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Conforme apresentado no Capítulo 3, existe um rol de leis e benefícios que foram criados para fortificar e fomentar o setor. Desde o lançamento da PITCE foram construídos instrumentos de apoio financeiro, à exportação, de expansão de mão de obra e compras públicas, por exemplo.

Para saber o quanto os entrevistados da cadeia de software conhecem e se beneficiam das estratégias da PCTII no setor, formularam-se questões relativas ao conhecimento dos entrevistados sobre os instrumentos e benefícios que a política oferece ao setor, sobre as vantagens e desvantagens dos instrumentos existentes, sobre o acesso a esses instrumentos, sobre o conhecimento das leis que apoiam o setor e sobre a percepção dos entrevistados sobre os benefícios da PCTII no estímulo à realização de inovação.

A partir dessas questões pode-se observar que os entrevistados têm, em boa medida, conhecimento da existência dos instrumentos que estão disponíveis para o setor. Os mais citados foram o PROSOFT, o programa de exportação de software e serviços, o Programa de exportação de Software e Serviços e a Desoneração fiscal e da folha de pagamentos.

No entanto, embora os entrevistados saibam da existência dos instrumentos, não conhecem como é o acesso e como se dá o andamento de alguns deles.

Sobre o PROSOFT, a opinião comum de todos os entrevistados é que o programa disponibilizou, ao longo dos anos, uma quantia alta de recursos para o setor, porém a quantidade de empresas que acessaram, devido ao porte, é pequena. Conforme depoimentos das entrevistas alguns limitantes são a complexidade no acesso, a dificuldade burocrática de acesso e a falta de divulgação do programa no setor.

A ASSESPRO, por exemplo, alerta que somente 5% de todo o universo de empresas têm potencial de usar esse programa e, no entanto, quem tem potencial de usar não precisa (ENTREVISTA ASSESPRO, 2012). E a ABES salienta que é preciso encontrar mecanismos mais fáceis de acessar esses recursos, capacitando melhores agentes do programa e aumentar a divulgação de maneira frequente

porque em um momento a empresa pode estar precisando, mas em outro não (ENTREVISTA ABES, 2012).

Mais uma vez, no caso do acesso às leis que amparam o setor, o tamanho das empresas é um limitante. Considerando que o setor é formado, em grande parte, por empresas de pequeno e médio porte as leis trazem mecanismos que não conseguem beneficiar todo o setor, conforme cita a SOFTEX “a Lei do Bem, por exemplo, exige que a empresa tenha lucro real, no entanto as empresas do setor que estão nesse regime se forem 1% é muito” (ENTREVISTA SOFTEX, 2012).

A questão das desonerações é considerada pelos entrevistados como um ganho para o setor, a SOFTEX afirma que as entidades como um todo têm lutado por isso, e que a desoneração da folha permite que as empresas nacionais possam competir com as internacionais (ENTREVISTA SOFTEX, 2012). Já a ASSESPRO lembra que essa é uma medida da qual a direção está certa, mas que é preciso avaliar se a dosagem é boa (ENTREVISTA ASSESPRO, 2012).

Os instrumentos mais comentados, e que são mais conhecidos dos entrevistados são os que têm caráter horizontal na PCTII e que estão disponíveis para os demais setores da indústria e serviços. De acordo com o exposto na seção 2.1.1 essa é uma tendência que a PCTII tem apresentado, a partir da divulgação da PDP, os esforços dos planos tem se concentrado em medidas amplas de apoio financeiro, incentivo à exportação e desonerações fiscais (QUADRO 3). As medidas específicas para o setor não tem sido acessadas da mesma maneira, ou por desconhecimento ou por serem contraditórias para as necessidades do setor. Sobre isso a ABES ressalta que:

Penso que temos que tomar cuidado com esses instrumentos, por exemplo, esse ponto sobre a certificação, eu diria que no Plano TI Maior, é um dos pontos que requerem mais discussão, mais cuidado na sua aplicação, inclusive sobre sua definição, que está ocorrendo agora em audiência pública. Temos que proteger o mercado como um todo, mas temos também que encontrar uma maneira inteligente de fazer com que se invista mais em inovação, mais em P&D, para que se consiga incentivar o desenvolvimento e aplicações [...]. Depois existe um segundo ponto que é a insegurança jurídica, tem lei que prevê incentivo para investimento em P&D, mas quando se vai ver a empresa tem que ter 85% de receita de exportação, e dependendo do mês a empresa tem quase 100%, e em outros não tem nada. O que fazer neste mês? Não se pode usar? Deve ser estornado? Na dúvida uso ou não (ENTREVISTA ABES, 2012).

Nesse mesmo sentido o APL de software de Curitiba confirma que a grande maioria das empresas não sabem que existem estas ferramentas (ENTREVISTA APL..., 2013). A empresa Know System ressalta que conhece alguns benefícios, porém, nenhum se aplica as suas necessidades (ENTREVISTA EMPRESA..., 2012). Nesse mesmo sentido a INTEC comentou que as medidas acompanham demandas pontuais de modo que impedem que sejam realizados pelas empresas trabalhos planejados e para um horizonte de longo prazo.

Na Entrevista ABES (2012) por sua vez, é exposto que “eles (o Governo) criam os mecanismos, mas na prática não conseguem ser implementados, ou porque tem dúvida ou porque na prática não atende a ninguém”.

Essas exposições mostram que o setor tem disponível uma série de medidas de estímulo e apoio, mas que, no entanto está ao alcance de uma pequena parcela de empresas. Com isso, e retomando a afirmação de Diegues Junior (2010) que afirma que a análise do setor de software pode ser importante para a compreensão dos instrumentos da PCTII, tanto pelo aspecto setorial quanto pelas características do ambiente nacional e do conjunto de intervenções já realizadas.