeitos de Tributos Municipais. Florianópolis: Editora Rocha, 1996.

ANEXO A - ESTADO DE CONSERVAÇÃO (EC)

ANEXO B - TABELA DE ROSS-HEIDECKE – K

ANEXO C - VIDA REFERENCIAL (IR) E O VALOR RESIDUAL (R)

ANEXO E – BCI 01 Á 12

Documentos relacionados