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4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

6.2 CONFRONTO COM OS OBJETIVOS

Diante dos resultados obtidos, percebe-se que os objetivos traçados foram atingidos. O objetivo geral da dissertação foi verificar o desempenho dos clubes de futebol brasileiros na utilização do atleta como ativo intangível e recurso estratégico para a geração de benefícios econômicos futuros entre os anos de 2010 a 2013.

A literatura apontava como benefícios econômicos relacionados com o investimento em atletas, o lucro, o fluxo de caixa e as receitas. No entanto, através da análise de correlação verificou-se que os benefícios relacionados de forma mais significativa com o investimento em ativo intangível foram as receitas, entre os anos de 2010 a 2012, e o fluxo de caixa em 2011 o que não ratificou toda a extensão do benefício esperado da contabilização dos atletas como ativos intangíveis.

Apesar do objetivo inicial de colocar o ano de 2013 como ano de análise, isto não foi possível, visto que neste ano não houve relação entre o investimento no quadro de atletas e a geração de benefícios tais como receitas e caixa, o que foi ratificado pelas notícias apontadas pelo jornalismo esportivo.

O lucro também não se evidenciou como relacionado com o investimento em atletas, visto que em que pese os clubes brasileiros gastarem altos valores com jogadores, estes ainda amargam sucessivos déficits em seus demonstrativos contábeis. Esses resultados apontam para o alcance do primeiro objetivo específico do trabalho que

trazia a proposta de verificar quais eram os benefícios econômicos gerados através da utilização do atleta como recurso estratégico pelos clubes de futebol. De fato, tal objetivo foi alcançado pela análise de correlação, em que foi apontado que as receitas estavam relacionadas com o investimento em ativo intangível entre os anos de 2010 a 2012 e que o fluxo de caixa no ano de 2011.

No que tange à eficiência dos clubes em gerar benefícios econômicos através do investimento realizado em atletas, ao qual refere-se o segundo objetivo específico, recorreu-se à análise envoltória de dados que apontou um baixo desempenho por parte dos clubes de futebol, exceto para o Corinthians, que foi guindado à posição de clube eficiente na geração de receitas, confirmando algumas pesquisas e fatos anteriores e na geração de caixa, em que foram considerados eficientes os clubes Atlético Paranaense, Palmeiras e São Paulo.

Ao mesmo tempo que o segundo objetivo específico foi alcançado, abriu-se caminho para o alcance do quarto objetivo específico que fazia referência ao ranking dos clubes com melhor desempenho e que foi discutido e apontado no quadro 16 da seção 5.3.1.1 da presente dissertação e no gráfico 15 da seção 5.3.1.2. O ranking elaborado apresentou os seguintes aspectos:

• Foi apurado que houve um clube eficiente em gerar receitas através do investimento realizado em atletas, em todo período, o qual pôde ser considerado como referência para os demais neste aspecto;

• Constatou-se eficiência mais ampla no que se refere à geração de caixa, com a evidenciação de 4 clubes, o que permite especular que há diferentes combinações de processos de gestão para atingir melhores resultados;

• Foi ainda mostrado quais seriam os paradigmas para se obter eficiência (ênfase colateral da DEA), mostrando quais DMU´s devem ser espelhos para aquelas similares funcionarem em bases equiparáveis.

Quanto às variações de desempenho dos clubes, a qual refere-se o terceiro objetivo específico do trabalho, percebeu-se que alguns clubes apresentaram variações no desempenho, emergindo três tipos de tendências dentro dos clubes analisados: a primeira formada por organizações como Corinthians, Grêmio, Botafogo, Goiás e Ponte Preta que auferiram o mesmo patamar de desempenho em gerar receitas durante o período analisado, com a seguinte perspectiva: o Corinthians manteve-se eficiente em

todo o período estudado; ao mesmo tempo os demais clubes citados mantiveram-se como ineficientes.

A segunda foi formada por clubes como o Flamengo, São Paulo, Santos e Palmeiras que apresentaram resultados melhores em 2011 dos que os demonstrados em 2010, sofrendo, entretanto, uma queda no desempenho logo em seguida, em 2012. Essa corrente revela uma plataforma de gestão, tentada por parte desses clubes, para obter melhores resultados na geração de receitas, que deu certo em um ano, mas que não manteve o desempenho em período subseqüente, ensejando averiguar o problema de descontinuidade da gestão.

Por fim, os demais clubes formaram a terceira tendência, que não indicou variações significativas no desempenho, mantendo-se, durante os anos analisados, em posições abaixo da linha de eficiência, ou sejam não praticam gestão eficiente.

Assim, quer se crer que o presente estudo contribuiu para indicar a necessidade de um olhar profissional e estratégico para a gestão dos atletas nos clubes, evidenciando a necessidade de um gerenciamento destes na condição de recursos organizacionais.

Constatou-se, assim, que o presente estudo apontou deficiência por parte das organizações em alcançarem benefícios econômicos através do investimento realizado em ativo intangível.

Como corolário, esta dissertação também destacou que o fato de um clube investir mais em recursos estratégicos, caracterizados como ativos intangíveis, não significa que a eficiência na geração de receitas e caixa é garantida, visto que foi apurado que clubes como o Corinthians e o Palmeiras, mesmo efetuando redução dos ativos intangíveis alcançaram indicadores que demonstraram eficiência na geração de receitas.

Dessa forma, o presente trabalho ratifica uma máxima de gestão, qual seja, para uma organização esportiva ser considerada eficiente, não é necessário apenas investir mais, mas sim gerenciar melhor o investimento feito.

Apesar de suas contribuições, a pesquisa apresenta algumas limitações que não permitiram um maior aprofundamento do campo que se propôs estudar e que são destacadas na próxima seção do trabalho.